Manipuladores do Futuro escrita por Amanda Maia


Capítulo 13
Admirador secreto e compromisso.




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Depois do almoço, Carlos foi embora, mesmo parecendo aceitar tudo muito bem, Sophie percebeu uma certa mudança, nada significativo. Decidiu não se importar com isso, com o tempo ele se acostumaria, esperava ela.

Por conta de sua euforia por ter recebido sua carteira de motorista e a conversa com o amigo, conseguiu deixar o cansaço de lado. Mas logo sentiu seu corpo pesado e foi tomar um banho. Relaxada, se jogou em sua cama, fingindo ainda ter uma vida comum e dormiu.

Acordou horas depois com seu celular insistindo em tocar, sonolenta, foi até a mesa do quarto, esbarrando em sua estante de livros, o que a fez despertar de vez e xingar. Não reconheceu o número, mas resolveu atender.

Era Lucas, a convidando para sair, um convite que pensou em recusar, até conferir a hora e perceber que tinha dormido demais, passava das sete da noite.

— Certo, vou me arrumar. – Encerrou a ligação e foi lavar o rosto.

Não sabia exatamente o que vestir, então decidiu por causa jeans e uma blusa rosa de alça e tênis. Quando Lucas chegou, ela estava tentando colocar um colar que sua mãe guardava, presente de Lívia, gostava dele, só tinha vergonha de pedir a Bárbara.

— É um colar bonito, onde comprou? – Perguntou, se oferecendo para ajudá-la.

Sophie colocou seu cabelo de lado e se virou para ele, o toque em sua pele a arrepiou.

— O colar é da minha mãe. Pelo que sei, Lívia tinha um colar igual a esse no dia em que veio me deixar e deu esse aqui para Bárbara.

Lucas observou o pingente por um tempo, pensando no significado que podia ter aquilo. Era um pingente hamsá de ouro com o olho de Hórus desenhando na palma da mão de Fátima, a mão era de um ouro liso, enquanto o olho era de um poroso e com uma pedra azul no lugar da pupila. Seu tamanho chamava atenção e o contraste na textura do material o deixava ainda mais bonito. O que o incomodava, era a sensação de já ter visto algo parecido, mas não lembrava onde.

— Pronto. – Ele se afastou, pensativo.

— O que vamos fazer? Você não disse ao telefone.

— Pensei que agora que pode dirigir, que tal darmos uma volta? Você dirigi, claro.

— Sério? – Ele assentiu e Sophie não conseguiu evitar o sorriso. Dirigir um Camaro era tentador, pensou em pedir antes, mas ficou receosa, agora não iria recusar. — Precisamos de um destino, não gosto de ficar dando volta em quarteirões.

— Você não está com fome? Podemos encontrar um lugar para comer.

— Ótimo, vamos a uma churrascaria que eu conheço.

Lucas estava pensando em comer um lanche, não estava com tanta fome assim a ponto de jantar, mas não quis estragar a empolgação dela.

A churrascaria era o lugar mais longe que a garota conhecia. Enquanto ela dirigia, Lucas mexia no som do carro, satisfeito com aquele momento. A satisfação dele durou pouco, ao chegarem à churrascaria, ele precisou disfarçar.

Conhecia aquele lugar e só passava por ali quando era necessário, era basicamente um ponto de encontro. Ignorou os olhares que receberam e sentou-se à mesa que a garota escolheu. Achou graça, pois sem perceber, Sophie ia de encontro ao perigo, como se tivesse um imã para isso.

Eles jogaram conversa fora e Sophie comeu até não poder mais, rindo das caras e bocas de Lucas quando ela comeu um abacaxi com canela sozinha.

— Nossa, acho que não consigo levantar daqui. Se importa de voltar dirigindo? – Ela sorriu e alisou a barriga, provocando uma gargalhada em Lucas. Um som muito agradável, pensou, se irritando ao perceber que até mesmo disso já estava gostando.

— Tudo bem. – Ele se levantou e estendeu a mão para ela, que receosa, aceitou. — Vamos embora, você acabou com toda a comida do lugar.

Os dois não discutiram sobre quem pagaria a conta, Sophie disse que pagaria e Lucas não fez qualquer objeção, deixando claro que esse era o correto, já que não tinha comido quase nada e recebendo o dedo do meio dela em resposta e um sorriso debochado.

Curiosa, durante o caminho, ela abriu o porta luvas do carro, queria ver quais Cds ele tinha, mas o que encontrou foi completamente diferente. Ela pegou a arma e examinou. Era bonita. Desde que o estande de tiros foi inaugurado na cidade, Sophie tinha vontade de aprender a atirar, porém, não teve coragem de pedir ao seu pai e muito menos de ir sozinha, apenas pesquisava alguns modelos de armas na internet.

— O que você está fazendo? – Inqueriu, tentando pegar a arma da mão dela, mas Sophie afastou o braço, irritada.

— Calma, só estou olhando, não vou apertar o gatilho, não sou idiota!

— Você não tem olhos nas mãos.

— Que resposta mais infantil, Lucas. Só fiquei curiosa, devia imaginar que você guardava uma arma como seu irmão. – Ela revirou os olhos. — Sim, eu vi a arma dele. – Emendou ao receber um olhar surpreso dele.

— Só toma cuidado então. – Pediu, tentando se acalmar ao perceber que estava exagerando.

— Pode deixar, não vou fazer mais que olhar, não sei mexer mesmo. – Deu de ombros e continuou a observar, fascinada. — Que arma é essa?

— É uma colt 1991, cromada. – Não sabia ao certo porque ficou tão irritado, ou se era medo, mas a forma como a garota analisava a arma o preocupou.

— É banhada á níquel?

— Sim. – Ele espiou Sophie segurar a arma e quase perguntou como ela sabia aquelas coisas.

— Qual é o calibre?

— 45. Agora guarda! – Aquelas perguntas mostravam que ela sabia pelo menos o básico, dali, para destravar e apertar o gatilho era fácil, principalmente se ela decidisse que estava correndo algum risco.

Às vezes ele tinha a sensação de que garota o temia, podia compreender, mas sabia que pessoas com medo faziam coisas estúpidas e respirou aliviado quando ela o obedeceu sem discutir.

— Gostei da sua arma, deve ser difícil encontrar uma dessas e deve ser cara.

— Sim, não paguei barato. – Esclareceu, culpado por ter sido ríspido, Lucas resolveu tentar melhorar o clima, afinal, era só curiosidade mesmo. — Você gosta de armas?

— Não sei… Acho que sim, mas nunca usei uma. – Ela remexia em sua bolsa, procurando pelo celular.

— Quer aprender? Posso te ensinar qualquer dia desses, o que acha?

Ele sabia que estava se aproximando demais dela, estava cometendo o mesmo erro que Fernando, contudo, não conseguia evitar.

— Você está falando sério? – O encarou, surpresa.

— Claro, algum problema?

— Não, eu adoraria aprender.

Sophie gostava cada vez mais da companhia dele, pelo menos quando Lucas estava por perto, por mais que ainda se sentisse observada, acreditava que o que quer que a estivesse monitorando, não se aproximaria.

Lucas estacionou em frente à casa dela. Ela pensou em convidá-lo para entrar, entretanto, se tinha a intenção de deixar as coisas como estavam, seria melhor não, além do mais, precisava cuidar de suas coisas, tinha alguns e-mails para responder.

— Obrigada! Adorei o passeio. – Disse ao abrir a porta. — Te vejo amanhã. — Deu um beijo no rosto dele e saiu do carro em direção a sua casa.

— Boa noite! – Foi tudo o que Lucas disse, contendo a vontade de ir atrás dela e beijá-la.

— Para você também! – Gritou, já com a porta de casa aberta.

Ela apagou e trancou tudo e foi para o quarto. Receberia algumas encomendas no dia seguinte, precisava descansar. Tinha algumas negociações pendentes, então abriu seu computador e deixou o celular ao lado, pois alguns de seus clientes também usavam o aplicativo de mensagens pelo celular. Deixou o e-mail e o facebook abertos na tela enquanto ia ao banheiro. Tinha sido aceita em um grupo de trocas e queria ver se encontrava algum produto do interesse de seus clientes antes de dormir.

Quando voltou, viu que tinha recebido uma mensagem pelo facebook e foi conferir. A pessoa dizia apenas “Oi” e perguntava se ela estava ocupada. Receber cantadas era comum e sempre começavam assim, com mensagens de pessoas estranhas e geralmente homens.

Procurou o perfil e percebeu que se tratava de um perfil falso com o nome de Narciso, não tinha amigos, páginas curtidas, ou qualquer coisa que indicasse que mantinha seu perfil a mais de um mês pelo menos.

Voltou a mensagem e respondeu que não estava interessada em relacionamentos e não conversava com perfis falsos.

Narciso: — kkkkkk Tudo bem, posso entender. Uma moça linda como você deve receber cantadas todos os dias, mas eu ficaria feliz com sua amizade.

— Agradeço, mas nem sei quem é você, não posso ser amiga de alguém com um perfil falso e nem quero, na verdade. – Digitou, impaciente, porém, curiosa para ver qual seria a resposta.

Narciso: — Nem se eu te disser que salvei sua vida?

— kkkkkk Como você fez isso, posso saber? – Realmente chegou a rir alto, era a conversa mais estranha que teve até aquele momento pela internet.

Narciso: — Você estava bêbada, mas acho que vai se lembrar… Evitei que você fosse atropelada por uma moto na saída do bar.

A resposta a pegou desprevenida. Ela se lembrava daquele dia, do homem que observou pela janela enquanto o táxi partia. Seria possível? Pensou, tentando encontrar uma maneira de comprovar.

Sophie perguntou sobre as roupas que usava naquele dia e o cara foi capaz de descrever até mesmo suas duas companhias naquela noite.

— Certo… Como ficou o motoqueiro? – Desistiu daquilo, não estava dando certo, deixou-se levar pela curiosidade.

Narciso: — Ficou bem, só se ralou um pouco. Não precisa se preocupar.

— Quem é você?

Narciso: — Sou seu admirador secreto.

— Agradeço por aquele dia, mas não quero admiradores.

Pensou em encerrar a conversa, estava ficando assustada, achava que parecia mais coisa de perseguidor que admirador secreto. E se fosse ele que a estava seguindo, observando? Seu coração acelerou ao pensar nisso.

Narciso: — Não tem com o que se preocupar, não sou nenhum maluco e nem tarado. Gosto de você, mas sou tímido… Essa foi a maneira que encontrei de me aproxima, só isso.

— Não me agrada essa ideia. A última coisa de que preciso é um perseguidor na minha cola, ou mais um.

Narciso: — Bom… Não quero te assustar. Eu te observo às vezes, de longe. Como disse, sou tímido, mas não te persigo. Se você acha que tem um perseguidor, pode ficar mais tranquila, vou dar um jeito nisso, ninguém vai te fazer mal.

— Não precisa! Se você é apenas uma pessoa tímida, não quero que se meta em confusão por minha causa.

Narciso: — Pelo visto você está envolvida em algo perigoso.

— Não dou satisfação da minha vida à ninguém, muito menos a um estranho na internet.

Sua curiosidade não permitia encerrar aquela conversa, sua mente trabalhava a todo o vapor a procura de um possível admirador, mas não conseguia pensar em ninguém.

Narciso: — Desculpa, não queria aborrecer você.

— Não aborreceu, mas poderia contar quem é você.

Narciso: — Farei o seguinte. Não vou revelar quem sou, ainda não. Não quero te fazer mal, não estou em seu círculo pequeno de amizade e só quero te conhecer um pouco mais até me sentir seguro para me apresentar, pode ser?

— Certo. Então outra hora a gente conversa, tenho que fazer outras coisas.

Narciso: — Tudo bem, boa noite e tenha boa aula amanhã.

— Obrigada!

Ficou alguns minutos refletindo sobre aquela conversa e se repreendeu por ter dado corda. Queria ver até onde iria e ele tinha mesmo evitado aquele acidente, então deveria dar uma chance, que mal faria?

Terminou o que precisava fazer e foi dormir. Seu sono estava agitado, nenhum sonho de visão, apenas não conseguiu parar de pensar naquela noite no bar e acabou levando isso para seus sonhos, chegando a imaginar o rosto de quem a ajudou.

De manhã, enquanto se vestia e planejava seu dia, seu celular tocou, anunciando uma mensagem de Narciso que dizia: “Tenha um bom dia”, ela respondeu, educada desejando o mesmo e saiu de casa com a moto de seu pai.

O clima entre Sophie e seu amigo durante o intervalo não foi dos melhores, Carlos estava quieto, pensativo, ela temia que a amizade estivesse abalada depois do que contou a ele.

— Carlos! – Deu uma cotovelada nele, Lucas ainda não tinha saído da sala e estavam sozinhos à mesa. — Você não vai ficar esquisito desse jeito comigo, vai?

— Não estou esquisito com você… Só estou pensando num carinha que conheci.

— Como ele é? – Perguntou, empolgada por saber alguma novidade.

— Não é daqui. Começamos a nos conhecer naquele encontro que te falei, mas ele tem o mesmo problema que eu. A família não sabe que ele é gay e o coitado tem ainda mais medo que eu de contar.

Sophie conhecia bem esse problema, mas não entendia bem, pois Igor, irmão de Carlos, sabia que o irmão era gay e não se importava, sua mãe também sabia, só fingia que não, o único que poderia criar problemas seria Antônio, seu pai, porém, nada realmente grave.

— Tínhamos um encontro hoje, mas ele desmarcou, estou preocupado.

— Imprevistos acontecem. Ele explicou o motivo?

— Mais ou menos… – Deu de ombros, querendo deixar aquilo de lado. — E você? Soube que saiu com Lucas ontem, encontrei com ele na hora da entrada.

— Nada. Ele me deixou dirigir o carro dele, fomos a uma churrascaria e depois voltei para casa. – Achou melhor não contar sobre a arma, não era o momento.

— Quando você vai dar uma chance para ele?

— Não sei se vai sair algo de bom disso, Carlos. – Não seria lógico se envolver com alguém que trabalhava para a agência que matou sua mãe.

— Não estamos falando de casamento e nem de compromisso. – Sorriu, malicioso. Pela primeira vez Sophie estava resistindo a uma atração por alguém, isso era estranho para ele.

— Depois eu vejo isso. – Gesticulou com a mão e tirou seu celular do bolso. — Aconteceu uma coisa estranha ontem. — Procurou pelas mensagens do aplicativo do facebook. — Lembra que te contei que quase fui atropelada e tal? – Ele assentiu e pegou o celular da mão dela. — Lê essas mensagens.

Carlos leu com atenção e ela ficou apreensiva, gostava de pedir o opinião do amigo, ele sempre tinha bons conselho, certo, nem sempre, mas era bom contar à alguém.

— Que sinistro! – Franziu a testa e entregou o celular de volta. — Narciso? Que merda de nome é esse? E quem ainda é admirador secreto em pleno século XXI?

— Também me perguntei essas coisas, parece mais um stalker. O que você acha?

— Se ele está falando a verdade… Você não tem curiosidade de saber quem te ajudou?

— Tenho, mas não dá para saber se ele está falando a verdade. Exceto pelas descrições que ele deu. Qualquer um pode ter visto o que aconteceu na rua do bar.

— Sim. – Deu de ombros e riu. — Não faz mal algum ter um admirador secreto, faz até bem. Só não mostra isso ao Lucas. – Apontou para o corredor da faculdade.

— Não pretendo. – Ela seguiu a direção que Carlos indicou e o viu se aproximando.

Os dois não tocaram mais no assunto, jogaram apenas conversa fora. Na saída, Sophie recusou a carona de Lucas e avisou que estava com a moto do pai. Os dois se despediram e ela voltou para casa, tinha planejado passar no banco para pagar as contas, mas esqueceu as contas em casa.

A vantagem é que pôde deixar sua mochila em casa e levar uma menor e também não podia demorar na rua, tinha que estar em casa para receber suas encomendas.

O banco não estava cheio, ela pegou uma senha e se sentou para esperar. Se pegou conferindo se Narciso tinha enviado alguma mensagem, mas ele nem estava online.

Uma pessoa sentou ao seu lado e a cumprimentou, ela se virou para responder e deu de cara com Natália. A beleza da garota a impressionava, Cabelos longos e pretos azulados, pele clara e um rosto de modelo de cosméticos, mas seu jeito sério devia afastar as pessoas, pensou, cumprimentando de volta.

— Escuta! – Natália chamou sua atenção novamente. — Você gosta de música, certo?

— Sim. – Não conseguiu evitar de pensar em como aquela pergunta era estranha vindo dela.

— Claro, quem não gosta?! – Sorriu, tentando ser mais simpática ao perceber sua gafe.

 — Vai tem uma festa de uma amiga minha na cidade vizinha, mas não quero ir sozinha, o que acha de ir comigo? Podemos nos conhecer melhor, você é amiga dos garotos.

Sophie demorou a entender à quem ela se referia, Lucas, Fernando e Hiago. Sua senha foi chamada e ela sinalizou para a garota esperar.

A atendente do caixa estava mau humorada e nem respondeu ao seu “Boa tarde” que recebeu, apenas recebeu as contas e conferiu o dinheiro, indiferente. Sophie pegou seu troco e saiu sem agradecer, voltando ao encontro da garota.

— E então, vamos? – Natália se levantou, ansiosa e de olho no número que mostrava no monitor acima dos caixas.

— Claro! Quando vai ser? – Não tinha motivos para recusar, pelo menos não conseguiu pensar em um.

— Hoje à noite. – Sophie se arrependeu por ter aceitado no mesmo instante, não pretendia sair à noite.

— Tudo bem. – Concordou, sentindo-se culpada por quase recusar.

As duas trocaram telefones e Sophie voltou para casa, por sorte, chegou junto com o cara do correio.

Passou o resto da tarde conferindo seus produtos e tirando fotos para enviar aos clientes, quando conseguiu terminar tudo, tomou um banho e se jogou no sofá, com um bom livro nas mãos para ler.

Chegou a tirar um cochilo no sofá e acordou assustada com batidas na porta, olhou pela janela e deu um pulo ao ver que já tinha anoitecido. Atendeu à porta, ainda um pouco grogue de sono e estranhou ao ver Lucas do outro lado, ela deu espaço para ele entrar e fechou a porta.

— Aconteceu alguma coisa? – Bocejou, enquanto já pensava no que vestir e foi conferir uma mensagem em seu celular. Era Natália, enviando o endereço em que Sophie devia passar para Buscá-la.

— Só passei para saber se estava tudo bem.

— Está sim. Ainda bem que você me acordou, preciso sair.

— Com quem? – A pergunta a incomodou, mas não tinha motivo para não responder.

— Natália. Acredita que ela me convidou para ir a uma festa?

— Nem pensar! – Ele falou alto demais e sem pensar. — Você não vai sair com ela. Está ficando louca?

— Você que está ficando louco! – Retrucou, furiosa. — Quem pensa que é para falar assim comigo, ou dizer o que eu vou fazer?

Sophie não entendeu a reação dele, mas em seguida Lucas suspirou e pareceu mais calmo, o que não aconteceu com ela.

— Desculpa, acho que você ainda não percebeu. – Lucas sentou no sofá, precisava ir embora, mas não podia deixar Sophie se arriscar. — Natália faz parte da agência.

— Isso eu sei. Você também faz. Mesmo assim está na minha casa.

Lucas riu, pensando que o raciocínio dela não estava errado, porém, Natália não era uma garota comum.

— Vou explicar, senta aqui. – Hesitante e ainda irritada, ela obedeceu e aguardou. — Natália tem um relacionamento de longa data com Fernando. Estão sempre planejando algo juntos e acredito que ela saiba sobre você. Não sei porque ainda não contou ao Velho e qual é a intenção dela com você, mas não acredito que seja por amizade.

— Da próxima vez, explica, não me dê ordens! – Assentiu, reconhecendo que ele tinha razão. — Como é que ela me via com Fernando e aceitava? Aquele cretino mentiu até nisso?!

— A relação deles é mais complicada do que eu posso entender. – Deu de ombros e riu. — Fernando sempre gostou de variar e Natália sempre aceitou.

— Existe gosto para tudo nessa vida, fazer o que? – Retribuiu a risada dele, ficando menos defensiva.

— Bom, preciso ir. – Ele se levantou e a puxa com ele. — Só queria ver como você estava, e ainda bem que vim. – Bufou.

— É, sou obrigada a concordar. – Sorriu, envergonhada pela forma que falou com ele e sem jeito pela proximidade.

— Te vejo amanhã. Quer ir de carro, posso passar para te buscar?

— Aceito, passei muito frio hoje de manhã. – Admitiu, mordendo o lábio e rindo.

Lucas se aproximou ainda mais, passou a mão no rosto dela, que instintivamente fechou os olhos, praticamente esperando pelo beijo, mas sentiu os lábios dele substituírem a mão em sua bochecha e abriu os olhos.

— Você fica linda quando está brava. – Disse, antes de se afastar e sair da casa fechando a porta atrás de si.

Sophie se jogou no sofá, pensando no quanto tinha sido patética esperando um beijo de olhos fechados, esperava que ele não tivesse percebido. Estranhava seu comportamento perto dele, raramente ficava sem saber como agir e isso era um mal sinal.

Refletindo sobre o que Lucas havia falado de Natália, mesmo sem ter percebido qualquer coisa ruim da parte dela, só de fazer parte da agência, já era um bom motivo para manter à distância, ser namorada de Fernando era um ainda melhor.

O toque de seu celular a sobressaltou, pensou em ignorar quando leu o nome, mas seria infantil demais, seria melhor atender e desmarcar de uma vez e foi o que fez, ou quase.

Minutos depois, estava se arrumando para encontrar Natália no endereço marcado. Não iria à festa com ela, porém, a garota argumentou que tinha recusado carona para ir porque contava que iam juntas a festa e agora não tinha como chegar lá.

Sophie odiava se sentir culpada e não ia deixar a garota perder a festa, era o mínimo que podia fazer e não estava contrariando Lucas, tentou se convencer, apenas dando uma carona, nada de mais, pensou, ao dar partida na moto e seguir para o endereço indicado.


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