There Is a Smile of Love escrita por The Deserters


Capítulo 6
Danse Macabre (pt. 1)


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Primeiramente, desculpas pela demora. A minha intenção era terminar tudo e postar o capítulo no domingo passado, porém ocorreram alguns imprevistos e eu acabei extremamente atarefada nessas duas últimas semanas.
Muito obrigada por lerem e por aturarem meus atrasos e espero que não queiram me matar depois deste capítulo, mas a parte 2 já está a caminho.
E um agradecimento especial para minha Beta que fez o favor de ler e revisar tudo em menos de 24 horas (Você é demais, Beta!)



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17 de abril de 2014

18:47. Apartamento da Sansa

 

 

“É incrível como a disputa no campeonato se tornou tão imprevisível em poucos segundos...e Oberyn Martell segue como o favorito no páreo...”

Zap.

“...O assunto do dia é Robert Baratheon. O Primeiro Ministro tomou uma série de medidas no mínimo conflitantes com a gestão anterior...”

Zap.

“...Lannister ltda. continua firme sob as pressões do mercado externo e Jaime Lannister já consolida dois anos no cargo de CEO...”

Zap.

“...O novo corte de cabelo da Sra. Baratheon é extremamente elegante, combina com sua forma etérea...O que você acha, Varys?”

“Etérea, você diz?”

Zap.

“Você quer parar e escolher um só canal?”

O arranhar de saltos no assoalho seguia até a fonte do barulho. A televisão brilhava com seus flashes e vozes esparsas, que se misturavam a cada clique dos dedos de Myranda no controle.

“Você disse pra eu me sentir em casa. Então, uma das minhas coisas favoritas, além de te deixar sem graça, com certeza é zapear os canais, sem qualquer ordem aparente. Me relaxa”, a morena jogou os braços por sobre de sua cabeça e continuou em sua tarefa irritante de enlouquecer a televisão da ruiva. Sem olhar para Sansa, acrescentou: “Você está bonita, por sinal. Porque você me chamou mesmo se vai sair? ”

Sansa arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços. “Você sabe muito bem o porquê. Preciso da sua ajuda com algo”, sorria constrangida, mordiscando o lábio inferior. “Margaery estará aqui em poucos minutos e preciso que você...hm...bem...é o nosso terceiro encontro...e...eu...queria que você...”

“...arrumasse o ninho do amor? Aaaaaaaaah...então, é por isso que você pediu morangos ao chocolate ao invés de tortas de limão. Sansa Stark...quem diria, hein?”, Myranda mexia as sobrancelhas, dava aquele sorriso predatório de quem nunca deixaria a história morrer – mais uma vez pensara se tratar de uma ideia ridícula, mas chegara tão cansada de suas aulas, que o tempo que lhe restava voou entre mensagens de socorro à sua amiga e a correria para se arrumar.

Enquanto sustentava o olhar travesso da outra, Sansa se forçava a não corar. O nervosismo começara a se instalar em seu estômago, borboletas se atropelavam com o pensamento do que estava por vir esta noite. “Para todos os efeitos, isso mesmo. Preciso que você saia antes das dez e que tudo esteja pronto até lá...eu já posicionei as velas, só preciso que você as acenda antes de sair e coloque as rosas na cama. O champanhe e os doces na cômoda ao lado. E só. ”

“Posso postar no Instagram quando terminar?”

“MYRANDA”

“Tá. Tá. Entendi. Top secret. Vocês, nortistas, não sabem brincar...”

Toc. Toc. Toc.

Os olhos da nortenha se arregalaram, seu coração corria aceleradamente, virou-se para a amiga que prendia o riso: “Shhhhh...Ela não pode saber que você está aqui”

“Mas porquê?”, a confusão da morena se aliviava pelo sorriso debochado, o que fez com que Sansa revirasse os olhos e sussurrasse em resposta. “Pensa um pouco, Myranda”

“Aaah. Ciúmes. Que maravilha. Okay. Vou me esconder aqui no sofá. Uma boa noite de preliminares num restaurante caríssimo, cheio de pessoas arrogantes e com pratos que não te saciam a fome de forma alguma”, sussurrava de volta, lhe oferecendo uma piscadela. Sansa lhe deu um tapa no ombro e lhe acenou em despedida.

A poucos passos da porta, alisou o vestido e percorreu a mão pelos cabelos, certificando-se de que nada estava fora do devido lugar. Alcançou a maçaneta e a girou. Foi, então, que Margaery lhe roubara o fôlego com aquele sorriso travesso em seu rosto perolado e o cintilar de seus olhos, que parecia sequestrar a capacidade de pensar de Sansa. O olhar da ruiva perseguia a forma da mulher em sua frente e sentia o calor percorrendo suas veias, a herdeira dos Tyrell trajava um vestido preto de mangas cumpridas que mal cobria suas pernas. Se não constava qualquer histórico de problemas respiratórios e cardíacos à saúde da jovem Stark, esta os havia adquirido nos últimos segundos.

“Nossa”, soara como se tivesse corrido uma maratona e, de fato, sentia como se o tivesse. Margaery seria a sua morte.

“O que foi, minha lobinha? ”, Margaery a fitava com uma expressão divertida, levou a mão à face da nortenha e lhe deu um breve beijo na maçã do rosto. “Você está divina, é impossível manter a compostura te vendo assim”, Sansa sentiu as palavras de encontro à sua pele, o ar quente lhe causava arrepios, fechara os olhos e se pôs a respirar fundo.

“Você também não fica para trás, Milady”, retrucara fracamente, ganhando uma risadinha deliciosa da outra.

“Podemos ir, meu anjo?”, Margaery a observava atentamente, os resquícios de divertimento em todo o seu rosto. Ela lhe oferecera a mão, entrelaçando os dedos das duas. Em resposta, Sansa acenou que sim com a cabeça e se permitiu ser guiada pela mulher que assombrava seus sonhos.

 

25 de dezembro de 2015

12:50. Winterfell Manor

 

“O anúncio do noivado do até então líder da comissão diplomática de Westeros em Dorne, Renly Baratheon, e a neta prodígio da ex-Primeira Ministra, Margaery Tyrell, tomou uma direção inesperada com a indicação de Renly ao posto de Conselheiro Substituto em King’s Landing, muitos ainda debatem acerca de nepotismo, enquanto outros alegam a existência de uma forte aliança forjada entre as duas famílias mais influentes na política de nosso país...”

“Robb, você poderia desligar o bendito celular à mesa?” , a voz de Ned Stark ressoava pelo cômodo, suas feições eram graves e solenes, apesar de seu tom não demonstrar apreensão, mas sim cansaço. “Por gentileza?”, acrescentou num suspiro. O patriarca aparentava carregar o mundo em seus ombros cansados.

“Desculpe, pai. Petyr Baelish está comentando ao vivo as últimas notícias da Capital e, se alguém não tivesse sumido com meus fones de ouvido, não atrapalharia a refeição”, Robb falara de forma cortês, como sempre, e os olhos se direcionavam a Arya no último trecho de sua fala. Esta, por sua vez, se limitou a dar de ombros e mostrar a língua ao irmão, enquanto exibia o dito par de fones atrelados ao seu celular.

“Está tudo bem, filho. Só é difícil acompanhar as notícias na forma sensacionalista com a qual o sr. Baelish retrata. Nenhuma palavra sobre o funeral de Jon Arryn, nenhuma prece à sua família, só escuto instigações aos preconceitos que recaem sobre a escolha de Renly Baratheon e as regalias de seu casamento. Inadmissível”, Sansa observava o punho de seu pai se cerrar sobre a mesa e a reação imediata de sua mãe ao cobrir a mão dele com a própria. Sansa sentia o coração apertado se contrair mais ainda. A visão do gesto a saudava com nostalgia, suas mãos lembravam da sensação de ter seus dedos entrelaçados com os de sua amada. Agora, eles jaziam inquietos. Como gostaria que Robb não tivesse acessado a bendita live.

O almoço de Natal fora servido tardiamente em razão da bagunça que haviam causado na sala de estar. Catelyn Stark fora recepcionada com plumas por todos os móveis, bem como pela correria e gritaria animada dos filhos que carregavam travesseiros rasgados pelo cômodo. Embora, a felicidade destes a contentava, não os deixou escapar das consequências.

Sansa relembrava ternamente de toda a diversão que tiveram horas atrás e repetia em sua mente como um mantra que não permitiria que a conversa com Loras a chateasse, nem conquanto que o debate à mesa o fizesse. Seu coração era um tolo, mas sua mente obstinada a impedia de prestar atenção no resto da conversa de seu pai e seu irmão. Sentiu-se atraída, no entanto, ao tique-taque do relógio à parede. 12:57. Sabia que precisaria de privacidade para a conversa que se aproximava. Pediu licença para sair da mesa, o que foi garantido por sua mãe. Arya a seguiu com os olhos, mas um aceno com a cabeça indicara que sua irmã a procuraria mais tarde.

Seguiu em direção às escadas e, ao passar por Jon e seu tio Benjen, escutara os dois discutindo os planos do rapaz ao ser promovido. Sorriu enquanto subia os degraus, agradecia aos deuses pela presença de seu tio na vida do irmão.

13:01.

Chegara em seu quarto e mexia nervosamente no celular. Checara novamente a mensagem de Loras e o horário. Jogou-se à cama e fechou os olhos, não sabia ainda como lidaria com o Tyrell, porém compreendia que não poderia seguir em frente sem entender completamente o que estava acontecendo. Sansa tinha a perfeita noção de que sua personalidade não a deixaria continuar no escuro de toda a situação. As informações que antes lhe bastavam agora continham furos incompreensíveis à luz dos poucos fatos que conhecia. Sua mente vagava por estes pensamentos até sentir algo vibrando em sua mão.

Recebendo Chamada.

Loras Tyrell.

Com os dedos trêmulos, Sansa deslizou a tela e aceitou a chamada. “Alô?”, surpreendeu-se com a rouquidão de sua voz e tentara novamente. “Alô? Loras?”

“Olá, Sansa Stark. Sentiu minha falta? ”, a ruiva pôde ouvir a melodiosa risada do rapaz e tentava se lembrar quanto tempo fazia desde que a escutara pela última vez. 

“Você está se divertindo com o meu nervosismo, não é? ”, replicara, tentando disfarçar sua ansiedade.

“Eu seria muito mau se dissesse que sim? Afinal, senti falta da sua mania de se envergonhar com tudo, lobinha ”, o tom pesaroso não escapou aos ouvidos de Sansa, porém o apelido a incomodava. Parecia uma eternidade desde que o escutara. “Argh. Não me chame assim”

“Vejo que ainda é assunto a superar, certo? ”, o vazio das palavras a atingiu em cheio, mal notou que prendia a respiração, tinha a sensação de estar submersa. “Loras...”, disse em fraca indignação.

“Peço perdão. Eu fui insensível”, suspirou o cavaleiro das rosas em derrota, Sansa quase podia imaginá-lo percorrendo os dedos por seus cachos castanhos. “Myranda disse que você precisava conversar comigo. Soara até urgente, em termos de Myranda Royce. Fiquei preocupado que algo lhe tivesse acontecido, mas não pude entrar em contato mais cedo. ”

“Sim, eu compreendo. Os feriados ao término do ano são sempre atarefados, ainda mais quando sua família é responsável pelos principais eventos da temporada. Eu realmente entendo”, era a vez da nortenha suspirar, olhava fixamente a pintura em seu teto – onde, no quarto de Arya havia um atlas, no seu adornavam estrelas, contos poéticos em forma de constelações -, então, continuara: “Como você está, Loras? De verdade? ”

“Lembro de uma vez você ter recitado um poema pra mim:  ‘Das coisas mais belas que já vi, cantam os boêmios à luz dos confins de seus sonhos ternos, encantos sem fim, nem meio, nem termo, só seguem assim’. E eu, como o bom realista que sou, pensei na incoerência de reconhecer beleza em algo tão solitário quanto a história destes pobres homens que antavam por seus sonhos, os quais não poderiam conseguir e, mesmo assim, seguiam seu caminho sem pestanejar”, a dor era evidente em cada sílaba, Sansa sentia o pesar encher seu peito e a compreensão expirada em cada respiração sua. “Mas eu entendo agora. Os boêmios não eram apenas bêbados ambiciosos e preguiçosos demais, mas tolos apaixonados e, ainda que não lhes fosse possível obter seus sonhos, seu objeto de desejo, eles se punham a continuar” 

“Sim. É uma representação da vida. Sonhos podem nos encantar não interessa as implicações da realidade sobre eles, mas assim que nos deparamos com a impossibilidade deles, a vida não para...Devemos continuar”, fechara os olhos ao recitar o que mais lhe parecia uma prece nos últimos meses.

“Você continuou, Sansa? ”, abriu os olhos surpresa e imaginou o semblante do outro. A seriedade e o anseio na voz de Loras a fazia questionar se ele realmente queria saber a verdade ou se precisava de uma resposta à outra. “Estou tentando. E quanto a você? ”, esperava que a suavidade da pergunta o incentivasse a lhe confiar a verdade desta vez.

“Eu sou o Chefe de Imprensa de Renly Baratheon e, muito em breve, de Margaery Tyrell-Baratheon. Seguir em frente é uma demanda. Você até pensaria que os deuses teriam piedade do nosso tormento”. Loras parecia exasperado, a ruiva se perguntava por quanto tempo a faceta perfeita e risonha que ele exibia ao resto do mundo duraria até se romper por completo. Será que faria diferença?

“Loras...eu sei como você se sente”, pensara nas péssimas noites dormidas e das tantas vezes que chorara e tivera que por uma máscara de felicidade no dia seguinte, pois ninguém poderia saber. Sabia como era viver neste tipo de sombra - a sombra da ambição de alguém que lhe é tudo.

“Sabe mesmo, Sansa? ”. A pergunta a pegara de surpresa, arfara ao sentir a alfinetada que esta continha.

“Você sabe que eu não tive uma escolha. Ela claramente nem considerou me dar uma escolha”, os olhos da ruiva tentavam focar numa das constelações acima – a de gêmeos; e lembrou-se do mito equivalente na cultura romana: Janus, o deus das escolhas, do presente e futuro, deus das transições decorrentes de decisões, o deus de duas faces.

“E você acha que Margaery queria te ver tão miserável quanto eu estou? ”, a calidez da voz dele feria mais do que se houvesse gritado. A verdade é que Sansa já cansara de achar justificativas para Margaery. “Ela não é nenhuma mártir, Loras. Sua irmã abriu mão do nosso relacionamento e do nosso futuro juntas porque não era conveniente. Você pelo menos pôde escolher ficar do lado dele, algo que eu nunca tive.”

“É, mas me adianta de quê? Estar do lado dele e não poder ficar com ele. Ter que orquestrar todos os passos deles diante da mídia, enquanto ver os dois sempre sorrindo, posando juntos como o casal dos sonhos, me faz sentir náuseas. E eles, de fato, são perfeitos um para o outro, só um pode realmente entender a cobiça do outro. Nós somos o segredo, Sansa. E Margaery entendeu que você não conseguiria viver como apenas um segredo, enquanto isto é esperado de mim”, o sopro nervoso que encerrava sua fala preocupava Sansa.

Este não é o amigo que conhecia, essa casca vazia, uma fração da pessoa que um dia fora Loras Tyrell. Contudo, quem era a própria para falar disto. Sansa Stark lhe parecia uma persona distante de seu mundo tanto quanto o rapaz com quem conversa lhe parecia uma outra pessoa.

“O que aconteceu com você, Loras? ”

“Estou mais cínico, não é? Eu culpo a bendita convivência com as víboras de King’s Landing”, ria sem forças, o som de sua voz abafava como se lhe contasse um segredo que lhe custaria a vida.

“Ele te ama? ”, a ruiva arguiu com determinação. Pensava em como o amor deveria ser simples, sem cobranças e expectativas irreais; e se ressentia dos sacrifícios e dos tormentos causados pelo dito “amor”, estes tão arrebatadores quanto a alegria que proporcionava. Era uma verdadeira faca de dois gumes.

“...Tem momentos em que duvido, mas, então, há outros momentos em que nossos olhares se cruzam, estamos cercados por milhares de pessoas e ele me encara como a única pessoa no mundo que importa. Eu vivo por esses momentos”. O Cavaleiro das Rosas falava como se estivesse hipnotizado por uma memória presa em um globo de neve, visível, tangível, mas nevoada.

O silêncio que se seguiu abraçava Sansa de forma desconfortável. Já se foi o tempo em que conversas despretensiosas com Loras duravam por horas e cujos silêncios eram tão amigáveis quanto os longos debates dos dois. Agora, os espaços dentre as palavras eram preenchidos com o medo de certos assuntos. Tudo se tornara tão frágil. E antes que pudesse se conter, sua boca desenhava o contorno do nome dela, em sequência proferia em voz alta: “Como...como ela está? ”

“Sansa...”, repreendia o outro.

“Eu só preciso saber. Minha mente não me deixa em paz desde aquele dia, nem estar em Winterfell tem ajudado”. Não sabia se a resposta, de fato, a ajudaria, porém seu coração ansioso a exigia com cada pulsar descompassado.

Com um longo suspiro, o rapaz a respondeu cautelosamente: “Ela tem se mantido ocupada”. A Stark sentia que ele se esforçava em esconder algo e insistiu novamente, dessa vez mais firme. “Loras, me conta”.

“Ela desenvolveu um péssimo hábito, mas minha família permite desde que ela seja discreta o suficiente”, as implicações lhe atingiram em cheio, seu coração disparara, enquanto seu sangue fervia. Sansa entendia o significado, mas se negava a acreditar. “Você diz...”, começara, mas a secura da boca a impedia de continuar, o gosto de fel tocava a língua áspera e a ruiva se forçou a engolir a seco na tentativa de aliviar o nó que formava em sua garganta.

Loras continuara sua linha de raciocínio com pesar: “Renly tem a mim quando precisa relaxar. Margaery, bem...tem suas acompanhantes. Ela é discreta o suficiente e eu venho cobrindo todos os rastros. Não gostaria que soubesse dessa forma. Ela é humana e falha... ”

“...e vem dormindo com outras mulheres, enquanto aos olhos da mídia está noiva do seu namorado? É pra isso que ela me deixou?”. A raiva percorria por seu corpo e o sabor salgado das lágrimas atingia seus lábios. “Fantástico ”.

“Sinceramente, acho que ela faz isso pra não pensar em você”, a tentativa dele somente servira para inflamar mais ainda a sua ira.

“Nossa. Pobre coitada. Ela me abandonou, ela mentiu pra mim por semanas e simplesmente disse que as coisas não poderiam funcionar”, fechara os olhos com força e sentia o corpo tremer de irritação. “Um belo dia ela decide que eu não poderia mais fazer parte do plano dela e me cortou de vida. Como você acha que eu me sinto, Loras? Como algo descartável, algo pelo qual acompanhantes de luxo podem substituir”

“Sansa...”

“Não. Eu cansei de ouvir. Muito obrigada pela honestidade. Saber disso me proporciona uma perspectiva mais completa da situação”. Tinha alcançado o limite, a promessa que fizera a sim mesma mais cedo restara quebrada. De fato, a ligação a afetara mais do que planejava que o fizesse e sentia que não poderia escutar mais nada.

“Não. Não dá”, suplicara o rapaz, impedindo-a de desligar a ligação.

“Como não?”, esnobara incredúla, revirando os olhos.

“Já parou pra pensar que talvez ela tivesse terminado pra não te ver sofrer? O jogo que jogamos hoje em dia é perigoso, Margaery não toma as decisões baseadas apenas no seu próprio querer. Minha avó foi uma grande determinante nas escolhas tomadas, assim como Tywin Lannister”

“O que você quer dizer?”

“Dane-se o sigilo, já estamos aqui mesmo. Margaery não terminou com você de bom grado. Minha avó fez um acordo com os Lannisters e vai muito mais além do que a indicação de Renly como Conselheiro”.

Não sabia como reagir. Sansa escutara e sentia a raiva dissipar em ondas, o vazio a preenchia, o torpor a inundava e com ele a compreensão. “Ela vai se candidatar ao governo de Highgarden muito em breve, não é?”

“Sim. E depois disso, pretendem eleger Jaime Lannister como Primeiro Ministro, para, então, lançarem Margaery. E Renly seria o Ministro de Relações Internacionais em ambas as gestões”.

A ruiva analisava cada informação com ceticismo. As engrenagens de seus pensamentos se punham a funcionar de forma acelerada. “Mas não vai dar certo”, concluiu.

“Porque diz isso?”, Loras não parecia tão surpreso em comparação ao sentido que sua pergunta transmitia.

“A popularidade de Robert Baratheon está em queda progressiva e as alegações de nepotismo simplesmente mancharão a campanha de Margaery”, contava com a voz destituída de qualquer emoção. 

“Bem, como diria minha querida avó, ‘nesse jogo, os candidatos mais aptos não são os que seguem as regras, mas aqueles que controlam as regras com tanta maestria que conseguem distorcê-las sem quebrá-las’. Nunca disse que o plano era simples, nem disse todas as peças dele”.

“Margaery fez outro acordo”, concluíra curiosa. Não se surpreendia com este fato, conhecia a outra bem o suficiente para saber que não se deixaria ser guiada pela influência de outros. Os dizeres de Olenna Tyrell não se aplicariam tão bem a ninguém mais do que a própria neta.

“Eles dois fizeram”.

Sansa percebia o sorriso sarcástico na voz de Loras e franziu o cenho preocupada.

“Com quem?”

Petyr Baelish


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Notas finais do capítulo

Para os curiosos acerca do nome do capítulo, recomendo escutar Danse Macabre de Camille Saint-Saëns e a música de mesmo nome da banda Scalene. De alguma forma meu cérebro associou as duas músicas e me fez escrever isso Hahaha.

Até mais.



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