There Is a Smile of Love escrita por The Deserters


Capítulo 4
Cold Coffee and Old Headaches


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal.
Eu sei...esse capítulo é bem longo, em parte porque eu estava inspirada e também para compensar o tempo que levei para postar.
Por favor me digam o que acharam, a opinião de vocês é bastante útil no processo criativo :)



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31 de maio de 2013

15:45. Royce’s Café e Bistrô, Campus da Universidade de Highgarden

 

“Não que eu me importe...muito, mas a quantidade de café que você anda consumindo aqui nas últimas semanas é insana”

Sansa levantou os olhos cansados da pilha de trabalhos que cobriam a mesa, estava tão compenetrada em corrigi-los que mal notou a presença na cadeira à sua frente. “Não começa, Randa. Pelo que eu saiba eu sou a sua melhor cliente”

Myranda Royce sorriu – era a dona do café e nova aquisição ao pequeno círculo de amigos da nortenha em Highgarden - sarcástica, impetuosa e sobretudo abusada, Sansa mal sabia como, de fato, essa amizade surgiria se não fosse o fato de que passava boa parte das tardes regadas pelo café forte e pelas tortas de limão da outra. Miranda poderia ser tão peculiar quanto a surpreendente qualidade de seus doces.

“Bem, não estou reclamando disso. Afinal, melhor ainda que você me sustente de bom grado”, Myranda sorria bem-humorada e Sansa já se perguntava qual seria a real intenção dela.

A ruiva levantara sua xícara aos lábios, sentia o forte aroma e provou alguns goles, o café já esfriara, mas ainda assim podia sentir a dose de energia percorrendo-a.

“Hmmmm. A quantidade de café que bebo nunca foi tópico de discussão nas últimas vezes. Então, o que você quer mesmo? ”, para alguns o tom seco de Sansa poderia ser considerado rude, porém estava atordoada com tantas tarefas a corrigir e planos de aulas para elaborar e, além disso, havia de conduzir um grupo de estudos em algumas poucas horas. Já para Myranda, a percepção da sua falta de paciência no momento só servira para alargar seu sorriso – o que estaria tramando?

“Seu futuro cunhado está aqui no café. O que significa que sua futura esposa logo logo estará por aqui também...AI...”, o discurso jocoso de Myranda fora interrompido abruptamente ao ser acertada por um das dissertações que Sansa corrigia. “Vocês, nortistas e seus hábitos bárbaros. Pra quê tanta violência? ”, e mais uma mais vez fora acertada pelo rolo de papel. Sansa sorria levemente e tentava desamassar o trabalho em suas mãos. “Não sei do que está falando”, respondera zombeteiramente, mas já vasculhava o café em busca dos cachos castanhos que pertenciam a Loras Tyrell. Não tardara muito a encontrá-lo, estava em uma das mesas junto à vitrine, parecia absorto observando os transeuntes na rua, enquanto os dedos tamborilavam na madeira.

“Ah, mas claro que sabe. Fica aí toda embasbacada quando a Miss Highgarden aparece...lembra daquela vez semana passada que ela acenou pra você e o seu café foi parar na blusa da Danny Targaryen?”, Randa retrucou, seus olhos cintilavam recordando o absoluto horror na cara da ruiva nessa memória em particular: Sansa ficara tão envergonhada que, além de combinar seu rosto à cor de seus cabelos, repetia suas desculpas tão rapidamente que era difícil compreender o que dizia. A própria vítima do desastre – Daenerys Targaeryen, professora de Cultura Política e Democracia da Universidade; ao invés de se exasperar, passara a consolar a ruiva. 

“Nem me lembre. Pelo menos, eu e a Danny chegamos ao entendimento de que a blusa dela realmente ficou melhor depois do meu toque especial”, Sansa piscara ao proferir as últimas palavras, o que resultou numa Myranda boquiaberta, cuja surpresa era tão deliciosa para a ruiva quanto as últimas gotas de sua própria bebida.

“Quem diria, Srta. Stark. Eu jurava que seu coração gélido só derretia pelas rosas espinhentas do Sul...e falando na própria...”, para Sansa a resposta da amiga se perdera junto aos sons que acompanhavam a entrada de Margaery. A visão da morena fez com que sua pulsação enlouquecesse, não sabia se tinha forças para desviar o olhar, nem se tinha coragem o suficiente para manter qualquer tipo de contato visual.

Ainda assim, seus olhos percorreram brevemente aqueles traços angelicais, o que não ajudara de forma alguma a seus batimentos cardíacos. Margaery Tyrell vestia um terno preto que aderia à sua forma em perfeição, a jaqueta do blazer estava levemente aberta, exibindo o decote de blusa branca que usava, e seus cabelos estavam perfeitamente arrumados em um belo coque, mostrando aquele pescoço majestoso e sua pele de alabastro. Não havia dúvidas de que acabara de sair de uma de suas aulas, a herdeira dos Tyrell sempre se portava da forma mais profissional possível no curso de suas palestras.

Sansa tinha certeza de que a morena teria avistado seu irmão antes mesmo de adentrar no bistrô, mas, ainda assim, aqueles perspicazes orbes azulados vagavam pelo interior do local e ao encontrar com os seus, a ruiva teve certeza de notar um breve sorriso se formar no rosto daquela. No entanto, este se desfizera em poucos segundos e, em seu lugar, a morena agora franzia o cenho, desviando o olhar. Neste momento, não havia nada que Sansa queria mais do que desfazer aquela expressão.

“ ‘Não sei do que está falando’, ela disse. ‘Eu não estou pateticamente apaixonada pela minha colega de trabalho, que acaba por ser filha do meu chefe e neta da nossa querida ex-Primeira Ministra’, ela mente pra si mesma incansavelmente todos os dias enquanto suspira por aqueles pares de pernas. Seu irmão mais novo deveria escrever sobre você, aposto que ele venderia milhares de cópias com esse drama todo”, a voz risonha de Myranda quebrara o feitiço no qual seus pensamentos estavam entrelaçados e agora apenas lhe restara revirar os olhos e encarar a amiga amargamente. Certamente a outra se divertia terrivelmente com o seu estado de embaraço e desconforto.

“Não pateticamente, sua idiota. E acho que Bran não se agradaria muito de largar suas histórias heroicas por contos de amores não correspondidos e amigos impertinentes”, Sansa resmungara enquanto arrumava sua imensa papelada, pondo-a cuidadosamente dentro de sua pasta, suspirava ao pensar que teria de corrigir tudo isso ao chegar em seu apartamento. Mais uma madrugada que se vai perdida, sendo uma maníaca por trabalho e responsabilidades. Pelo menos teria algo para distraí-la de seus devaneios com uma certa morena que agora partilhava uma conversa cordial com o irmão a poucas cadeiras de distância.

Curioso. Enquanto Margaery sentava de costas para a mesa que a ruiva dividia com sua peculiar amiga, Loras tinha uma bela visão de onde estavam e Sansa não podia negar que o percebera fita-las de relance por cima de sua xícara de café. “Acho que Loras está olhando pra cá”, sussurrou para Miranda.

“Notei faz alguns minutos. Também percebeu que eles parecem bem menos alegres do que de costume? Geralmente, esses dois vivem aos risos e pedem chá de rosas, como se fossem parte da realeza. Hoje, o menino prodígio pediu café amargo, forte e sem leite, quase confundi com o seu pedido, na verdade”, o empenho das observações de Myranda não lhe surpreendia, mesmo sendo, por vezes, irritante e intrépida, também era uma pessoa extremamente astuta e tinha um perfil analítico, especialmente sensível às pessoas que frequentavam seu café.

“Bem...talvez tenham tido um dia ruim ou algo do tipo, o que não explica o porquê de ele não parar de olhar pra nossa mesa a cada instante. Será que tem alguma coisa errada comigo? Ah não, eles devem me achar uma louca, trazendo esse bando de trabalhos para cá. Você não acha que Margaery pensa que sou uma louca por tentar adiantar meu trabalho, né? Ou será que é por causa da minha roupa? Sabia que não devia ter usado essa saia verde, me faz parecer uma cenoura...AI”, o ardor em sua testa interrompera suas divagações. Novamente Myranda tivera que lhe puxar à razão, agora lhe dando um peteleco, o que não falhou em deixar a ruiva desconcertada.

“SANSA! Pelos deuses, não tem nada de errado com você ou com a sua saia, por sinal”, ela comentara, revirando os olhos. “Talvez eles pensam que nós somos um casal e a Srta. Perfeição andou pedindo pro irmão nos vigiar. Tá vendo? Te disse que vocês se merecem, as duas sofrendo platonicamente pelos cantos do meu estabelecimento: irrelevante para os negócios, mas ótimo para o meu divertimento”.

“Você é impossível. Para de me perturbar com essas suas ideias loucas. Até parece que eles achariam que nós estaríamos juntas nesse sentido...”, retrucara Sansa, corando mais uma vez. Será que o seu corpo não tinha um número limite de quantas vezes poderia corar até que se tornasse algo prejudicial à sua própria saúde mental? Jurava a si mesma que se corasse mais alguma vez por motivos de Margaery Tyrell, não saberia se conseguiria sequer sair de casa no dia seguinte de tamanha vergonha e descontentamento consigo mesma.

 “É. Então, tá bom”, dissera a dona do café com um sorriso malicioso e se levantou de sua cadeira. “Bem, já passei muito tempo aqui confraternizando sobre sua falta de vida amorosa...preciso confirmar se meus subordinados não estão fazendo corpo mole e bebendo todo o meu café lá na cozinha”, e então recolhera a xícara de Sansa, fazendo o sinal de que mandaria alguém com mais uma dose de café quente, repetindo o mesmo com o prato que antes estivera preenchido por tortas de limão.

Sansa então sorria para a amiga, pronta para despedir-se com um aceno quando a outra a surpreendeu com um leve beijo em seu rosto. “Lhe vejo em breve, doce Sansa”, dissera um pouco mais alto do que o normal e saíra em direção à porta que levava à cozinha, deixando para trás uma ruiva ainda mais corada e confusa.

Apesar do seu estado de perplexidade, virou seu olhar automaticamente à mesa dos irmãos Tyrell e foi surpreendia ao encontrar aqueles orbes tempestuosos voltados para ela, Margaery parecia furiosa e o irmão tentava infrutiferamente conter o riso. Sansa prometeu a si mesma que mataria Myranda.

 

24 de dezembro de 2015

15:35. Quarto de Sansa, Winterfell Manor

 

A essência forte de café que preenchia o quarto a despertara. Abriu seus olhos lentamente e sentiu uma pequena pontada na região da têmpora, anunciando a vinda de uma insistente dor de cabeça. Gruniu baixinho e se pôs a sentar na cama. O quarto estava escuro, salvo os teimosos feixes de luz do sol que escapavam pelas cortinas. Ouviu o movimento à sua esquerda e notou que não estava sozinha como esperava que estivesse. Arya estava sentada na cadeira de sua escrivaninha e mexia rapidamente no celular, enquanto bebericava de sua caneca. Ah. Daí que vem o cheiro.

“Havia jeitos mais fáceis de se livrar das tarefas de feriado do que um desmaio. Mas admito que talvez não seriam tão eficazes”, a irmã dissera sem retirar os olhos do aparelho, tomara mais um gole de seu café e o abandonara na escrivaninha ao seu lado, agora mordiscava o polegar em sinal de concentração. “Foi um inferno, sabe? Jon se assustou, mas conseguiu te pegar a tempo de que você não estatelasse no chão e, depois disso, a mamãe e os meninos começaram a gritar seu nome – eu fiquei com uma baita dor de cabeça, por causa disso. Robb insistiu desesperadamente em te levar ao hospital e Theon saiu correndo para buscar alguma colônia fedida que ele jurava que te faria acordar? Ainda não entendi muito bem qual era a dele, pânico ou loucura. Enfim, papai conseguiu acalmar mamãe, enquanto eu e o tio Benjen convencíamos a todos que talvez você só precisava de descanso. Nessa eu aproveitei e falei que você tinha passado algumas noites sem dormir direito por conta das correções das provas finais. E fim. Você dormiu por três horas e alguma coisa, e mamãe vem aqui a cada meia hora verificar sua temperatura e sua respiração. Então, você tá lascada, porque a briga sobre ‘você se cuidar mais’ vai ser épica”

“Nossa. Como você consegue falar isso tudo de um só fôlego? ” Sansa rebatera de olhos fechados, massageava os lados de sua cabeça, buscando por algo que aliviasse a dor. “Ninguém percebeu que eu...desmaiei...por causa daquela parte específica da conversa?”

“Hmm...se perceberam não demonstraram. Mas Jon já suspeita de algo, então seria bom que você conversasse francamente com ele sobre...você sabe. E Robb está se martirizando. Eu juro pra você que ele tem um complexo de vitimização incrível, ele vem falando alguma besteira sobre se sentir culpado porque vocês perderam contato e ele não sabe sobre o que você anda passando e, como irmão mais velho, é o dever dele cuidar da gente e blá blá blá”, Arya revirava os olhos e imitava sinais de enjoo durante a última parte de sua fala. A mais nova sempre perdia a paciência com os discursos virtuosos de Robb sobre ser o responsável pelo bem-estar dos outros irmãos, até mesmo de Jon com quem partilhava a diferença de apenas um ano de idade e que estava a passos de se tornar um detetive.

Sansa sabia que seu irmão mais velho apenas tinha as melhores intenções e sempre se sentiu responsável por suprir a figura ausente do pai deles, então acolhia os esforços dele com gentileza, sempre o dissuadindo dos excessos que às vezes persistia em cometer.

“Contarei para Jon...em breve. Já Robb, terei que pensar em algo capaz de explicar o que aconteceu, sem mencionar nada. Se ele souber, conversará com papai que, por consequência, contará para mamãe e, realmente, não quero que eles descubram ainda. Já tenho sorte deles não terem ouvido nada quando você surtou ontem à noite”, e ao mencionar isto, percebeu que Arya interrompera suas ações e guardara o celular no bolso da calça, parecia envergonhada.

“Em minha defesa, eu estava processando praticamente dois anos da vida secreta da minha irmã, além do fato de que a namorada dela era uma idiota e que eu não podia fazer nada sobre isso. Eu estava irritada com você, com aquela lá e comigo mesma...mesmo assim, desculpas”, dissera sua irmã, que olhava para as próprias mãos, que, por seu turno, esfregavam o tecido de sua calça.

Era um hábito nervoso, raramente Arya o fazia, e à vista disso Sansa se moveu em direção a ela, segurou suas mãos, acariciando-as gentilmente. “Não se preocupe com isso. Eu que deveria me desculpar, você merecia um tratamento melhor diante de toda essa bagunça. Você merecia saber e ter a chance de defender minha honra”, e com estas palavras a ruiva sorrira para irmã, ganhando uma resposta similar.

“Então, você quer falar sobre...bem, você-sabe-o-quê...?”, Arya brincava com as mãos das duas, evitava olhar diretamente para a mais velha e Sansa agradecia, sentia que conseguia manter suas emoções em controle, mas sabia que seu corpo poderia não atendê-la e não gostaria que sua irmã vislumbrasse quaisquer indícios de lágrimas em seus olhos.

“Hmmm. Não há muito do que falar. Eu já sabia...ou pelo menos previa algo do tipo, só não esperava que eles anunciassem que ficaram noivos no período que ainda estávamos juntas. Há cinco meses atrás, eu nem tinha ideia de que tudo ia acabar assim”, sua voz era trêmula, soltara o ar pesadamente ao terminar de falar e instantaneamente se sentiu tomada por uma tristeza amargurada. O que podia esperar? Não sabia responder, mas esperava que Margaery tivesse a decência de preservar o tempo que tiveram e não que o encobrisse descaradamente com o seu relacionamento forjado.

Arya apertara sua mão e sentiu uma pequena onda de reconforto correr pelo seu corpo, olhou para a irmã e esta parecia ponderar algo, estava prestes a falar quando fora interrompida pelo som da porta se abrindo.

Viraram-se rapidamente àquela direção e avistaram sua mãe, acompanhada de Jon e Rickon, seus semblantes imediatamente pareciam mais aliviados e o mais novo sai correndo para abraçar Sansa, fazendo com que Arya e Jon rissem, enquanto sua mãe ralhava com Rickon para que tivesse cuidado com a sua irmã, afinal ela mal acordara.

“Você nos deixou preocupados, Sans” a voz rouca de seu irmão caçula a fizera rir, o seu jeito de criança sempre a fazia esquecer de que Rickon já estava prestes a atingir a maioridade, teria 18 anos em pouco meses e ainda parecia o mesmo garotinho para ela, com seus cabelos desgrenhados e o sorriso bobo.

“Desculpas, Rickon. Prometo que tomarei mais cuidado daqui em diante. E, então, por onde está o Shaggydog hoje?” e à menção de seu lobo, os olhos de seu irmão brilhavam de excitação, o que despertou um sorriso carinhoso em seu rosto.

“Hoje, deixei ele cedo no consultório da dra. Osha, ela e os voluntários de plantão queriam realizar alguns exames nele pra ver a melhora na pata esquerda, sabe? Fora que aparentemente conseguiram resgatar uma loba machucada nos arredores Wolfswood e achamos que seria uma boa ideia se ele fizesse companhia enquanto ela se recupera...” ele falava rápido e cheio de gestos e Sansa escutava atentamente, assentindo com a cabeça, quando sentiu a mão de sua mãe lhe tocar a face, media sua temperatura.

A ruiva virou para sua mãe e sussurrou que se sentia bem, mas que ainda estava cansada. A mulher de quem herdara seus cabelos avermelhados a fitava preocupada, mas retornou um meio-sorriso aliviado, depois se virou para Arya esperando uma confirmação de que realmente estava bem, o que sua irmã prontamente concedeu, acenando a cabeça.

“Rickon, querido. Sua irmã precisará de um pouco mais de descanso para atender a ceia à noite”, o garoto parara de falar imediatamente e ainda boquiaberto, assentiu para a mãe e abraçou Sansa, despedindo-se. “O mesmo para vocês dois”, agora a mulher bradara aos dois irmãos restantes, esperando-os à porta. E, embora o tom que usara não deixasse margem de interpretação contrária, Jon e Arya não ostentavam nenhuma intenção de partir do quarto, mas acabaram cedendo e ambos saíram resmungando contrariados, incapazes de competir com o olhar rígido da sra. Stark.

“Depois conversamos” Sansa ofereceu aos dois, que concordaram com um breve sinal, deixando-a sozinha com seus pensamentos.

Gostaria de dormir, sentia a exaustão tomar conta de seus membros e a maciez de suas cobertas contribuam para a que seu corpo se entregasse ao desejo de se fundir à cama. Deitou-se e tentou em vão conceder às intenções de seu corpo cansado, porém sua mente trabalhava fervorosamente, pensamentos e memórias indesejadas corriam e se emaranhavam, aumentando sua dor de cabeça.

Queria dormir, mas estava inquieta. A ideia da união dos Baratheons aos Tyrells já era algo que havia se acostumado, a própria noção lhe causava mal-estar, sentia o gosto amargo da bile em sua boca ao mero pensamento, mas já não se irresignava mais ao fato, era algo inevitável. Sabia que era uma farsa e sabia também que não era a única sofrendo com esta trama. Mas não podia negar que o desenrolar dos eventos a causava um desconforto de outra natureza.

Inicialmente, Margaery almejava o Conselho de Highgarden e, então, King’s Landing, para, por fim, chegar à chefia do Parlamento. Portanto, não se contentaria sendo mera esposa de um dos Conselheiros da Capital, ainda que fosse o mais jovem Conselheiro em décadas. A morte de Jon Arryn tampouco soara como algo natural, nem conquanto como uma oportunidade aos seus planos. O plano deve ter sido profundamente alterado.

“Deixe isso de mão, Sansa. Você não sabe quando parar de se fazer mal, não é? Só de ouvir qualquer notícia sobre ela e aqui você está cheia de questionamentos que não mudarão nada”, pensou amargamente. Prometera a si mesma que não pensaria sobre ela, que estas seriam as férias de toda a miséria que passou nos últimos meses, que pensaria no seu futuro, ficaria com sua família e não ficaria presa relembrando o passado. Mas tudo isso era tão difícil. Era muito mais fácil sucumbir à tristeza e à nostalgia das lembranças, era tão mais fácil sucumbir ao desejo de saber sobre o que acontecia com ela.

O sentimento de que algo em toda essa situação estava errado não a abandonava, a desconfiança de que algo poderia acontecer a ela e, então, a raiva preenchera seu âmago. “Dane-se. Dane-se Margaery Tyrell. Dane-se Renly Baratheon. Dane-se esse joguinho deles e essa merda de política”, pensara ao levantar e procurar o celular com as mãos nervosas. Achara-o em sua mala e o ligou: 3 ligações perdidas e 7 mensagens. Ignorou as notificações e deslizou o dedo na lista de contatos, selecionando o menos improvável num momento como esse, não a via há semanas e não tinha certeza em que estado sua amizade estava. Mas precisava saber e, para tanto, precisava que ela lhe ajudasse.

Abriu uma nova mensagem e digitou. Não estava bom o suficiente, apagou tudo e digitou novamente. “Bem, terá que servir”.

[16:10] Sansa Stark: “Myranda, sei que você provavelmente está brava comigo ou algo do tipo. Mas preciso de um favor. Preciso que você procure Loras por mim, é importante.”

Enviar.

Mensagem enviada com sucesso.

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1 Mensagem nova

[16:25] M. Royce: Ok, mas você tem um débito de 4 semanas de café e tortas de limão pra me pagar. Tive prejuízos irreparáveis sem a minha melhor cliente.


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