Pack Up escrita por Maria Lua


Capítulo 2
Arrependimento


Notas iniciais do capítulo

Olá! Gente, demorei mas cheguei! Acontece que meu pc está quebrado, mas já escrevi o próximo capítulo e só vou dar um tempinho pra postar, juro. Eu espero verdadeiramente que gostem, porque eu estou depositando muito carinho nessa fic. Por favor, continuem acompanhando! ♥ boa leitura!



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Rose, pairada no ar frente a uma multidão boquiaberta, completamente confusa, sentia-se trêmula. Ela não havia sequer cansado com seus movimentos rápidos – para ela era comum a tática de defesa usada, já que treina desde sua infância com o seu pai, um grande goleiro da Grifinória, e sua tia Gina, que foi uma jogadora profissional. Rose tinha grande facilidade em agarrar bolas curvas, distantes, velozes, e a que Scorpius havia atirado era desafiadora, mas nada impossível.

Seu constrangimento foi imediato, apesar de muito bem disfarçado. Era uma surpresa para todos que ela, alguém que pouco fala sobre si e quase não mantém amizades fora de sua família – que, a propósito, é uma grande família – soubesse jogar quadribol, ou sequer voar. E, sem se gabar, ela admite de peito aberto para si mesma que é, realmente, muito boa nisso. Melhor, inclusive, que grande parte dos garotos do time.

Quadribol é, na verdade, algo que ama desde que era criança, e é muito grata ao seu pai por ele tê-la ensinado – apesar de saber que ele não gostaria que ela entrasse para o time da escola. Não por achar que ela é ruim, ou achar que é coisa de homem como a maioria das pessoas, mas sim por medo do preconceito que ela passaria – e ele estava completamente certo. Rose podia ver nos olhos de todos que estava sendo recriminada, e imediatamente sentiu uma pontada de arrependimento. Mas apenas uma pitada mesmo, porque toda a angústia que ela sentiu durante os anos por sequer poder mostrar seu talento para os outros havia se esvaído.

Rose nunca entendeu o que “jogo de homem” significa, afinal, vinte anos atrás a sua tia era famosa pelo talento – mais ou menos no período em que as garotas sumiram do esporte, com a ascensão de talentos masculinos e machistas.

Ela foi descendo devagar com a sua vassoura, e, assim que pousou no chão, várias pessoas começaram a assobiar e aplaudir. Rose conseguia ouvir seu nome sendo chamado da platéia. Ela forçou um sorriso com essa sensação inteiramente nova e aparentemente fictícia – mas ela sabia que não era pelo seu talento que gritavam, e sim pela situação do Malfoy, que deveria estar arrasado.

Vários jogadores foram até ela em passos acelerados perguntando como ela havia feito aquilo, mas Rose não deu atenção àquilo. Pelo canto do olho viu o Hugo, seu irmão, sair da quadra. Pensou em correr atrás dele, já que sua expressão de chateação estava bem evidente, mas ignorou para permanecer ali.

— Rose, como você... De repente você... – Alvo, o primo favorito de Rose, tentou perguntar algo a ela, mas se embolou com suas palavras. Ela apenas abraçou-o, tentando se reconfortar. – Você joga bem demais! Eu nem vi você voar para a bola, deve ter sido em algum dos momentos que eu pisquei, porque foi muito rápido!

Ela cogitou tentar responder, explicar, como havia feito, mas reparou que nem mesmo ela sabia. Apenas fez.

Rose percebia a animação do primo, e só então se lembrou de conferir alguém que não devia estar tão animado assim. Scorpius ainda estava lá em cima, flutuando, boquiaberto, olhando para os aros como se assistisse a um replay de tudo o que aconteceu.

— Ei Malfoy, depois você me diz o resultado, tudo bem? – a ruiva gritou, despertando-o. Então resolveu deixá-lo terminar as entrevistas, saindo da quadra. Não demorou para perceber que estava sendo seguida por Alvo e, logo em seguida, Lily, irmã do garoto, juntou-se a eles no vestiário do time, que estava desértico. A expressão da morena estava um misto de surpresa, decepção e raiva. Mais raiva do que tudo, considerando as chamas em volta de sua íris fumegante.

— O que você fez? – falou em tom ameaçador e sombrio. Não é novidade alguma que as duas não se dêem bem. Talvez seja pelo fato de ela ser princesinha demais comparada a Rose, ou apenas o fato de todos na família depositarem mais confiança e visão de futuro em Rose que nela – o motivo é um mistério, na verdade.

— Joguei quadribol, Lily. Como se você não soubesse que eu sou viciada nisso desde... Não sei, sempre? – deu de ombros. Toda a sua família, no caso o seu pai e ambos os pais de ambos os primos, jogou quadribol durante a juventude, e eles sempre gostaram de ensinar para  os filhos e sobrinhos, que de início se resumiam a Alvo, James e o pequeno Hugo. Rose apenas entrava na brincadeira por diversão, e acabou demonstrando ser a melhor dentre os garotos. Seu sonho desde então se tornou ser a próxima Weasley no ramo dos esportes.

— Sim, mas não no time da escola. – Lily berrou a ponto de sua raiva descabelá-la. – Rose! O que você estava pensando? Quer que eu fique mal falada? O que vai assumir em público agora, hein? Vai me dizer que é transexual ou apenas lésbica mesmo? Você não tem vergonha? – surtou, criando caso para a situação.

— Ah, então é com isso que você se preocupa, não é? O que os outros vão pensar de você. Então uma dica: passe menos maquiagem, porque já pensam que você é uma vadia oferecida. E não, não sou transexual ou lésbica, mas seria facilmente se isso garantisse que eu ia me livrar de você. Deixa de ser preconceituosa! – Rose olhou diretamente para Alvo, que as observava meio assustado. – E você, vai me discriminar também? Agora já está feito. Críticas não são bem vindas, ainda mais de alguém como ela! – disse, e apontou para a garota indignada ao seu lado.

Alvo analisou Lílian, sua irmã caçula, e rapidamente pôs-se em sua frente, vendo que ela queria pular no pescoço da prima.

— Lily, vá embora, depois eu falo com você. – ele pediu em tom baixo, quase em sussurro. Então ela fuzilou Rose novamente com os olhos por um segundo e obedeceu. Alvo voltou-se para a ruiva, sorrindo. – Cara, você foi incrível na quadra! – saudou sorridente.

Suspirou aliviada. Somente o Alvo poderia apoiá-la em um momento de tensão desses. Desde pequeno ela via que ele era a pessoa menos preconceituosa de sua família depois de sua mãe e tia. Era o único que ignorava o mundo e enxergava o seu potencial de verdade.

— Ei, eu jogo quadribol, mas isso não significa que você pode me chamar de cara. – repreendeu, sorrindo. Logo ele foi abraçá-la novamente. – Alvo, eu estava morrendo de medo! Ainda estou, olha para isso. – afastou-se dele e levantou sua mão na altura do pescoço, mostrando o quanto ela tremia. Rose ainda sentia um embrulho no estômago só de se lembrar do que havia acabado de fazer.

— Caramba, você deixou o Scorpius horrível! Ele vai sofrer com piadas o resto do ano letivo! – ele gargalhou, fazendo-a se sentir extremamente mal com isso. Rose odiava fazer algum mal para alguém, mesmo sem ter tido a intenção.

— Pode até ser, mas eu fiz isso para acabar com esse preconceito de meninas não jogam quadribol. Isso eu acho ridículo. Espero que agora outras garotas criem coragem de jogar agora, porque na época de nossos pais a melhor goleira do mundo foi uma mulher, Abbey Stark. – falou, fitando o chão. Era uma omissão, afinal não fez por todas as garotas do mundo. Foi apenas para se sentir livre e deixar de ser tão recriminada até mesmo em casa. – E eu tenho muito orgulho disso.

Em sua mente apenas uma pergunta pairava: “eu fiz o certo?” Ela estava morrendo de medo de sair dali e ser vaiada ou até mesmo que fiquem a perturbando depois disso. Ela sequer tinha certeza do motivo de ter feito o que fez.

Logo sentiu seus olhos queimando e então percebeu que iria chorar. Rapidamente cobriu os olhos com as mãos, e sentando-se na poltrona mais próxima.

No momento o que Rose mais queria era estar com o seu pai. Ele saberia o que falar e iria ajudá-la a superar isso, mesmo estando tão preocupado quanto ela. Mas não, ao invés disso, ela está sentada no chão, se borrando de medo. Ela tinha medo até mesmo de olhar no espelho e ver barba crescendo, ombros alargando, expressões ganhando vida masculina.

Passou sua mão por todo o rosto, tensa. Foi quando o Alvo percebeu que o que ela queria mesmo era ficar sozinha, e então saiu. Rose ouviu seus passos se afastarem, e assim que não conseguia mais escutá-los, apenas se debruçou em suas pernas e, abraçando-as, começou a chorar.

Deixou as lágrimas de arrependimento descerem por seu rosto e a encharcarem. Aos poucos elas foram diminuindo, porém não chegaram a cessar. Rose sabia que meu rosto já devia estar vermelho e inchado, o que a fez sentir-se uma criança indefesa longe dos pais. No caso ela queria estar com seu pai o tempo todo, que é único colo verdadeiramente seguro que conhecia. Logo, pensando na distância entre ela e sua casa, voltou a chorar.

Ela estava distraída com o líquido quente descendo por suas bochechas e queixo, e só foi despertar por completo de sua melancolia quando escutou uma voz estranhamente muito próxima.

— Engraçado, depois de uma defesa daquelas, eu esperava qualquer reação sua, menos essa.


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Notas finais do capítulo

Heyyy! Gente, eu vi que muita gente se interessou e leu o prólogo, mas fiquei meio triste porque quase ninguém me disse o que está achando. A maioria apenas adicionou nos acompanhamentos, e é bem triste ter apenas leitores fantasmas. Eu espero que tenham gostado, de qualquer forma, e vou ficar muuuuuito feliz se me disserem o que acharam! Um beijão! ♥



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