Pack Up escrita por Maria Lua


Capítulo 3
Ataques


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁ! Gente, eu juro que estou muito feliz com os comentários e leitores! Está certo que tenho MUITO mais leitor do que comentário (eu não mordo, leitores fantasmas, juro), mas os que aparecem já me enchem de amor ♥ amo que estejam gostando, e vou me dedicar mais ainda. Obrigada! Ah, e boa leitura!



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Scorpius havia ficado apenas encarando os aros em sua frente durante algum tempo. Ele via a imagem daquela graciosa e, aparentemente, frágil garota ruiva voar rapidamente em sua Nimbus e pegar a bola, como se por reflexo.

Ele não tinha dúvidas: aquele era o momento mais constrangedor de sua vida. Era inaceitável! Scorpius jamais perde um ponto quando se empenha, e toda a sua força havia sido jogada ali, em suas mãos. Ele não apenas pegou a bola, não mesmo, afinal não parecia ser suficiente. Ela agarrou e ainda o desafiou na frente do colégio inteiro.

— Ei Malfoy, depois você me diz o resultado, tudo bem? – ela gritou para Scorpius conseguir ouvir lá de cima, e só então ele reparou a multidão que se formara em sua volta. Seus olhos se desviaram para a platéia, que estava repleta de fofoqueiros fazendo seus típicos comentários maldosos. Ele sequer precisava ouví-los para saber o que diziam.

O Malfoy perdeu a bola para uma menina. Uma garota esqueléticana verdade. E depois dizem que ele merecia ser o capitão do time nesse ano. Logo após algumas risadas.

Esse foi o limite. Assim que ela começou a se afastar com o primo, Alvo, Scorpius começou a pegar impulso para voar até ela. Mas o que faria? Bateria nela? Isso se ela não batesse nele antes, pensou, considerando o quão máscula ela é. E também, não teria coragem.

Parou no momento em que reparou que não tinha o que fazer lá, e logo sentiu um braço pousar em cima de suas costas. Luke, ainda montado em sua vassoura, parou ao seu lado.

— Cara, você está bem? – perguntou, na tentativa falha de conferir e reanimar o amigo. Scorpius, por outro lado, não tinha coragem de olhá-lo no rosto, com medo de sentir um pingo de pena ou desapontamento. Afinal, quem o levaria a sério agora? O que os outros pensariam?

Mas, claro, Luke nunca fora apenas um “outro”. Ele esteve presente todas as vezes que apanhou do pai, as vezes que ficava de castigo, que recebia gritos, que sentia medo de encarar a família. Luke não era um amigo, mas um irmão de criação. Sabia que podia ser ele mesmo naquele momento – e essa era a maior segurança de sua vida até então.

— O que você acha? Ela defendeu a minha bola! – falou, em um suspiro, dando passagem a uma expressão deprimida em seu rosto. Luke sabia que aquilo não era tristeza, mas sim desapontamento consigo mesmo. E, claro, se aquilo chegasse aos ouvidos de seu pai... Ambos sabiam que, além de garota, ela é uma Weasley. Lendariamente proibida.

— Ah cara, nem foi uma defesa tão bonita. Ela podia ter feito melhor. – expressou, tentando esconder o que realmente pensava.

Scorpius olhou para ele com a sobrancelha arqueada, mostrando que sabia, assim como qualquer bruxo do mundo, que era mentira. A defesa dela tinha sido linda, merecia um prêmio! Ele nunca havia visto algo tão veloz, e não entendia como ela havia feito isso. Sentia raiva por tê-la deixado fazer o teste... Se eu ao menos soubesse antes de seu talento escondido, não a teria deixado entrar na quadra.

O loiro olhou em volta, reparando que a maioria das pessoas ria e as outras apenas comentavam, às suas custas. Ele tinha plena consciência de que sempre foi a pessoa que ria, e não da qual as pessoas riam. Eles não tinham esse direito.

— Luke, tem como você tomar conta do resto dos inscritos para mim? É só um minuto. – falou com a voz falhando, já rouca pela vergonha e vontade de sumir.

— O quê? Cara, deixa isso pra lá. Esquece ela. Esse é o seu ano, você é o capitão. Capitão do time, Scorp! Acorda! – argumentou em tom veloz, e ele estava certo. Scorpius tinha que continuar com os testes, mas sabia que não ia conseguir nesse momento. Tinha sorte de ter conseguido se segurar na vassoura até o chão. – Você só tem mais hoje para isso, cara!

— Tá certo, mas fique com eles por uns quinze minutos... Eu só vou beber alguma coisa, tentar relaxar por um segundo. Mande-os fazer exercícios, sei lá. – falou, e sem esperar um consentimento ele seguiu em passos acelerados para o vestiário masculino do time.

Com raiva, ele arremessou a sua vassoura para o outro lado do cômodo, e jogou-se no chão, sentado. Abraçando as pernas, ele apoiou a cabeça no colo, fitando o chão.

Scorpius Malfoy nunca foi de deixar-se abater em público, muito menos de choramingar por aí, mas dessa vez chegou bem perto. Não apenas por ter perdido a sua fama de melhor jogador da Grifinória, e sim porque, em seu primeiro dia como capitão do time, ele já deixou a impressão de que é ruim a ponto de perder para uma menina – e ela não podia escolher dia pior para resolver jogar!

Logo reparou que não estava sozinho ali. Ouviu alguns ruídos vindos mais de dentro do vestiário, e quanto mais se aproximava, mais conseguia discernir o som. Era como se alguém estivesse abafando as lágrimas. Curioso e tentado para saber se no momento tinha alguém pior que ele próprio, entrou.

A surpresa do loiro não poderia ser maior, e era a segunda vez que a mesma garota o deixa assim em um só dia.

Parou e encarou por uns segundos Rose Weasley, sentada em um canto da sala com a cabeça baixa e as mãos no rosto. Seu rabo-de-cavalo havia se desmanchado, transformando-se em um cabelo solto e brilhante que caía sobre o rosto. Alguns fios grudavam no mesmo por conta das lágrimas, o que a impedia de tê-lo visto se aproximar logo de cara.

— Engraçado, depois de uma defesa daquelas eu esperava qualquer reação sua, menos essa. – ele falou, assustando-a. Ela levantou o rosto de imediato para o rapaz em sua frente, e começou a limpá-lo com a blusa e as mãos.

— Você também não está exatamente como eu esperava Malfoy. – acusou-o. Do que ela estava falando, aliás?

— E o que você esperava de mim agora? – ele perguntou, se aproximando para poder captar cada reação da ruiva. Ele sentiu que nunca havia odiado tanto uma garota quanto no momento em que ela montou a sua expressão mais esnobe possível, dando um sorriso sínico, como se tentando esconder o quanto estava frágil.

— Eu esperava que você estivesse abatido, e até mesmo deprimido. Acho que trocamos os papéis no momento. Você parece tão... Animado e iluminado. Mesmo depois de eu ter te dado aquela cortada. – ela deu mais um sorriso malicioso de canto de boca. Scorpius sentiu uma tremenda vontade de afogar Rose Weasley em uma bacia de água fervendo, e entendia o que seu pai falava dessa família. Os Potter e Weasley são perversos. E, pior que isso, são falsos. Não se pode confiar. Lucius morreu por culpa deles.

Mas algo que não havia sido esclarecido na fala da garota é: Scorpius estava iluminado? Até poucos segundos atrás ele estava ameaçando chorar, e foi só entrar e vê-la chorar que se iluminou? É uma pessoa tão ruim assim? Ficou feliz por ela estar chorando?

Rose estava tentando provocá-lo, desmerecê-lo, com uma audácia maior do que jamais ousou demonstrar antes. O loiro já havia feito diversas aulas com ela, e até já havia falado com ela algumas vezes na infância, ou algo assim, mas não imaginava que ela podia ter esse temperamento agreste. E, claro, o garoto podia ser mil vezes pior que ela – não cederia.

— Acho que você já deve saber que não entrou para o time. Aliás, por que você fez isso mesmo? – perguntou cinicamente, tentando não parecer estar na defensiva. Era inaceitável ele dar atenção gratuitamente para ela dessa maneira.

Rapidamente ela se levantou, esforçando-se para alcançar a altura do rapaz, olhando fixamente em seus olhos.

— Fiz isso por mim, e posso saber por que não entrei para o time? Porque pelo que eu saiba não é só você quem escolhe, e eu li todo o manual de Regras do Quadribol Escolar, Scorpius, e é permitida qualquer pessoa se inscrever para o time, tal como ser escolhida. – falou com uma determinação absurda. Scorpius conseguia ver nela alguém completamente novo, da qual sabia que não conseguiria ganhar uma discussão. As suas respostas eram muito rápidas! Na falta do que dizer, ele revirou os olhos, pensativo. – Para desqualificar alguém você precisa da permissão do treinador do time, senhor capitão. Você não tem tanto poder quanto pensa.

— Mas você não passou, e quer saber por quê? Porque não é o que procuramos para o time. Aliás, você só defendeu uma bola, e tem que haver pelo menos oito defesas. Então você está fora. – falou, criando argumentos que nem para ele fazia sentido, afinal ela poderia muito bem recomeçar logo em seguida. O problema é que Scorpius não estava acostumado e sequer se sentia confortável com derrotas ou humilhações. Ele havia infernizado a vida do último capitão do time, pobre Becky Woods, até conseguir o cargo.

Ela pareceu indignada, olhando-o quase repulsivamente. O loiro admite estar com um pouco de medo do que se passava em sua mente, e parou para analisá-la. Seus lábios rosados estavam semicerrados, e seus profundos olhos verdes fitavam o interior dos do rapaz – que, por outro lado, estavam em um tom de azul assombrado. Seus cabelos ruivos e longos mexiam-se por conta de uma corrente de ar. Suas bochechas estavam rosadas, mas logo viraram um pálido amarelado quando ela começou a tagarelar.

— Você não quer que eu entre no time por que tem medo de eu ser melhor que você? Porque eu não vejo mais nenhuma alternativa. Ou por que acabou de ganhar esse cargo e não quer perder tão cedo? Responde! Está preocupado com o que vão dizer de você depois de ter passado vergonha em público? Vamos, Scorpius, me fala o verdadeiro motivo de eu não entrar para o time. Me fala! – ela começou a falar em tom alto e gradativo. À medida que falava ia se aproximando, o que fazia o rapaz recuar. Scorpius, com sua estatura alta, larga, forte e, unanimemente, bonita fazia a cena ser cômica. É necessário ressaltar que aquela era Rose Weasley.

— Não é nada disso, eu só quero o melhor para o time, e você não é o que eu procuro. – ele disse entre seus passos retrocessos.

— E por quê? Hein? – perguntou, esperando ansiosamente a resposta que ambos sabiam qual era. Já Scorpius, tenso, pressionado, e absolutamente sem querer, a respondeu, quase automaticamente.

— Porque você é uma garota! – Pronto, foi só essas palavras saírem de sua boca e tudo aconteceu (novamente) de maneira rápida. Sua bochecha agora estava ardendo, e provavelmente com uma marca enorme de dedos em volta da bochecha e olhos.

A Weasley o surpreendeu pela terceira vez em um só dia. A primeira, defendendo a sua bola. Segunda, chorando por ter defendido a sua bola. E terceira, o dando um tapa no rosto após defender a sua bola.


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