Os Jogos de Johanna Mason escrita por Nina


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olha que linda eu chegando atrasada!!!!
Oi pessoinhas, tudo bem? Eu sei que não postei direitinho e que estou atrasada, vou colocar o chapeu da vergonha e sentar virada para a parede ;-;....
Bom, as vezes eu falo demais, as vezes de menos, e hoje falo de menos. Espero que gostem!
PS: LEIAM AS NOTAS FINAIS MUITO IMPORTANTE ♥



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 Eu acordo de manhã cedo. Os carreiristas ainda dormem, tenho quase certeza. Se eu estivesse disposta a me sacrificar para o bem do mundo, conseguiria matar dois ou tres antes de ser pega. E provavelmente outro tributo venceria, de qualquer outro distrito. Mas, como todos que me conhecem sabem, eu não sou aquele tipo de pessoa que voce pode chamar de nobre. Prefiro viver, obrigada. Eu espero algum tempo antes de me sentar e tomar água. Adoro água. Pensamento idiota, eu sei, mas é verdade. Queria voltar para o meu chuveiro na Capital.

 O tempo se passa. Sei disso por que os carreiristas começaram a se mexer e seguir em direção a caça. Eu espero algum tempo até considerar seguro descer da minha árvore. Decido parar de roubar comida dos carreiristas e pegar uma espécie de planta laranja que tenho certeza que estava no treinamento. Algumas mordidas depois, minha visão fica escurecida e eu acho a ação de andar quase impossível. Não consigo pensar direito. Enfio dois dedos na garganta e vomito boa parte daquilo, mas tenho que me segurar em uma árvore para continuar em pé. Tropeço em meus próprios pés, e acabo no chão.

 É isso. É assim que termina. Eu me agarro no chão para não cair, e sinto como se segurasse minha vida ao invés da grama. Tento respirar fundo, mas não consigo. Eu não sei quanto tempo se passa, mas parece uma eternidade. Consigo enxergar pouca coisa, nada além da distancia de minha mão. Eu uso todas as minhas forças para tentar descobrir o que fazer. Eu não consigo subir a árvore. Eu não sou nada sem minha árvore. Só trouxe uma faca e meu machado, que mal consigo erguer. Eu crio uma imagem mental do lugar onde estou, pensando em tudo que já vi por aqui. Alguns passos de distancia daqui, está uma espécie de toca escavada embaixo de uma árvore. Um buraco embaixo dessa raiz. Eu poderia entrar lá e ficaria um pouco escondida. Bem melhor do que no meio da floresta, obviamente. O único problema é como ir até lá. Eu me apoio em meu machado que estava no chão, e consigo ficar de joelhos depois de muito esforço. Tento ficar em pé, me segurando em um galho logo acima de mim, mas só consigo depois de uma eternidade. Ou alguns minutos. Não tenho a menor ideia.

 Em uma mão eu seguro meu machado. Minha faca está dentro de minha bota, escondida. Eu vou me segurando em árvores e parece que uma vida inteira se passou quando eu finalmente consigo enxergar o buraco. Minha tentativa de descer devagar falha, e eu me encontro caindo buraco adentro e arranhando cada pedaço do meu corpo nessa queda. Meu machado não me machucou, felizmente. Eu consigo rastejar um pouco e tentar me esconder nesse lugar, e deixo meu machado ao lado da parede, minha faca em mãos. Eu viro para o lado e forço o vomito de novo, tremendo e chorando. Eu não acredito que isso está acontecendo comigo. Eu volto a minha posição e desmaio, acordando por breves periodos de tempo para desmaiar de novo. Eu escuto um tiro de canhão e tudo volta a ficar escuro. Acordo com o hino, desperta o suficiente para perceber que a vítima foi a menina do 2.

 Eu não sei quanto tempo se passou até eu ser capaz de ficar mais de meia hora acordada. Horas, dias, semanas, não tenho a menor ideia. Eu planejo sair e procurar qualquer remédio na cornucópia. Eu consigo ficar em pé, e acho que consigo até correr. Eu espero até o momento em que eu os escuto sair do acampamento como fazem toda manhã. Hoje eles não passaram perto da minha árvore, devem estar seguindo outro caminho. Eu continuo deitada e encaro minha mão, que treme bastante. Se eu for até o acampamento eles devem ter algum remédio. Muito provavelmente eles têm. Ao decidir esperar um pouco antes de descer até lá, eu continuo deitada tentando melhorar. Eu acabo decidindo que já é seguro, mas não me movo por muito tempo. Essa posição está quase confortável. Ao finalmente descer da árvore, levando uma faca e meu machado, nem estou alerta o suficiente para perceber que não estou sozinha.

 Somente consigo entender que algum carreirista ficou para vigiar as coisas quando ele me derruba no chão. Não estou pronta o suficiente, não estou bem o suficiente para lutar quando o vejo correndo em minha direção. Eu caio de barriga para baixo, meu machado voando para fora de meu alcance, assim como a faca, que fica quase no comprimento de meu braço, mas mesmo assim longe, como se fosse uma grande piada. Eu até poderia tentar pega-la, e chego a me virar, mas ele já está em cima de mim, sentado em minha barriga. Eu tento alcançar a faca, mas ele vira meu rosto bruscamente.

 — Tá brincando que quer acabar com isso agora? Acabamos de começar! Eles já estão longe, você é só minha.

 Eu me sinto mais assustada do que quando fui chamada na colheita. Tento criar um plano, mas meu cérebro não funciona. Eu continuo a ouvir o que ele fala.

 — Eu achei que agora você já estaria chorando. Eu posso te fazer chorar, se você quiser. Na verdade, você não vai gostar.

 Eu reuno cada pedaço de coragem que tenho e falo com ele. Talvez se eu conseguir algum tempo. Talvez o que? Eu ganhe alguns segundos?

 — Eu nunca fui medrosa. Vocês que foram idiotas o suficiente para acreditar nisso.

 Uma sombra de dúvida passa pelo seu rosto, mas ele disfarça.

 — Realmente. Alguém que confronta a morte desse jeito não pode ser medrosa. Pena que no final acaba morta do mesmo jeito.

 Eu gelo. Incapaz de achar uma resposta, simplesmente mando ele se foder. Ele sorri.

 — Não sei se você percebeu, mas a única se fodendo aqui é você.

 Antes que eu perceba, ele está se aproximando mais ainda de meu peito, pronto para me atacar com uma faca pequena. Ela parece até infantil, comparada às outras, mas sei que é pequena assim para me torturar. Ele se senta mais acima de mim, e eu aproveito essa oportunidade para chutar suas costas com toda a força. Provavelmente desloquei um músculo ou algo assim, mas não é problema para agora. Enquanto ele tenta descobrir o que o atingiu, eu uso esses segundos de confusão da parte dele e me jogo para o lado, alcançando minha faca. Eu a enfio na lateral do corpo dele antes que ele perceba o que está acontecendo.

 Ele grita e olha para o lado, tirado boa parte de seu peso de cima de mim. Eu uso esse tempo precioso para sair de debaixo dele, o empurrar e correr até o lugar a metros de distância de mim para recuperar meu machado. Ele fica em pé também, ainda que um pouco trêmulo. Eu alcanço meu machado, mas ele alcança suas facas.

 Mal posso pensar antes de começar a correr de um lado ao outro, tentando fugir das facas. Uma passa de raspão em minha panturrilha, e eu grito. Ao ver que minha única opção é acabar com ele, mudo de percurso rapidamente e corro em sua direção, atacando seu braço. Seu braço fica dependurado, preso apenas por metade de seus músculos, e eu corro novamente enquanto ele segura o braço e grita. Eu ataco novamente, dessa vez seu joelho. Ele cai de frente praguejando. Eu grito também, por puro instinto. Ele não consegue se levantar novamente, sua perna dobrada em um ângulo estranho. Eu chego mais perto mancando um pouco, enquanto ele tenta se decidir se segura seu braço no lugar ou se faz alguma coisa pela sua perna. Ele grita parando apenas para tomar fôlego e continuar a gritar. Posso ver algumas lágrimas descendo seu rosto. Depois de terminar com o sofrimento dele, sem parar de sorrir para a câmera, eu decido ser seguro ficar aqui por mais algum tempo. Mesmo se os carreiristas quiserem voltar depois de ouvir o canhão, o que eu duvido muito, eles estão longe. Eu pego uma parte de seu sangue com minhas mãos e escrevo um grande "3" na parede da cornucópia. Depois, acho minha faca totalmente ensanguentada jogada em um canto, e pego um kit de remédios que está por perto. Dou um jeito de fazer o grande corte em minha panturrilha parar de sangrar, usando a gaze que está lá, então não deixo trilhas até o lugar onde estou. Subir a árvore dói.

 Quando chego no lugar que posso sentar, ouço o corpo dele sendo retirado. Quando termino de me sentar, quase não tenho tempo de alcançar a mochila antes de vomitar. Não sei se a culpa é totalmente da raíz ou do que acabei de fazer. Eu continuo sentada por algum tempo antes de continuar a me mover.

 Eu dobro minha calça até conseguir boa visão da parte machucada, e vejo que não é tão ruim. Injeto uma parte da morfina que sobrou, e alguns segundos depois quase caio para a frente. Isso me deixou realmente tonta. Realmente ironico, a menina mata 3 carreiristas e morre caindo de uma árvore. Depois de ter certeza que não irei cair árvore abaixo, eu toco a parte machucada de novo. Bastante sangue e bastante funda. Quando tenho certeza que não sentirei nada, abro o kit de primeiros socorros de onde tiro gaze e mantenho pressão até parar de sangrar, pelo menos um pouco. Me sinto completamente tonta. Talvez pela visão do machucado, pela perda de sangue, pela morfina, pela comida. Depois de fazer o sangue parar, coloco a manga de outra jaqueta em minha boca e mordo ela com força, antes de despejar boa parte do álcool na minha perna. Eu grito mesmo com os remédios em minha corrente sanguínea, mas a jaqueta faz a sua parte. Depois disso, consigo ver melhor. Eu pego uma parte do fio que sobrou e me costuro novamente. Passo uma boa porção da pomada e enfaixo minha panturrilha antes de colocar a calça de novo.

 Somente depois disso me permito respirar fundo. Minha mão ainda treme violentamente. Minha sutura ficou torta, mas não é meu problema. Essa cicatriz sera melhorada na Capital ou eu morrerei com ela. Enquanto eu me apoio no tronco da árvore, eu continuo tentando me acalmar. Considero beber um pouco de água, mas continuo terrivelmente enjoada, então eu simplesmente me sento e tento manter minha perna em uma posição confortável. Depois de alguns minutos assim, vejo um paraquedas e não posso deixar de sorrir. Dentro dele, mais uma seringa. Com a habilidade de uma profissional, eu leio as instruções antes de apertar o êmbolo da seringa em minha outra perna. Imediatamente me sinto melhor, e minhas mãos quase param de tremer. Eu continuo a respirar fundo aproveitando o efeito do remédio, e alguns minutos depois me lembro de ler o bilhete.

 " Parabéns. Seu nome é um dos mais apostados. Se cuide, por favor. Todo mundo está te esperando em casa. E pare de tentar se matar.

 Blight. "

 Todo mundo está me esperando em casa. Essa frase consegue me deixar mais alerta na hora. Eu sorrio um pouco. A perspectiva de ver minha mãe de novo ilumina minha mente. Eu decido me deitar, e ficar olhando para o nada.

  Bebo um pouco do meu odre, e tento não pensar nos últimos minutos do menino do 2. De todos, ele é o que menos me deixa culpada. Eu talvez o odeie por ter tentado me matar, é verdade. E ele é um carreirista. Uma parte de mim se lembra que uma família chora por ele em algum lugar do distrito 2, e que a família de todos os tributos que matei querem me ver morta. Antes de começar a respirar profundamente, eu me lembro que eles teriam me matado na primeira oportunidade. Todos eles. Os carreiristas teriam me torturado até eu implorar para morrer. Eu não deixo de me sentir mal, mas deixo isso para depois. Um dia estarei segura ou morta. Se eu estiver morta, não perderei meu precioso tempo me sentindo culpada. Se eu estiver viva, terei tempo para pensar nisso em segurança.

 Eu me deito de novo, com a desculpa de descansar minha perna, e tento enganar a mim mesma de novo. Esse remédio me deixa lenta. Isso tudo me deixa lenta. Antes que perceba, estou quase caindo no sono.

 Eu acordo quase de noite. Posso ouvir passos abaixo de mim. Devo ter acordado com os carreiristas que sobraram voltando. Eu consigo ouvi-los chamando pelo menino do 2, mesmo que ao longo, e posso ouvi-los xingar quando percebem o que aconteceu. Eu posso ouvir eles discutindo e, mesmo que esteja longe, posso ouvir seu grito de surpresa ao ler o "3" que deixei na parede da cornucópia. Provavelmente é por isso, não tenho certeza. Mas escuto um grito. Depois de sorrir abertamente para a tela, eu olho para cima e espero o hino. Algum tenho depois de escurecer, vejo o rosto do menino do 2 e o da menina do 5. Me surpreendo um pouco, por não ter acordado com o canhão, mas não me importo de verdade. Eu me lembro de aplicar o remédio em minha coxa de novo, antes de cair no sono.


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Notas finais do capítulo

Eu passei duas horas editando essa capitulo, meu Deus '-' escrevi ele de novo, por que tava uma porcaria. Acho que mereco comentarios, ne? Ou nem. Eu atrasei a postagem, eu sei, desculpa. Ah, lembrei o que tinha que falar! Sobre o nosso mentor mais maravilhoso no mundo! Como alguns ja devem saber, essa pessoa tao amada e querida e maravilhosa que ele foi nessa fic morre na arena de Em Chamas depois de bater no campo de forca. E eu planejo fazer essa arena na fic, essa parte da historia. E, eu tenho uma pequena vantagem por ser a autora dessa fic: eu decido se vou matar ele ( meu personagem favorito dessa fic ;-; ) ou se deixo ele vivo e nao quebro o meu proprio coracao, por que de verdade eu nao quero matar ele 3. Mas voces quem sabem. Eu ia dar um papel bem legal pra ele depois disso, na arena e na revolucao, mas se voces acharem que fica muito ruim/longe me digam que eu penso no assunto ;-;... No meu humilde ponto de vista, ninguem nem ligou pra morte dele na arena tanto que ele nem esta disponivel como personagem, e nao ia mudar grande coisa na historia em geral. Voces que sabem, como eu disse, e eu acho que ja mostrei meu ponto de vista. Bom, ja falei demais haushaush entao ate domingo!



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