Alvo Potter e a Sala de Espelhos escrita por Tiago Pereira


Capítulo 12
Capítulo 12 — O furo de notícias da Garota dos Segredos


Notas iniciais do capítulo

E aí, gente. Tudo bem com vocês? Espero que sim.
Voltamos para nossa querida rotina, hein! Estava com saudades de vocês. :)
Agradeço a todos os comentários e todo o suporte que vocês vêm me dado nesses quase dois meses de fanfic. Vocês são FANTÁSTICOS!
E então, curiosos para saber o que aconteceu com o Alvo?
Boa leitura!



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— E O QUE A SENHORITA ESTAVA FAZENDO NO SEXTO ANDAR SOZINHA EM UM BANHEIRO INTERDITADO? — Alvo ouviu a voz da Profa. McGonagall.        

— Eu fui atraída por um homem. — Chloe disse laconicamente com seu sotaque americano.

— Curioso — rebateu a Profa. McGonagall, desconfiada. — E qual era a aparência do tal homem?

— Pálido, cabelo preto, desgrenhado, cara feia...

Alvo manteve os olhos bem fechados, a sua imaginação materializando o mesmo homem que vira em Godric’s Hollow. O assassino de Yancey.

— Tem certeza do que viu, Srta. Bridwell? — falou uma terceira voz. — E para onde o sujeito a atraía?

— Eu não sei — Chloe respondeu secamente. — Só sei que quando eu vi ele sumindo por aquele arco, notei que era para lá que eu não deveria ir.

— Para mim é o suficiente — disse a terceira voz. — E quanto ao aluno da Sonserina, Minerva?

— É uma questão um pouco óbvia, Merle — replicou a Profa. McGonagall, ríspida. — Não há nada que se possa fazer com uma pessoa que perdeu a memória recente com um feitiço tão forte como esse.

Alvo abriu o olho com o choque da notícia. Deitado na ala hospitalar, a lua banhando a sua cama, sentia-se absolutamente deslocado, o mundo girando diante de sua cabeça pouco estruturada. Contudo, nada se comparava com o que acontecera com Malfoy. Deu uma espiadinha nos adultos em pé próximos à porta com Chloe; Merle Copperfield, ajeitando a lapela, lançou um olhar para as camas, forçando Alvo a fingir que estava dormindo novamente.

— Sim, uma situação extremamente delicada — lamentou o inominável. — Enviarei uma coruja ao ministro. Acredito que uma mãozinha do Ministério da Magia será bem-vinda, Minerva.

A Profa. McGonagall respirou fundo.

— Receio que seja, Merle.

— Ótimo. — Mesmo sem ver, Alvo imaginou o sorriso no rosto do homem.

A porta se abriu.

— Com licença, professora — era Madame Longbottom. — Sem querer atrapalhar a conversa, mas eu gostaria de pedir que deixasse os pacientes em descanso. Uma boa noite de sono ajudará muito na recuperação deles.

— Sim, Ana, já estamos nos retirando — disse a Profa. McGongall, a voz branda.

— E a senhorita tem certeza de que não quer ficar e dormir aqui? — insistiu Madame Longbottom, provavelmente a Chloe.

— Não, eu estou bem para caramba — admitiu Chloe.

— Estarei no corujal, se precisar de mim, Minerva. — Houve um farfalhar de capas e então o som de passos para fora da ala hospitalar cresceu.

A porta tornou-se a fechar e o silêncio reinou no local, fora o som de respirações das outras camas. Alvo finalmente abriu os olhos e ergueu-se, olhando para os lados, procurando um sinal de Wayne. À sua esquerda, dormindo confortavelmente em seu leito, Alvo viu os cabelos castanhos do melhor amigo escaparem de ataduras amarradas na sua cabeça. Havia uma porção delas envolvendo o seu corpo.

Alvo soprou em alívio, os olhos marejando um pouco. Por mais que estivesse à noite, conseguiu enxergar um Scorpius Malfoy dormindo serenamente, como se os eventos da noite passada não tivessem sido uma mera piada — o que deveria estar fazendo absoluto sentido na mente do garoto desmemoriado.

Então Alvo se deitou de costas, observando a abóboda do castelo, tentando organizar os pensamentos. Havia tanta coisa para digerir. O assassino de Yancey perambulando pelo castelo, Chloe sendo induzida ao sexto andar, Malfoy perdendo a memória, um portal, ou melhor, o espelho de Apate se revelando para ele, Impavidum e, por fim, os corvos. O garoto finalmente conseguiu pregar os olhos depois de algum tempo — horas, talvez — e tornou a acordar com o som de ruídos metálicos durante a manhã. Os raios de sol penetravam timidamente os vãos deixados pelas cortinas e Alvo teve a primeira visão de uma mesinha ao seu lado repleta de cartões desejando votos de saúde, maioria de seus primos, colegas da Grifinória e até mesmo uma asa de morcego entregue por Lorcan d’Eath.

— Bom dia, Alvo. — Madame Longbottom vinha em sua direção equilibrando uma bandeja com ovos, bacon, presunto e suco de abóbora. Sua expressão transparecia preocupação. — É bom se apressar, o Sr. Copperfield irá chama-lo a qualquer instante.

— Copperfield? — Alvo virou-se no travesseiro. Wayne mastigava uma torrada, modorrento, ainda com as ataduras na cabeça. Estava inegavelmente bem. Não havia mais ninguém na ala hospitalar fora os dois meninos. — Onde foi parar Malf... ? — Alvo deixou escapar a pergunta, ansioso.

— Prestando depoimento — disse Madame Longbottom, acrescentando antes que mais uma rodada de perguntas acontecesse: — Assuntos ministeriais, não possuo nenhuma informação. Prometi à Profa. McGonagall que faria vocês se recuperarem até a ceia, por isso comam seus ovos e não me façam mais nenhuma pergunta.

Após a rápida refeição, Madame Longbottom trocou os curativos de Wayne. Assim como Alvo, o menino recebera uma quantia significativa de cartões e até um robusto buquê de flores, o que não pareceu animá-lo nem um pouco. Os dois haviam perdido quase todas as aulas da manhã quando Madame Longbottom conduziu-os até um escritório localizado no fundo da sala de troféus, guardada por duas armaduras. Um auror estava plantado na porta, mirando os alunos e a enfermeira com extrema arrogância.

— Sr. Batroc, aqui estão os meninos — disse Madame Longbottom, respeitosamente.

Batroc era um homem alto e forte com um bigode espesso sob o nariz. Esperou Madame Longbottom sumir de vista e entoou às armaduras:

Ad verum ducit.

Com um clangor estridente, as armaduras baixaram suas armas e deram espaço para que Batroc abrisse a porta a Alvo e Wayne.

— Feche a porta, Batroc — a voz de Merle Copperfield reboou pela salinha. Inúmeros lampiões dispostos iluminavam o escritório, adensando um cheiro forte de querosene misturado com o perfume doce que escapava de três xícaras. — Sentem-se. Chá?

Alvo não disse nada, apenas apanhou cuidadosamente a louça.

— Suponho que os senhores têm noção do motivo desta visita, não têm? — inquiriu Copperfield. Os garotos anuíram. — Ótimo. Isto nos leva à outra pergunta: qual o motivo dos senhores terem ido ao sexto andar na última noite?

Alvo ficou encarando a fumaça subir e se dispersar no ar, terminantemente em choque para debater.

— Estávamos indo à ala hospitalar... — Wayne tratou de falar.

— Hum, continue — Copperfield cruzou os braços.

— ... comemos umas amoras estragadas e então íamos a caminho do terceiro andar quando Alvo ficou com o pé preso no degrau falso das escadarias.

Alvo abaixou o rosto para esconder o rubor do constrangimento. Aquela história soava pateticamente aos seus ouvidos.

— Isto explica o pé descalço — Copperfield sorriu.

Wayne foi relatando ao homem toda a história, mencionando Pirraça e Scorpius Malfoy, mas Merle Copperfield dava mais atenção em encher sua taça de vinho com um líquido cáqui e espumante.

— Velho Uísque de Fogo Ogden, só para gente grande — disse, em meio a um sorriso, percebendo o estranhamento dos garotos. Antes mesmo de Wayne contar os detalhes do que havia dentro do arco, o homem findou: — Bom, já tenho todo o material necessário para uma investigação. Mantenham nosso bate-papo em sigilo, em breve os aurores estarão no castelo e tudo voltará ao normal.

Por algum motivo, Alvo sentiu que nada voltaria ao normal tão rápido. Contudo, acreditava que Copperfield era a única pessoa capaz de reverter essa situação, apesar de não ter ideia do que o homem fazia em Hogwarts. Queria perguntar, só que não obteria nenhuma resposta; então saiu do escritório, inalando o ar frio que corria pela sala de troféus, doido para voltar à rotina de aulas.

A semana acabou sendo torturante para Alvo e Wayne. Preferia muito mais ficar deitado na ala hospitalar do que ter de enfrentar a mesma questão cem vezes ao dia. Não era à toa, todos queriam saber que diabos acontecera no sexto andar, mesmo que recebessem sempre a mesma síntese em troca: “é assunto confidencial.” E as coisas estavam ainda prestes a piorar: corujas de todos os tipos deixavam cair cartas e mais cartas para os meninos, a maioria de jornalistas desesperados por informações. Desde o Dia das Bruxas, nem o senhor ou a senhora Potter enviara uma correspondência perguntando se ele estava bem, se estava seguro. Eles já deveriam estar a par da situação.

Tiago e Rose estavam se mordendo de raiva. Um pela atenção que o irmãozinho recebia, a outra pelo fato de que Alvo e Wayne não lhe contaram nada. Mas tudo soava com tanta obviedade que Alvo imaginava que todos já soubessem — ou pelo menos supunham — o que poderia ter acontecido. Esta história de fidelidade já estava dando nos nervos.

Pouco a pouco, as coisas foram mudando em Hogwarts. O Profeta Diário publicava notícias absurdas, o que contribuiu para o número de reclamações e questionamentos via corujas passar de enorme para abissal. Alvo ouvia muitos estudantes dizendo que os pais ameaçaram trazê-los de volta para casa mais cedo se não houvesse um pronunciamento. Entretanto, a Profa. McGonagall continuava a trabalhar em silêncio.

Durante o jantar da sexta-feira, o que Copperfield disse ia acontecendo parcialmente: de quatro em quatro, o Esquadrão Epsilon de Aurores ia montando guarda em torno do castelo. Visivelmente, era a unidade mais jovem do ministério, a maioria adolescentes recém-contratados. No momento em que a sobremesa desapareceu das quatro mesas, a Profa. McGonagall pediu a palavra:

— Boa-noite a todos — desejou. — Devido aos recentes incidentes, o corpo diretor, juntamente com o Ministro da Magia, concordou que o Esquadrão de Aurores cuide da segurança do castelo, mantendo os alunos sob custódia e impedindo terminantemente a entrada de qualquer pessoa não-autorizada no sexto andar. — Houveram gemidos de objeção. — É uma medida de proteção. — Os olhos faiscavam por baixo dos óculos quadrados e então a professora perdeu as estribeiras. — Sei do que estou falando e penso que não seja necessário pedir aos seus pais para enviarem corujas e berradores ao meu escritório, não é mesmo, Srta. Montague?

Velma Montague se encolheu entre os colegas da Sonserina, o rosto incrivelmente mais ruço.

— Agora que todos já comeram — retomou a Profa. McGonagall — sugiro que sigam os seus respectivos monitores e o auror que conduzirá cada Casa à sala comunal.

Um a um, os estudantes se levantaram e seguiram os seus respectivos aurores. A Grifinória foi guiada por um bruxo miúdo que tropeçava na barra das vestes. Quase todo mundo evitava Alvo e Wayne, a maioria dos alunos sempre olhando torto para os meninos, cochichando quando os via e esbarrando o ombro em seus corpos. Somente Louis, Ravi e Fergus continuavam do seu lado, dispostos a colocá-los para cima de qualquer jeito.

— Se vocês contassem o que realmente houve... — Louis tentava extrair alguma coisa deles.

— Já disse que não podemos, Louis — insistia Alvo veemente.

Sem dizer absolutamente mais nada, Alvo passou pelo buraco do retrato e subiu para o dormitório, fechando o cortinado com raiva. Pela primeira vez em Hogwarts ele desejava estar Godric’s Hollow, na sua casa, sem preocupações, como nos velhos tempos. E onde estariam seus pais a essa hora? Muito provavelmente com vergonha de seu filho mais novo. Um covarde, uma criança fraca e vulnerável que precisa de uma centena de aurores para que nenhum bruxo toque em um fio de seu cabelo.

O estresse desgastara tanto o garoto que o seu sono pareceu durar apenas alguns minutos, mas prolongou-se a noite inteira. Fora o último a se levantar. Trocou o pijama e desceu a escada em caracol da torrinha, encontrando a sala comunal cheia. Quando Alvo alcançou o último degrau, todos os pares de olhos se voltaram para ele, seguidos de murmúrios. Já estava começando a se acostumar com isso. Continuou a caminhar na direção de Wayne, que estava junto dos outros colegas do primeiro ano; eles pararam de falar no instante que Alvo chegou.

— ‘dia — cumprimentou Alvo.

Anne Marie, Ryan, Rhonda e as irmãs Goshawk saíram de perto.

— Que deu nelas?

Fergus e Ravi desviaram o olhar.

Isto foi o que aconteceu — Rose se aproximou, rubra, estendendo a revista d’A Garota dos Segredos. — Desta vez ela foi longe demais, aquela megera!

Alvo apanhou a fanzine e apertou os olhos para ler a notícia que estampava a capa rosa-shock:

“DIA DAS BRUXAS, A VERDADE FINALMENTE REVELADA. CONFIRA NA PÁGINA 17.”

O garoto, sem titubear, se afundou numa das poltronas e abriu na página dezessete. Era um artigo iniciado por uma foto dele com cara de sonso e Tiago.

FAMÍLIA POTTER: A ESCÓRIA DE HOGWARTS

Bom-dia, meus leitores.

Peço desculpas por pegá-los de surpresa nesta manhã tempestuosa de novembro. Para começarmos o mês com o pé direito, aí vai o nosso cardápio para o café-da-manhã: ovos, torradas, uma xícara de leite, uma fatia de bolo inglês e, como sempre, um caldeirão fumegando com fofocas frescas.

Nos parágrafos a seguir vocês irão conferir a verdade chocante sobre o misterioso caso do sexto andar.

É de conhecimento de todos que corvos foram responsáveis por um ataque a estudantes durante a festa do Dia das Bruxas. Para abafar o caso, é claro que o Ministério da Magia associou os fatos a Rodric Hotwan (preso no último mês) e Rúbia Scarlet (declarada morta desde 2010). Como venho defendendo concisamente nos últimos dias, isto não passa de uma grande mentira.

Pouquíssimas pessoas sabem, mas em agosto a família Potter protagonizou um episódio que mancharia sua história para sempre. Tiago, o popular terceiranista da Grifinória, por um triz não foi expulso de Hogwarts. Imagino que todos queiram saber o porquê.

Já notaram quantos professores deixaram o cargo no último ano? Bem, eu lhes refresco a memória: Cuthbert Binns (o entediante fantasma de História da Magia que foi tirar férias em morte), Dênis Creevey (o biruta professor de Estudo dos Trouxas) e  Guilhermina Grubbly-Plank (uma ótima professora de Trato das Criaturas Mágicas, mas se aposentou). Mas uma das saídas gerou mais questionamentos: Ícaro Abelardo, antigo professor de voo. Como apurei no início do trimestre, houve um pedido de demissão do próprio e, indo mais afundo, descobri o que motivou o homem a entregar o cargo foi, segundo as palavras do mesmo, “um ataque covarde arquitetado por uma mente diabólica em busca de vingança.”

Apesar de ter poupado a identidade do culpado, isto me parece uma descrição meticulosa de uma atitude típica de Tiago Potter.

Aposto que muitos estejam me ralhando neste momento por estar fazendo uma acusação falsa e sem fundos, mas é aí que vocês estão erradíssimos. A Garota dos Segredos nunca dá falsas notícias!

À princípio, vamos unir os fatos. Quem não se lembra do que Abelardo fez com a Grifinória ano passado? Tirou cinquenta pontos da mentirosa da Hilda Withby, que culpou o sonserino Hunter Gibbon de usar a Azaração Coaxante nela — confesso que combinou muito com aquela cara de rã. Esses pontos fizeram a Grifinória amargar mais um ano no quarto lugar na disputa da Taça das Casas, gerando revolta maior em um aluno, especificamente: Tiago Potter. Convenhamos, depois de todas as confusões que ele criou em Hogwarts, eu não duvido que o menino seja capaz de cometer mais uma, afinal, ele e sua trupe nunca são devidamente punidos. Detalhe: o ato foi realizado no último dia do ano letivo, às escondidas, durante a Festa de Fim de Ano, para que ninguém soubesse.

Todavia, o corpo diretor, ao ouvir o relato de Abelardo, pressionou a Profa. McGonagall a tomar as providências cabíveis. E assim foi decidido que Tiago Potter estava expulso da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts — o que, obviamente, não aconteceu. Um tanto curioso, não é mesmo? Quais motivos levariam à anulação dessa medida?

O meu faro jornalístico, preciso como é, exigiu dias e noites atrás de respostas e, através de um correspondente, soube de uma informação vazada de dentro do Ministério da Magia em agosto: uma reunião secreta e urgente entre os chefes das Seções de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas e de Uso Indevido de Magia, da chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia e Minerva McGonagall.

E é claro que entre nós não há segredos, não é mesmo?

Em uma de minhas exaustivas investigações, tive acesso à ficha escolar de Tiago Potter. Que Deus tenha compaixão — ou não — da família desse garoto! Em apenas três séries o documento já está alcançando o tamanho de Teoria da Magia Defensiva de Wilbert Slinkhard!

Em meio ao dossiê de detenções, uma página específica sobre as penalidades me chamou a atenção. Abaixo das inúmeras transgressões na escola, a maior prova de todas cintilava como a taça da Copa Mundial de Quadribol:

☛ Uso indevido de magia: Encantamento proposital contra um membro do Corpo Docente da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, realizado na sexta-feira, trinta de junho de dois mil e dezessete. — Acionamento do Esquadrão da Execução de Leis Mágicas negado.

Excitada com a descoberta, abaixei um pouco mais meus olhos até deparar-me com uma última anotação, a mais recente e mais intrigante:

☛ Infração grave da seção 13 do Estatuto de Sigilo da Confederação Internacional de Bruxos: Utilização irresponsável de uma Triumph Bonneville T120, modelo de 1959 enfeitiçada, em prol de chamar a atenção da comunidade não-mágica (trouxa); realizada em Godric’s Hollow no dia nove de agosto de dois mil e dezessete. — REVOGADA.

Voltemos um pouco. Agosto, uma reunião de urgência. OK. Agora, que outro assunto gerou muita polêmica no Ministério da Magia? Exatamente, a morte de um auror em Godric’s Hollow. Isto nos faz perguntar: até que ponto Tiago Potter tem envolvimento com o assunto? Seria o filho de Harry Potter, O Menino Que Sobreviveu e Chefe do Esquadrão de Aurores, partidário das trevas? Ou apenas uma criança que passou dos limites com o poder de seu sobrenome?

De um jeito ou de outro, pude notar que Potter vem cumprindo detenções desde setembro. Ou vão dizer que o menino prefere auxiliar o guarda-caça nos fins de semana em vez de ir ao povoado de Hogsmeade? Não me parece de seu feitio.

Agora, depois de apresentar-lhes todos estes acontecimentos, podemos dizer que o Dia das Bruxas, por sinal, é apenas mais uma das pegadinhas de muitíssimo mau-gosto de Tiago Potter. E o pior, envolvendo sua família por intermédio de Alvo, seu irmão mais novo. Eu aposto meus batons que foi ele quem enfeitiçou o menino da Sonserina e infestou o sexto andar com corvos insanos.

Mas não vou pegar tão pesado assim com eles. Afinal, desde a fuga e rendição de Rodric Hotwan, o Ministério da Magia tornou-se a nossa nova piada. Este caso ainda é um verdadeiro mistério. Uma coisa é unânime: a maioria dos alunos jura ter visto uma porção de espelhos amaldiçoados. Para mim, não passa de um truque, afinal de contas, por que construíram uma fortaleza em torno do local? Isto está me cheirando conspiração...

Por isso, eu dei nome ao grupo de mancomunados de Complô Potter, uma equipe que abrange uma série de pessoas que estão ajudando a fortalecer uma ideologia que dê mais credibilidade a Kingsley Shacklebolt, devolvendo-lhe uma farda falsa de salvador da pátria. Podemos destacar mais nomes além dos Potter: Rose Weasley (a garota puxa-saco que parece ter uma fuinha na cabeça), Wayne Eviecraddle (fiel escudeiro de Alvo), Alaric Daggerfall e Carl Aingremont (braços direito e esquerdo de Tiago), Chloe Bridwell (a garota que fala estranho), Merle Copperfield (enviado pelo Shacklebolt por sabe-se-lá-o-quê) e até mesmo o Prof. Godunov, que se aproveitou da situação para ficar se promovendo como um sábio leitor astral — mas todos sabemos que ele é um fracasso nesse quesito. Se você é magricelo e sem nada de extraordinário, parabéns, você já possui os requisitos básicos para participar desse grupinho infame.

Perdoem-me a piada.

E, afinal, onde ele aprendeu o Feitiço da Memória? Com os Obliviadores convocados toda vez que ele apronta com os trouxas?

Ainda é cedo para afirmar qual o próximo passo de Tiago Potter. Ajudar a melhorar a imagem do pai, aparentemente, é a mais provável. Nunca se sabe, é mais fácil achar o cérebro do Prof. Longbottom do que a resposta.

Eu lamento muito ter exposto esta realidade chocante da família bruxa mais querida do mundo, é meu dever informá-los a ralé que nos rodeia e quais perigos eles podem nos oferecer.

E quanto a nós, bruxos inocentes? O que podemos fazer em relação a isso?

Bem, nada, mas esta história vai render e muito, por isso, não se esqueça de assinar com A Garota dos Segredos por apenas três galeões!

Eu sei que você me ama,

Beijos e abraços,

Garota dos Segredos

Alvo ergueu os olhos. Uma grande quantidade de pessoas havia se juntado em torno de sua poltrona, umas disfarçando, outras sequer escondiam a ansiedade de ver a reação do menino. Rose estava com os olhos vermelhos e inchados, amparada por Tiago, que mirava o irmão no fundo de sua alma. Era o típico olhar que ele fazia quando queria desestruturar emocionalmente o irmão para conseguir algo a seu favor e, como sempre, Alvo cedia.

— Então? — falou Dominique, depois de um incômodo período silencioso. — Vai nos dizer a verdade ou vai deixar essa vaca falar mal da nossa família?

Conte, disse uma voz dentro da cabeça de Alvo. Dane-se este pacto de silêncio!

Com o coração saindo pela boca, Alvo contou:

— Bem, tudo começou quando descemos para a Festa das Bruxas... — Mais do que simplesmente expor os fatos, o menino teve de encarar uma multidão de espectadores. Sentia o rosto queimar de vergonha a ponto de se perder nas suas palavras; por sorte, ninguém o interrompeu, todos entendiam a gravidade do assunto.

“... Foi aí que eu... hã... desmaiei”, terminou Alvo, escarlate. Possivelmente a reação mais inusitada aconteceu naquele instante: Fred e Roxanne puxaram uma salva de palmas para a história do garoto e correram para dar os cumprimentos no primo. Aos poucos os aplausos tomaram conta da sala comunal, com vários colegas apertando as mãos de Alvo e Wayne. Contudo, uma outra parte olhou feio para os meninos e se afastou, disparando comentários mordazes a respeito da história que acabaram de ouvir.

— Eu não vou ser bobo o suficiente para cair nessa ladainha — disse um garoto do quinto ano com que Alvo nunca falara na vida.

Rose, agora, sufocava os amigos com um fortíssimo abraço embalado em lágrimas.

— Me desculpem, por favor, fui tão burra, tão cética!

Em meio aos berros da prima, Alvo notou Tiago, solitário, subindo em direção do dormitório com uma carranca. Ele não conseguia compreender; de todas as pessoas naquela sala, jurava que o irmão seria o primeiro a acreditar em suas palavras, depois de tudo que enfrentaram nas férias.

Só que, quando o último indício de Tiago desapareceu de vista, Alvo soube na hora que perdera um dos soldados mais importantes de seu exército.


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Notas finais do capítulo

A Garota dos Segredos é a Rita Skeeter de Hogwarts? :o

E aí, galerinha, o que vocês acharam desse capítulo? Qual a teoria de vocês pelo que acontecerá com os irmãos Potter? Deixem nos comentários!

Eu estava olhando o meu cronograma e percebi que faltam 9 capítulos para acabar a fic, gente! O tempo passa, né?

Curiosidade do capítulo: "— Tsc, tsc, quase ninguém se lembrou que a minha cor favorita é lilás. Digo isto no Um ano com o iéti. E alguns de vocês precisam ler Passeios com lobisomens com mais atenção, afirmo claramente no capítulo doze que o presente de aniversário ideal para mim seria a harmonia entre os povos mágicos e não-mágicos, embora eu não recuse um garrafão do Velho Uísque de Fogo Ogden!" — Capítulo 6 de Câmara Secreta.

Até o próximo capítulo!



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