Em fim as férias chegaram. Vou voltar pra casa sozinha, já que os meninos decidiram fazer uma tour completa pela América, começando nos EUA e terminando na Argentina. Eles pensam que me enganam, acham que eu não sei que eles tão loucos pra ver a Ros. Mandei um presente pra ela. Uma blusa com um coração metade com a bandeira da Alemanha e metade da bandeira do Brasil. Mandei fazer e ficou linda.
Fui analisar tudo que me aconteceu esse ano... Putz, meu primeiro ano na faculdade foi a coisa mais louca que já vivi. Tantas emoções... Pena que acabou agora. Vou sentir falta dos meninos nesses dias em que vou voltar pra casa. Mamãe tá morando com uma tia no campo, disse que era pra botar as idéias no lugar e resolver a vida dela de vez. Vou ficar com a casa só pra mim. Por que eu não quis viajar? Ótima pergunta, mas eu não sei responder. Apenas desisti de ficar rodando milhares e milhares de quilometro com quatro marmanjos que só sabem fazer merda. Mas são os marmanjos que eu mais amo, tenho que admitir. Até mesmo o Gee, com quem eu não fui tão ligada...Ele disse que só vai, porque ainda não sabe o que fazer em relação a Gaby e não quer vê-la antes de tomar uma decisão definitiva. Ou enfrentam tudo e todos, ou desistem do que sentem um pelo outro. Isso me comove, SÉRIO.
Falei com os Twins pela última vez antes da viagem, prometi na volta, uma resposta concreta de com quem vou realmente ficar. Quero esse tempo pra pensar, quem sabe assim, não me decido?

Olhei pro meu irmão durante um tempo. Os outros três já estavam no carro e apenas o esperavam para partir. Sua mão tocou meu rosto e uma lágrima caiu dos meus olhos.

- Não chora minha pequena... - ele me abraçou. -

- Eu não deveria estar chorando. Aliás, eu nem sei porque estou chorando. - me afastei dele e limpei aquela lágrima teimosa. - Me faz um favor?

- Tudo que você quiser. - ele sorriu. -

- Me liga todo dia antes daquela hora que eu costumo dormir? Não quero ir deitar sem ouvir alguém me desejar boa noite. - sorri. -

- Ainda não concordo com essa sua idéia de se isolar do mundo durante as férias. Vamos com a gente, tenho certeza que eles te esperam.

- Não Gus. - falei séria. - Eu quero esse tempo só pra mim. Nem o Lucca vai saber que eu estou em casa. Antes de chegar, vou passar num mercado e comprar tudo que preciso pra esses dois meses. Vou encher a despensa e nada me tira daquela casa.

- Ok, se você prefere assim... - ele deu ombros. - Se cuida. - falou e deu um beijo na minha testa. -

- Te amo. - o abracei apertado. - Se cuida e cuida dos meninos.

- Sim senhora. - ele sorriu e saiu.-

Saí do campus, um pouco mais tarde. Passei num mercado bem longe de casa e comprei coisas para alimentar um batalhão. Não queria sair dali nem por um decreto. Comprei chocolates, jujubas, biscoitos e um monte de doces. Comprei comida de verdade também, afinal nem só de doce eu sobrevivo. Acho que nunca vi uma conta de supermercado TÃO alta. Comprei também DVD's, vários e vários. Cheguei em casa de madrugada, a rua tava deserta. O cheiro de tinta invadiu o meu nariz, casa recém-reformada e toda ajeitada. Arrumei a dispensa e fui dormir. O dia amanheceu claro, com um sol lindo. Peguei meu Ipod e fui pra piscina. Pensamentos simultâneos passaram pela minha cabeça, vi cada momento que vivi esse ano. Estava tão distraída, que levei um susto ao ouvir o celular tocar.

-VAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAACA. - ouvi a voz da Ros berrar do outro lado da linda. -

- Bom dia, love. Ao que se deve a honra de tal ligação?- falei rindo e ouvi uma risada. -

- Sua imbecil dos infernos. Por que diabos você não veio com os meninos? - ela gemeu. - Aliás, porque você não avisou que eles vinham?

- Ow caramba, eles não iam primeiro pro Canadá? - perguntei estranhando. -

- Não mude de assunto, Anne Victorie Wolfang Schäfer - ela falou brava. -

- Perae, de onde você sabe meu nome completo? - gemi. -

- Olhei no RG do Gus ontem e lembrei que uma vez ele te chamou de Anne Victorie e você quase matou o coitado. - ela riu. -

- Ok, mas tu ainda não me disse o que esses meninos estão fazendo ai.

- E você ainda não me disse por que não veio com eles.

- Ok, ok... Eu quis ficar sozinha uns dias, aí já que o Gust resolveu viajar com eles, resolvi me trancar em casa.

- Não creio. - ela choramingou. - Mais tarde falo contigo. Minha mãe me ouviu falando alemão e tá dizendo que essa parte da conta, saí da minha mesada. - ela riu. Mas você me paga.

- Ok. - eu ri e desligamos. -

Não falei com a Ros o mês inteiro. Fiquei trancada em casa e sempre esperava por ela no e-mail, mas ela não aparecia. Desisti e voltei a fazer nada durante os meus dias.
Passei um tempo pensando, tinha certeza que algo estava acontecendo com os meninos por lá. De repente senti uma vontade louca de ver os Twins, de abraçar o Tom e receber aqueles abraços quebra-ossos dele, de sentir os carinhos do Bill, de puxar o cabelo do Georg e de implicar com o Gust. Olhei uma foto nossa e senti um bolo no estomago de saudades. Talvez o Bill e a Ros tenham se entendido, e por mais incrível que pareça, isso não me incomodou. O que me incomodou foi pensar que o Tom poderia estar com alguma garota. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto ao pensar em tal hipótese. Me dei conta de que não deveria pensar em mais nada.

Os dias passaram e nada de bom acontecia, nem ao menos vi o Lucca saindo de casa. Saudades daquela cabeleira vermelha! Nada mais parecia legal, eu não tinha vontade de sair, nem de fazer nada. Virei uma morta-viva, fazia tudo no piloto automático, parecia que nada conseguia prender minha atenção.