Nascida para Morrer escrita por F T


Capítulo 2
França, 22 de janeiro de 1533


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos, gostaria de pedir desculpas por não ter atualizado a fic antes. Finalmente, estou de volta e quero muito continuar essa história até o fim de preferencia postando um capítulo novo por dia, sei que é um plano ambicioso e por isso preciso de vocês. Preciso que comentem essa história, porque sem comentários será impossível atualizar então caso esteja lendo isso por favor deixe sua palavra de motivação para que essa história possa continuar. Por favor comentem, favoritem, se manifestem. Boa leitura.



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França, 22 de janeiro de 1533

“A coroa deve sempre vencer.”

(The Crown)

Clara se mantinha nervosa caminhando pelo corredor. Em frente estava a porta onde seu pai moribundo recebia sua consagração, onde ele viria a morrer após se confessar. Ela não estava pronta para a coroa, para se tornar rainha e assumir o peso de algo que não podia compreender. O rei havia ficado doente de modo repentino na última semana e isso a fez pensar que talvez houvesse algo errado, algo que intencionalmente o matou, porém não possuía provas ou alguma certeza. Era uma vida cruel de possibilidades infinitas, ela podia ou não deixar a morte do pai impune.

O problema, no final, era o fato de que ela reinaria.

O reinado seria dela.

Isso a devastava completamente porque não esperava perder o pai tão cedo, não esperava ter de assumir o peso e o fardo de uma coroa e ainda assim assumiria. Foi no momento em que Clara parou de caminhar e se colocou prostrada em frente a porta luxuosa do quarto do pai que um dos emissários deixou o local. Nesse momento, ele saiu em disparada, os sinos tocaram e as temíveis palavras foram proferidas por todo o castelo.

—O rei está morto, o rei está morto! - Clara ouviu essas palavras com lágrimas nos olhos para em seguida escutar - Que deus salve a rainha! Que deus salve a rainha!

Ela entendeu que os gritos de vida longa à rainha eram dirigidos a ela, contudo no momento em que ouviu tais palavras soube que talvez não vivesse tempo o bastante para reinar. Sabia que seu pai havia sido assassinado, sabia disso com absoluta certeza agora e a lista de possíveis suspeitos era muito grande. Primeiramente, sua mente se voltou para um recém chegado a corte, seu nome era Doctor, mais conhecido apenas como Lord Doctor estranhamente ninguém sabia muito sobre ele tampouco o seu nome completo, porém suas credenciais eram boas o bastante para que o palácio tivesse praticamente a obrigação de abriga-lo.

Clara suspeitou do Doctor apenas um segundo porque algo dentro dela dizia que não podia ser aquele estranho homem que vestia roupas pretas, tinha cabelo negro liso e tocava flauta. Algo dizia para Clara - a futura rainha - que ela deveria confiar no Lord Doctor porque ele era o visitante inesperado que traria de algum modo alguma justiça.

Ao eliminar a suspeita de Lord Doctor restou inevitavelmente uma longa lista que Clara analisou minuciosamente em sua cabeça até compreender que com a morte do rei e caso ela própria - a rainha - morresse o trono ficaria com seu tio. Suspeitar do próprio tio parecia um ultraje, contudo ele sempre ambicionou o trono, invejou o irmão secretamente e participou de tramas na corte real. Clara sempre soube que ele deveria ser banido ainda que o pai nunca tenha concordado com uma atitude tão radical. A rainha sabia que precisava encontrar o tio, precisava descobrir se haveria alguma prova definitiva de sua transgressão.

A jovem mulher caminhou pelos corredores do palácio e ordenou para que adentrasse no aposento do tio, não encontrou nada suspeito até decidir recorrer ao local reservado para o curandeiro. Sabia das estreitas relações entre o tio e o curandeiro que havia morrido dois anos antes, talvez houvesse algum sinal da presença de veneno ou algo semelhante. Enquanto caminhava rumo ao seu destino percebeu que o tio caminhava pelos corredores sozinho e desconfiado rumo a algum lugar.

Clara tinha duas escolhas: seguir em frente rumo ao lugar reservado ao curandeiro ou seguir o próprio tio. A primeira escolha a deixaria viva, a segunda escolha a mataria. Ela escolheu seguir o tio porque percebeu que Lord Doctor também o seguia.

Clara escolheu, quase que de modo irresistível, acompanhar os passos do Doctor como se algo dentro dela gritasse que ela estava destinada, que ela esperara a vida toda por aquele momento.

A garota acompanhou os passos de seu tio e inevitavelmente também os de Lord Doctor, nenhum dos dois homens eram capazes de notar sua presença, seus pés agora descalços que os seguiam pelo intrincado labirinto do palácio no qual vivera como princesa toda sua vida. Quando o tio finalmente entrou em um cômodo, o Lord Doctor também adentrou e a garota se esgueirou na porta ouvindo a conversa entre os dois homens misteriosos.

—Você matou o rei - Acusou o Doctor em sua segunda regeneração com uma tranquilidade incomum - Quero que deixe esse palácio, quero que deixe a rainha em paz!

—Se eu conquistar a França nada irá nos parar, os homens são criaturas primitivas agora- Assegurou o tio de Clara.

—Eu sei que você é um androide, sei que deseja conquistar esse planeta mas não irei permitir - Garantiu o Doctor com sua imponente voz. - Substituiu há anos atrás o verdadeiro tio da rainha a fim de esperar a oportunidade para atacar essa corte e conquistar esse planeta.

Clara não compreendia o que era um androide. Eram palavras estranhas, porém agora sabia que de alguma forma o tio havia sido substituído por um impostor assassino que pretendia conquistar não apenas o trono francês, mas também todo o mundo. A rainha sabia que precisava tomar uma atitude contudo no momento seguinte a criatura se revelou.

O androide retirou a máscara que o fazia parecer humano revelando sua estrutura de metal, tudo isso era incompreensível para Clara, incompreensível para uma mulher do século XVI. Contudo ela compreendeu com perfeição que o Doctor corria pela sala se desviando dos tiros mortais disparados pela mão impossível daquela criatura.

Clara decidiu que deveria tomar uma atitude, contudo apenas o fez quando percebeu que o Doctor não iria escapar dos tiros cada vez mais rápidos disparados pela estranha criatura. A rainha correu em disparada contra o androide, usou suas mãos para empurra-lo contra o vitral do outro lado da sala, contudo a criatura reagiu segurando os braços da jovem e a prendendo junto a ele. O impacto da corrida de Clara era grande o bastante para derruba-lo através do imenso vitral daquele que era o andar mais alto do palácio.

Infelizmente, quando o androide segurou os braços de Clara ele atravessou o vitral juntamente com Clara, ambos caíram da imensa altura juntos. O Doctor assustado com o impulso da rainha não teve tempo de salva-la, apenas se aproximou do vitral agora quebrado, se esgueirou olhando para baixo e viu a jovem mulher caída morta ao lado de androide. Clara havia morrido para salvar o Doctor como se houvesse existido todo aquele tempo em prol disso.

O Doctor conseguiu se livrar rapidamente do pouco que havia restado do androide. A trágica morte da rainha não atrapalhou na sucessão ao trono, todos consideraram que ela havia tido um lapso, corrido e se jogado através do grande vitral. Ela morreu no anonimato, como uma rainha suicida jamais coroada. Clara esqueceu que a coroa deveria sempre vencer e preferiu cumprir seu destino invisível, o destino de salvar um Senhor do Tempo que quase nunca a via; Clara morreu naquela ocasião não como a heroína que de fato foi, não partiu desse mundo como a mulher que salvara toda a França e sim como uma princesa louca.

Essa foi uma de suas vidas, um de seus destinos cumpridos.

Levada mais uma vez pelas asas de um corvo, incapaz de voar sozinha.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Sugestões ou pedidos para uma das vidas de Clara? Algo que queiram muito que aconteça? Façam seus pedidos por favor porque estou aqui para fazer vocês felizes, então falem comigo por favor. Falem comigo. Beijos queridos.