A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO) escrita por Ally Faro


Capítulo 22
Capítulo Vinte e Dois - Burlando as Regras


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo do ano.
Espero que vocês gostem.
Divirtam-se!



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       Belinda entrou na Floresta Proibida e suspirou, ajeitando a alça da mochila no ombro. Quando recebeu a mensagem, uma única palavra sublinhada em seu livro de Criaturas Mágicas – Hipogrifo— e em meio a tantas páginas e capítulos, ninguém compreenderia o recado, mas Belinda sabia exatamente o que queria dizer. A única dúvida era como conseguiram fazer isso em seu livro, que esteve dentro de seu quarto durante todo o dia. No inicio ela simplesmente achou estar imaginando coisas, contudo decidiu pagar pra ver e lá estava ela, à 00h00min em meio a Floresta Proibida, passando do Picadeiro dos Hipogrifos. Óbvio que ela armara tudo antes de abandonar o Castelo, havia plano para todas as letras do alfabeto e todas as situações, caso houvesse necessidade.
           Lestrange suspirou e olhou em volta, inicialmente não viu nada, mas logo notou, em meio às folhas farfalhantes, uma Águia-Dourada aninhada em um galho, a encarando com frios olhos lilases. No segundo seguinte, o animal desapareceu por trás das árvores e logo Dorian surgia.
—Achei que não fosse vir. –Disse ele, vestindo somente um casaco de pele.
—Não acho que você me chamaria aqui se não tivesse motivo. –Ela revidou e ele deu de ombros. –A não ser que fosse mais estúpido do que imagino.
           Dorian ignorou seu xingamento.
—Queria saber se você é útil pelo menos pra sair do castelo sem ser seguida. –Bell deu de ombros.
—Nem todos têm asas, Dorian, mas eu tenho cérebro. –Dorian sorriu de canto, era pura malicia, mas continha sua pontada de beleza, contrastando com seu rosto. –Só tenho uma questão antes de começarmos.
—Que seria? –Ele questionou, arqueando uma sobrancelha.
—Como você fez para deixar o recado no meu livro?
          Belinda viu o sorriso se tornar mais malicioso.
—Eu tenho asas... E cérebro. –Belinda rolou os olhos, mas teve que espelhar o sorriso do rapaz, nada bonito e amigável, mas cheio de mordacidade.
—Tudo bem, não é a resposta que eu esperava, mas é boa o suficiente.
           Dorian imaginou que ela fosse questionar mais, contudo era notório que Belinda era mais esperta do que transparecia.
—Se transforma. –Mandou ele e ela bufou.
—Você fala isso como se dissesse pra alguém sentar. –Ela resmungou.
—Você é um Animago, tem que saber que se transformar é parte do que somos, não algo surreal. –Informou. –Aceite o que é e depois fica mais fácil trabalhar nas transformações.
—Eu aceito o que sou. Sou uma Bruxa que se transforma em Lobo. –Deu de ombros. –Gosto da ideia, mas concretizar a transformação que é a dificuldade, se não fosse isso, eu não ia precisar da tua ajuda.
           Dorian bagunçou o cabelo branco e assentiu, mais pra si do que para a menina.
—Tudo bem, Lestrange, tudo bem. –Suspirou e a encarou. –Vamos começar do principio.
—O principio é você me atacar para forçar a transformação? –Ela ergueu mais o queixo.
—Não. –Ele negou, a encarando. –O principio é te explicar as sensações, talvez assim você pense menos e aja mais. –Ele indicou um tronco de árvore, para que ela sentasse. –Esse é um bom conselho, aliás. Seja menos racional, coisa que já vi que és muito, quando for tentar se transformar, pense menos e aja mais, ser Animago é sentir a transformação, não pensar sobre ela.
           Belinda não resmungou, apesar da vontade e logo seguiu até onde ele indicara, sentando e o encarando, o rapaz sentou no chão, um pouco afastado. Foram apenas alguns minutos de explicação sobre sensações, mais algumas horas para que Belinda finalmente conseguisse libertar a mente, tão racional, e seu Lobo interior explodisse para fora.
            Dorian lhe descrevera a exata sensação. “Se transformar é como estar submerso em água quente, quase fervente e depois emergir em uma aconchegante brisa.” Ele dissera.
             Apesar do incomodo inicial, por conta do calor devido à temperatura que subia graças à transformação, era incrível quando você fazia isso sozinho, sem a ajuda da raiva ou qualquer sentimento dúbio.
            Bell olhou em volta, se permitindo pela primeira vez usar seus olhos lupinos e audição aguçada. A Floresta Proibida parecia menos escura do que quando chegara e mais bonita também, conseguia ouvir os passos dos animais, os pios dos pássaros ao longe, sentir o cheiro dos bichos que corriam ali perto e mesmo o trotar, bem distante, dos Centauros que viviam ali.
             Bell desviou os olhos para Dorian, que a analisava, parecendo enxerga-la de uma nova perspectiva, ou talvez fosse ela que estivesse vendo o mundo diferente naquele momento. Sempre soubera que a visão dos Lobos fosse excelente, mas não esperava conseguir ver até uma fina e pequena cicatriz, quase desaparecendo, na clavícula de Dorian.
—Foi melhor do que eu esperava. –Ele admitiu. –Agora vamos tentar voltar.
            Belinda rolou os olhos, mas sentou sobre as patas traseiras. Dorian puxou uma mochila, que estava encostada no tronco de uma árvore e pegou uma manta e jogou sobre ela.
            Muito tempo se passou e eles viram que logo o dia amanheceria, sem que Belinda conseguisse retornar ao próprio corpo. Dorian finalmente a trouxe de volta e ela puxou o vestido que trouxera em sua mochila, o vestindo e se enrolando na manta do rapaz.
           Dorian a aguardava no Picadeiro dos Hipogrifos, que estava completamente vazio.
—Quando eu estudava aqui haviam Hipogrifos. –Ele comentou, desgostoso.
—Tinha o Bicuço, mas Lucius pediu a execução dele, antes disso ele desapareceu. –Ela informou.
           Não eram amigos, mas os dois ainda pareciam ter que convier e um comentário que não os aproximasse não faria mal pra nenhum, contando que ambos permanecessem mantendo distância do outro.
—Amanhã, no mesmo horário. –Ele alertou e ela assentiu. –Vou te dar cobertura até estar dentro do Castelo, depois disso terá que ser útil pra si mesma.
           Belinda rolou os olhos e se absteve de comentar qualquer coisa, logo corria para fora da Floresta, sentindo a Águia sobrevoar muito acima de sua cabeça, observando, até estar dentro do castelo.
          Belinda entrou sorrateiramente no castelo e seguiu para a área da cozinha, sempre atenta aos quadros, mas não encontrara nenhum empecilho. Apenas na volta a Torre da Grifinória, quando encontrou Pansy.
—Ora, ora. –Ela sorriu. –Se não é a Leoa Vadia.
         Belinda a encarou de forma desinteressada e deu um sorriso de canto, cheio de malicia.
—Olá, Cadelinha. –Ela cumprimentou, vendo a menina chegar a um novo tom de vermelho.
—Você vai cumprir detenção! –Havia um prazer doentio por trás da raiva.
            Belinda bagunçou levemente o próprio cabelo, com a mão livre, na outra trazia uma tortinha de morango, ainda encarando a menina.
—Vou? Com que autoridade você me diz isso? –Riu. –Por que diabos eu te daria ouvidos?
—Porque eu sou a Monitora Chefe...
—E eu tô cagando pra isso. –Revidou a Leoa, mexendo na alça da mochila em seu ombro.
—Eu estou mandando. E tenho certeza que a Professora Umbridge vai adorar te dar um longo castigo pessoalmente...
—E o que você pensa que eu fiz de errado pra isso?
—Você está fora do dormitório.
—Você também está. –Belinda sorriu. –Já passou da hora da ronda. –Deu de ombros.
           Parkinson ficou pálida por um instante.
—Eu vi você andando pelo Castelo mais cedo, mas perdi você de vista, então esperei aqui perto da entrada da Grifinória, você teria que voltar... –Sua expressão voltou ao normal, com sua pretensão de ser superior.
—Você devia ter ido à Biblioteca. –Sorriu e deu uma mordida na tortinha.
—O que?! –Ela quase berrou.
—Mais cedo pedi autorização para usá-la. –Sorriu abertamente. –Você sabe como é, gente que usa o cérebro não perde pra idiotas que tentam usar seus cargos. –Deu de ombros, vendo a máscara de altivez abandonar Parkinson e ser substituída por pura raiva. –Quer me dedurar? Corre até a Umbridge e diz o que eu estava fazendo pelos corredores, eu tenho álibi e você, Parkinson? Como explicará o fato de estar se agarrando nos corredores do Castelo às 5h da manhã?
—Eu não estava fazendo isso!
—Não? –Bell fingiu surpresa. –E o menino que eu vi sair correndo das sombras assim que me viram?
—VOCÊ NÃO VIU ISSO!
            Belinda abriu um sorriso imenso.
—Bem, é o que eu vi e direi pros professores e diretor. –Deu de ombros.
—ISSO É MENTIRA! –Berrou.
—Silêncio! –Mandou um dos quadros. –Não está vendo que estamos tentando dormir aqui?!
—Desculpe, Sir Raymond. –Belinda disse docemente. –Mas a Serpente aqui tava se agarrando nos corredores e agora diz ser mentira.
—Então era isso que eu estava ouvindo mais cedo. –Bufou o quadro. –Quase não dormir por isso. –Olhou indignado para Pansy, que mantinha uma luz acessa na ponta da Varinha. –Da próxima vez que for fazer isso, fique no seu corredor, Sonserina. –Ele bufou. –Agora apague essa maldita luz!
—Bem, Pansy, eu tenho que ir aproveitar minha única hora pra dormir. –Bell deu de ombros. –Agora eu aconselho a parar de se agarrar nos corredores e ir dormir também...
           Belinda não teve tempo de fazer um Feitiço de impedimento ou qualquer coisa, logo era arremessada contra a parede com força e sentiu o ar lhe sumir por um momento, ficando ali, de olhos fechados, tentando conter a tontura graças ao baque em sua cabeça.
—Isso é pra você lavar a boca antes de falar de mim, vadia.
            Belinda soltou um riso cheio de ódio, mas já ouvia os passos de Parkinson começando a se afastar.
—Mande beijo pro seu amante. –Falou, tentando manter o compasso da respiração. –E lembre-se que terá volta. Fica ligada, Parkinson!
             O som de passos desapareceu e Belinda permaneceu deitada no chão frio, até que tudo parou de rodar e ela conseguir se ergue, usando a parede como apoio.
             Ela não denunciaria Pansy, esse era um trunfo e assunto para resolver sozinha, sem ajuda e intervenção de professores.


           Belinda demorou a acordar naquela manhã e quando o fez, sentia uma dor de cabeça terrível, mas a pior parte era a dor no corpo, a qual a fez se encolher em um montinho e gemer baixo. Parecia que seu corpo estava em chamas e seus ossos sendo esmagados, Bell sabia que isso se devia ao seu encontro com Parkinson somado ao esforço de se transformar em Animago e voltar ao corpo original, mas a dor nos músculos era tão grande que ela não conseguia pensar claramente.
           Ao longe ouvia vozes lhe chamando e conversando, mas parecia tão distante, como se não a alcançassem.
—Belinda, você vai se atrasar. –Hermione bufou, se aproximando da amiga e puxando seu lençol, a segurando pelos ombros, para sacudi-la, mas parou no meio do processo, arregalando os olhos. –Ela tá ardendo em febre!
           Ginny se aproximou rapidamente e viu a amiga encolhida, puxando as cobertas para cima dela novamente, tentando mantê-la aquecida.
—A gente tem que levar ela pra Ala Hospitalar. –A ruiva decidiu.
—Não temos como carregar a Belinda até lá. –Hermione informou. –Temos que chamar um professor...
—Os gêmeos! –Ginny exclamou.
—Eles não podem vir até aqui.
—Podem sim. –A ruiva afirmou. –Eles já fizeram antes.
            Hermione não teve tempo pra questionar, porque Gina já corria para chama-los e porque jamais conseguiria saber como Freddie e George conseguiam burlar tantas regras e magias de uma única vez.
             Hermione não se surpreendeu quando, cinco minutos depois, Freddie entrou correndo no quarto e já puxando Belinda para os braços. A castanha realmente não entendia as artimanhas dos gêmeos para conseguir fazer tudo que queriam, mas pela primeira vez foi bom que eles pudessem quebrar uma regra.


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Notas finais do capítulo

E ai, meus amores? Curtiram?
Deixem seus comentários.
Beijos e até o próximo capítulo.



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