You're burning up, I'm cooling down. escrita por Thai


Capítulo 7
I'll ruin you.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo demorou mais que o normal pra sair, peço desculpas. Estive num dos meus dias ruins e quando estou neles fica difícil escrever. O capítulo ficou um pouco melancólico, mas não consigo evitar passar o que sinto para meus escritos. Espero que gostem.
Fiz uma capa nova, a antiga tava me incomodando de tão feinha, tinha feito nas pressas haha. Digam se gostaram.



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Vou me casar com Willas Tyrell — a voz de Sansa ecoou pelo cômodo de forma fria. Jon se sentiu golpeado, as palavras proferidas por ela pareciam impossíveis de se assimilar e, mesmo assim, ele as entedia de forma clara.

— Casar? — a olhou, boquiaberto. Queria ser capaz de protestar, mas não conseguia formular frase alguma, o choque o tomou. Sansa o viu empalidecer e engoliu em seco, nervosa.

Ela lhe entregou a carta de Olenna Tyrell. Nela, a Rainha dos Espinhos propunha uma aliança contra os Lannister, mais precisamente contra Cersei. Ouvira que os Stark haviam retomado o poder do Norte e queria unir as forças para invadir Porto Real. Sansa não queria invadir a Capital naquele momento, no entanto parecia viável se juntar ao Jardim. Precisariam de números para a guerra que viria a seguir. Loras havia morrido em uma explosão no Septo de Baelor junto com Margaery, cabia a Willas manter a continuidade da família Tyrell e ele precisaria de herdeiros. Sua mente viajou para longe se imaginando numa realidade distante onde teria filhos com o Willas. Não parecia um pensamento feliz. Fitou Jon e o obervou sentar-se de frente para ela, as pernas bambas parecendo lhes falhar.

— Diga alguma coisa — a voz dela saiu em súplica.

— Não sei bem o que dizer, Sansa. O que quer que eu diga? — ele então a olhou nos olhos. Sansa não conseguia decifrar o que se passava dentro dele.

— Diga que é a coisa certa a fazer. Diga que se eu fizer isso será pelo bem de todos. — seu olhar clamava por uma solução.

— Então estaria mentindo — ele colocou a carta sobre a mesa com cuidado, como se a qualquer momento o papel pudesse ferir alguém. — Estaria mentindo ao dizer que é para o bem de todos. Eu lhe disse que os Deuses não dariam a você mais um casamento sem amor. Estaria mentindo por saber que isso me faria sofrer. Eu quero você... — ela então o interrompeu de forma abrupta.

— Pare! 

— Eu não posso lutar contra isso, me diga que sente o mesmo. Posso ver em seus olhos, posso sentir quando seu corpo está próximo ao meu... 

— Por favor, Jon. Somos irmãos, pelos Deuses. Eu não sinto o mesmo que você, o que quer que sinta, não compartilho. — sua voz tremia, sabia que suas palavras não eram verdadeiras, mas tentava se convencer do que dissera. 

— Sei que somos irmãos. Sei que sou um bastardo, que os Lordes jamais aceitariam que fosse seu Rei, que nossos filhos seriam renegados. Sei também que mente, não pense que esqueci o modo como me beijou noite passada, Sansa. Ainda posso sentir seus lábios contra os meus...

Sansa levantou-se de forma brusca, andando em marcha com passos largos para fora da sala, esperava não ser seguida, no entanto era uma esperança falsa. Sentia Jon atrás de si. O coração dela pulsava acelerado, quase lhe saindo pela boca, parecia prestes a saltar.

— Deixe-me em paz, por favor — implorou em vão. Entrou em seu quarto, usando de toda sua habilidade para fechar a porta, mas Jon era mais rápido e mais forte e a impediu. Eles entraram quase ao mesmo tempo no cômodo.

— Vamos conversar, por favor — ele pediu, tentando manter sua voz calma. Queria realmente resolver as coisas. — Pare de fugir.

— Não posso — estava de costas para ele, chorava silenciosamente sem que se notasse. — Não posso suprir suas expectativas — então se virou para Jon, deixando que ele visse seu estado. — Se o que sente é amor, paixão, ou não se tenha um nome para definir, seja lá o que for, Jon, não posso retribuir.

— Por que diz isso, Sansa? — deu meio passo para frente, tentando cessar a distância entre seus corpos, mas ela não permitiu. Queria poder abraçá-la e confortá-la, mas Sansa havia construído uma muralha tão fria quanto a de gelo ao seu redor.

— Estou vazia, Jon Snow. Não existe uma parte sequer em meu corpo que não esteja repleta de dor e cicatrizes. Ainda tenho medo de acordar e nada disso ser real, de estar vivendo uma paranoia, um truque para escapar da realidade. Tenho medo de abrir os olhos e ver Ramsay sobre mim. Posso senti-lo no fundo de minha consciência sempre que seu olhar queima sobre mim me dizendo que você não é real. Temo ter perdido a cabeça e estar vivendo uma insanidade — confessou derrotada.

— Eu sou real, Sansa — então retomou a aproximação, não recebendo a resistência anterior, e a tomou em seus braços. — Não consegue sentir? — beijou-lhe a testa, as bochechas, os olhos cobertos por lágrimas, para só então colar os lábios nos dela, compartilhando o sabor salgado de seu choro. — Vou protegê-la, eu prometo. Ramsay está morto, nunca tocará em você novamente. Nunca.

— Ninguém pode me proteger de mim mesma. Estou lutando contra minha própria existência e temo que não possa vencer. Até lá, Jon, até que esteja completamente curada, se é que estarei um dia, não posso lhe dar o que procura. Posso casar com Willas, não teria que amá-lo, apenas cumprir meu dever com o Norte.

— Não se case com ele, eu lhe imploro. Podemos fazer isso funcionar, Sansa, sei que podemos. Podemos nos ajudar a curar nossas feridas. — pressionou o corpo dela no seu, a envolvendo mais em seus braços fortes.

— Tenho que fazer isso sozinha, Jon — ela lhe olhou nos olhos, tocando seu rosto, sentindo ele afrouxar o abraço. — Você merece muito mais do que tenho para oferecer, se lhe desse tudo de mim ainda não seria o suficiente, se lhe desse tudo o que tenho estaria acabada, nada resta. — tocou os lábios dele, recordando-se do beijo e de como se sentira viva naquele momento, como se nada ao seu redor importasse, porém tinha que pôr os pés no chão e abraçar sua realidade. Jon havia fechado os olhos quase involuntariamente, enquanto dava um suspiro pesado. — Eu lhe prometo, Jon Snow, que no dia em que meu coração estiver aberto será o primeiro que deixarei entrar. Lutarei contra quem quer que se coloque entre nós. Mas no momento não é justo, se apaixonou por uma versão de mim que não existe. Não é certo lhe tratar como se tudo estivesse certo dentro de mim. Vou lhe arruinar se deixá-lo ficar. Agora vá, por favor. Ajude-me a trazer paz para nosso lar. — então se afastou dele, o olhando com pesar.

Jon ouviu o que ela tinha para dizer, respeitou seu espaço, mas não entendia. Queria ser capaz de fazer mais, sentia-se quase inútil por não poder tirar toda a dor que ela sentia. Procurou por Davos pelo castelo, o encontrando de volta na sala de reuniões de Sansa. A imagem do homem era agradável aos seus olhos, lhe passava paz e sentia que era alguém em quem podia confiar. Embora não pudesse contar o que se passava em seu coração, sabia que o homem não o julgaria se soubesse, e se o julgasse, seria discreto o suficiente para não deixá-lo perceber.

— O que há de errado, Lorde Snow? — o Cavaleiro das Cebolas olhou para o bastardo, percebeu seu olhar triste. Jon simplesmente não conseguia disfarçar suas emoções naquele momento.

— Nada, Sor Davos. — ele sentou-se ao lado do homem. — Imaginei que pudéssemos começar a discutir as estratégias para tomar as Gêmeas. Penso que minha presença não se faça importante, no entanto. Decidi ir com Meera até o Gargalo. Temos grandes Lordes para liderar um exército até as Terras Fluviais, me sentiria melhor levando a amiga de meu irmão em segurança até seu lar. — Sor Davos pareceu ponderar por alguns momentos.

— O que Lady Sansa pensa disso? — questionou duvidoso.

— Acredito que Sansa não terá divergências sobre.

— Sendo assim, não tenho o porquê de me opor. — o homem abriu um mapa sobre a mesa. — Penso que poucos homens sejam necessários para guiar Meera, a garota é a única que conhece o modo de passar pelos pântanos em segurança, talvez você e mais cinco? — Jon assentiu, sentia-se distante daquela discussão. — Ótimo. Irei chamar os outros Lordes então para debatermos as estratégias de campo. — Davos se precipitou até a porta e partiu.

Jon ficou sozinho na sala por algum tempo que não foi capaz de calcular. Sentiu seu corpo exausto, estava cansado de lutar. Queria que as coisas fossem fáceis pelo menos uma vez, desejou ter tido uma vida completamente diferente, onde teria sido amado desde o nascimento. Onde ninguém lhe apontaria o dedo e lhe julgaria, ninguém o olharia com desprezo. Desejou por um momento não ser filho de Ned Stark, se repreendia por aquele pensamento, seu pai era um bom homem, mas aquele fardo era pesado demais para carregar e estava cedendo. Sentia-se cair. O título de bastardo o perseguia onde quer que fosse, mesmo na Patrulha, mesmo agora, em casa. Aquela era realmente sua casa? Não pudera sentar-se ao lado de seus irmãos quando mais novo, não podia, agora crescido, tomar Sansa como sua. Tudo por ser quem era. E se eu fosse outra pessoa? Pensava consigo mesmo. Sentiu quando lágrimas começaram a lhe escorrer pela face, deixando sua pele em uma tonalidade rubra. E se eu estivesse realmente morto agora? E se tudo ao seu redor fosse apenas uma peça dos Deuses por seus pecados? Por ter matado, traído seus votos, desejado sua própria irmã? E se fosse apenas um castigo? Balançou a cabeça como forma de afastar aquelas divagações dolorosas, mas sua realidade não o deixava. Estava grudada em cada parte de sua carne como cinzas. Era um homem feito e sentia-se como uma criança indefesa. Levantou-se então, partindo para fora daquela sala, não poderia discutir estratégias naquele momento. Tão fraco. Caminhou até o Bosque Sagrado através da neve, agarrar-se-ia a sua fé. O lugar era escuro, as árvores se amontoavam densas, o lago estava congelado àquela altura, a árvore-coração se erguia de forma majestosa. O rosto esculpido no tronco era melancólico, imaginava que sua aparência não era muito diferente. Aproximava-se do represeiro quando a viu. Sansa estava sentada sobre a neve, encolhida perto do rio. O manto azul que cobria seu corpo entrava em contraste com o branco da neve, mas parecia fino demais para protegê-la das rajadas gélida que sopravam no local. Perguntava-se se ela não sentia frio, mas concluiu que talvez dentro de si fosse mais gelado do que qualquer inverno rigoroso. Ele apenas a observou de longe. Invadir seu espaço seria desrespeitoso. Mesmo diante de todas aquelas adversidades, a imagem de Sansa sempre se revelava acolhedora. Era tão bonita. Imaginava o que se passava na mente dela e sentia medo. Enquanto a garota fitava o nada, com seus olhos azuis vazios e cinzentos, Jon percebeu, após tentar negar para si tantas vezes antes, que a amava. Não poderia ser outra coisa além de amor. O modo como o fazia sentir, os sentimentos que entravam em conflito a todo o momento, não poderia ser uma simples paixão. Amava Sansa Stark e aquilo seria sua ruína.

Então resolveu sair antes que ela o visse. Voltou para o castelo e se recolheu em seus aposentos durante todo o dia. Havia procurado Fantasma antes, mas não havia sinal do lobo. Não estava com Sansa, então talvez tivesse ido caçar. A última coisa que se lembrava era de estar deitado em sua cama, seus olhos pesavam, sonolentos, e então se viu na Mata de Lobos. Via os troncos de baixo, os carvalhos muito verdes e altivos. A neve sob suas patas se camuflava com branco de seus pelos. Estava na pele de Fantasma de novo. Já fazia um tempo desde que compartilhava a mente de seu companheiro. Os olhos vermelhos fitavam através da noite a procura de uma presa, mas nada via. Era como se toda a vida existente tivesse fugido dali, os animais se escondendo do frio. Percebeu o cheiro de fumaça no focinho do lobo e avistou, ao longe, uma fogueira. A luz era fraca e distante, mas caminhou até ela, sentindo o estômago vazio do animal protestar, com fome. Fantasma corria e o vento batia contra seus pelos, a imagem do animal deveria ser majestosa. Então, quando estava próximo o suficiente, viu-se parado diante de outro lobo gigante. Os pelos eram cinzentos e os olhos muito amarelos. Era só o que se via contra a escuridão. Ao contrário do esperado, os lobos não entraram em conflito, pareciam amigos. Percebeu que era uma fêmea quando se virou e começou a andar na direção da fogueira, o guiando. Uma garota estava encolhida contra uma árvore, com panos maltrapilhos a cobrindo. Quando ela virou e seus cabelos curtos caíram para o lado, Jon a reconheceu. Era Arya Stark. Acordou ofegante e assustado. O suor empapava suas roupas, o corpo quente em antítese com o quarto frio. Seria possível que sua irmã realmente estivesse viva?


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Notas finais do capítulo

Espero muito que tenham gostado, beijos ♥