You're burning up, I'm cooling down. escrita por Thai


Capítulo 6
Let him go.


Notas iniciais do capítulo

Espero que não me matem hahahahaha
Queria agradecer pelos comentários do último capítulo, eles me acalmaram. Acredito que esse novo seja um balde de água fria. Sinto muito, mas ele é necessário para o andar da história.



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Jon havia ficado no escuro, via a silhueta de Sansa sumir na escuridão enquanto ela se afastava cada vez mais dele. Os pensamentos borbulhavam em sua mente, tentando assimilar o que acabara de acontecer. Sua boca ainda formigava pelo contato com a de Sansa. Algo lhe dizia que aquela sensação não passaria com muita facilidade. Ela o havia marcado, sentia aquilo em cada fibra de seu ser. No entanto, era sua irmã. O mesmo sangue que corria em suas veias corria também nas dela. Perguntava-se o que seu pai diria se soubesse. Com certeza não ficaria feliz. Não conseguia retornar ao ponto exato no qual passou a ter vontade de tomar a garota para si, mas sabia que o sentimento estava lá há algum tempo. Não era recente e tampouco ínfimo. Sentia que estava sendo consumido aos poucos por Sansa Stark. Ela o devorava com o olhar, tomando conta de seus sentidos. Seu toque o inebriava, misturado ao perfume fresco que sempre sentia quando ela balançava seus cabelos. Olhou para o chão e viu Fantasma o encarando. Os olhos vermelhos o perfuravam. Estava deitado sobre o casaco de Sansa e Jon se agachou para apanhá-lo. Afagou os pelos do lobo e lhe agradeceu silenciosamente por ter interrompido, não sabia se seria capaz de controlar seus desejos por Sansa. A via como uma mulher agora e aquilo havia se tornado perigoso.

Viu que não lhe faria nenhum bem permanecer ali. Caminhou com passos lentos para fora da Cripta, sendo açoitado pelos ventos gélidos que uivavam na noite. Voltou para o Grande Salão e percebeu que a maioria dos homens havia se retirado, alguns estavam desmaiados sobre as mesas, muito bêbados para encontrar o caminho de volta para a Vila de Inverno. O Inverno havia chegado e logo estaria tomada pela plebe do norte, no meio tempo, Sansa cedera o lugar para os exércitos das casas vassalas. Não viu sinal da irmã, ela deveria ter ido direto para seu quarto. Ele fez o mesmo, se arrastando até seus aposentos. O cômodo era grande demais para Jon. Sentia-se solitário durante as noites e isso alimentava seus pensamentos indevidos a respeito de Sansa. Colocou o casaco dela sobre uma cadeira de madeira mal equilibrada no canto e sentou-se em sua cama. Tirou suas botas e então deixou que seu corpo caísse sobre o colchão macio. Levou as mãos até a face, puxando seus cabelos e tirando os fios que caíam sobre seus olhos, então os fechou e reviveu o beijo. Sentiu tudo novamente. Todas as sensações conflitantes, todos os seus sentidos aguçados. Seu corpo esquentou e ele fez uma reclamação para si mesmo. Teria que se livrar daquelas fantasias. Sansa jamais seria sua. Logo encontraria um marido que governaria o Norte ao seu lado. No passado decidira ir para a Muralha, pois seu futuro em Winterfell nada mostrava. Agora não poderia fugir. Agora estava preso ao seu dever de protegê-la e não entendia como poderia se teria que se manter afastado. O cérebro de Jon trabalhava tão rápido com as possibilidades que logo se viu muito cansado. Suas pálpebras pesavam sobre seus olhos e então dormiu. Sonhou com ela como em todas as noites anteriores.

***

O dia amanhecera mórbido em Winterfell. O tempo era fechado e aquele era o dia mais frio desde que começara o Inverno. Nem mesmo o aquecimento do Castelo e a lareira eram capazes de manter o calor dentro do corpo de Jon. Fez o que tinha fazer para sua higiene e rotina da manhã. Pegou o casaco de Sansa e pensou em ir devolvê-lo, mas sentiu que deveria lhe dar tempo. Tentou imaginar como ela passaria a reagir, se o ignoraria, se sentia o mesmo que ele. Balançou a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos e ouviu batidas leves em sua porta.

— Entre — disse firme. Sor Davos apareceu diante dele e lhe cumprimentou.

— Bom dia, Jon Snow. Vejo que já está de pé, ótimo. Lady Sansa o chama. — Jon não foi capaz de controlar o modo como seu coração passou a pulsar irregular quando ouviu o nome da garota. Ele se apressou para ir de encontro a ela não conseguindo reprimir a ponta de esperança que surgia em seu íntimo.

***

Sansa acordara muito cedo naquela manhã. Haviam coisas a serem feitas sobre a administração do castelo e ela não poderia perder muito tempo. Não dormira quase nada na noite anterior, no entanto. Seus pensamentos não a deixaram em paz por um segundo e Jon não desaparecia de sua mente. Tentava fechar os olhos para afastá-lo, mas ele sempre estava lá. Sentia-se manchada pelo beijo que trocaram e não conseguia evitar pensar que todos sabiam. Notava as pessoas a olhando, mas elas estavam muito preocupadas com as próprias vidas e Sansa alimentava uma paranoia. Concluiu que o único modo de evitar que aqueles pensamentos a perturbassem mais seria trabalhando. Brienne já estava do lado de fora de seus aposentos. Resolvera pular o desjejum e caminhou com a mulher até sua sala de reuniões. Podrick surgiu alguns momentos depois, acompanhado de Meera Reed. Sansa sorriu para a garota e a cumprimentou.

— Sente-se, por favor. Sobre o que gostaria de tratar? — perguntou sentando-se também.

— Agora que estou de volta acredito que devo ir de encontro ao meu pai o quanto antes. Poderia lhe mandar uma carta, no entanto poucos corvos chegam até o Gargalo. Gostaria de ir até ele, se não precisar mais de mim por aqui. — Sansa franziu o cenho.

— Pensei que gostaria de ficar com Bran, vocês parecem muito próximos.

— Gostaria. Mas meu pai ainda não sabe sobre a morte de Jojen e acredito que lhe contar pessoalmente seja mais sensato. Voltarei se me permitir, minha Senhora.

— Winterfell sempre terá seus portões abertos para você, Meera. Diga ao senhor seu pai que aguardo ansiosa a presença dele em nosso castelo. Entendo que sua presença no Gargalo é de grande valia, mas a presença dos Senhores também me é importante. Há coisas a serem discutidas.

Sor Davos irrompeu no cômodo naquele momento. O homem parecia cansado, mas sua face ainda era agradável aos olhos de Sansa.

— Bom dia, Milady. Senhoras, Podrick — o homem cumprimentou todos na sala. — Sobre o que discutem?

— Meera quer ir até Atalaia da Água Cinzenta encontrar seu pai. Acredito que podemos separar alguns homens para escoltá-la. 

— Claro. Não será um problema. — disse prestativo.

— Sor Davos, poderia chamar Jon para mim, por favor? — Sansa pediu.

Davos assentiu e saiu ligeiro do local.

— Se não precisar mais de mim, irei me retirar. Ainda não vi Bran esta manhã e tenho que lhe contar a novidade — a menina abriu um sorriso que era ao mesmo tempo de felicidade e tristeza. Sansa retribuiu o gesto e Meera saiu.

Esperou em silêncio enquanto Davos trazia Jon. Não tivera muito tempo para pensar a respeito, mas a decisão de mandá-lo com Meera era a única solução para mantê-lo afastado. O Cavaleiro das Cebolas surgiu alguns momentos depois, sendo seguido por Jon. A imagem do bastardo desconcertou Sansa, mas ela não deixou transparecer, mantendo sua expressão indecifrável. Ele sentou de frente para ela e a encarou. O silêncio passou a se tornar desconfortável enquanto eles se olhavam. Os presentes podiam sentir a tensão que pairava no ar, quase palpável.

— Lady Sansa? — Brienne chamou quando percebeu que sua senhora não falava nada.

Sansa respirou fundo antes de falar. Sabia que seria difícil convencê-lo. Mas ela era sua rainha e ele lhe devia fidelidade.

— Conversei com Meera agora a pouco e ela compartilhou seu desejo de ver o pai. Espero conseguir alguns homens para acompanhá-la e Sor Davos tomará conta disso, mas quero que vá junto.

Jon a olhou confuso. Entendia que queria que ele ficasse afastado, mas mandá-lo para o Gargalo era muito extremo.

— Sansa... Isso não faz sentido nenhum.

— Devo concordar com Lorde Snow, minha Senhora. Temos uma guerra se aproximando e Jon precisa estar aqui.

— Não quero questionamentos. Minha decisão foi tomada e não voltarei atrás. Partirá com Meera para o Gargalo quando tudo estiver pronto. Pode se retirar agora. — o olhar frio de Sansa o perfurou, não parecia a mesma que tinha o beijado com tanto vigor.

Sansa não deu margem para Jon reclamar. Se o deixasse falar, com certeza mudaria de ideia. Se permanecesse mais tempo ao seu lado, não sabia se conseguiria mandá-lo para longe. Sentia dentro de si que aquilo deveria ser feito. Deveria esfriar os sentimentos que nutria por ele o quanto antes. Ele se retirou contrariado.

— Algumas cartas chegaram, Lady Sansa. — Podrick anunciara enquanto colocava alguns pergaminhos diante dela. Sansa suspirou e começou a lê-los.

Alguns selos eram familiares. Começou pelo que continha uma truta. Era o símbolo Tully, casa de sua mãe.

— Meu tio Edmure manda notícias de Correrio. — anunciou enquanto Davos a fitava. — Lorde Frey está morto. — aquela notícia lhe aqueceu o coração. Walder Frey era responsável pela morte de Robb e sua mãe. — Parece que após tomarem o castelo os Lannister o deixaram em poder dos Frey. Quando Lorde Walder apareceu morto, uma revolta foi causada e o exército Tully conseguia tomar o castelo de volta — ela sorriu.

— Essa é uma ótima notícia — Brienne lhe disse. — Acredito que Sor Brynden esteja vivo, então?

 — Ele está morto — falou triste. — No entanto, tomar de volta Correrio é mais do que esperávamos em nossos planos — ela olhou para Davos.

— Ele disse como estão as Gêmeas? — o cavaleiro perguntou.

— Disse que o que restou dos Frey fugiu para lá. Pede nosso apoio para tomar as torres.

— Ainda acha uma boa ideia manter Jon no Gargalo? — Davos a olhou de forma sugestiva. — Seu irmão poderia liderar o exército para as Gêmeas.

Sansa pareceu refletir sobre aquela informação, de todo o modo ele ainda estaria longe por um bom tempo. Concluiu que era uma boa ideia.

— Parece que não tenho escolha. Avise-o de que preciso dele em outro lugar. Mas peça para que escolha alguns homens de confiança para acompanhar Meera.

Sor Davos concordou e saiu da sala. Sansa se voltou para os outros pergaminhos. Viu a rosa Tyrell desenhada de forma delicada sobre a tinta verde. Abriu pensando quanto tempo fazia desde que havia visto Margaery pela última vez. Parecia outra vida. O baque veio quando leu que a Rainha estava morta. Sentiu seu coração se encher de ódio quando descobriu que Cersei havia sido responsável. A Lannister mãe já havia lhe tirado o bastante.

— Sobre o que fala? — Brienne perguntou curiosa. Convivera com os soldados Tyrell quando estava ao lado de Renly.

— Lady Margaery e seu irmão estão mortos — Sansa anunciou, a voz falhou por alguns minutos. — Sinto muito.

— Como? O que aconteceu? — Brienne perguntou aflita.

Sansa lhe entregou a primeira parte da carta para que a mulher lesse com os próprios olhos e continuou a ler o que Lady Olenna Tyrell lhe escrevera. Era demais para associar. Brienne pediu licença para se retirar e Sansa não interveio. Entendia que ela precisava de um tempo para assimilar.

— Não a deixe sozinha. — disse a Podrick que saiu da sala a deixando.

Foi então que leu a última parte da carta. Por um instante não se sentia parte daquele mundo. Embora seu coração fosse contra o que estava sendo sugerido, sua razão lhe lembrava de que o mais sensato seria concordar com a proposta. Jon entrou de repente no cômodo. Ele parecia com raiva, sua expressão era de angústia.

— Você não pode me mandar de um lado para o outro como um cachorro, Sansa. Meu lugar é aqui, ao seu lado, como prometi... — ele viu que ela estava muito pálida, então se aproximou. — O que houve?

Sansa encarou o meio-irmão. Como poderia dar aquela notícia a ele? Talvez o melhor fosse contar de uma vez. Um golpe certeiro no coração doeria menos do que um golpe no estômago, que o faria definhar por dias.

— Vou me casar com Willas Tyrell.


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Notas finais do capítulo

É isso. Digam como se sentiram com essa informação, estava ansiosa para postar esse capítulo e ver a reação de vocês.