You're burning up, I'm cooling down. escrita por Thai


Capítulo 5
We met with a goodbye kiss.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês. Queria confessar que estou um pouco insegura a respeito dos acontecimentos que tivemos aqui, me digam o que acharam, por favor. Queria agradecer de todo o coração os comentários lindos que venho recebendo, eles me dão força para continuar. Espero que gostem.



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O clima do Grande Salão exalava agitação e entusiasmo. Os irmãos Stark estavam na mesa principal dos senhores de Winterfell. Jon não conseguia tirar o sorriso da face, nunca estivera ali, de igual para igual com seus irmãos. Lady Catelyn nunca lhe permitira. A sensação era de êxtase. Os vassalos do Norte ocupavam as mesas espalhadas por todo o lugar, a quantidade de comida era suficiente para alimentar um exercito inteiro. Tinha vinho o suficiente para embebedá-los durante cem noites seguidas.

Sansa estava no centro, com Jon a sua direita e Bran a sua esquerda, convidara Meera para sentar-se ao lado do irmão mais novo, sentia que lhe devia muito. Mesmo com a atmosfera contagiante de comemoração pelos acontecimentos recentes, ela não conseguia se conectar com a felicidade compartilhada. Pensava em Rickon. Sor Davos lhe avisara na noite anterior que o sepulcro de seu irmão estava pronto na Cripta. Ela sabia que era o local certo para ele, embora rodeado de Reis do Norte por todos os lados, lhe daria um lugar onde seu pai não tivera a chance. No futuro, iria construir estátuas de todos os que perdera. Porém, naquele momento, a morte de Rickon era a que mais lhe doía, a mais recente. Lembrou-se de quando contou a Bran o que havia se passado.

— Isso é minha culpa — ele dissera com lágrimas escorrendo por seu rosto. — Eu nunca deveria tê-lo deixado.

— Não podíamos levá-lo — Meera tentou o confortar, afagando seus cabelos. Sansa observou com dor. — Você fez a coisa certa.

— Não é sua culpa, Bran — sentou-se ao lado do irmão na cama, tomando as mãos dele nas suas — Os responsáveis pela morte de nosso irmão estão mortos agora. Você estava apenas tentando o proteger — ela sabia que não conseguiria convencer Bran com aquelas palavras, mas queria confortá-lo de toda forma.

— Sansa? — sentiu o toque de Jon em seu braço, a despertando de seus devaneios. Ela o olhou. — O que há de errado?

— Parece que nada disso é certo — seus olhos passaram por todo o salão, cruzando com os de Mindinho por um breve instante, se perguntava por que ele ainda estava ali. — Apenas não consigo comemorar, me sinto alheia a toda essa felicidade — confessou ao irmão, que tomou a mão dela e a acariciou.

— Você tem direito de se sentir assim — a consolou. — Agora me sinto estúpido por estar feliz. — ele passou a se recriminar por estar gostando daquela situação.

— Não se sinta. Depois de tudo o que aconteceu conosco é bom alimentarmos nossos espíritos com alguns sorrisos — ela tentou sorrir para ele, mas em vão.

— Acho que eles não vão notar se você se retirar — Jon observou os homens conversando em voz alta, muito entretidos com pães, carnes e vinhos. A música tomava conta do ambiente e ninguém parecia notar a expressão triste da garota.

— Quero ir até a Cripta, mas não queria ir só. Gostaria de vir comigo? — Jon assentiu ligeiro.

Sansa se virou para Bran, o observando comer um pedaço de pão. Sua expressão era indecifrável.

— Bran, vamos até a Cripta... Ver Rickon. Quer vir conosco? — Bran concordou com um aceno e olhou para Meera, que parecia não ter discordâncias.  

Sansa se levantou graciosa, despertando a curiosidade de alguns homens, mas eles não se demoraram a observando e logo voltaram sua atenção para as conversas que tinham antes. Ela caminhou até Brienne, lhe sussurrando, a mulher prontamente caminhou até Bran e o tomou em seus braços. Os irmãos começaram a caminhar para fora do salão. Sansa percebeu quando as pessoas começaram a obervar e se dirigiu a elas, estampando um falso sorriso no rosto.

— Não se incomodem comigo e meus irmãos, Senhores. Continuem com sua festa. — os homens concordaram, voltando a fazer o que quer que faziam antes.

O que restou da família Stark voltou a tomar seu rumo, seguidos pela garota Reed. Saíram para o pátio e Sansa se aconchegou mais sob seu pesado casaco de pelos. Estava cada dia mais frio e deixar o calor do Grande Salão a fez tremer. Caminharam alguns passos até se depararem com a grande porta de madeira maciça, Jon a empurrou com certo esforço, parecia bastante pesada. A escada de pedras se revelou, ela descia até o subsolo como um caracol. Brienne passou primeiro com Ban e Meera quando Jon lhes deu acesso, seguidas por Sansa. O bastardo pegou uma tocha e a acendeu com auxílio de uma luminária que já queimava. Lá embaixo parecia ainda mais frio, mas era um ar diferente. Era um gelo fúnebre, sombrio. Passaram pelos diversos reis que o Norte já tivera, senhores de Winterfell, ouviram sobre eles quando crianças, nas histórias da Velha Ama. Sansa adorava ouvir sobre seus feitos grandiosos, mas, ali, cercados pelo ar sepulcral, com suas faces rijas feitas pedra, eles não pareciam tão majestosos. Reconheceu seu avô Rickard, seu tio Brandon e sua tia Lyanna. Gostaria de tê-los conhecido, seu pai falava com grande apreço a respeito dos que perdera. Rickon se encontrava logo ao lado da tia. A pedra que fora esculpida com sua face ainda brilhava lustrosa. Parecia ter mais vida que todos os que estavam ali e foi aquilo que mais feriu os irmãos Stark.

— Esse não é o lugar dele — Bran reclamou. — Coloque-me no chão, Brienne, por favor. — a mulher prontamente atendeu, o colocando no chão com cuidado. Meera sentou ao lado dele, o puxando em um abraço. — Deveria estar vivo.

Sansa engoliu em seco. Olhou para Jon, buscando apoio. Ela não sabia o que fazer para tirar aquela culpa que consumia Bran. Jon se ajoelhou ao lado do irmão. Sansa observou a cena. Percebeu que a presença dele ali a enchia de paz, o que era estranho. Os sentimentos que causava nela entravam em contraste quase o tempo todo.  

— Bran, olhe para mim — Jon pediu, assumindo seu papel de irmão mais velho. — Isso é mais minha culpa do que sua. O tinha em minhas mãos e deixei escapar. Você fez o que era certo para mantê-lo seguro. Acredite em mim quando digo que Rickon não iria querer que se torturasse dessa forma — Bran olhou para o meio irmão por alguns segundos, depois mirou a imagem de Rickon talhada na pedra.

— Você provavelmente está certo. — o mais novo concordou. Encolheu-se no abraço de Meera. Sansa percebeu os olhos dele pesando, cansados.

— Você deveria descansar agora — ela disse, olhando para o irmão. Havia chegado ainda naquele dia e Bran tinha descansado apenas alguns instantes. Os vassalos insistiram em fazer uma festa em comemoração, o tirando da cama mais cedo.

— Sansa tem razão — Meera falou. Bran parecia concordar mais com ela. Então fez sinal para que Brienne o levasse e ela o fez, recebendo a tocha que Jon lhe entregara.

Jon e Sansa observaram até que a imagem do irmão sumisse, tentando fazer com que seus olhos se acostumassem com a escuridão. Então, e só então, Sansa se deu permissão para desabar. As lágrimas escaparam por seus olhos sem que ela as pudesse controlar. Jon a abraçou muito forte, tentando lhe passar a força que ele lutava para manter.

— Não posso fazer isso, Jon — ela se encolheu nos braços dele. — Não consigo sequer manter a força. Choro como uma criança.

— Você é mais forte do que imagina — ele lhe assegurou. — É mais forte do que eu, Sansa. — a sentiu balançar a cabeça em discordância. — Você é. — ele lhe afagou os cabelos, colando seus lábios na testa dela.

— Arya não estaria chorando agora. — reclamou. Gostaria de ser mais como a irmã.

— Você não é Arya. Não se puna dessa forma, eu lhe imploro. Ela concordaria comigo ao dizer que tem uma força que você mesma subjuga. Tudo o que suportou desde a morte do pai. Joffrey, Ramsay. — ouviu os soluços dela se tornarem mais constantes, talvez não tenha sido uma boa ideia citar aqueles fatos. — Olhe para mim — então tomou a face dela em suas mãos, próxima demais. — Nunca aguentaria metade das coisas que você suportou.

— Isso não é verdade — ela o olhou tão fundo nos olhos dele que por um momento sentiu que via dentro de sua alma. Tão pura. — Você foi traído por seus companheiros de patrulha, e morreu... Não imagino como deva ser passar por essa experiência.

— Vamos dizer que nós dois estamos um pouco quebrados. Mas veja o modo como você lida com todos esses vassalos. Como eles lhe respeitam.

— Respeitam a filha de Eddard Stark. Não a Sansa. A Sansa Bolton... Ou Lannister. — sentiu o gosto amargo em sua boca. Aquelas memórias voltaram para ela com tudo, a transtornando.

— Você é Sansa Stark. Senhora de Winterfell e Rainha do Norte. Não alimente esses pensamentos. O passado é o que é. Mas seu futuro é grandioso.

— Não consigo acreditar nisso, Jon.

— Você confia em mim? — ele procurou pelos olhos dela. Ela assentiu. — Então acredite quando digo que esses homens a respeitam. Que eu a respeito.

Os olhares dos dois se demoraram um sobre o outro. Estavam tão próximos que Jon conseguia sentir o halito quente que saía da boca entreaberta de Sansa quando ela respirava. Podia contar as batidas rápidas de seu coração. Notou sua face corada pelo choro, quase tão vermelha quanto seus cabelos. A pouca luz que entrava por pequenos buracos no teto lhe dava um ar de mistério. Era fria como o gelo. E, mesmo assim, fazia com que o corpo dele queimasse. Sansa piscou algumas vezes, mas se pudesse não o faria. Cada segundo que passava sem olhá-lo era um aperto em seu coração. Não saberia dar nome ao que sentia. De toda forma, sabia que era forte demais para lutar contra. Sentiu quando os dedos ásperos de Jon lhe tocaram as bochechas, trilhando o caminho até seus lábios, os desenhando. Sansa suspirou. Os olhos semicerrados. Jon estava cada vez mais próximo e ela queria que seu corpo respondesse aos seus comandos e corresse para longe. Mas ele a prendia ali com uma atração sobrenatural.

— Jon... — seu sussurro saiu em um protesto que soou falho. Ele nada disse.

Pressionou seus lábios contra os dela de maneira tímida. Ela levou suas mãos até os cabelos cheios dele e envolveu seus dedos entre os cachos. Jon tomou liberdade de aprofundar o beijo que trocavam. Os lábios de Sansa eram gelados, pareciam mármore, lhes oferecendo uma resistência passiva. Então o gesto se tornou urgente. Como se seus corpos ansiassem por aquele contato há muito. O gosto era adocicado devido ao vinho. A cabeça da garota girava. Aquilo não podia estar acontecendo. E, no entanto, ali estavam. O sangue queimou sob a pele de Jon. Sansa sentiu quando seu âmago ardeu. O desejava como nunca havia desejado nenhum homem na vida. Mas não podia. Sentiu sua razão relutando. Travando uma batalha dentro de si que simplesmente não era capaz de vencer. A mão de Jon se moveu pelas costas de Sansa, fazendo com que seu casaco pesado caísse no chão em um baque surdo. Puxou-a mais contra si, tentando fundir seus copos. De repente, contrariado, se viu obrigado a se afastar. Ela abriu os olhos lentamente, o fitando, e olhou para os pés. Fantasma se enroscava ao redor da perna de Sansa, entre ela e Jon. Eles não se separaram, no entanto. Aproveitaram os poucos segundos que se passaram até que recobrarem o fôlego e a consciência lhes gritasse o erro.

— Não podemos fazer isso. Nós... Isso é tão errado — ela se afastou dele de forma brusca. Jon deu um passo para frente, tentando recuperar a proximidade. — Fique longe.

— Tem medo de mim, Sansa? — ele perguntou contrariado. Sabia que o que tinham feito era errado. No entanto, tudo dentro de si parecia certo.

— Tenho medo de mim. Tenho medo do que sou capaz de fazer se tiver muito próximo. Fique longe, por favor. Vamos esquecer isso.

Ela então correu. Correu para longe dele. Correu na tentativa de fazer passar o formigamento em suas pernas, o pulsar descompassado de seu coração. Queria que seu corpo não esboçasse reações tão prazerosas e se recriminou por aquilo. Encostou-se na parede gelada de pedras no lado de fora da Cripta e tocou de leve seus lábios, recordando-se da sensação de ter a boca de Jon contra a sua. E se recriminou mais uma vez quando um sorriso se tatuou seus lábios de forma involuntária. A brisa tocou sua pele de forma cortante, a fazendo notar que seu casaco ficara lá dentro. Correra para tentar fazer passar tudo o que sentiu diante daquele beijo. Não conseguiu.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse antes, estou um pouco insegura. Não sei se consegui passar com palavras tudo o que eu imaginei para esse beijo.