– CARMEN! QUE SAUDADE! - Ouviu-se um grito. Mário correu até a amiga, que estava no portão de entrada da escola, rindo. Ele a abraçou e a levantou, pois ela era uma menina incrivelmente leve. - Onde foi que tu se meteu, criatura? Fui lá na tua casa, mas tua empregada falou que tu tava viajando e só ia voltar no final das férias. Poxa. Você me deve explicações. - Disse Mário.
– Tá, tá. Bom, primeiramente: Me coloca no chão. - Falou Carmen.
– Eu não. Tô com uma visão ótima daqui. - Respondeu ele brincando. Dava para ver claramente os seios da garota, que não eram pequenos.
– Eu tô falando sério. - Reclamou ela, enquanto batia nele.
– Eu tava só brincando! - Disse Mário rindo. - Exceto a parte da visão boa, isso eu não posso mentir.
– Tarado. Bem, como eu dizia, viajei com a minha família para Orlando. Bem legal lá. E aí, como eu sei que você é muito fã de Harry Potter, te comprei algumas coisinhas.
– Que tipo de coisinhas? - Perguntou.
E então ela foi tirando de sua mochila vários posters, cordões e lembranças do mundo de HP.
– Caralho, menina! Tu me trouxe um Vira-Tempo? Meu Deus, LOVIU SOU MUTCHI!
– Tudo só pra ver o seu sorriso. - Disse Carmen, satisfeita com a alegria do amigo.
– Depois fica aí reclamando que o pessoal diga que nós somos namorados. Cê também não ajuda, né? - Reclamou ele, divertido, enquanto guardava suas coisas na mochila. Até para Diana, irmãzinha de Mário, ela comprou uma blusinha. - Mas eu também tenho um presente para você.
– Huuuum... E o que é? - Perguntou Carmen curiosa. Mário pegou uma pequena caixa vinho de sua mochila e abriu. Haviam dois colares lá. Pegou um e entregou para Carmen.
– É para comemorar nossos 9 anos de amizade. - Ele falou.
– São lindos. - Sorriu. Era um colar prateado com um pequenino pingente de um coração preto com as letras "BFF" em cima e "M" embaixo. No meio havia o simbolo do infinito. Todos esses detalhes em ouro brilhante.
– O meu, ao invés de um "M", tem um "C", para representar seu nome. Carmen. - Disse Mário.
– Eu pensei que você não gostasse dessas coisas. - Comentou Carmen.
– E não gosto. Mas, tipo... Você merece. Por me aguentar por todos esses anos. Por me ajudar com dever de casa. E por ser essa grande amiga que voce sempre foi. - Ele respondeu. - Tá esperando o que pra colocar?
– Ai, tá bom! - Ela tentava e tentava, mas não conseguia encontrar o feche do colar.
– Quer ajuda? - Perguntou ele, rindo da dificuldade da menina.
– Tava esperando você se oferecer. - Disse Carmen.
Ele se aproximou da nuca dela, dava para sentir sua respiração. Quando pegou o colar, sem querer, acabou encostando no pescoço dela. Ao toque a garota se arrepiou.
– Obrigada. - Disse.
– De nada. - Respondeu ele sorridente. Eles ficaram num silêncio constrangedor. Foram andando até o pátio, até que Mário quebrou o silencio.
– Como foi sua viajem? Quero saber de tudo.
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Jaime se encontrava beijando uma menina qualquer atrás da quadra da escola. Não nem sequer havia perguntado o seu nome. Apenas se beijavam. Até que ele percebeu que Paulo e Kokimoto, seus dois melhores amigos, se aproximavam do local. Eles dois puxaram Jaime do beijo sem nem olhar para o rosto da garota. Ela não pareceu se importar. Apenas sorriu e saiu como se nada tivesse acontecido.
– Porra, Jaime, não são nem 6:30 e tu já tá nos amassos com uma garota? Nem fala com a gente! - Brigou Paulo.
– Eu tenho a impressão de que ela nem do Médio é. - Disse Koki.
– Calem a boca os dois! Ela me puxou assim que eu cheguei, não tem quem resista, pow. - Falou Jaime.
– Esquece! - Disse Paulo. - Como foram as férias, "garanhão"?
– Anh, mais ou menos. Nem peguei muitas garotas... Tô triste. - Respondeu Jaime, brincando.
– Cê ainda é virgem? - Perguntou Kokimoto.
– C-clar-ro-o que não! - Mentiu Jaime. Ele dizia que era pegador, porém só beijava as garotas. Só isso. - E as de vocês? - tentou mudar de assunto, e ficou aliviado quando funcionou.
Eles continuaram andando até o pátio, e se encontraram com os outros meninos.
– Galera, alguém viu o Mário? - perguntou Daniel. - Só ele que não tá aqui.
– Deve tá com a namoradinha dele. - Respondeu Davi.
– Quem? - Perguntou Adriano.
– Quem mais ô bestão? Claro que é com a Carmen! - Respondeu Jaime.
– Por falar nele... - Disse Jorge. - Lá vem ele abraçado com a namoradinha.
– Fala galera! - Disse Mário, cumprimentando os amigos.
– Tu tá namorando com a Carmen, seu merda? - Perguntou Daniel.
– Claro que não! E por que esse assunto agora?
– Porque tu chegou abraçado com ela, e tá até comum cordão de coração com um "C" estampado nele! - Disse Davi, como se fosse óbvio.
– Ah, isso? Foi um presente que eu dei pra ela. Pra comemorar nossos 9 anos de amizade. Tipo, só. - Respondeu pensativo.
– Mas bem que tu queria pegar ela, né? - Perguntou Jaime.
– Bem... Isso sim. - Mário respondeu rindo.
– Me diz, quem não queria? É magra, tem o rosto bonito, peito, coxa e bunda. E aqueles óculos só fazem ela ficar mais parecida ainda com uma atriz pornô. - Disse Paulo.
– Fala isso de novo que eu te quebro a cara! - Disse Mário bravo.
– Mas, Mário, é a mais pura verdade. - Disse Cirilo.
– Eu sei, mas não repitam isso! - Brigou o garoto. - E, além do mais, nenhum de vocês teriam chance com ela.
– Ah é? - Disse Jaime - Por que não?
– Ela tem um coração de gelo. - Respondeu Mário. - Não gosta de nenhum garoto desde o 5° ano.
– E de quem era o garoto que ela gostava? - Perguntou Adriano.
– Não interessa. - Respondeu.
– Mas isso significa que ela é BV, não? - Perguntou Davi.
– Não. - Respondeu Mário.
– Mas então, quem que ela beijou? - Perguntou Kokimoto.
– Não foi ela quem beijou, fui eu que beijei ela. - Respondeu Mário, caçoando dos amigos. - Foi no 8° ano. Ela tava mó triste por causa do menino que ela gostava. Ele tava namorando, nem sabia da existência dela. Só a ignorava. Aí eu não resisti. A gente tava lá no quarto dela. Ela tava deitada na cama, e eu sentado do lado dela. Aí ela falou isso, e a beijei. Tipo, foi bom. Sei lá. E foi o meu primeiro beijo também. - Ele relembrou. - Depois disso, nós ficamos bem mais amigos. Somos como irmãos. Por isso que eu digo: se algum menino magoar ela, vai ter que se ver comigo.
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Os meninos continuaram conversando até o sinal bater. Os alunos subiram as escadas para o 2° andar, onde ficavam as turmas do Fundamental II e do Ensino Médio.
Tiveram os dois primeiros horários de aula com a professora Helena, de Matemática. Depois, tiveram os dois próximos horários, um antes e outro depois do recreio, com uma professora até bem legal, de História, parecia estar na faixa dos 50 anos. Depois do recreio eles tiveram aula de Filosofia, com uma professora um pouco mais chata. Essa só sabia falar de paz e amor.
Depois, foram liberados.
Carmen e Maria Joaquina ficaram de papo furado com as meninas até esperarem seus respectivos motoristas chegarem.