Aquelas duas semanas após férias do meio do ano haviam sido de apresentações e revisões do que havíamos aprendido no ano passado. 

Tudo bem que havia ocorrido ano passado foram aquelas cotidianas piadas de Mason se juntando com um grupo de babacas e zoando meu grupo, mas Mason em especial procurava sempre encrencar comigo, e numa dessas palhaçadas preconceituosas, eu quase chutei suas bolas. Mas isso é papo para outro momento. Claro que não devo esquecer, me aproximei muito mais de Anna e com Jane, uma garota que entrou no meio do ano. Matthew e eu continuávamos os mesmos, a mesma amizade incrível e conversas cada vez mais sarcásticas; só acabamos por nos afastarmos um pouco dentro do Colégio por conta dos amigos dele e dos meus serem um pouco de realidades diferentes, mas isso não o impedia de falar conosco e nós com ele, mas fora isso, tudo corria normal. 

Agora eu estava com Noah e Anna, conversando e indo para a aula da professora Regina, a professora mais brigona de toda a escola. E o melhor eram as brigas com os alunos. Devo admitir, eu amava as tretas daquela mulher. E era lindo o romance dela com Emma, mas novamente, papo para outra hora. Entramos na sala e sentamos, pegando os cadernos e vendo a professora começar a falar. 

Conforme as aulas iam passando, eu tentava me manter de cabeça levantada e ainda no chão e não nas nuvens. Mas minha mente insistia em viajar para o fato de que mais e mais nos aproximávamos da festa de Formatura do Ensino Médio. Era engraçado analisar tudo que vivemos, fomos o único grupo da escola que não compareceu à nenhuma dessas festas dos alunos, por termos feito um pacto que consistia em não ir para esses lugares e sim ficarmos entre nós. Nossas vidas não foram as vidas mais excitantes de Colegial, mas foi a mais simples, amigável e feliz. 

Levantei a cabeça rápido da carteira ao me sentir ser espetado por algo, olhando para trás e não vendo nada/ninguém que incriminasse. Olhei de soslaio para Anna, que sorriu irônica, me indicando Mason. Revirei os olhos, decidido que eu iria falar com ele no fim da aula. Nesses dois anos eu evolui muito, já conseguia responder ele e dar patadas, mas tomar a decisão de ter uma conversa era nova. 

O sinal não demorou para bater e eu recolhi meu material, rasgando um pedaço de folha e jogando em Mason, vendo-o se virar para mim, bravo. Somente sorri, prendendo meu cabelo, olhando-o pegar o bilhete, logo saindo. 

Oi imbecil. 

É o seguinte: após aula de Ed.F que eu sei que é a mesma nossa no mesmo horário, vamos conversar. 

Bjs, _|_. 

(...) 

Terminei a partida de vôlei, indo direto para o vestiário, onde eu e Mason iríamos nos encontrar. Peguei minha toalha e coloquei sobre a nuca, secando ali. Enquanto me olhava no espelho vi o garoto se aproximar de mim, então me virei. 

Ele estava mais gostoso, não nego. Um moletom que estava colando nas coxas grossas e levemente roliças do mais alto, enquanto uma regata mostrava o físico do mesmo, com o suor escorrendo, a cara séria me fazendo querer rir. 

—Fala, viado. - Mason falou, vendo o vestiário se esvaziar aos poucos, tanto por ele ter chegado, assim como que poderia ter uma briga por estarem escutando nossa conversa. 

—E o senhor, seria? Não fui eu que te beijei neste mesmo vestiário ano passado, só retribuí. - Zombei dele, que me encarou com as sobrancelhas arqueadas, um sorriso de lado. A provocação fora recebida e rapidamente processada, resultando em uma aproximação imediata. Ele colocou as mãos grandes nas minhas coxas, puxando-me, enquanto o short rosa – infelizmente por eu ter me confundido todo na hora de lava, meu short branco agora era rosa – somente dava mais liberdade para subir por dentro da minha cueca. Levei minha mão até a mão dele que tentava adentrar minha cueca. 

—Não me provoque, Mason. - Falei, olhando para o homem de cabelos loiros raspados, antes loiros ondulados. - Digo em todos os sentidos. Sei que nos pegamos em alguns momentos, mas deixe menos visível seu desejo já que quer tanto manter sigilo sua sexualidade. 

—Ah, Eth. É impossível, você é muito gostoso. - O garoto me puxou, uma mão na minha bunda, enquanto outra estava na cintura, colando nossos lábios - é, muitas coisas haviam ocorrido desde o início do primeiro ano. Minha relação com o garoto era simples, nos odiávamos, mas nos usávamos. Minha primeira relação sexual fora com ele, no ano passado, por conta de um trabalho dado pelo senhor Júnior. Os lábios quentes do garoto me hipnotizaram, colando minhas costas nos armários, enquanto abaixava meu short de malha. Levei minhas mãos à sua regata, tirando-a, podendo sentir seu corpo suado me puxar, desejando-me. O bom de não nos gostarmos de verdade, era que descontávamos nossas frustações, desejos um no outro. Mason me prensou contra o armário, me masturbando, finalmente adentrando meu short. Eu me arrependeria mais tarde de estar fazendo aquilo ali, mas não pararia. 

*** 

Cheguei em casa, logo obcecado pelo que iria vestir na festa que logo se aproximava. Tantas coisas para pensar. Peguei o celular e liguei para Anna e Matthew, para contar do dia de hoje e pedir ajuda no quesito da minha roupa. 

(...) 

—Ainda não acho que seja uma boa coisa, essa a de vocês dois. - Matthew falou, após contar sobre mim e Mason. 

—E não é. Nós só ficamos, nos usamos. Eu sei que ele não gosta de mim, igualmente. Eu só sinto uma puta atração por ele. Simples. - Falei, e Matthew assentiu. 

—Apesar de tudo... Ele realmente é muito gostoso. - Anna falou, rindo, fazendo com que nós ríssemos também. 

—E então, recém-descoberto bissexual, como vai esse processo? - Perguntei, me dirigindo à Matthew, que riu nervoso. Olhei minhas poucas roupas no armário, achando no fundo, empoeirado, uma camisa social branca. 

—É... Complicado ter me descoberto e tudo, mas, não estou nervoso. Só ainda é muito recente para mim. - Matthew falou, meio incerto, sacodindo os ombros. 

—Calma, porque é assim mesmo. - Eu e Anna falamos ao mesmo tempo, rindo em seguida. Corri para o computador, procurando tudo o que precisava, para fazer meus amigos escolherem. Após tudo decidido, ficamos conversando mais, comigo me preparando para as coisas que viriam daqui ailguns meses. 

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Alguns meses depois.  

Quinze minutos antes da Festa da Formatura. 

Me preparei, de frente à porta do ginásio, com meus amigos ao meu lado. Nós todos coloridos, literalmente, por conta de nossas gravatas, que até as meninas optaram por usar. Demos todos os braços e entramos, cerca de sete adolescente, juntos de braços dados como centopeias. Ri, com a música que tocava, Hair, do Little Mix. A mesma que eu costumava dançar com Anna e Jane nas festas de pijama. 

Tudo estava lindo, decorado em neon e de um jeito extravagante. Todos sorrimos e corremos para a pista de dança, a única que no momento nos interessava. Eu batia palma, acompanhando com o corpo, em uma dança movimentada, a música em seu remix; vendo os outros dançando loucamente, me fazendo rir. 

No dia seguinte nos entregariam nossos canudos, hoje era a celebração, e como sempre, hoje era somente uma diversão nossa, não ligaríamos para os outros, afinal, nossa vida iria entrar em um colapso com a faculdade. Vi Mason e mandei um beijo, zoando, vendo-o rir – esse cuzão que tanto me atormentou, era uma pessoa tão gente boa. 

Olhei para todos meus amigos, sorrindo de orgulho, havíamos chegado até ali, inteiros e sabendo que, mesmo que a vida nos separa-se e ela ia, ainda sim, sempre seríamos amigos. Por amizade verdadeira é isso, nunca acaba, e não é um mar de rosa sempre. 

Para que me preocupar com o amanhã, peguei na mão de Matthew e gritei, dando a louca definitivamente, me soltando na dança, afinal, ainda somos jovens.