Capítulo 3 – Química, sério?! 

Enquanto nós três corríamos para a sala, que infelizmente era química, eu tropecei e quase fui para o chão, mas me recompus e respirei fundo, me virando para Matthew e Anna, que assentiram e batemos na porta aberta, pedindo licença para o professor, que sentado esperava a sala encher. 

Nos sentamos – infelizmente eu pude notar que Mason fazia parte daquela sala também. Ficamos conversando um pouco, sobre o que esperávamos para esse ano e que professores nós já conhecíamos, por menção ou por olhar. Aproveitei para conhecer Anna, que me aparentava ser alguém de extrema inteligência e supergentil, como mostrara ser verdade. 

Classe, silêncio por favor. Obrigado. Meu nome é Rodrigo e sou seu professor de Química. Sim, aquela matéria com cálculos muito irritantes, mas meu dever é facilitá-los para vocês. Sei que alguns gostam da matéria, mas odeiam as contas, mas relaxem, hoje será somente conversas e brincadeiras.... Enfim, vocês são a sala dos que conquistaram suas bolsas ou conseguiram pagar, a única sala nova, sendo que todas as outras se conhecem desde o primeiro ano do fundamental e prosseguem nessa mesma escola até o último ano de colegial, e quero saber quais são seus sonhos, em termo de viagem ou trabalho. - Disse Rodrigo, sorrindo, começando a perguntar para cada um seus nomes, idades e então, seus sonhos. 

Ao chegar em Anna, que sentara em minha frente, logo se pronunciou: - Meu nome é Anna Moonstar e tenho 16 anos, meu sonho em trabalho é ser advogada e quero viajar o mundo, mas especialmente, preciso conhecer Roma e Egito. 

O professor sorriu e prosseguiu para mim, que sentei atrás de Anna. 

Meu nome é Ethan Wright e vou fazer 15 anos, quero ser professor, escritor e tradutor. Pretendo viajar para Grécia, Irlanda e Bélgica. 

Ele sorriu, o que parecia ser um sorriso nostálgico e pronunciou: - Você me lembra meu amigo Oliwer, quando pequeno.  

E prosseguiu, perguntando para outras pessoas, até chegar em Matthew, que sentara ao lado de Anna. O mesmo se pôs a falar: - Matthew David. 15 anos. Quero viajar para Austrália, me formar em biologia. 

E assim prosseguiu a aula, com 50 minutos de conversa e brincadeiras por parte do professor, assim que bateu o sinal, saímos em rumo ao corredor, por onde passou uma professora, que tenho que reconhecer, era muito gostosa. Era Jenny, a professora de Educação Sexual, que Anna falou ter escutado de uns garotos, que provavelmente, faziam parte do 2º ano. Ela era loira, com os olhos castanhos, cabelo curto e olhar fogoso e malicioso, corpo curvilíneo e sorriso ameaçador. E sim, essa era nossa próxima aula, portanto, fomos seguindo a mesma. 

Ao entrar na sala, com o sinal batendo incessante atrás de nós três. A professora aguardava sentada sobre a mesa, com as pernas cruzadas, revelando-as brilhosas e raspadas de modo profissional. 

Olá sala. - Ela disse, fazendo com que um-a-um fosse se calando. - Parabéns por terem conseguido entrar na escola, mesmo com os nervos dos exames para aprovação. Quero saber seus nomes e depois vamos conversar sobre algo sério. 

Após todos terem falado seus nomes, ela se levantou da mesa, fechando o sorriso. 

Vindo para cá, eu vi muitos meninos assediando garotas. No começo algumas gostaram, mas quando começou a avançar, e elas disseram um não bem audível, eles não pararam e tentaram dar um beijo e/ou continuaram às cantadas. Antes que comessem as "piadinhas" por parte de alguns meninos, devo lhes amigavelmente avisar: Se eu ver que estão assediando as meninas, eu vou dar uma suspensão e marcar reunião com os pais ou responsáveis, se eles não aparecerem, eu irei até a casa de vocês. - Ela disse, com a voz potente, olhando nos olhos de todos. - Eu sou legal para um monte de coisas e gosto sim de ouvir cantadas, portanto que não me desrespeitem ou ao eu falar não, a pessoa não aceita e continua. Enfim, eu só quero que respeitem uns aos outros... Mas e agora, do que querem falar? 

Eu podia notar que em alguns momentos ela olhava pela janela que dava para o corredor e sorria como se zombasse, eu não era o único, Anna olhava para mim e fazíamos aquela cara de curiosos. 

... 

Então, meus queridos e gostosos alunos, vocês terão aula de biologia depois do nosso breve intervalo, com o professor Tiago, espero que gostem. - O sorriso daquela mulher indicava alguma coisa, com absoluta certeza. 

Saímos da sala e fomos para o pátio, guardando o material não usado da primeira aula nos nossos armários, o meu perto do refeitório, enquanto o de Matthew era na esquina. Anna estava com uns três armários antes da porta do refeitório. 

Olha, estamos pertos uns dos outros. Adoro. - Disse Anna, tirando sorrisos de nós, que fomos para o refeitório e apresentamos Noah e Jordan para a garota. Não sem antes eu deixar bem claro que me perguntei onde diabos eles haviam se metido desde que eles avisaram que estavam chegando, assim que eu e Matthew entramos na escola, naquele mesmo dia. 

Onde caralhos vocês estavam? - Perguntei, vendo Noah sorrir para Jordan, que riu. 

Se pegando. - Respondeu Noah. 

Sério? - Perguntei, alegre. 

Não. - Respondeu Jordan. 

Hãn? - Perguntei, já com a lerdeza atacando. - Enfim, sem brincadeiras, podem de dizer de fato onde estavam? 

Na diretoria, ao chegarmos, fomos na diretoria, e lá tivemos que resolver a documentação, afinal meu pai está pagando para mim, e o pai de Noah aceitou a proposta de ajuda do meu pai... Então, foi isso. - Respondeu Jordan, vendo Noah rir da minha cara de lerdo ainda não desfeita, por eu estar pensando neles se pegando. 

Ah... Mas vocês já se pegaram? - Perguntei, e Matthew ri atrás de mim, falando para eu ficar quieto. 

Enfim, esse é o mais novo do bando, Noah. Esse é o mais velho, Jordan. - Disse Matthew, vendo ela assentir e eles olharem para ela como se a conhecessem. 

Conhecemos você, você estava na diretoria berrando que haviam lhe colocado no dormitório masculino. - Falaram ambos, meio enrolados, causando na garota uma risada curta. 

Pois é. - Disse ela, e ficou por uns momentos naquele silêncio de tipo 'conheço vocês há pouco tempo'. 

Que silêncio constrangedor. Vamos comer? - Disse Anna, e assentimos, indo todos para a fila. Pegamos nossa bandeja e prosseguimos, pegando tudo que nos agradava, peguei dois potinhos de gelatina de morando, porque sou desses. E também purê de batata. Enquanto os outros eram saudáveis e pegavam comidas razoavelmente boas para a saúde e não podres para a mesma. Anna pegou um punhado de batata-frita e saiu da fila feliz, e a partir daquele momento, eu gostei dela ainda mais do que eu já estava gostando. 

É assim que se faz, esse povo saudável, não sabe como viver a vida. - Eu disse, e tocamos um 'high-five', rindo em seguida. 

Não sabia o porque, mas eu sabia, eu tinha um elo especial com aquela menina ainda desconhecida por mim. Em um único dia, eu havia me conectado à alguém, algo incomum por mim. 

Voltei a comer, rindo ao ver Noah quase ir para o chão com Jordan atrás dele fazendo o mesmo tropeçar. O queixo do mesmo estava sujo de purê, e nisso, todos, ao notar riram, fazendo o menino notar que tinha algo errado e tirar o purê. 

Conversamos, sobre como estava sendo até agora para cada um de nós. E quando vimos, estávamos conversando sobre algumas coisas do passado, e assim, descobri sobre a menina ao lado de Mason na mesa ao centro do refeitório, essa mesma garota era "melhor amiga" de Anna  dois anos atrás, "melhor amiga" entre aspas porque havia exposto ela em frente à escola inteira. Então, quando iniciou o último ano do fundamental, Anna 'saiu do armário' e se revelou Trans para toda sua escola, aproveitando e mandando Vally (esse é o nome da garota) se foder em frente da escola toda. E saiu desfilando por entre os corredores.  

E passamos aqueles trinta minutos ali, conversando mais sobre nós. Quando o sinal tocou e nos levantamos, eu havia acabado de contar a minha história para a garota, que sorriu e pronunciou: - Se Matthew não fosse hétero, eu juraria que você e ele são a alma gêmea. 

Parei um minuto, ainda de pé, olhando enquanto ela ia na lixeira e jogava o restante de comida na mesma, voltando em seguida. 

Impossível. - Somente me pronunciei com uma única palavra, indo na lixeira, jogando o lixo e voltando para Anna, e ambos seguimos para a próxima aula, História, com o professor Oliwer, eu com o pensamento de que a noite logo chegaria, e eu iria dormir como nunca, pois eu realmente não queria ter que aguentar Mason e muito menos aquela semente de dúvida sobre o que Anna falara.