Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 8
Capítulo 07 — Quando Rose entrou para a Sonserina.


Notas iniciais do capítulo

Tcharaaam! Capítulo novo e lindinho cheio de Scorpius e Rose para todos hahaah. Vocês não sabem como fiquei feliz que gostaram do ponto de vista do Albus e do apelido da Rose: "Grindelrose"! Não deu outra e eu fiz uma edição meia-boca sobre esse apelido kk vocês vão entender melhor no decorrer do capítulo de agora.
Então boa leitura! Curtam bastante a volta do Scorpius com a Grindy ♥
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Capítulo 07

Quando Rose entrou para a Sonserina.

 Scorpius

 

Scorpius acreditava piamente que todo mundo tinha uma vozinha que falava quando era a hora de parar alguma coisa. E acreditava também que Albus tinha uma audição seletiva, pois ele nunca, nunca parava quando a vozinha berrava na sua cabeça. Passaram quase duas horas na biblioteca tentando enumerar saídas para a enrascada que não envolvessem: fugir do castigo, não ir a Hogsmead com Nate Parkinson e beber Poção Polissuco. Não que a poção fosse uma ideia ruim, seu único e grande problema era a necessidade de um mês para prepará-la. E eles tinham apenas 20 horas.

Quando chegaram a uma conclusão, precisaram correr ao Grande Salão. O jantar estava para acabar, então seria muita sorte para encontrar Rose Weasley ainda na mesa da Grifinória.

Até combinaram a discrição do momento! Que Albus só chegaria em Rose e a cutucaria sem chamar a atenção dos seus companheiros de casa. Então, iriam de mansinho encontrar Scorpius do lado de fora para ela não pirar por ser vista conversando com eles. Mas não, ah não. Alguma coisa ainda não identificada (com certeza não era a vozinha) pelo mundo bruxo morava na cabeça de Albus Severus Potter e o impedia de agir como um ser humano normal.

Ao invés de só cutucar Rose, Albus correu entre as mesas, atropelando umas meninas da Lufa-Lufa, puxou de uma vez o braço da prima dele e quase a derrubou. Scorpius precisou assistir àquilo do portão e ver a cara horrível que ela fez durante o trajeto. Roxanne deve ter visto também! Ela veio logo em seguida com passos apressados e nem um pingo de animação na cara.

— É bom que alguém esteja morrendo — sussurrou Rose ao passar por Scorpius.

Albus e ela foram à frente, direto para o pátio do épico combate Potter VS. Malfoy — que de épico só gerou mais uma detenção — enquanto Roxanne e Scorpius os seguiam. Não que fosse a melhor escolha àquela hora, alguns alunos reuniam-se nos bancos sob a grama antes do toque de recolher. Provavelmente tudo aquilo era uma péssima ideia, afinal.

— Fala para elas, Scorpius — disse Albus quando pararam de andar. Elas o encaram de uma vez, fazendo-o engolir a seco. — Não temos o dia inteiro. É amanhã...

De certa forma, Albus estava fazendo aquilo para evitar os estudos, mas não precisava ser tão incisivo.

— Certo — suspirou. Sabia que tudo iria dar errado. Tudo sempre dava errado com ele e Rose Weasley no mesmo capítulo. — Nate Parkinson me chamou para sair amanhã à tarde.

Rose franziu as sobrancelhas devagar e em silêncio. Pelo visto, a frase soou um pouco diferente do que ele pretendia.

— Amigavelmente ou romanticamente? — Ela piscou e fez Albus rir. — Porque, assim, Nate Parkinson é um trasgo, mas eu entendo se você gostar dele. Eu também gosto de caras ruins.

— Por que as pessoas estão presumindo que eu me interesso por qualquer um? — bufou Scorpius para si mesmo, lembrando-se de Albus falando de Lily. De Rose também! Era uma grande piada. Daqui a pouco diriam que ele tinha uma queda por Albus. — Foi amigavelmente. Parece que ele soube da briga de segunda e quer fazer amizade com o “cara que enfrentou James Potter”.

Roxanne sacudiu os cabelos encaracolados, como se não houvesse entendido a situação.

— Isso é algo bom, certo? Se fizer amizade com o Parkinson, significa que Rose não irá mais te torturar.

A Weasley ruiva encarou a outra. Por Merlin, “insultar” devia ser uma regra na amizade delas duas.

— O problema é que amanhã também é a detenção do Akilah — disse o Albus, batendo no ombro de Scorpius. Roxanne retraiu o rosto de pena. — Precisamos que ele vá a Hogsmeade. Não dá pra perder essa chance para fazer umas redações.

Então, os dois garotos encaram Rose. Passar a perna no professor de Transfiguração parecia uma coisa bem impossível se considerassem que ele era pago para ensinar a enganar as formas das coisas. Mas, se alguém era capaz de fazê-lo, esse alguém era Rose Weasley. Não que, em qualquer momento, Scorpius achasse que ela fosse topar.

— Precisamos que você transfigure alguém em mim — ele murmurou, sentindo o rosto formigar. — Ou em alguém parecido comigo. Albus vai cuidar da maior parte da farsa.

Parou de falar e esperou que a Weasley começasse a rir desesperadamente e desse meia volta para entrar no Grande Salão outra vez. Ela ficou parada, para a surpresa da humanidade inteira.

— Transfiguração humana? — Rose realmente levou a sério! Ergueu o rosto, pensativa, como se estivesse listando sua capacidade ou algo assim. — É difícil, ainda estamos aprendendo muita coisa. Eu não me importo de tentar, você só tem que encontrar alguém com tom de pele parecido, olhos... essas coisas são mais complicadas de mudar. Não sairia algo perfeito e dificilmente enganaria o Akilah. Seria o Albus?

O moreno sorriu e negou com a cabeça.

— Eles também me chamaram, mas eu prometi que ficaria responsável por distrair o Professor Akilah. Quem nós realmente temos que enganar é o James, que também está de detenção.

— Ah, então vai ser moleza. — Rose sacudiu os ombros e sorriu. — Posso transfigurar até uma garota no Malfoy que ele não vai notar nenhuma diferença.

— Bom, é exatamente isso que nós esperamos — disse Scorpius antes de baixar o queixo para fitá-la diretamente.

Um silêncio rasante se fez e congelou todos. Eu vou apanhar. Eu vou apanhar muito. Scorpius imaginou, contraindo o rosto. No fundo, tinha até um pouco de medo de Rose Weasley. Pessoas loucas devem ser temidas, claro. E desde que escutaram Roxanne chamando-a de “Grindelrose”, o rosto de Gellert Grindelwald surgia na cabeça dele sempre que a via. Não era uma visão muito boa.

 De alguma forma Albus o convenceu a falar com Rose e pedir aquilo, o que era extremamente idiota da sua parte! Quer dizer, Rose e ele estavam começando a se entender desde o pedido de desculpas dela na segunda-feira. Claro que ele descartava o quase assassinato por afogamento na enfermaria.

Não era como se ela ainda o estivesse chamando de “cobra branca”! Ela estava, teoricamente, mais passiva. E essa passividade estava a ponto de acabar porque Scorpius ignorou a sua própria vozinha para escutar Albus. Até porque o que ele estava pedindo ficou um pouco claro depois que a encararam por um tempo. Queriam que Rose se transfigurasse no lugar de Scorpius para atender à detenção.

De repente, Roxanne riu. Riu alto e alegremente, enquanto Rose fazia um “O” com a boca. Os olhos dela fulminaram! Flamejaram! Alguma coisa, com certeza, saiu deles!

— Não. Não, não e não. Não! — ela berrava e jogava os cabelos para todos os lados! Estava furiosa! — Definitivamente, não! Vocês devem ser dois desesperados para imaginar que, em sã consciência, eu diria...

— Ela vai — interrompeu Roxanne, passando o braço por cima dos ombros da outra. Scorpius não conseguiu sequer piscar, embasbacado. — Não vai, Grindy?

Rose a encarou, provavelmente tentaria sufocá-la com um travesseiro naquela noite.

— O que pensa que está fazendo?

— Cuidando da sua redenção. Depois de segunda, é o mínimo que você pode fazer. — A coragem dela em encarar a provável reencarnação do mal era no mínimo épica. — Você deve um favor a ele.

Foi como se uma lâmpada acendesse na cabeça de Scorpius. Ter Roxanne no seu time de amigos havia se tornado uma nova meta pessoal.

— Nem pensar! — gritou a ruiva, esquivando-se da outra. Ela olhou para os lados, checando se ninguém via aquele surto, era quase engraçado, especialmente porque seu rosto ficava vermelho como os seus cabelos. — Eu já estou ajudando um Malfoy. Nem em pensamento que eu me transfiguro nele.

Scorpius ergueu as sobrancelhas. Por um momento, realmente acreditou que ela havia parado de carregar tanto a voz quando o chamava pelo seu sobrenome. Droga, certas coisas não mudam. Ela merecia o apelido de Grindelrose, e como merecia!

— Esqueceu que a minha popularidade é um trato? — disse e cruzou os braços, evitando olhar para aquele traste de pessoa. — Faça isso, e nosso acordo continua de pé.

Rose o encarou, prensado os olhos.

— Ouviu isso, Roxie? Agora ele acha que pode me chantagear!

— E não pode? — Roxanne deu de ombros. — É um garoto esperto, admita.

Foi engraçado ver Rose enfiando as mãos na cabeça e rosnando angustiada para si mesma. Aquela garota precisava resolver sérios problemas pessoais antes de entrar em um ambiente de convívio social. Scorpius riu imaginando que o problemático ali era para ser ele.

— Por que não pode ser a Roxanne?! — perguntou, puxando a capa da outra, que riu.

— Você disse por si só, a cor da pele é complicada de ser alterada — disse ela. Claramente, estava se divertindo muito com a ideia.

Rose pareceu ainda mais desnorteada.

— Não é como se fosse o fim do mundo — falou Albus, aproximando—se dela. — O plano é que eu faça o Professor Akilah sair da sala, aí você troca de lugar com o Scorpius para terminar a redação dele. Coisa bem simples! Ele pode até trazer umas varinhas de alcaçuz da Dedos de Mel para você.

— Hmm, bem que ele podia trazer também Diabinhos de Pimenta. Eu amo Diabinhos de Pimenta. — Roxanne gemeu de olhos fechados. — Posso ir com você?

Scorpius concordou com um movimento de cabeça. Quando percebeu, Roxanne Weasley sorria abertamente, ameaçando se aproximar. Algo lhe dizia que, se fossem amigos, ela o abraçaria.

Não se lembrava da última vez que alguém o abraçou com naturalidade sem ser sua mãe ou Albus.

— Eu não deveria fazer esse tipo de coisa — murmurou Rose, completamente alheia aos outros. Ela se chocou com uma parede, falando coisas para si mesma. Não demorou mais que alguns segundos para começar a bater com a palma da mão na própria testa repetidas e repetidas vezes! — Rose Granger-Weasley! Recomponha-se! Proteja seu investimento!

— É melhor deixá-la com seus pensamentos? — sussurrou Scorpius para Roxanne.

— Relaxa, ela já vai voltar ao normal. — Apontou para o surto da prima.

Então, ela se virou de uma vez para eles, suspirando. Os três se entreolharam, o drama havia acabado aparentemente.

— Ouçam bem o que vou dizer porque eu odeio repetir as coisas, inclusive você Roxanne, sua traidora — disse Rose com os lábios finos de desgosto. Assim, olhou diretamente para Scorpius com magnetismo, apontando para o peito magro do rapaz. — Você vai passar as próximas duas semanas com o mapa, e é bom que termine logo o desenho do castelo. Eu quero trinta varinhas de alcaçuz da Dedos de Mel e quero que você faça meu dever de Runas Antigas. Só aceito tirar “Ótimo” nele, entendeu? Senão espalharei tudo sobre você para a escola!

Ele engoliu a seco.

— Mas Runas é uma eletiva que eu não faço.

— Não quero saber! Preciso estudar para Poções, e Runas está me atrapalhando — resmungou e começou a passar a mão no cabelo, arrebitando o nariz. — É só um bom negócio.

Ela era louca, uma louca com a cabeça de gênio. Não havia combinação pior no mundo da magia.

— Então... — Scorpius pausou por um momento por hesitação — estamos combinados?

Albus imediatamente ergueu os braços como se fosse vitorioso, e Rose chocou a visão com o Malfoy, exprimindo uma cor esverdeada e castanha na direção dele. Não se lembrava de já ter notado qualquer tipo de vida naqueles olhos pequenos até o dado momento.

— Faça essa saída valer à pena — disse ela gravemente.

Faria. Ao menos era esse o intuito.

Naquela noite, Scorpius se pegou olhando para o teto do seu quarto, na masmorra da Sonserina. Imaginava todas as vezes em que Rose o olhava atravessado e com hesitação. Era como se ela não o odiasse verdadeiramente, mas odiasse o fato de ele existir. De ser um Malfoy. De ser da Sonserina. Não entendia como alguém podia ter raiva de um nome e não da pessoa que o carrega, até porque ela o ajudava. Por chantagem ou não, não havia a menor obrigação em fazer tudo aquilo.

Mas qual seria o objetivo de Rose Weasley em ter um mapa de Hogwarts? Talvez ela fosse traficar doces para dentro ou organizar uma invasão dos seus mentores das trevas.

Grindelrose... Riu sozinho, enquanto todos dormiam. Se começasse a chamá-la daquele jeito provavelmente seria azarado e chutado por todo o território de Hogwarts. Aquela garota ainda ia causar um belo desastre com o trato.

Sabia que não podia desmerecer aquele esforço todo que ela fazia. Eram parceiros, afinal. Sócios, por assim dizer. E sócios devem cuidar um do outro. Certo?

 

.

Rose

 

O relógio badalou duas horas da tarde. Tarde de sábado. Salve-me, Dumbledore...

A cada volta que Rose fazia com a faixa de Priya ao redor dos seus seios, arrependia-se mais. Quatro. Cinco. Seis. Arfou sem ar e olhou-se no espelho. Aparentemente, era possível ela ficar mais reta do que já era.

— Não está tão ruim assim. — Roxanne se levantou de sua cama com rapidez, entregando o moletom escuro. — Mas seria engraçado se Priya notasse que a faixa sumiu. Será se ela te culparia?

Era uma grande faixa azul que a amiga delas usava na cabeça, por sorte era pouco elástica, o que a tornou a primeira opção quando pensaram em algo que pudesse diminuir os seios de Rose.

No Salão Comunal da Grifinória havia poucos alunos, quase todos do primeiro, segundo e terceiro ano. De acordo com Hermione Granger-Weasley, na sua época, os alunos do terceiro ano tinham permissão para visitar o vilarejo de Hogsmeade porque havia um controle maior da escola. Eram idas bem esporádicas. Agora, a cada três finais de semana, os alunos acima do quarto ano tinham permissão para visitas. Era uma forma de movimentar a economia de lá, provavelmente.

Desceram longas e intermináveis escadas até chegarem ao corredor do banheiro feminino do segundo andar, onde Albus e o Malfoy as esperavam com roupas diferentes dos usuais uniformes da Sonserina.

— Trouxeram o combinado? — disse Rose, observando os arredores. Ninguém estava por perto.

Scorpius mostrou um conjunto de roupas dobradas e com cheiro forte de amaciante. Rose achou até engraçado, ele realmente era um garoto engomadinho. Entraram juntos, enquanto Albus ficava de vigia na porta.

A garota não demorou praticamente nada num dos boxes para trocar de roupa, mais por temer a Murta surgir e encher o saco do que qualquer outra coisa. Bastou sair para escutar umas risadinhas de Roxie, e provavelmente de Scorpius também. Sentiu-se ridícula com uma camisa branca folgada e calças longas demais para suas pernas. Vestiu o casaco preto que o garoto tinha em mãos, era igual ao que ele vestia.

— Nervosa? — perguntou o Malfoy.

Rose deu um sorriso irônico.

— Nervosismo não existe no meu dicionário. Você está preparado?

Ele assentiu. O plano tinha tudo para dar certo, óbvio que foi a própria Rose quem o organizou. Postou o loiro entre si e o maior espelho que havia. A mudança do queixo e das maçãs funcionaria. O cabelo espetado também daria certo. As pernas extensas, porém, seriam o mais difícil, era o tipo de coisa que só estudariam no final do ano. Deviam ter roubado o estoque de Polissuco de Slughorn, se é que ele tinha a poção já pronta.

— Eu só posso estar enlouquecendo para fazer isso — disse ela quase internamente, medindo com o olhar a altura de Scorpius. — Recapitulando o script, Malfoy vai...

— Vou me apresentar ao Professor Akilah antes de tudo. Pedirei para ir ao banheiro e irei de encontro a Roxanne — ditou como ela tinha informado no dia anterior. Perfeito. — Passarei uma hora e meia em Hogsmeade e trocarei de novo com você no mesmo esquema.

— Ahn, eu tenho uma dúvida — falou Roxanne, escorando-se numa pia. — Quais os planos de contingência? O que fazer se algo der errado aqui ou lá? Porque, convenhamos, o último plano de vocês deu um belo tropeço no final.

— Se vocês tiverem qualquer problema, voltem correndo. — Parou a medição e sorriu para a prima. — Nada vai dar errado comigo.

Roxie ergueu as mãos e afilou os lábios. No fundo, ela devia duvidar da habilidade de Rose em evitar problemas por conta própria. Se os cálculos dela estavam corretos, não havia a menor chance de ser pega. Bastava não olhar para James nem conversar com ele. E se Albus fracassasse em cuidar do Akilah, ela colocaria a culpa nos dois e diria que foi chantageada. O que não era de todo mentira.

Brandiu a varinha de frente para o espelho. Algumas faíscas roxas saltaram, enquanto a visão dos cabelos dela começava a atrofiar. Odiou-se naquele instante. Os fios ruivos que ela tanto cuidava se reduziram num loiro platinado capaz de ofuscar os olhos. E pensar que, toda semana, ela precisava alisá-los. Se havia algo que Rose prezava em si mesma, além de sua alta capacidade intelectual, claro, eram seus cabelos artificialmente lisos. Obrigada, Merlin, pela existência de poções e feitiços alisadores.

Fez um movimento diferente, alterando de leve seu queixo e sobrepondo as sardas como se usasse maquiagem. Depois foi a vez de mudar seus braços, tornando-os mais largos. Das mãos, dos joelhos e dos tornozelos. Quando se viu novamente, um calafrio percorreu sua espinha. Não era exatamente uma cópia perfeita, mas daria para o gasto. Seus olhos ainda tinham o mesmo tom castanho esverdeado, e o nariz arrebitado também seria difícil de ser alterar. Ela tinha um tom de pele pouco mais escuro que o de Scorpius, algo que alguém, provavelmente, só notaria se os pusesse lado a lado.

— É isso que eu...

— Ficou incrível! — exclamou Scorpius para a sua surpresa. Ele tocou o rosto e os cabelos dela, ainda mais embasbacado. Para um garoto que a seguia em notas, ele ficava impressionado por pouca coisa. — Quando você aprendeu o lance das pernas? Deve ter crescido uns dez centímetros! Genial.

Não havia ficado na altura que queria. Antes media 1,65m, mas, mesmo com a espichada, ainda estava menor que ele. O Malfoy devia ter 1,80m, ou algo assim.

— Claro que é incrível — disse ela. Jamais admitira que não era uma transfiguração perfeita. — Aprendi nas férias. Minha mãe me ensinou uns macetes para que eu pudesse estudar Transfiguração Avançada.

— Genial — repetiu ele.

— Vamos embora, nerds — resmungou Roxanne, abrindo a porta do banheiro. — Não temos muito tempo.

Albus tomou um susto com a semelhança entre seu melhor amigo e o aparente gêmeo melhorado. Aquilo só fez o ego de Rose crescer. Separaram-se pelo castelo em duplas. Não podiam correr o risco de serem vistos juntos.

Era até divertida essa sensação de fuga. Quando fazia coisas ligeiramente fora do comum — Roxanne as chamava de erradas, mas tudo bem — costumava fazê-las sozinha. O problema real acabava sendo depender de outras pessoas que não tinham 80% da sua astúcia. E cérebro. E beleza. E habilidade de enganação. E discrição. E todo o resto importante.

Agora, havia provavelmente duas vezes mais adrenalina correndo no seu sangue também, o que Rose adorava!

Escondeu-se com Roxie numa das enormes pilastras ao redor da grama. Tinham uma ótima visão do pátio, o suficiente para ver quando Albus tirasse Akilah da sala. O plano dele era criar alguma distração que só o professor pudesse ajudá-lo. Era a tarefa perfeita para esse garoto.

— Então você está de boa com tudo isso?

Rose olhou para a prima com suas sobrancelhas franzidas.

— Com o quê? — perguntou por impulso. “Tudo isso” era um codinome para ela estar vestida como o Malfoy. Nossa! Sacudiu os ombros de imediato. Até ali, nem se lembrava do seu delicioso e completo desprezo por ele. — Estou protegendo meu investimento.

— Sei. Dá pra ver seu conforto em pele de Sonserina, faltou só a farda — ironizou ela, pousando as mãos atrás da cabeça. — Então, parou de insultá-lo?

Negou com a cabeça. O plano era parar quando conseguisse fazê-lo chorar.

De repente, um terremoto assolou a parede em que estavam escoradas. Não, foi uma explosão! Um barulho de estrondo ressoou como se algo grande e pesado tivesse caído no interior do castelo. As duas se entreolharam após o susto, não podia ser verdade.

E do nada, do nada mesmo, Albus surgiu de dentro dos portões do castelo! Passou direto pelas garotas entre tropeços e ofegadas bruscas, adentrando na sala de Transfiguração como um raio. Rose imaginou como ele estava sendo um bom ator daquela forma, até outra explosão ecoar entre as pedras.

— O que demônios ele fez? — balbuciou Rose.

O homem alto e negro adentrou o pátio com passos pesados, seguido de Albus, que gesticulava algo assiduamente. Um erro de percurso ou não, o plano dele deu certo. Entraram no castelo de uma vez. Aquela era a chance deles.

O corpo alto e esguio de Scorpius saiu cabisbaixo pela porta também. Ele tinha as mãos enfiadas nos bolsos do casaco e olhava para trás, provavelmente se certificando que James não o seguira. Assim, Roxanne e Rose saíram de seu esconderijo, quase correndo de encontro ao rapaz.

— Não se esqueçam, vocês têm uma hora e meia — disse Rose logo antes de ser parada por uma mão dele na frente do seu rosto.

— Vamos ter que cancelar o plano — falou ele com a voz tremulada. — A detenção não é apenas fazer uma redação como a gente pensava.

Rose torceu a boca. Chegaram até ali para desistir? Se não era só uma redação devia ser também algum tipo de prova. Que bobagem a dele!

— Relaxe, vai dar tudo certo! — Retirou a mão do seu caminho e voltou a andar com pressa, deixando Roxanne e ele para trás.

— Weasley! É melhor não...

— Deixa ela — disse Roxanne, começando a puxar o Malfoy para o lado contrário.

A ruiva, agora loira e máscula, cresceu o capuz do casaco e seguiu com os passos longos na direção da sala. Outra explosão soou no instante em que se viu dentro da classe de teto alto e de carteiras extremamente bem organizadas. Foi quando, para sua surpresa, notou a frente, no palanque raso onde o professor ficava.

James Potter estava jogado no chão, rodeado de uma pilha imensa das gaiolas do animais que usavam na aula, limpando. Sim, limpando! Rose parou quase involuntariamente seu passo, chamando a atenção dele.

— Se você fugisse, cobra branca, juro que iria te arrastar pela escola inteira pela sua orelha — rosnou o primo dela antes de jogar uma flanela na sua direção. — Você fica com as do canto da sala.

Os olhos dela encontraram uma pilha mais alta de caixotes gradeados, arapucas e jaulinhas.

Isso não pode estar acontecendo. Não era uma redação que ela tinha que fazer. Tinha que limpar o material! Rose teve certeza que seu rosto ficou vermelho e salpicado porque fumegava de abuso e ódio!

Devia ter aceitado fazer um plano de contingência.


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Notas finais do capítulo

Alguém conseguiu sentir dó da Rose? hahahaha. Quero muito saber o que esperam da interação dela com o James kkk esse será um ótimo capítulo para quem gosta de rir da desgraça dos outros, por sinal.
Bom! Próximo capítulo será bem longo, então espero que fiquem ansiosos pela lindeza arrasadora dele, ainda que tenha mais James do que Albus kkk. ATÉ O PRÓXIMO! Não deixem de me mandar um alô, um beijo, falar sobre sua vida ou sobre a fic aqui nos comentários!
Beigos nos corações de todos! hahaha