Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 32
Capítulo 31 — Só sei dançar com você...


Notas iniciais do capítulo

Estamos de quarentena! É isto! Kkkkk porque só mesmo a quarentena e uma brilhante recomendação para me fazerem arregaçar as mangas e PAM PAM PAM PAM! CAPÍTULO NOVO!

Esse capítulo é INTEIRAMENTE dedicado à Miss Hurtz (u/617034/) que deixou uma recomendação LINDA de me matar de emocionada. Sério ♥ obrigada, você me inspirou a sacudir a poeira e a voltar a escrever AaM (só Deus sabe o quanto eu tava desanimada kkk). Obrigadinha ♥

Mas sabem qual a parte legal do capítulo de hoje? James Sirius é o narrador pela primeira vez!



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Capítulo 31. Só sei dançar com você... 

James Sirius

 

James não odiava Scorpius Malfoy. 

Não mais. 

No entanto, se lhe perguntassem o sentido de estar indo para a sala de Transfiguração em plenas nove da noite de quarta-feira, dia de estar morto depois de um treino pesado de quadribol, ele sentia um aperto em responder que o motivo era: Scorpius Malfoy vs Jasper Wood.

Precisava lavar o rosto. 

Suspirou várias vezes na frente do espelho do banheiro ao se encarar com um sorriso médio forçado.

— Eu não odeio Scorpius Malfoy. — Sorriu com os olhos piscando rápidos. — Por que odiaria? Somos… amigos agora.

A palavra saiu um pouco menos engasgada que ele imaginou. "Amigos" era o que parecia. Amigos porque James tentou ensiná-lo a usar uma vassoura na semana anterior. Amigos porque Scorpius mostrou para ele o mapa que ele, Albus e Rose fizeram. Amigos porque ele foi convocado ao novo plano, que agora era obra de seu irmão caçula querido! E o plano era simples! Iria ajudar Scorpius Malfoy aprender a dançar.

James e Scorpius eram agora amigos porque o Potter prometeu a si mesmo que seria uma pessoa melhor por seus irmãos.

Jogou mais uma vez água na cara e deu a volta no próprio eixo antes de apontar para a sua imagem refletida com o dedo indicador apontando para si mesmo, dizendo:

— Você acha Scorpius Malfoy legal, James Sirius Potter. — Era uma espécie de ordem e sentença a si mesmo. — Ele faz bem à Lily, sempre é um bom amigo para Albus… Okay, quase sempre. É inofensivo. É uma lagartixa branca, não uma cobra. Ele não é odiável. Ele é legal, e agora você tem que parar com essa pose de babaca para fazer com que esse plano idiota funcione! — Fechou o punho e respirou fundo. — Sabe o por quê? Porque você é um bom irmão para os seus irmãos. Você é um cara legal, James Sirius. E vai ajudar Scorpius Malfoy a ser mais legal que Jasper Wood.

Ele ajeitou a própria roupa, passou a mão no cabelo e saiu determinado a fazer com que aquilo funcionasse.

Antes mesmo de entrar na Sala de Transfiguração, começou a escutar uma música lenta lá dentro. Era uma música definitivamente em ritmo de valsa, só que uma valsa brega, dessas que tocam em filmes antigos.

Abriu a porta e deu de cara com todas as cadeiras movidas para as laterais, abrindo um espaço grande ao centro. A grande vitrola de McGonagall tocava alto, enquanto Albus e Roxanne dividiam um balde de pipocas entre risadas, sentados sobre duas mesas empilhadas. Scorpius Malfoy estava ao centro com as mãos postas como se fosse valsar com o vento.

— Parem de rir. Não está ajudando em nada! — resmungou ele para os outros dois, que só intensificaram suas risadinhas como hienas.

— Pelo visto já começaram — falou, chamando a atenção do irmão e da prima.

— James, você está perdendo! — Albus abafou a risada involuntária com uma mão. — Sério, Scorpius é muito desengonçado para fazer alguém dançar. Mamãe ia matá-lo se visse a situação.

Scorpius urrou com a cabeça pendendo para trás, completamente indignado.

James se sentou ao lado dos primos, observando enquanto o garoto recobrava a postura, pigarreando e estufando o peito. Ele não era exatamente desengonçado, só parecia muito ridículo dançando com o “nada”.

— Você está levantando demais o braço — falou James no impulso. Quando percebeu, Roxanne e Albus o encaravam. Ele só deu de ombros e tornou a encarar Scorpius Malfoy fazendo como ele mandou e diminuindo o erguer dos braços. — E as pernas estão separando demais. Está ridículo.

— Ridícula é a sua cara — resmungou Scorpius de volta, separando-as menos.

Albus esticou o corpo para perto de James com seu sorriso mais maldoso. Ele queria alguma coisa. Ah, ele ia cutucar por alguma coisa! James Sirius pigarreou antes de virar o rosto para o irmão com o olhar sério. Estava só esperando a bomba.

— Você só quer ser a mamãe. — Albus deu de ombros com a afirmação. — Lembra de quando ela inventou de ensinar a gente a dançar?

Certo, ele até relaxou um segundo. Realmente estava soando um pouco ditatorial como Ginny Weasley quando estava estressada.

— É diferente — argumentou com as sobrancelhas erguidas. — Mamãe cansou de querer dançar com o pai, então sobrou pra gente aprender a dançar para entreter ela. Scorpius Malfoy só quer se exibir pra uma garota.

— Sabia que ela dançou no Baile de Inverno do Torneio Tribruxo com o Prof. Longbottom?

Os olhos de James cresceram confusos a tempo de Albus rir.

— É sério?

— Seríssimo — confirmou o irmão. — Parece que o pai lesou, pra variar, e foi com a mãe da Priya. Imagina só, quase a gente não existe!

James podia lembrar como se fosse ontem a confusão do baile de nomeação de Harry Potter como Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, quando ele não conseguiu colocar um pé direito ao lado do outro e quase derrubou a esposa. James ainda tinha o quê? Nove anos? Menos… Ele ficou com a mãe se balançando a noite inteira com os pés do lado dos dela. Albus revezava entre resmungos e beijos estalados da mãe, enquanto Harry conversava com os caras do Ministério meio bêbado. Como Lily era bem mais nova, ela dormiu na mesa, e os irmãos Potter que fizeram a festa de sua mãe.

Resultado: todas as festas, eles dançavam com Ginny. Todas. As. Festas. E, por Dumbledore, eram muitas festas! Pais famosos demais significava isso.

— Mamãe dizia que isso ia fazer a gente ter sucesso com as garotas. — Albus resmungou, deixando as costas grudarem na cadeira com um suspiro. — Nunca me ajudou em nada, e agora é o que teoricamente vai ajudar o Scorpius. Acredita nisso?

James deu uma meia risada, empurrando o irmão com o cotovelo.

— O mundo não dá voltas, ele voa de vassoura ao contrário rápido o suficiente para criar uma realidade alternativa.

— Scorpius, não está legal. Vem aqui! — Roxanne saltou da cadeira, e ele foi para perto dos três com uma expressão de derrota. Ela era pequena, o que a deixava mais engraçada de frente para o rapaz quando colocou uma mão dele em sua cintura, e a outra segurando sua própria mão. — Pronto, assim que você deve segurar.

Ai ai ai, James… Você precisa manter a boca fechada.

— Na verdade, é melhor subir um pouco mais a mão — murmurou.

James se levantou e ficou do outro lado de Roxy, ajeitando a mão de Scorpius para um pouco abaixo da escápula da garota. Ele e Scorpius se encararam sérios, mas Roxanne se manteve parada entre os dois encarando-os de um para o outro.

— Okay, se você vai ensiná-lo no meu lugar, é melhor fazer o papel certo — falou rápida e certeira.

— Sem chance — responderam os dois em uníssono.

Imediatamente depois, houve um barulho de porta se abrindo, e todos pararam para contemplar as duas presenças que entravam na sala, mas não antes que Scorpius e James dessem um passo de distância um do outro.

— Olhem quem eu trouxe! — A voz de Lily surgiu e cessou o barulho dos outros.

O que ninguém esperava era que Nate Parkinson, o Rei, estivesse com o braço agarrado ao braço dela, caminhando juntinho com uma cara de satisfação. Quer dizer, James Sirius não esperava! E parecia ser o único que não esperava por aquilo! Porque Roxanne e Albus saltaram e foram cumprimentar o sonserino como se já fossem grandes amigos.

Ele olhou para Scorpius, que acenou discretamente uma saudação.

— Por que não me contaram que o Nate vinha? — questionou com uma leve cotovelada no braço de Scorpius.

Ai! A Roxanne que chamou. — Ele passou a mão no braço, choroso. — Esse era o braço que tava machucado… aaaai…

James ergueu um pouco o queixo e tornou a encarar a chegada e Nate. Outra cotovelada em Scorpius. Outro gemido. Ele mereceu.

— Eu realmente não acreditei que ia me deparar com essa cena até chegar — falou Nate com um sorriso grande, animado enquanto guardava as mãos nos bolsos da calça. — Então, ele já sabe mexer dois pra um lado e dois pro outro?

— Nada — exclamou Roxanne.

— Nem um pra um lado e nem meio para o outro — lamentou Albus.

— Mas acho que o James já ia começar a ensiná-lo. — Roxanne abriu visão para a dupla que era Scorpius e James Sirius. Os dois se entreolharam e deram outro passo de distância, cada um. — Ou não…

Nate encarou os dois com um sorriso maior. Ele tinha um sorriso gigante quando queria, e os olhos brilhavam juntos no momento em que estava sorrindo de verdade, isso James tinha visto acontecer milhares de vezes ao longo dos anos. Parecia que todo lugar iluminava. Por vezes, imaginou que a casa da Sonserina também devia iluminar, por isso o “coroaram” Rei.

Ele e Lily desataram os braços, e rapidamente o rapaz foi até as mesas, deixando seu casaco e a mochila lá antes de voltar-se para os outros. Não deu nenhum pio diretamente para James e, sinceramente, pareceu que não falaria nada diretamente a ele por enquanto.

— Não faz mal, eu posso ensinar. — A voz de Nate soou agradável e gentil, causando comemoração por parte de Roxanne e Lily ao mesmo tempo. — Tudo bem por você, Malfoy?

— Ser ensinado a dançar pelo Rei ou me humilhar na frente dele? Que dúvida cruel… — Scorpius riu, e os dois apertaram as mãos.

Lentamente, James voltou para o canto que estava sentado antes. Lily Luna sentou de um lado seu, enquanto Roxanne e Albus tentavam mudar a música. Via apenas Nate e Scorpius murmurando alguma coisa um para o outro mais baixo, a ponto de não conseguir ouví-los.

A verdade era que não tinha conversado com Nate desde o incidente em Hogsmeade no fim de semana. Tinham apertado as mãos na frente dos outros caras, tinham dito seus nomes em voz alta e sem deboche algum e tinham até mesmo dito que não queriam ficar um sem o outro. 

“Eu não briguei por vocês três. Eu odiaria ficar sem você, cara de Grindylow” foi o que James disse.

“E eu sem você, Verme-Cego” foi o que Nate respondeu.

Eles não queriam ficar um sem o outro! Disseram isso! E o que aconteceu depois? Nada!

Ca-ra-lho.

A semana estava passando com cada um no seu canto. Nate ia para as aulas, assistia e brincava com Killik e Benjen, saindo depois com os outros sonserinos sem falar com James Sirius. O que ele queria com aquilo? Dizer que as coisas continuavam as mesmas?

Que nada mudou?

— Vamos.

Nate ajeitou a postura e estendeu a mão para Scorpius. O que estava fazendo?

Foi do nada aquilo. Os dois deram deram as mãos e lá estava Nate segurando na acima da da cintura de Scorpius, abaixo da escápula, com alguns centímetros de distância entre eles. Eles iam dançar. Assim, do nada.

— Eu vou conduzir primeiro pra você pegar o ritmo, mas depois trocamos, tudo bem? — falou o septuanista com um sorriso nos lábios. Scorpius ficou calado e colocou meio hesitante a mão sobre o ombro de Nate. — Isso. Deixa a mão firme.

Ele era mandão demais. Assim, de graça. E James não tirou os olhos deles.

Parecia que Albus, Roxanne e Lily não estavam ali. Parecia simplesmente que a sala não era onde aprendiam Transmutação, era só o lugar que ampliava a presença de Nathaniel Parkinson. Forte, risonho. Seus cabelos negros não balançavam, ele só ficava à vontade, enquanto o estrupício chamado Scorpius Malfoy cambaleava para seguir seus passos.

Seus longos passos com suas longas pernas.

Nate e James se conheceram há muito tempo, e o grifinório sempre teve consciência do tamanho das pernas do sonserino. Mesmo quando eram finas, e eles praticamente crianças. Há muito tempo, no Expresso Hogwarts.

Escondiam-se do mundo entre seus segredos e códigos. Antes, o mundo era deles para brigarem e para verem através de vidros grosseiros que eles mesmos erguiam para separar o que tinham dos olhos dos outros. Se bem que Nate nunca ergueu nada na sua frente. Sempre foi James quem teve uma vida dupla. Tripla. Quádrupla!

Uma vida quando estava com a família. Quando era o James Sirius que levava puxões de orelha da mãe, que assaltava a dispensa à meia-noite com o pai, que brigava por comida com Albus, que dormia na cama de Lily e que só sorria cheio de vida.

Uma vida quando estava no meio da Grifinória. Quando era o James Sirius arruaceiro que fazia piada nas aulas, que implicava com sonserinos, que empurrava pessoas menores que ele, que ganhava no quadribol e que era insuportável porque podia, e as pessoas o amavam por isso, porque o temiam.

Uma vida quando estava com Nate. Quando era o James Sirius que tinha conversa sérias sobre o futuro, que falava sobre história, que fumava, que contava estrelas, que ria desgraçadamente, que acreditava em si mesmo e que só estava bem. James Sirius ficava bem com ele.

E havia a última vida criada:  uma vida quando James estava consigo mesmo.

Para alguém que passou boa parte da sua vida sendo admirado porque era filho de heróis, capitão do time de quadribol e valentão popular, James Sirius certamente conseguia não gostar muito de si mesmo. Era por isso que tinha o vidro de proteção na sua frente, para que o mundo não o visse por trás dele. Porque talvez seus pais não gostassem do que viriam, seus irmãos não quisessem ficar com ele, seus amigos iriam achá-lo idiota e Nate... 

Nate não. 

Nate o conhecia. 

Era constante. Era real. Era com ele. Era seu verdadeiro amigo e era a pessoa que mais admirava.

— Ótimo, Scorpius!

A voz de Nate o tirou do transe. Ele girava Scorpius, que ria e balançava no ritmo, um pouco menos desengonçado. Era palpável o quanto o Parkinson se divertia ao conduzi-lo devagar e mais distante, mostrando uma valsa clássica demais para qualquer casal que quisesse ficar junto.

— Eu vou ficar tonta se eles girarem ainda mais — falou Lily Luna para o irmão com um sorriso discreto. Ele a encarou por um instante, e a moça pareceu um tanto chocada com o que viu. — James, está tudo bem?

Ele estava com o nariz vermelho. Os olhos marejaram um pouco, quase nada. Estava um tanto perplexo e nervoso com tudo. Ao notar seu próprio estado, o rapaz só pestanejou e assentiu com a cabeça para ela, passando as mãos no rosto.

— Estou pensando demais. 

— Coisas boas?

James negou com a cabeça discretamente.

— Problemas com a cabeça.

Os olhares dos dois se cruzaram, e Lily colocou a mão sobre a do irmão mais velho. Parecia que todos os Potter tinham problema com a cabeça, e agora nenhum deles se parecia com uma cicatriz de raio.

— Se quiser conversar sobre eles, eu estou aqui — disse ela cuidadosa. James sorriu, e Lily retribuiu ainda mais amável. — Eu tenho um irmão bobão mesmo.

— Dois. Morro de pena de você, Lily Luna.

— Agora é a vez do Scorpius guiar! — berrou Albus, jogando uma pipoca na direção de Nate que acabou não o atingindo. — Vamos, eu quero ver se já consegue algum passo.

Os dois pararam com os passos e Scorpius fez cara de dor antes de tentar colocar a mão nas costas de Nate. Era desengonçado demais.

— Sente primeiro o ritmo — falou o sonserino mais velho com muita calma. Ele estava paciente demais. — Você está nervoso.

— Ah, Nate, é que… É que esses idiotas… — Scorpius apontou para Albus e unicamente para Albus. — Esse grandiosíssimo idiota não para de rir! Quer calar a boca, Potter?!

Albus deu uma risada longa antes de falar:

— Vamos, Scorpius! Seu demônio de namorada não vai gostar que divida a atenção comigo!

— Ela não é minha namorada!

— Acho que os namorados são vocês dois — murmurou Roxanne com um balançar de cabeça. — Parecem um casal brigando. Façam as pazes com um beijinho, pelo menos.

Scorpius se aproximou do grupo sentado com alguns resmungos baixos, enquanto Nate ia desligar a música. Ele e Albus discutiam realmente muito, mas pareciam ao menos concordar em discordar. Bastou chegarem perto um do outro para se recepcionarem com um toque de soquinhos de punhos fechados.

— Pelo menos eu estou evoluindo? — perguntou o loiro com os olhos nas meninas. Elas fitaram uma à outra e franziram as testas, quase como se tivessem combinado a reação. Scorpius só deixou a cabeça cair mesmo em frustração. — Esse foi realmente um plano idiota.

— A dificuldade é normal, Scorpius — ponderou Lily — pensa comigo: ninguém aprende um feitiço em alguns minutos. Você começou a praticar só agora. Logo logo vai estar dançando o suficiente para a Rose não parar de pensar em vocês dois.

A cara pálida que Scorpius tinha começou a ficar mais e mais vermelha.

— Ainda acho estranho você ter uma queda por ela — falou James com uma careta. Rose Weasley era medonha. Podia até ser bonita, mas seu interior era mais sujo e feio que de qualquer pessoa.

Albus deu um meio riso e corrigiu-o:

— Queda não. Abismo!

— Imagine a cratera do asteróide que teria matado os dinossauros. — Roxanne estreitou os olhos com um sorriso. — É por aí.

Scorpius bateu as mãos no rosto e suspirou.

— E é por isso que ele vai ganhar de Jasper Wood. — Lily Luna foi firme e séria.

— Porque você é um homem melhor que ele — completou Nate.

Foi aí que seus olhos encontraram os de James. Finalmente!

— Nós conhecemos bem a Rose. Ela só acha que gosta do Jasper porque eles se pegavam há dois anos! — A voz de Albus soou estridente, mas o claro dos olhos de Nate não se desvinculou dos olhos de James. — Ela tinha quatorze. Que garota de quatorze anos não ia querer ser bajulada por um cara mais velho? Ah! Devíamos segurá-lo antes que ele chegasse na festa. Aposto que ia perder mil pontos para o Scorpius se não aparecesse na festa. Se bem conheço a Rose, ia cuspir fogo por levar um bolo!

James deu um sorriso de canto. Nate retribuiu sem hesitar.

— Isso não ia me ajudar em nada! — Scorpius choramingou. — Eu não quero que Jasper Wood perca Rose, eu quero ganhar Rose. São duas coisas completamente diferentes.

— A ordem dos fatores não altera o produto.

— Só na sua cabeça, Potter.

— É matemática! Você que era pra ser o inteligente da amizade!

— Somos seres humanos! Isso tá longe de ser regrado por matemática!

Parecia que James e Nate estavam em um mundo paralelo. Um mundo em que eles podiam se encarar daquela forma, dizendo coisas pelos olhares. Sem parar, sem deixar um ao outro. Não importava se os garotos brigavam ou se matavam. Importava que eles estavam ali, encarando-se e deixando o mundo acabar mesmo.

— Você está sendo só teimoso, Scorpius. Deveria voltar a dançar — murmurou Lily.

Só ali Nate Parkinson quebrou a conexão. Ele assentiu com seu sorriso agora direcionado para Scorpius Malfoy.

— Sua vez de conduzir. — A calma na voz dele irritou profundamente James, especialmente quando Nate se posicionou e deixou que Scorpius ficasse na sua frente. — Está tranquilo para isso?

— Acho que… Mais ou menos...

James nem mesmo sentiu quando abriu a boca e falou alto:

— Deixa eu mostrar como faz.

Todos fizeram silêncio, especialmente Scorpius Malfoy, que o encarou como se James Sirius fosse lhe levar à guilhotina ao se levantar. Ninguém ousou falar nada. Porém, os olhos de Nate na sua direção diziam tudo. Ele soltou a mão do Malfoy e deu um passo para trás, dando espaço para que James tomasse o loiro magricela para dançar.

Não foi o que fez.

Ao invés de segurar a cintura do loiro, James ficou de frente para Nate Parkinson e segurou sua mão com os dedos entrelaçados aos seus. Então, a mão foi ao corpo do sonserino mais velho. Os dois se encararam em desafio e não disseram absolutamente nada perante o choque de todos.

— Eu oficialmente tô fora — sentenciou Scorpius, erguendo as mãos para se declarar inocente antes de correr para os bancos e se sentar ao lado de Lily.

— Tem certeza de que quer fazer isso? — murmurou Nate com as sobrancelhas levantadas.

James ergueu o queixo com sua segurança mais rasa e fitou Albus como se mandasse que o garoto ligasse a música novamente.

— Para dançar, não precisa estar colado. Às vezes, dar espaço facilita a dança quando se tem uma diferença de tamanho grande — falou o Potter, mostrando a distância que seu corpo estava do corpo de Nate com a cabeça, indicando-a para o grupo sentado, agora completamente imerso na cara de espanto pela cena que presenciava. Idiotas. Não precisavam fazer aquela cara. — Isso não torna a situação menos agradável e nem menos romântica. O mais importante é o balanço de vocês, a forma como você a conduz pela música. Aí, quando se aproximar mais dela, você ganha o clima que quer de verdade.

A batida leve e clássica começou, e, com ela, os passos de James suavizando de um lado para o outro. Nate o acompanhou sem retirar os olhos do rosto do Potter. Saíram do lugar numa naturalidade enorme, como se tivessem treinado aquilo juntos a vida inteira. 

Bom, James dançava com sua mãe e sua irmã todo ano. Tinha que ter realmente aprendido alguma coisa.

— Você parece bem convencido. — Nate franziu o cenho com graça. — Está achando que eu vou te deixar conduzir o tempo todo?

Aquilo era um desafio. 

Em um segundo, no entanto, James Sirius trouxe-o mais para perto de si. Nate era pouco mais baixo, mas seu peito era mais forte também, seus braços eram certamente mais fortes. Encostaram-se, os olhos se encontraram profundos, e James engoliu a seco, tentando segurar a própria respiração falha. O rosto de Nate estava mais próximo, assim como seu pescoço e seus ombros largos. Tudo lhe dizia que aquilo era assustador, mas em momento algum tirou os olhos do parceiro… de dança…!

— Quando se está próximo assim, você meio que obriga o outro a ter uma reação. Pouca distância traz desconforto para quem tem qualquer restrição a isso — continuou James, tentando ignorar que seu peito encostava no Parkinson. Seus pés os carregavam pelo lugar e até parecia que podiam flutuar. — Algumas pessoas simplesmente não aguentam a pressão da proximidade.

Aí sim, Nate riu. Riu sua risada mais gostosa, um tanto desacreditado.

— Certo, agora definitivamente você perdeu a chance de ficar calado.

A mão de Nate segurou a sua com firmeza, enquanto ele dava um passo para trás e girava James num rodopio rápido. Puxou-o de volta contra si e assumiu a condução da dança com mais velocidade no balançar. De um lado para o outro. Mais um giro, mais um retorno. Um sorriso vindo de James quando os olhos se encontraram novamente.

O perfume dele subiu naquele instante, forte e inebriante. As laterais dos rostos se encontraram, e eles não deixaram de dançar. Diminuíram o ritmo e se tornaram uma dupla dançando romanticamente ao som da vitrola gigante. Envolveram-se em um mais entregue e mais forte. Os batimentos aceleraram, os passos acalmaram, e os dois fizeram outro meio giro juntos.

— Onde aprendeu a dançar? — sussurrou James.

— Acampamento de verão com Elois McLaggen, quinto ano. — Nate deu um sorriso rápido. — Isso entre outras coisas.

A mão do sonserino desceu um pouco mais nas costas de James e subiu outra vez, causando-lhe um arrepio.

— Sabia que zoavam que vocês dois iam acabar namorando? — A ideia por si só causava embrulhos em James. — Por isso eu me aproximei dela.

Ele soltou um meio riso um pouco mais irônico.

— Ciúme da atenção?

James não respondeu. Moveu seus pés cuidadosamente a cada batida até ficar de frente para seus irmãos, sentados a observá-los. “Perplexos” era pouco para o que estavam.

— Estar encostado é algo que obriga a pessoa a sentir você de volta. — Achou melhor esclarecer com um pigarro. — Você puxar ela de uma vez não faz o mesmo efeito que…

— Que conquistá-la aos poucos, por anos a fio num jeito passivo-agressivo. — Nate deu falou com a voz grave e afastou o rosto para ver o rosto de James. — Você queria dizer isso, não é?

Ele não sorria. Estava sério, numa tranquilidade fria. Parou até mesmo de balançar, forçando o Potter a encará-lo também parado, ereto e sem um pingo de confiança em si mesmo por ser encarado daquela forma. 

— Nate…

— Potter? — A voz dele rebateu rápido demais. Sem emoção.

— Vamos embora? — James ouviu Scorpius falando. Olhou na direção deles e viu o sonserino puxar o braço de Albus enquanto era acompanhado por Lily. Roxanne que ficou parada por mais um instante. Foi necessário que Scorpius a chamasse. — Roxy, vem?

Ficaram sozinhos. A porta da sala fechou, e lá estavam os dois diametralmente opostos. 

Enquanto a expressão do grifinório era de nervosismos, a do sonserino era tranquila demais, uma verdadeira expressão de Rei. Ele estava esperando algo de James, era claro. Colocou as mãos nos bolsos da calça e ficou ali, aguardando o momento em que ele falaria algo.

— Então… — Nate bufou quando percebeu que James estava quieto demais. — Dançamos.

Silêncio outra vez. O peito de James gritava em seu interior. O que dizer ali quando as coisas que deveriam ser ditas tinham sido já na própria mente dele?

— Nate, eu…

— Vai se foder, James Potter!

A expressão dele vacilou em raiva e unir de sobrancelhas, causando choque no outro por um momento. Nate umedeceu os lábios e passou as mãos nos cabelos negros, rosnando para si mesmo à procura de paciência.

— Como? — Foi a única coisa que conseguiu falar. 

Aí sim Nate o encarou mais sério. Ou melhor, um tanto furioso com as sobrancelhas juntas e a boca provando a indignação.

— Ora, como? Perdi a paciência com você. Vai. Se. Foder — repetiu pausadamente, quase soletrando. — Você teve trinta milhões de oportunidades de falar comigo na semana, nem mesmo me cumprimentou hoje, me puxa pra dançar e se faz de louco? Quer apanhar de verdade, é isso?

Os olhos de James cresceram, surpresos.

— Ahn? Eu? Eu não me fiz de louco! — Apontou para si mesmo, fazendo Nate revirar os olhos. Ah, não. Ele não ia fazer isso. James sentiu o sangue ferver no instante de um segundo. Foi imediato! — Eu que tive trinta milhões de oportunidades?! E quanto a você? O que fez com todas elas? Virou a porra de uma estátua? Ah, não! Você estava assim no sábado quando eu te resgatei. Era sua vez de vir falar comigo.

— Isso é se fazer de louco! — Foi uma das primeiras vezes que a voz de Nate subiu. Ele percebeu isso de imediato, claro. Puxou o ar lentamente e deixou-o fugir do próprio peito junto com a raiva. — Esqueceu que foi você quem me rejeitou?

James abriu a boca para responder, mas nada saiu. Fechou-a rapidamente e só conseguiu pensar “puta que pariu”.

— Se você tivesse falado comigo…

— Odeio Adivinhação — retrucou Nate com uma sobrancelha erguida. — Adivinhar que queria que eu falasse é proibido, James.

— Mas se eu tivesse tido abertura...

— Quer mesmo que eu calcule quantas aulas nós tivemos juntos de lá pra cá? — Ele achou graça de verdade da própria afirmação. Deu um sorriso desacreditado e cruzou os braços, esperando outro argumento. — Qual é, James. O que você quer, afinal?

O Potter suspirou. Nunca seria capaz de ganhar uma só discussão contra ele.

— Me desculpa.

Foram só duas palavras. Duas únicas palavras que ecoaram na sala e nos ouvidos de ambos. James foi sincero em cada uma, e a suavização no rosto de Nate dizia unicamente que ele acreditava nelas. 

Ele sempre foi a melhor parte deles dois, talvez a melhor parte de toda escola, de toda geração.

— Acha que pode só chegar pra mim e me pedir desculpas sem explicação que eu vou desculpar?

Deu um passo na direção de James, mas quando ia dar o segundo, hesitou. Encararam um ao outro e ali estava o mesmo olhar de semanas atrás, nas escadas abaixo das arquibancadas dos professores, escondidos do mundo como sempre ficavam.

— Eu já tinha te desculpado antes mesmo de você pedir, idiota. — Nate sorriu suavemente e deu de ombros. — Eu só achei que, depois de sábado, viria falar comigo, nem que fosse para que a gente se escondesse outra vez. 

Dessa vez, foi James quem deu um passo na direção dele. E outro.

— Eu queria. Mais que tudo. — Outro passo, e os dois estavam próximos demais, com os olhares unidos. A mão do grifinório ousou mais um pouco e tocou na mão do outro rapaz, áspera e grande como a sua. — Nate, desde que Albus brigou com Scorpius, eu… — Ele afinou os lábios, nervoso, antes de continuar. — Eu e ele fomos sinceros com muita coisa. Ele me deu uma dura, eu aceitei. Você me mostrou como eu podia ser um irmão melhor, e hoje acho que sou. 

— Você sempre foi um bom irmão, só não demonstrava isso direito. — Nate acariciou a mão dele em resposta.

— Depois veio toda situação com a Lily e, mais do que nunca, eu me senti impotente.

Admitir isso era algo meio complicado para James Sirius que sempre teve o mundo perto de si e para si. O mundo podia parecer que era seu, mas, na verdade, ele só o mantinha porque não tinha coragem de ser ele mesmo.

— Não sabe quantas vezes eu fui na Torre de Astronomia esperar que estivesse lá — continuou James com um meio sorriso, olhando para as mãos dos dois. Nate não apertou a sua, mas também não a afastou.  — Eu queria ser um irmão melhor, ser um filho melhor, ser um amigo melhor. Eu me perdi em tantas coisas que eu queria ser e esqueci do principal!

Um riso escapou dos lábios incrivelmente belos de Nate quando ele falou:

— De tentar ser a sua melhor versão?

Devagar, os olhos se encontraram outra vez, e o peito do Potter ribombou.

— Eu sou a minha melhor versão quando estou com você — respondeu sem graça, fazendo o sorriso do outro rapaz só crescer. James soltou a sua mão e segurou o rosto dele para aproximar os olhos. Tudo que ele queria eram aqueles olhos para si mesmo! — Tem alguma ideia do quão idiota eu sou por demorar te mostrar isso?

O ar faltou, as mãos sentiam a pele de Nate, e ele mordeu o próprio lábio discretamente. Tudo aquilo mexeu mais que mil aplausos vitoriosos. Merlin sabia o que aplausos significavam para James.

— O que você quer mostrar?

James deu um riso rápido, medindo cada canto do rosto do outro. Era lindo. Era incrível. Era a pessoa que ele sempre amou.

— Não ficou claro ainda?

— Você precisa dizer com todas as palavras. — As mãos de Nate subiram por seu peito até segurarem também o rosto dele. — Por que tem que ser sempre tão teimoso, James?

Seu nome naquela boca tomava uma forma diferente, era melodioso. Arrepiava.

— Repete o meu nome em voz alta — sussurrou James Sirius, fechando os olhos em ardência. — Por favor.

Estavam perto demais. Unidos demais. Fortes demais.

— James. 

— Nate...

James só assentiu rápido com a cabeça. Podiam perder tempo conversando depois.

Beijou a boca de Nate de uma vez, como naquele dia das escadas, só que mais, melhor! Mais intenso! O beijo foi retribuído antes mesmo de os lábios se encostarem, intensos demais para eles mesmos. As mãos firmes de Nate seguraram seu corpo e o trouxeram para si, assim como as de James seguraram o rosto dele e o inclinaram para um gosto mais forte e ávido. 

Beijaram-se, e as paredes de vidro de James se quebraram.

Foi a cada toque das mãos, passeando pelo corpo um do outro. Foi a cada movimento de encontro das línguas, quentes demais para ambos se manterem sãos. Foi nos olhos entreabertos só para saberem que aquilo era realidade. Fecharam outra vez e se perderam no infinito que era aquele beijo. Que ninguém interrompeu ao entrar, ao gritar ou ao fazê-los brigar.

Quanto tempo passaram ali? Nenhum tinha ideia. Tempo demais passou sem que eles se beijassem para darem conta do tempo que passaram se beijando realmente. E apesar da vontade de James ser de deitar Nate na mesa do professor Akilah, precisou aquietar-se um pouco e diminuir o ritmo. 

Precisava saber o que Nate estava pensando.

— Nate… — murmurou com um beijo superficial. E outro. E outro. E um sorriso de Nate com tantos beijos simplórios. — Eu gosto mesmo de você. Eu sou apaixonado por você. — Nem acreditava que estava falando aquilo em voz alta. E pela expressão de Nate, nem ele. — Não acredito que precisei te perder para me dar conta disso.

— Você nunca me perdeu. Só precisava se encontrar — disse ele, baixo e rouco. — Acredite ou não, mas Kilik e Benjen viram a gente no sábado e esfregaram tudo na minha cara, que eu também estava apaixonado por você.

O interior do Potter se revirou. Estava com seu ego e seu coração na estratosfera! Tudo porque em seus braços estava o homem mais incrível do mundo.

— Você sabe o que isso aqui significa, não sabe? — James apontou para o espaço entre os dois, fazendo com que o outro só erguesse uma sobrancelha sem entender onde queria chegar. — Estamos namorando.

Nate Parkinson deu uma meia risada desacreditada e ainda desviou o olhar por um instante. James Sirius, no entanto, não moveu nem mesmo um músculo.

— Tá certo.

— Estou falando sério — insistiu James. — Estamos namorando, você e eu, Nate Parkinson. Vai ter que andar de mãos dadas comigo nos corredores e me beijar na frente da McGonagall. Claro, vamos ficar de detenção por isso, mas nada mais justo considerando nosso histórico, certo?

O riso de Nat gradualmente foi cessando. Ele e James trocaram os olhares por mais um instante e, só ali, parece que a ficha realmente caiu.

— Isso é um pedido? Ou está decretando?

— Faz diferença?

James sorriu e aproximou um pouco mais o rosto do outro. O espaço entre eles foi diminuindo mais um pouco antes de outro beijo unir os dois. Foi mais lento, mais gostoso, mais suave, apenas o suficiente para que ambos estivessem sorrindo feito idiotas com os lábios ainda encostados e o abraço a prendê-los.

— Quer ser meu namorado, James Sirius Potter? — sussurrou Nate, passando a ponta do nariz na dele. — E conhecer minha mãe, e brigar por presentes de natal…

— A gente vai brigar com certeza — riu James.

— E reclamar um do outro para estudar — continuou Nate, suspirando. — E ser meloso por nada, e matar aula de Transfiguração para beijar nas escadas? Quer tudo isso?

Um selinho, e James só assentiu com a cabeça de leve.

— Eu sou seu namorado, Nathaniel Parkinson. Vai ser obrigado a torcer por mim nos jogos de quadribol. — Abriu os olhos, o sorriso provavelmente alcançando a lua. — E não há nada que me faça desistir de estar com você agora. Nada.

James só soube mais tarde naquele dia, mas Roxanne, Lily, Scorpius e Albus os espionaram até aquele momento. Ainda bem. Os beijos certamente ficaram mais quentes depois que tiveram seu compromisso firmado e quase patenteado na sala de Transfiguração de Hogwarts.

Claro, precisaram remarcar as aulas de dança para outro dia.

Mas isso era um problema para o James Sirius do dia seguinte!


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Notas finais do capítulo

Meu ship Names está vivo ♥ ♥ Alguém quer gritar ALELUIA aí? Podem comentar só com isso mesmo: ALELUIA!
E aí, gente? Quem shipava Nate e James na platéia? hahahaha algumas pessoas eu já sei que shipavam muito Nate e Roxanne, então estou apenas na curiosidade. O que acharam do retorno da múmia (eu)?
Espero que não tenham cansado ♥ nos vemos no próximo capítulo:
"Capítulo 32: Rosas e Ervas Daninhas"



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