Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 33
Capítulo 32 — Rosas e ervas daninhas.


Notas iniciais do capítulo

Eu tô feliz de verdade com a minha capacidade de escrever esses dias. Resolvi apressar as coisas para postar porque, nossa, estamos nessa quarentena e o capítulo de hoje é mais uma prestação de contas que novas coisas acontecendo!
JAMES SIRIUS E NATE PARKINSON ESTÃO NAMORANDO! Quem mais aí chocou com o fato? Hahahhaah agora faltam só alguns casais se resolverem (cof cof Scorpius e Rose cof cof).
Boa leitura!



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Capítulo 32: Rosas e Ervas Daninhas

Rose

 

James Sirius Potter estava namorando Nate Parkinson. 

Quase uma semana se passou, e aquela ainda era a notícia mais quente da escola. Toda Hogwarts entrou em choque! Claro que Rose já sabia que eles trocavam ao menos beijos às escondidas, mas vê-los andando de mãos dadas em direção à aula de Poções foi demais para seus olhos. Ah, demais! Quer dizer, como alguém como Nate Parkinson aguentava James Sirius?! Como?! O troglodita da família tinha cérebro de minhoca e ainda conseguiu descolar uma das pessoas mais legais do seu ano? Era sério que isso estava acontecendo?

O castelo inteiro ficou sabendo na manhã de quinta-feira, quando eles se encontraram na frente do Grande Salão para o café da manhã e simplesmente deram as mãos. Sentaram-se juntos e começaram a rir um com o outro enquanto comiam e falavam de quadribol. Ninguém acreditava no que via. Tudo bem, Rose não podia estar menos aí para os dois, mas o burburinho que aquilo causou foi imenso.

Claro, piorou depois que Émile Duchannes e outros caras do sétimo ano foram cutucar James, e ele simplesmente respondeu: “Ah, estamos namorando”. Os caras não acreditaram. Nate e James só olharam um para o outro como se aquilo fosse algo previsto. Os dois se beijaram na frente de todo mundo.

Aí começou o alvoroço!

Rose realmente tentou se concentrar naquela semana em seus estudos, apesar de toda conversa que surgia para cima e para baixo. No Salão Comunal da Grifinória, todos olhavam para James surpresos. Na biblioteca, os cochichos eram sobre como viram os dois almoçando juntos com risinhos e beijinhos melosos. Nos corredores, abriam alas para eles como se fossem um casal poderoso. Até mesmo quando ela tentou estudar no pátio, começou a ouvir mais sobre eles dois. Era impossível! E os comentários iam para todas as direções!

“Eles ficam tão mais bonitos um do lado do outro.”

“Não eram eles que se matavam toda semana? Não, eu não compro isso de casal.”

“Vocês viram eles se beijando?! Ouvi dizer que os pais do James renegaram ele por estar namorando com o Nate…”

“Eu soube que o Nate usou uma poção do amor, isso sim!”

“Me disseram que eles tinham um namoro secreto desde o primeiro ano!"

“Eu ouvi falar que estavam se agarrando ontem na Torre de Astronomia e que a professora Aurora pegou os dois no flagra!"

“Sabe por que o James tá de cachecol? Obra de Nate Parkinson!"

— Alguém pode, por favor, mudar a estação das fofocas? — resmungou Rose para Roxy, enquanto almoçavam juntas no Grande Salão, em plena sexta-feira pré-provas. Rose estava bufando há meia hora com as garotas da Corvinal que estavam por perto e não paravam de falar de James e Nate, enquanto Roxanne mal tocara no prato. — Fala sério, já chega! Querem calar a boca?! As pessoas dessa escola precisam ver mais notícias chocantes. Por Merlin!

As garotas se levantaram, e ela enfiou uma garfada na boca, revirando os olhos em puro descontentamento. Estava estressada com as provas antes do recesso de Natal. Tinha quase virado a noite anterior desenvolvendo um método de organizar suas revisões para Poções, Aritmancia, DCAT e Transfiguração. Ainda faltava encaixar tantas outras matérias! Sua agenda estava um caos com vários apêndices de lembretes.

— James Sirius já é um primo terrível, ele consegue estragar todo o resto da minha vida só por existir! — continuou brigando, cortando o frango no próprio prato como se estivesse matando um prisioneiro de guerra. — Nate Parkinson podia muito bem ser feliz com qualquer outra pessoa, mas não! Tinha que ser com o James ridículos Potter!

Foi só aí que Roxanne ergueu o rosto para a prima, visivelmente farta.

— Você está muito enjoada esses dias.

— Eu estou sempre enjoada. — Rose revirou os olhos. — O que você tem? Está pra baixo também.

Ela só negou com a cabeça e voltou a comer. Rose franziu o cenho sem entender, aquilo lhe cheirava a algo mal resolvido. Sabia que se pressionasse a prima um pouco mais, ia abrir dali para o dia seguinte. Não ia gostar, mas ia falar o que a incomodava. Certamente a Rose de antes faria isso.

— Sabe que pode me contar quando quiser, né? — murmurou mais calma. — Sem pressa.

Os olhos de Roxanne subiram, e ela sorriu discretamente.

— Quem é você e o que fez com a minha Grindelrose?

— Ela está concentrando suas energias para as provas. — Rose deu de ombros. 

Não ia admitir em voz alta que estava se roendo de curiosidade. Seu Scorpius imaginário no fundo da mente lhe diria que é melhor respeitar o tempo das pessoas, que estava tudo bem se ela não quisesse falar!

A que ponto chegou: Scorpius Malfoy (imaginário) era sua nova bússola moral. O motivo disso se dava mais pelo fato de que o Scorpius real estava se esquivando dela. Claro, ainda estudavam juntos na biblioteca ao fim do dia, pois ele seria um completo idiota se não se aproveitasse do cérebro de Rose Weasley. No entanto, às vezes, parecia que a evitava nas horas vagas, como no almoço e jantar, ele a evitava. Ficava andando com Nate Parkinson, James Sirius e Albus.

— Estou meio chateada comigo mesma. — A voz de Roxanne soou como um lamento, chocando um pouco Rose. Não imaginava que seu Scorpius imaginário seria tão bom em lidar com a situação. Por Godric! — Acredita que eu estava desenvolvendo uma quedinha pelo Nate?

A boca de Rose fez um “o” bem redondo e pequeno. Estava surpresa, para não dizer abismada.

— Nate Parkinson?

— E que outro Nate você conhece? — Ela arqueou uma sobrancelha, calando Rose. — Sei lá, estávamos passando um tempo legal, todos juntos com ele, né? Desde que ele me ajudou com a briga do Scorpius e do Albus, pensei que podia rolar alguma coisa. Ele tem um sorriso muito ganhão e ombros largos demais. — Deu um suspiro leve, chateado. — Fiquei surpresa depois que soube dele namorando James Sirius. Acho que alimentei uma fantasia meio boba. — Parou um instante em silêncio e olhou para o teto encantado. — Se bem que poderia ter suspeitado de algo antes. Foi Nate quem disse para eu procurar por James para conversar com o Albus na época que os meninos brigaram.

Roxanne segurou o rosto com as duas mãos, apoiando os cotovelos na mesa. Puxou o ar com pesar outra vez e finalizou o que dizia com um simples:

— Garotos são idiotas.

O peito da ruiva apertou por um instante. Não lembrava de ter visto Roxie dizer que tinha uma queda em voz alta por alguém desde… Bom, desde nunca praticamente. Geralmente eram os caras que caíam aos montes por ela, especialmente se eles tinham sobrenomes de Scamander.

— Garotos são muito idiotas — concordou, estendendo a mão para segurar a da prima. — Nate não sabe o que perdeu. James é um fura-olho. Odeio os dois!

A afirmação lhe fez sorrir pelo menos. Era algo bom afinal.

— Sabe, você não precisa tomar minhas dores assim — sussurrou, aproximando-se um pouco por falar mais baixo. — Só porque eu te disse que fiquei minimamente afim de Nate Parkinson, não significa que meu coração está exatamente partido. Não é assim.

Era motivo sim para tomar as dores de Roxie. Era motivo para causar uma guerra por Roxie! E ela causaria até três por sua melhor amiga! E ganharia todas elas!

— Quando acabarmos a escola, você vai ver que um cara incrível vai lamber o chão que você pisa. — Rose balançou a cabeça com muita certeza, soltando as mãos delas só ali.

— Ah, eu não quero alguém que faça isso. — Riu Roxanne. — Eu gosto de caras que sabem o que querem. Ficar me seguindo definitivamente não ajuda em nada a causa deles.

— Diga por si mesma. Eu adoro ser bajulada. — Deu de ombros, orgulhosa.

— Que nem você é por Scorpius e por Jasper?

Uma onda elétrica percorreu a pele e provavelmente a alma de Rose por inteira. Ela pestanejou, pigarreou e tentou sacudir os ombros para afastar aquela sensação, mas nada pareceu funcionar. Estava arrepiada.

— E por qual motivo a senhorita está entrando nesse assunto? — Encarou Roxanne, que só riu pelo nariz. — Você não pode escolher lados. Está proibida!

— Tarde demais.

A mão dela apontou para trás do ombro de Rose, que se virou apenas para ver Scorpius e Albus andando um do lado do outro na direção da mesa em que James Sirius e Nate estavam. Eles todos se cumprimentaram e riram uns com os outros. Havia algo de diferente na maneira que Scorp andava, parecia mais leve! Rindo assim, bobamente. Albus lhe deu um soquinho no ombro, e ele continuou achando graça. Deviam estar falando de algo bem idiota, os quatro.

Eis que Madeline Nott, a Loucaline, chegou perto deles e abraçou Nate, dizendo algo para James. Os dois deram as mãos, pareciam diabos trocando pactos. Ela se espichou e beijou a bochecha de Scorpius, despedindo-se de todos eles.

Ridícula.

Rose nem percebeu que estava olhando demais naquela direção, só foi se dar conta quando alguém surgiu na sua frente e interrompeu a visão que realmente importava. Ela levantou os olhos, já furiosa, dando de cara com ninguém menos que Hugo, seu irmão.

— Você sabia, não sabia? — murmurou ele, pulando para o banco e se sentando ao lado dela. — Você sempre sabe de tudo.

Hugo e Rose se pareciam fisicamente. Os cabelos ruivos dele, no entanto, eram mais assanhados porque a garota costumava usar poção para ajeitar seus cabelos. Os olhos de ambos eram castanho como o da mãe, mas as bochechas de Hugo certamente se pareciam mais com a do pai.

— Sobre o James? — Ela negou com um movimento calmo de cabeça. Era mentira. Ela sabia. Se soubesse que Roxanne estava afim de Nate, no entanto, teria feito algo sobre isso, e James Sirius não estaria todo felizinho com o garoto que deveria estar com a sua amada prima. — Pegaram todos de surpresa.

— As fofocas estão grandes no quinto ano? — perguntou Roxanne antes de dar uma garfada na própria comida.

Hugo assentiu rápido, começando a desembuchar:

— Lily me disse que ele contou que era gay para ela em uma carta nesse período que estava em casa. Ninguém fazia a menor ideia, mas eu não sei se tio Harry e tia Ginny sabem. Mas Nate Parkinson? Isso que foi o maior choque de todos. Alice está quase soltando fogos, achando lindo que eles estão todos sorridentes. Elas estão insuportáveis.

— Sabem, para filhos do tio Ron e da tia Hermione, vocês dois são muito chatos — brincou Roxie antes de dar outra garfada.

Eles não eram chatos. Eram críticos! E disso se orgulhavam bastante.

— Sabem qual a pior parte? — continuou Hugo. — A pior parte é que com as provas chegando, Teddy e Akilah acharam que seria uma boa ideia fazer um simulado para as NOMs. Estamos atolados de matéria, e todo mundo só consegue falar do namoro de James Sirius com o Rei.

Tá, talvez Hugo e Rose fossem mesmo parecidos.

— A escola está completamente alvoroçada — resmungou ela, bufando. Só queria que parassem de falar daquilo para não perturbar mais o juízo de Roxanne. — Fala sério, há coisas melhores do que James Potter!

Como o fato da prova de Aritmancia ter sido adiantada um dia! Ou como Akilah aumentou o conteúdo que ia cair na prova de Transfiguração! Ou como Slughorn estava mais animado organizando o jantar de Natal do Clube do Slug do que determinando se a prova prática ia ser de “Amortentia” ou de “Poção do Morto-Vivo”!

— Rose — chamou Hugo no meio de todo lamento silencioso que a irmã fazia ao matar a comida pela segunda vez — não sei se está sabendo, mas o Teddy está organizando aulas de reforço para o simulado quinto ano. Parece que ele vai chamar gente do sexto e sétimo ano para dar aula. Acho que é um plano dele, do Akilah e do Slug. Algum deles falou com você?

A ruiva parou com o movimento frenético sobre a comida e olhou para Roxanne em sua feição de dúvida. A outra só negou também, e logo as duas estavam fitando Hugo sem a menor ideia do que ele dizia com aquilo.

— E o pessoal ganha alguma coisa com essas aulas? — perguntou Roxanne com uma sobrancelha erguida. A resposta foi rápida: um negar de cabeça de Hugo. — Então é na base do companheirismo e coleguismo? Vocês devem estar precisando mesmo.

— Tô fora — sentenciou Rose rapidamente, sendo fuzilada pelos olhos da prima. — Que foi? Eu estou atolada de coisas para a semana de provas.

Hugo se aproximou um pouco dela, que se afastou o mesmo espaço que ele tomou.

— Você deveria ajudar, manina. Lembra do “esquema” de colas? Ainda deve lembrar de muita coisa decorada. Não ia precisar gastar muita energia com coisa nova.

Ela olhou para o irmão, que sorriu pedinte. De nada adiantava essa carinha, estava irredutível.

— Não convenceu. Já perdi tempo demais com outras coisas que não eram da escola. Desse jeito, Malfoy vai me passar nas notas. — Empinou o nariz para mostrar a determinação ainda maior. — Não vai rolar.

A cara que Hugo fez foi um misto de decepção com algo que ele possivelmente já esperava. Quer dizer, era bem na cara que ia negar. Fosse ao menos ganhando algum ponto extra, talvez considerasse. Quando percebeu, ele já tinha se levantado e ido embora. Ótimo! Assim ela poderia voltar a odiar Nate Parkinson e James Sirius com sua demonstração de afeto excessiva.

— Grindy…

— Não fala, eu estou pensando num jeito de torturar nosso novo casal favorito. — Rose soou mais maligna assim, mordendo o último pedaço de frango no seu prato. Olhou para Roxie, e lá estava ela bem séria a encará-la. — O que foi agora?

Roxanne piscou duas vezes e suspirou, balançando a cabeça de um lado para o outro.

— Duas coisas — começou, já recebendo um revirar de olhos de Rose. Lá vinha uma lição de moral na sua direção. — Primeira: você não está com raiva de Nate e James só porque eu era afim do Nate. Você está com raiva porque eles assumiram um relacionamento de rivais seculares e estão sendo bem recebidos pela escola. Que nem você seria se assumisse o que tem e não tem com o Scorpius, mas tem medo de se dar essa chance.

Foi assim, na lata. O garfo de Rose até mesmo caiu no prato, e ela engoliu o bolo de frango a seco.

— Não é isso. — Umedeceu os lábios, tentando contornar, mas já sentindo as bochechas formigarem. — Definitivamente não é isso.

— Segunda. — Ela levantou dois dedos e esticou o braço para batê-los na testa da ruiva. — Hugo estava pedindo sua ajuda ao insistir que você fizesse parte do negócio do Teddy. Use sua chatice e genialidade para algo útil, vá ajudar os reles mortais que precisam de auxílio com as NOMs. — Um sorriso gentil brotou nos lábios de Roxie, como ela sempre fazia quando pensava nos outros. — Lembra no ano passado o quanto a gente sofreu?

Lembrava. E como lembrava! Ela praticamente ensinou Roxanne, Priya Patil e Samuel Thomas a escrever outra vez com todas as vezes que precisou repetir a matéria de História da Magia.

— Não vai rolar. Muita coisa para fazer.

Ela bateu nos livros que tinha colocado na mesa e se levantou de uma vez, colocando-os no braço bem apertados. Aquela era a sua forma de mandar Roxanne apressar um pouco o ritmo e terminar de engolir a comida para correrem para a última aula do Slughorn antes da prova.

A verdade era que Rose estava mesmo se incomodando com algo naquele novo namoro. De alguma forma, ficava imaginando o que aconteceria se por acaso ela e Scorpius tivessem algo sólido e dito com todas as palavras. As pessoas teriam os mesmos comentários? Que eles viviam brigando, que ele usou poção do amor, que ela não contaria a verdade para os pais e coisa e tal? Era realmente difícil não se identificar.

Aí vinha a lembrança de Jasper vindo passar o natal com ela. Com ela e por ela, como ele fez questão de deixar claro.

Jasper era… Jasper era lindo! Lindo, engraçado, divertido e inteligente. Parecia um príncipe enquanto sorria e um atleta formidável em cima da vassoura. Quando a beijava, deixava Rose no mundo da lua!

Ou pelo menos era isso que ela dizia a si mesma quando relia a carta que ele enviou.

— Roxanne! Roxie! Rose! Cacetada, alguém olha pra trás! Roxanne!

Um voz ímpar soou no corredor atrás delas, enquanto desciam para a sala de Poções nas masmorras. Olharam para trás e lá vinha Albus correndo com Scorpius bem calmo atrás dele. Ele sempre aparecia quando os pensamentos de Rose estavam mais divididos.

Albus chegou quase atropelando as duas e acabou levando um soco de Roxanne no seu ombro. Foi ridículo.

— Que foi, barulhento?

— Nossa, isso é jeito me cumprimentar? — Albus esfregou o ombro socado. — Grossa.

Scorpius chegou logo atrás dele, rindo com as mãos enfiadas nos bolsos da capa. Os olhos dele e de Rose de encontraram, e eles sorriram ligeiramente um pro outro antes de ela fechar a expressão e esmurrar o braço dele também. Claro, Albus começou a gargalhar.

— Ei, o que eu fiz pra merecer?! — choramingou o loiro, encolhendo-se.

— Nasceu! — brigou Rose. — Nasceu inteligente. Pra ganhar de você, eu preciso me esforçar mais! É um saco.

A boca de Scorpius lentamente fez um “au” extenso e sem som pela dor da porrada. Tá, talvez ela tenha exagerado um pouco com isso.

— Pela primeira vez, não tem porquê se preocupar com essa competição que só existe na sua cabeça — falou Scorpius, diminuindo gradativamente a feição de dor. — Nossa como essa batida foi desnecessária.

Algo nela amoleceu por um segundo, esticando a mão para tocar onde bateu no braço de Scorpius ao dizer:

— Desculpa. Exagerei…

— Voltando ao que realmente importa — exclamou Albus, em alto e bom tom — tenho um novo plano explosivo!

Rose e Roxanne se entreolharam. Esse garoto precisava de tratamento.

— Não julguem ainda, é razoavelmente um bom plano. Pelo menos vai ajudar o Albus em alguma coisa que não quadribol. — Scorpius o defendeu um sorriso suave. — O professor Akilah veio falar comigo sobre dar umas aulas de reforço para o quinto ano antes do simulados das NOMs, disse que ele e outros professores estavam organizando isso informalmente para ajudar o pessoal, sabe? Fui falar com o Albus, e ele veio com a ideia de…

— De como me redimir com Alice! — Ele estendeu os braços como se mostrasse um letreiro na frente de todos. Ninguém teve muita reação, o que fez Albus pigarrear e voltar à posição normal. — Já que o plano estranho de vocês não teve muita eficácia além de juntar meu irmão com Nate e de machucar o braço do meu melhor amigo, achei por bem que dessa vez fosse eu a mente maligna por trás.

Ele e Rose se encararam. Ah, ia bater nesse Potter.

— Mas espera. — Rose parou um instante, levando os olhos em direção a Scorpius. — Akilah foi falar com você?

O que ela queria perguntar, na verdade, era: por que ele não foi falar comigo?

— É, parece que foi algo que ele, Lupin e Slug pensaram para ajudar os alunos mais velhos e mais novos. — Scorp deu de ombros simplesmente. — Por enquanto tem Nate e eu, mas ele ainda está chamando outros alunos. Até comentou que ia te chamar, mas eu pensei que você ia estar cheia com os estudos.

Rose franziu o rosto, mas nem teve muito tempo para falar. Albus já estava chiando outra vez:

— Eis que entra o meu plano! Eu vou me voluntariar como aluno do sexto ano para dar aula de Trato com Criaturas Mágicas, aí Alice vai ser obrigada a conversar comigo.

— Lysander é melhor que você em Trato — argumentou Roxanne com uma sobrancelha erguida. — Não vai conseguir essa vaga.

— É aí que você entra, Roxanne!

Mas Rose não podia estar menos aí para o que Albus queria. Ainda estava encarando Scorpius, como se estivessem num mundo à parte.

— Você não tem as mesmas coisas  que eu para estudar? — questionou ainda incomodada.

Ele meneou com a cabeça, tranquilo e bobo na expressão facial. Não podia estar considerando isso mesmo!

— Ah, mas vai ser legal ajudar o pessoal, sabe? Por isso eu disse que não precisa se preocupar com a nossa competição. Dessas provas eu tô meio fora.

Aquilo era… Completamente fora de cogitação!

— Tá sabendo que não vai ganhar nada com isso, não está? Hugo me disse que os professores não estão oferecendo nada, nem crédito extra.

Scorpius assentiu só a tempo de Roxanne esmurrar Albus outra vez.

— Eu não vou paquerar Lysander Scamander para te ajudar! — ralhou e deu outro murro em Albus. — Perdeu o juízo completamente?! Por que não faz como uma pessoa normal e simplesmente vai conversar com a Alice? Por que nenhum de vocês nunca vai pelo caminho mais óbvio que é con-ver-sar?!

Rose e Scorpius viraram o rosto para a confusão dos dois, vendo Albus erguer os braços para se declarar inocente e pedir que ela parasse.

— Ei, ei, ei, pensa comigo! Vai ser perfeito para nós termos um momento a sós! Eu convenço ela a fazermos questões sozinhos e…

Roxanne deu de costas de uma vez, rumando à aula com passadas pesadas. Se Albus tivesse a menor noção do que se passava na cabeça dela e na frustração com Nate Parkinson, talvez não pedisse esse tipo de coisa. É, ele nunca conseguiria nada disso com Roxanne.

Mas ficaram Rose e Scorpius, sozinhos e um de frente para o outro antes de entrar na aula. Os olhos se trocaram e lá estava a dúvida da garota crescendo.

— Scorpius — chamou-o com a voz mais tranquila. — De verdade, por que quer ajudar os professores nessas aulas?

Ele sorriu um de seus sorrisos mais simples. Quando sorria assim, ficava mais bonito. Era até engraçado.

— Eu disse. Acho que posso ajudar. — Ofereceu o caminho com a mão para que os dois entrassem na aula, mas Rose não se moveu. Ele deve ter entendido o que ela queria dizer. — Que foi?

— Nada. Eu só não vejo o que você pode ganhar fazendo isso.

E realmente não via. Quer dizer, eles eram as pessoas mais inteligentes da sala e tinham capacidade de acertar todas as questões das provas, de todas elas! Mas se Scorpius se perdesse em fazer coisas pelos outros, ele seria… É, ele seria Scorpius.

Scorpius com aquela gentileza de sempre, com aquele sorriso tranquilo e seu jeito mais suave em se mostrar presente.

— Eu tô tranquilo. — Ele deu de ombros. — Já ia ajudar Lily a estudar de qualquer forma para recuperar a matéria perdida, então quando os professores me pediram foi fácil aceitar. Lembra aquele pessoal da Lufa-Lufa da história das varinhas de alcaçuz? Eles também pediram minha ajuda quando souberam que eu ia estudar com a Lil. Eu não tinha motivo para não aceitar.

Rose torceu um pouco a boca. Não era ciúme das meninas, não era isso… Era uma sensação boa, um calorzinho no peito que sentiu se espalhar pelos ombros e pelo rosto. Olhava para o rosto de Scorpius e só tinha mais certeza de que mesmo que não conhecesse ninguém, ele iria ajudar. Afinal, ele era uma pessoa melhor.

— Quer ajuda? — falou mansa, muito mais gentil do que tinha a pretensão de soar. Ele até mesmo cresceu os olhos de surpresa. — Com as aulas. Se dividirmos a matéria, você não precisa comprometer os estudos todos.

— Tem certeza? — Ele soltou um meio riso. Não acreditava. Ótimo, Rose Weasley! Nem quando queria fazer a coisa certa as pessoas acreditavam! Talvez ele tenha visto a revolta instantânea na feição dela. Apenas pigarreou e tentou se retratar: — Digo, você está com todo seu estudo esquematizado. Não precisa. Akilah e os outros professores devem conseguir alguém.

Ela negou com um movimento de cabeça firmemente, erguendo o queixo ao fitar os olhos azuis de Scorp.

— Você ajuda porque é uma boa pessoa. Eu vou também porque... — Parou e ajeitou os ombros cheia de pompa. — Porque você me faz querer ser uma boa pessoa.

Silêncio. Os olhos dele percorreram o rosto dela, e Scorpius deixou que a boca se curvasse num sorriso um pouco maior, mais tímido também. 

— É sério? — murmurou sem graça.

— Fora que ninguém é capaz de alcançar a nossa média, então eu não tenho o que temer — exclamou como se isso fosse realmente a segunda maior preocupação. Não era. Pensou em Hugo pedindo sua ajuda e no fato de que as pessoas sempre a viam como alguém que não faria nada que não a beneficiasse. — É sério, Scorp. Eu sei que sou meio insuportável mesmo, mas… Você é…

— SCORPIUS! — Albus gritou alto, saindo da sala de Poções na direção dos dois. — Ela topou! Roxanne topou! Ela vai ajudar! Ela vai! — Parou só quando deu de cara com os dois, olhando de um para o outro. Rose o encarou e possivelmente o fez hesitar um passo para trás com a intensidade. — Ah. Eu vou… Voltar lá. Slug vai começar. É bom vocês irem.

Scorpius acenou com a cabeça para Albus dar um fora, mexendo a cabeça insistentemente. Ele entendeu e ergueu as mãos, saindo de perto deles de fininho.

Foi com um suspiro que Rose tornou a olhar para Scorpius. E só então ela sorriu meio culpada das próprias palavras e da forma que chegava dele.

— Eu vou entrar e falar com o Slug para tentar entrar nessas aulas. Aproveitar e ver como o Albus chantageou a Roxanne para ela topar.

— O que você estava dizendo? — falou Scorpius, levando a mão para coçar atrás do pescoço. — Estava falando que eu sou algo.

Rose umedeceu os lábios. O sorriso foi injusto, foi sincero e foi para ele, meio que mais entregue que os outros. Era ridículo como Roxanne tinha sempre certeza sobre as coisas que Rose sentia e pensava! Estava mesmo com raiva de James e de Nate porque eles tinham mais coragem que ela mesma.

— Você é incrível. Só isso — sentenciou com as bochechas provavelmente rosadas. —  Obrigada por me inspirar a ser uma pessoa melhor.

Era como se fosse uma eterna erva daninha.

Competitiva, animada, cabeça dura e com posicionamentos firmes que doíam mais nos outros que em si mesma. Rose Weasley era o próprio caos ambulante indo para cima de seus sonhos aventureiros e chamativos. Porém, desde o momento que ela e Scorpius Malfoy se aproximaram, pouco mais de dois meses antes, era como se pudesse ser mais que uma erva daninha que crescia em lugares indesejados e conquistava seu próprio espaço.

Scorpius não era incrível só por como agia. Scorpius era incrível por transformá-la e por fazê-la querer ser rosa aos seus olhos.

Entraram na aula de Poções de Slughorn sem muita demora, cada um indo para seu lugar distante assistir a revisão do que quer quer que o velho Horácio quisesse falar. Ia cair poção do Morto-Vivo mesmo na prova prática, e, de alguma forma, Rose ficou um tanto decepcionada. Se fosse Amortentia, a poção do amor, ao menos ela teria um auxílio… Saberia se seu cheiro favorito era amadeirado, como lembrava que era de Jasper, ou era de amaciante, como sentia forte em Scorpius. Ou de terra molhada, como no beijo que deram no lago. Ou de neve, como ela sentiu no dia que foram a Hogsmeade ajudar Albus. Ou de café e insônia, como no primeiro beijo deles, o do treinamento.

Estava perdida.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo era necessário ♥ eu fico muito muito feliz com a evolução da Rose. Se for para comparar como ela agia nos primeiros capítulos com agora, é muito fofo ver sua evolução. Ela continua arrogante? Continua, essa é a personalidade dela hahha, mas quer mais fazer o bem agora. O efeito que o Scorpius tem sobre ela não é só de paixão ♥ como lidar?????
Awn, e eu fiquei derretidinha também pelo James e pelo Nate melosos hahaha. Lindos!
Enfim! Espero conseguir trazer o próximo capítulo logo também. Vai ser ótimo! Hahahah e já já teremos um desastre natalino!



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