Aprendendo a Mentir escrita por Starsky


Capítulo 22
Capítulo 21 — Metodologia Lupin.


Notas iniciais do capítulo

Eu sei o que vocês estão planejando... "Vamos matar a Starsky porque ela não posta nunca esses capítulos e nem tem tempo pra responder a gente direito ahhhh!". Geeente, eu juro que eu me esforço bem direitinho kk, então eu jogo toda a culpa por falta de tempo na faculdade e no resto da minha vida e venho (cof cof outra vez) pedindo desculpas pelo atraso e por ter dificuldade de responder todo mundo direitinho kk. Saibam que eu amo vocês! Leio cada comentário com todo amor e cainho! Vocês que me motivam a continuar a fic depois de tanto tempo, sério hahaha.
Sobre o capítulo de hoje, ele veio como uma verdadeira redenção minha com vocês! Espero que gostem!



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Capítulo 21

Metodologia Lupin

Scorpius

 

Bem me quer. Mal me quer. Quando Scorpius era criança, sua mãe começou o jardim que eles tinham em casa, aquele maldito jardim. Nele, havia rosas, petúnias, lírios, lisiantos… Todos mantidos com esmero e um pouquinho de magia. Porém, as mais preciosas eram as pequenas margaridas. Astoria costumava cuidar delas sorrindo, e as que caiam ela usava para uma única brincadeira:

" Você tira uma e diz “bem me quer”. Depois tira outra e diz “mal me quer”. A que ficar por último é a sua sorte."

"Mas isso é coisa de menina, mãe" resmungava Scorpius.

"Meu filho… Tão novo e tão bobinho."

Lá estava Scorpius, sentado sozinho num dos bancos do pátio próximo à sala de Transfiguração, enquanto olhava para uma florzinha branca que havia caído em seu livro alguns instantes atrás. Não era bem uma margarida, mas a quantidade de pétalas vinha a calhar. Seria provavelmente idiota demais ficar contando bem me quer e mal me quer quando ele sabia a resposta, mas a possibilidade não deixava de existir.

E se?

Scorpius ainda podia sentir a sensação do beijo dele e de Rose do sábado, e já era segunda-feira. A forma como se aproximou dela e como criou aquela coragem (ou loucura) foram detalhes. Porém, quando ela o beijou e os dois ficaram juntos, parecia que o destino havia sido selado de uma vez. A parte mais engraçada era que Scorpius não sabia o que deveria ter feito ou se beijara Rose da maneira correta. Existia alguma maneira correta de beijar alguém?

Olhou para o céu, pensativo, mas só conseguia pensar nos olhos dela encarando os seus.

“Droga, como ela pode ser tão linda?”

Suspirou. Ela disse que foi um treinamento. Talvez para ignorá-lo ou para dizer a si mesma que estava tudo errado em terem se beijado. Por mais que tenha sido incrível. Por mais que tenham sido eles dois. Por mais que… Argh, como Rose não entendeu que ERA ELA a pessoa por quem ele estava apaixonado?! Para alguém realmente inteligente e maliciosa, ela simplesmente foi lerda! Scorpius não conseguiu dormir de sábado para domingo por causa da mente borbulhando pensamentos de encorajamento e decepção uns por cima dos outros.

“Era só um treinamento, ela só pensou em me ajudar”, “Ela também está apaixonada por mim! Não há a menor chance de não ser paixão depois daquele beijo”, “Ela me odeia, vai rir da minha cara por tê-la beijado”, “Eu vou convencer essa garota que sou eu quem ela vai gostar”, “Se a família dela souber, vão me matar”, “Se o Albus souber, vai rir de mim”.

Então tirou a primeira pétala da florzinha na sua mão. Bem me quer. Talvez ela quisesse. Talvez o beijo tivesse sido especial para ela como foi para ele. Mal me quer. Ou talvez Scorpius fosse idiota de ficar pensando nessas coisas porque não faziam o menor sentido, ainda mais com ele brincando com uma flor de um jogo idiota.

— Eu nunca achei que você fosse alguém que odiasse flores.

Uma voz soou na sua frente, fazendo com que ele erguesse o olhar. Lily Luna estava na sua frente com as mãos na frente do corpo segurando livros. Alguém chamou seu nome, e ela acenou um “tchauzinho” antes de voltar a olhar para Scorpius.

— Elas trazem lembranças ruins. — Ele ergueu os ombros e afastou-se no banco para ela se sentar, jogando a florzinha no chão. — E aí, como estão os estudos para as NOMs?

— O mesmo de sempre: Slughorn caducando devagar, Akilah empolgado com as teorias da transfiguração. — Lily sentou-se ao lado do rapaz e sorriu discretamente. — Só o Teddy que estava um pouco distraído hoje. Parece que ele quer fazer algo diferente na aula de vocês do sexto ano e estava perturbadinho.

Scorpius olhou para o relógio de pulso rapidamente.

— Acho que já já eu descubro, minha próxima aula é dele. Se quiser, posso te dizer o que é mais tarde.

Lily balançou rapidamente a cabeça em negação.

— Ah, não! Eu tenho uma campanha de não spoiler fervorosa. Não se estraga as coisas antecipando elas — disse com graça, fazendo com que Scorpius a encarasse. Ele achou estranho, parecia que ela estava mais magra que da última vez em que conversaram, poucos dias atrás. Garotas magras gostam de fazer regimes, isso era muito esquisito. — Por falar em estragar coisas, você viu meu irmão James por aí? Ontem ele disse que queria conversar comigo e com o Albus, mas só ficou parado com uma cara tensa enquanto a gente jantava.

Imediatamente, a imagem do beijo de Nate Parkinson e James voltou à mente de Scorpius, que engoliu a seco.

— Não faço a menor ideia. — Ele deu de ombros, pestanejando.

— Acho que James está tenso porque o papai começou a pegar no pé dele com a formatura chegando — disse a ruiva, apoiando o queixo com a mão e os cotovelos sobre os joelhos. — Ele e o Albus estão recebendo várias reclamações da McGonagall, isso deixa mamãe furiosa.

Scorpius riu. Imaginava Ginny Potter como uma quase mãe monstro do lago Ness pronta para matar suas crianças ou quem quer que as perturbasse

— Mas são meio que merecidos esses puxões de orelha — murmurou o loiro, levando os olhos para frente sem encarar nada em específico. — Eles dois são dois…

— Cabeças duras — completou Lily com um riso suave. — Eu sei, são teimosos. Meus teimosos sem noção favoritos. Você não tem irmãos, né?

Ele negou com um movimento de cabeça. Se bem que Albus estava bem próximo da categoria, faltava só o mesmo sangue.

— Mas eu tenho minha mãe. Ela sim é a rainha da teimosia! — Scorpius sorria sem se segurar e mal percebia que isso era tão natural. — Lá  em casa, nós vivemos pedindo que ela se cuide, mas a louca só pensa nos outros.

— Ah, isso é fofo da parte dela. Mostra o quanto ela se importa mais com vocês que com ela mesma.

— Fofo nada. Ela faz é deixar meu pai e eu preocupados em dobro. — O rapaz balançou a cabeça em sinal de reprovação, mas bastou olhar para Lily e ver que o semblante dela mudou, mesmo que pouco, para baixo. Seu sorriso aberto minguou para apenas uma curva de lábios. — Q-quer dizer, não é como se eu menosprezasse mamãe  ou achasse que ela é… que a situação é… que, eu,ahn…

Toda a confusão e todos o gaguejar foram suficientes para fazer Lily tornar a rir, deixando-o com as bochechas formigando. Pelo visto, o único jeito de realmente fazer uma garota sorrir é parecer um idiota na frente dela. Que beleza, Sr. Scorpius Malfoy!

— Você é uma graça, Scorp. Tenho certeza que sua mãe pensa o mesmo. — Ela balançou a cabeça e se levantou, colocando as mãos para trás do corpo de um jeito fofo. — Eu vou para a minha aula agora. E você deveria cuidar para não machucar mais tantas florzinhas assim.

Scorpius apenas ergueu a mão para acenar um tchauzinho. Estava completamente sem graça.

— Prometo que vou ficar na minha.

Lily deu de costas e começou a dar vários passos na direção da sala de transfiguração. E por um momento, Scorpius suspirou. Porém, quando percebeu, lá vinha ela de volta com as bochechas levemente coradas e um sorrisinho talvez ainda mais sem graça que o dele.

— Eu só esqueci de perguntar uma coisa — disse ela, aproximando-se o quanto podia e deixando uma pulga atrás da orelha do rapaz. — Scorp, é só que… Bom, eu queria saber se algo está acontecendo entre você e a minha prima Rose.

Subitamente, ele engasgou com a própria saliva.

COF COF entre eu COF COF e a… — Não conseguiu terminar direito a sentença. Levantou-se tossindo como louco. Lembrou-se por um longo momento de todas as vezes que ele e Rose riram juntos e se entreolharam, mas não pensou no beijo. Só conseguia tossir e tentar encontrar fôlego, chegando a apoiar-se em Lily Luna.

— Foi uma pergunta tão ruim assim? — Ela riu, segurando-o e fitando seus olhos.

Aqueles olhos. O jeito que Lily o encarava era diferente do jeito que a maioria das garotas fazia. Isso só fazia o garoto ficar ainda mais vermelho que ela.

— N-Não, é só que… — Engoliu as próprias  palavras. Não podia dizer absolutamente nada sobre Rose, senão ela o mataria. — Claro que não está acontecendo nada entre nós. Quer dizer, você conhece a sua prima, né? Ela jamais teria… algo… com um… Sonserino…

Ouvir sua própria voz dizendo aquilo era além de frustrante.

— Sim, eu conheço! É só que vocês estão andando tão juntos que chega a ser engraçado e meio suspeito. O Hugo, irmão da Rose, acha que estão com algum plano de dominar a escola e dividir a coroa — disse Lily, sacudindo os ombros, fazendo Scorpius contrair as sobrancelhas. Então, ela começou a dar alguns passos para trás, dando tchau com a mão. — Devíamos combinar de estudar juntos um dia desses, ou quem sabe fazer um piquenique. Até mais!

Não respondeu. Assistiu a ruiva sair de perto com uma grande e gorda interrogação pairando sobre sua mente. Não era idiota, claro que estava achando bizarro aquilo! Mas de certo era lerdo... Afinal, precisou entrar no castelo, seguir no caminho do terceiro andar e entrar na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas para finalmente computar em sua própria cabeça o que havia escutado. Por sorte, só havia duas pessoas em sala, e uma delas era essencialmente alguém que poderia escutá-lo falar o que estava sentindo em voz alta.

— Eu acho que a Lily me chamou para sair. — Ele caiu, literalmente, na cadeira ao lado de Roxanne. A menina grifinória arregalou os olhos na direção dele, e os dois se encaram por um instante. — Roxie, você ouviu? A Lily acabou d-

Não terminou de falar. Roxanne pegou o próprio livro e bateu em seu ombro com força. Mas Scorpius estava tão chocado que nem conseguiu dizer um “ai".

— Ficou maluco? Sério? Lily Luna? — Ela bateu novamente. — Você disse que não tinha nada com ela. Disse que era outra garota!

— Eu sei — murmurou o rapaz, abaixando a cabeça e olhando para os lados sorrateiramente. Estava com medo de que os ouvidos errados escutassem aquela conversa. — Ela me falou isso do nada. Você acha que eu estou como?!

— Negando, eu espero. — Roxanne balançou a cabeça e esfregou as palmas das mãos nas bochechas. — Ou você pensa em aceitar?

Desesperadamente, Scorpius negou com um movimento de rosto. Por mais que fosse Lily Potter, ele não queria que nada interferisse no nada que ele não tinha com Rose.

— Eu não vou aceitar. Mas isso não deixou de ser estranho. Se fosse a Madeline ou uma das meninas da Lufa-Lufa pra quem eu dei uma varinha de alcaçuz era uma coisa, tudo bem! Só que a Lily além de ser irmã mais nova do meu melhor amigo é, bom, a Lily Luna. — Ele jogou a cabeça na madeira da mesa, sentindo o estômago revirar. — Em qualquer outro momento, em qualquer outra circunstância, eu juro que estaria feliz de ser convidado para sair por uma menina bonita. — Virou o rosto, deixando apenas as bochechas encostadas para poder olhar para Roxanne. — Eu sou um cara ruim por pensar assim?

Ela abriu a boca, mas nada disse. Somente sorriu suave e pôs a mão na cabeleira loira do amigo.

— Claro que não é. Você só é um homem.

Scorpius se ergueu sem saber se ria ou se ficava ofendido.

— Por que eu acho que isso não foi algo para me confortar? — disse, rindo. Roxanne achou graça ainda maior, gargalhando abertamente e se recostando na cadeira com os olhos escuros encarando o teto. Era cedo para a aula, não devia nem faltar dez minutos para 10h, e pouca gente entrava pela porta. Mas o mais estranho mesmo era que Roxanne já estava de pé, sendo que eles tiveram o primeiro período livre. — Mas ei, o que te fez acordar cedo? Tinha treino hoje?

— Que nada! Rose me acordou de madrugada e não me deixou mais dormir com um monte de perguntas sobre Adivinhação. — Roxanne deu de ombros com um suspiro. — Ao que parece, ela quer entrar em mais uma turma para ocupar a mente, aí acha que consegue acompanhar a minha turma de Adivinhação assim do nada.

— É, a Rose consegue ser complicada.

— E ela está atrasada. — A garota se virou para a porta nos fundos da sala. — Argh, outra premonição minha. Ela chegou.

Scorpius engoliu a seco sem saber se também se virava para a porta ou não. Não era como se estivesse evitando a Weasley desde o dia em que…

Ficou arrependido?” a voz dela voltou em sua memória, e os lábios de Scorpius sorriram bobamente. Jamais se arrependeria daquilo.

Foi assim que ele se voltou para vê-la. Carregava dois livros gigantes e andava como se fosse dona do lugar. E a cada segundo que passava dela andando na direção sua e de Roxanne, parecia que realmente empurraria qualquer pobre criatura que ficasse em seu caminho ao chão.

— Bom dia, Grindy! Me lembra de te matar depois da aula por não ter me deixado dormir.

— Eu te fiz um favor. Agora que revisou tudo comigo, com certeza vai tirar Excelente na próxima prova. — Rose sorriu para a prima e pôs seus livros na mesa em que ela e Scorp estavam sentados. Só então olhou discretamente para o loiro, mordendo o próprio lábio antes de falar: — Bom dia, Scorpius. Achei que tivesse sido assassinado pelo James ontem. Fico feliz que esteja bem.

— Ah, ele n-

— Scorpius foi chamado para sair pela Lily — interrompeu Roxanne. De repente, todo o sangue de Scorpius sumiu do seu rosto, enquanto ele a encarava prestes a gritar “POR QUE VOCÊ DISSE ISSO?!”. — Ouviu o que eu disse, Rose? Scorpius e Lily Luna.

Não deu muito tempo para que a ruiva respondesse. Os lábios de Rose se juntaram retraídos e ela ergueu os livros novamente.

— Boa saída para eles, então — disse antes de dar de costas.

Saiu andando e jogou seus livros duas filas na frente da dupla, sentando na cadeira de uma vez, com os braços cruzados. Na cabeça do garoto sonserino, ela estava com raiva pela informação ter sido jogada de um jeito tão rápido e displicente. Quando deu por si, estava muito mais que perdido.

— Cara, por que você disse aquilo para a Rose?! — choramingou Scorpius para a outra menina.

Roxanne piscou ligeiramente e sorriu de cantinho de boca.

— Existe algum motivo especial para eu não dizer?

— Não, é só que eu… É que… — Ele bateu as duas mãos nos olhos e choramingou. — Deixa pra lá. Eu vou ficar quieto pelo resto do dia. Que Merlin me ajude.

Mas a garota só conseguiu rir, balançando os ombros.

— Ah, amigo, uma hora você vai entender porque eu fiz isso.

Não entendia. Não queria entender. Ficou olhando para Rose emburrada nas primeiras cadeiras da sala e com a cara enfiada entre livros. Se havia qualquer mínima chance de ela olhar para aquele dia do beijo com outros olhos, essa chance simplesmente acabou com as palavras de Roxanne sendo ditas de tal forma. O mundo tinha desmoronado.

— Scorpiuus! — Albus berrou, entrando na sala com uma corrida animada, quase tropeçando nos seus próprios pés. Ele se jogou ao lado de Scorp e empurrou Roxanne por conseguinte. — Você não vai acreditar! Parece que alguém roubou a roupa do Kilik Virgil quando e estava tomando banho no banheiro dos monitores e estão fazendo uma caça aos ladrões por tooooodo o andar.

Ele provavelmente teria continuado a falar mil coisas, se uma mão tocando seu ombro não o tivesse parado. Era o professor Lupin com sua expressão serena e cabelos cor de céu à noite.

— Bom dia, Albus. Vamos começar? — disse cuidadoso o professor.

Quando Scorpius percebeu, todos os outros alunos estavam sentados em seus lugares, incluindo toda a tonelada de primos de Albus e Rose que pertencia à mesma aula deles.

— Ele parece estar de bom humor — comentou Roxanne, esparramando os braços na mesa de um lado.

— Diga isso por você. Bem capaz de ele brigar comigo, só pra variar — resmungo Albus, fazendo o mesmo do outro. Os dois riram juntos.

Scorpius nem sabia o que pensar. Ao mesmo tempo que imaginava que a aula seria sensacional, só conseguia observar o topo da cabeça vermelha e imaginar o que ela estaria pensando.

Bem me quer, mal me quer.

O fato de ela ter ido para longe seria ciúme?

Não, claro que não!

— Bom dia a todos — exclamou Lupin, apoiando-se na mesa com os braços cruzados e um sorriso no rosto. — A aula de hoje está um pouco diferente do que geralmente é dado na escola, porém é um assunto que eu realmente estou feliz em dar. Por isso, espero total colaboração de todos. — Ouviram alguns cochichos e agitação. Todos estavam curiosos. — Por isso, quero todos de pé aqui na frente! Ao meu redor!

Foi uma agitação geral. A maioria dos alunos correu para ficar bem na frente, fazendo um círculo ao redor do professor. Scorpius, alto como era, foi mais lento, enquanto Albus e Roxanne o puxavam pelos braços para frente. Quando arrumaram um espacinho, Roxanne correu para trás e voltou ao lado dos meninos com uma Rose de cara amarrada colocada ao lado do loiro. Os dois se entreolharam por um instante e desviaram logo em seguida, um para cada lado.

— Feitiços muitas vezes parecem coisas simples e cotidianas. Nas aulas de Feitiços, vocês já vêm executando há algum tempo manobras básicas e movimentos com calma e seriedade. — Teddy falava enquanto caminhava tranquilamente entre os alunos. — Porém, a magia mais poderosa é aquela que vem de dentro de nós. Situações de estresse, agonia, pressa e preocupação tiram nossa seriedade, mas ativam nosso sistema nervoso de tal forma que o coração bate mais rápido e todo o corpo reage de forma distinta. Escolher a hora de canalizar a magia de dentro para fora no impulso e sem falar o feitiço em voz alta, apenas sentindo-o, não é um talento! É pura transpiração e treino.

Scorpius o observou parar de andar e escutou um bocejo vindo de Dake Zabini logo ao lado. Teddy Lupin então ergueu a varinha e fechou todas as janelas rapidamente com apenas um simples balançar. Houve um pouco de brilho na sua ponta, e novamente um aceno, antes de todas as mesas começarem a se amontoar umas sobre as outras no fundo da sala. Tudo estava em penumbra e abafado, mas a tranquilidade de Teddy em seu colete escuro sobre a camisa de linho era… singular.

— Okay, está começando a ficar interessante — disse Albus, cutucando Scorpius com o cotovelo.

— A atividade desta primeira aula de vocês é simples. Quando eu contar até 3, a pouca luz que há na sala vai desaparecer, e vocês estarão em completa escuridão. — Ele agitou outra vez a varinha, e vento veio de nenhuma janela, batendo levemente nos rostos dos alunos. Alguns riram baixinho. Scorpius, por outro lado, estremeceu. — Junto à transpiração do treino está a força do coração e do espírito. Deles, e apenas com eles dois em conjunto, surge o Patrono de vocês. Deles que está a verdadeira alegria de estarem vivos e de todas as memórias que possuem.

Scorpius, Albus e Roxanne sorriram e olharam uns para os outros. Depois de tanta teoria e de tanto ouvirem falar, finalmente aprenderiam sobre o que era um Patrono. E pela forma como Teddy falava, o próprio Scorpius sentia arrepios e ânsia no seu interior.

— É hoje? — perguntou o loiro.

— É hoje — respondeu Albus baixinho.

Porém, quando olhou para Rose, não viu um sorriso animado como dos outros dois amigos, viu brilho em seu olhar.

Como fogo.  

— Um feitiço difícil e extremamente avançado de proteção, normalmente mostra-se como luz ou em uma forma especial que reflete aquele que o lança: O Patrono — continuou Teddy. Estava na cara que ele estava emocionado pelo seu jeito de falar. — Então, quando tudo estiver apagado, vocês devem concentrar o máximo possível na luz que há dentro de cada um. Pensem em algo incrivelmente feliz, sua memória mais preciosa e mais intensa. Então, repitam, baixo ou alto, como se sentirem mais confortáveis e de um jeito que reflita bem quem vocês são... Expecto Patronum.

Da varinha do professor, uma luz agradável aos olhos surgiu como se fosse poeira de estrela, formando lentamente uma criatura que a princípio não teve formato definido aos olhos de Scorpius, mas que fez com que três ou quatro colegas de turma dessem um passo para trás. Poucou a pouco, a criatura pôs os pés no chão e agitou a cabeça. Era imensa.

— Um lobo — murmurou Rose.

Scorpius não conseguiu conter o sorriso meio bobo.

— Incrível — disse ele.

O lobo feito de luz observou os estudantes enquanto caminhava no perímetro do círculo que eles faziam, esvaindo e findando assim que acabou de rodá-los.

— Espalhem-se pela sala. Há espaço suficiente para isso. — Teddy sorriu, e todos praticamente voaram para cantos separados com todo o salão que ele tinha aberto. Scorpius, por sua vez, pouco andou, mas ficou ao lado de Albus e, por coincidência, frente a frente com Rose. — 1… — A contagem começou, e Rose e ele sorriram um para o outro. — Lembram-se, devem pensar na memória mais incrível dentro de vocês. 2… — Scorpius fechou os olhos naquele momento. Sentiu a mão tremer. Lembrança mais feliz. Lembrança mais feliz. Lembrança mais feliz. — 3.

Scorpius não viu quando o professor lançou o último feitiço para terminar de fechar as janelas e deixar tudo escuro, apenas sentiu a escuridão rodeá-lo, mesmo sem estar de olhos abertos. Ouviu um risinho, um comentário de alguém e outro aluno fazendo “shhhhh”. Não sabia se estava mais nervoso ou ansioso. Pensar na sua lembrança mais feliz era algo difícil, especialmente diante de tanta coisa que estava acontecendo no último mês em Hogwarts.

Correr de James Sirius nunca foi algo divertido, mas o dia em que correu no quadrisolo esteve marcado em si e o fez dar um sorrisinho sem graça. Também teve o dia em que matou a detenção de Teddy. Se queria uma história para contar para seus filhos no futuro, essa era uma das melhores! Como no ano anterior, quando ele e Albus erraram uma poção e tingiram toda a sala do professor Slughorn de laranja.

Scorpius riu para si mesmo e escutou alguém exclamar um pouco longe de si:

Expecto Patronum!

Talvez a pessoa tenha conseguido. Talvez não. Mas as memórias de Scorpius ainda estavam inflamando em sua mente pouco a pouco, especialmente quando passou a pensar das risadas que ele e o melhor amigo davam sempre que se metiam em enrascadas. Certamente a maior delas foi se envolverem com Rose Weasley. Eis que ele lembrou do sorriso dela e do jeito que ela o encarava. Quase sentiu a mão da garota tocando seu peito novamente, como na noite do dia das bruxas. E então, lembrou daquele sábado do jogo da Grifinória e do beijo que deram.

O beijo…

O que ele significava para Rose talvez fosse algo nebuloso, ainda mais quando ela falou que era apenas um treinamento. Porém, para Scorpius, significava muito mais! Significava o quanto ele estava apaixonado por alguém, algo que nunca aconteceu antes, algo tão novo! Quis pegar a varinha e tentar conjurar a magia do patrono naquele mesmo momento!

Entretanto, havia algo maior.

Expecto Patronum! — Ouviu a voz de Roxanne exclamar um pouco mais perto, seguida de um riso. — Pelas barbas de Merlin.

Scorpius quase abriu os olhos para ver. Por pouco conseguiu se segurar mais. Durante muito tempo, ele se comparou com os outros para perder aquele momento que era só seu. Contudo, não era a memória do beijo com Rose que o havia deixado mais feliz na vida. Ah, não… Scorpius passou a mão no topo de sua cabeça e riu para si mesmo com a lembrança. Claro, era ela.

Astoria Malfoy sempre foi uma mãe meio fora do normal. Sua história como um quase centro de reabilitação para um dos bruxos com pior fama de Londres com certeza contribuiu para isso! Ela sempre sonhou em se tornar uma aurora, e por algum tempo de fato esteve no Departamento de Execução das Leis da Magia. Se alguém lhe perguntasse o motivo de ter mudado para a Central de Obliviação, Astoria diria com suas próprias palavras:

“Ah, eu queria mais férias! Sabe, é muito bom ficar em casa curtindo meus meninos. Não é, Draco? Scorpius, me dê um pouco de moral, diga que concorda… Hahahaha”

A Central de Obliviação era mais tranquila, e a Sra. Malfoy não podia ter grandes emoções em seu estado de saúde. Desde antes de Scorpius nascer, ela sabia das condições que seria obrigada a ter caso desse a luz a uma criança. O nascimento de seu filho foi sua sentença e finalização de sua carreira. Por isso Scorpius aprendeu a tocar piano: para agradar a mãe. E também cuidava do jardim dela, tirava notas boas, queria se tornar um medibruxo… Por ela.

A memória mais preciosa de Scorpius não era exatamente a mais feliz. Ele ergueu a varinha e pensou em sua mãe sentada ao seu lado na frente do piano de cauda de casa durante o recesso de natal.

“Mãe, não diz para o papai, por favor.”

“Dizer o quê? Que os meninos falaram que você tem olhos de cobra?”

“Shhh! Ele pode escutar!”

“Querido, você tem olhos de cobra. Olha para eles, são assustadores! Mas são do tipo mais precioso e belo de olhos. Nunca deixe que ninguém diga que esses olhos são maus ou feios.”

Scorpius não gritou e nem falou normalmente. Sorriu e murmurou baixo o quanto pode, talvez isso refletisse melhor quem era e o que sentia:

Expecto Patronum

Ele abriu os olhos apenas para ver a ponta da varinha acendeu devagar como se estivesse carregando. Dela, lentamente, um véu azul brilhoso, quase branco, escorregou para fora, flutuando na sua frente enquanto ficava extasiado e sem acreditar no que havia acabado de fazer. Sentiu as narinas ficarem ácidas. Droga, não podia chorar. Ou podia? Que droga, se chorasse, iria perder a visão linda que era aquele brilho mágico do seu patrono.

Pouco a pouco, a luz começou a tomar forma na sua frente, piscando os olhos e virando lentamente a cabeça de lado ao olhar para Scorpius, como se estivesse conversando com ele apenas pelo olhar. A coisinha se moveu ao seu lado, ainda montando um corpo, começando a rodeá-lo e fazendo Scorpius rir. Só conseguia fazer isso mesmo: rir.

Ele não soube que tipo de criatura era aquela. Tinha quatro patas, era magricela, tinha asas e andava ao seu redor como se fosse um bebê desengonçado. Quando sua luz apagou, Scorpius ficou sem saber o que fazer ou como reagir. Aquilo havia saído de dentro dele, das suas memórias e do seu coração. Praticamente bateu a varinha na própria testa, sentindo-se o bastardo mais incrível daquela escola por ter realizado algo tão simples, mesmo sem ter palavras para definir o que havia acabado de acontecer.

Não importava os outros alunos falando várias e várias vezes o feitiço, alguns até tendo brilho com eles. Scorpius se sentia nas nuvens e queria gritar para todo mundo o que havia acabado de fazer. Ergueu o rosto e lembrou que Rose estava na sua frente, ainda que estivesse tudo escuro. Queria dizer a ela. E pior, queria abraçá-la e agradecer por tudo.

Foi quando ouviu sua voz explodir entre tantas outras.

Expecto Patronum!

A luz que surgiu da varinha dela jorrou entre o corpo da garota e o de Scorpius como um sopro. Ela não demorou a tomar uma forma, abriu asas e sobrevoou a cabeça de Rose como se fosse coroá-la. Rose a olhou maravilhada, era um falcão grande e amedrontador, algo bem digno da alma cheia de força dela. Então, ela olhou para baixo, iluminada pela luz de seu patrono, e trocou olhares com Scorpius.

— Foi incrível — disse ele sem som, somente movendo os lábios. — Você é incrível.

— Você também. — Ela fez o mesmo.

A luz do patrono de Rose sumiu, e o escuro voltou, mas no coração de Scorpius foi como se ainda estivesse aceso tudo aquilo.

Quando Teddy abriu as janelas e deixou a luz entrar na sala, os colegas de classe estavam com outra cara. Não dava para distinguir quem havia conseguido conjurar o patrono e que não. Todos tinham sorrisos animados e determinados, como se quisessem ver novamente e tentar novamente. Olhavam para o professor ansiosos, com certeza mais felizes que nunca!

— E então — disse o mais velho. Seus cabelos não estavam azuis, mas sim verdes. — O que acharam do primeiro treino? Deu pra ver que alguns conseguiram conjurar a luz do patrono e outros a forma também. — Ele caminhou até sua mesa, sentando nela e acenando para que os alunos ficassem no chão. — Devo dizer que fiquei bem orgulhoso da maioria de vocês. Quando eu tentei pela primeira vez lançar meu patrono, não consegui absolutamente nada.

Logo após Scorpius se sentar, sentiu Rose cair ao seu lado.

— Foi incrível — exclamou Lucy Wasley. — Nossa, eu quase chorei só com a luz, imagina se eu tivesse conseguido uma forma animal!

— Eu vi o John chorando — riu Dake com outros garotos, cutucando um menino da Grifinória com o cotovelo.

Teddy riu também. Cara, ele estava realmente feliz com o resultado da aula.

— Mas o que achou de hoje, Sr. Zabini?

Dake deu de ombros olhando para os lados. Suas bochechas pouco a pouco ficaram vermelhas, meio nervosas.

— Ah, professor, é meio difícil de falar. — Ele riu de nervoso. — Eu não consegui conjurar nada, sabe? Mas ao mesmo tempo, fiquei pensando nas coisas que realmente importavam. É como o senhor disse, tem que ter treino. Foi legal também ficar vendo alguns patronos aparecerem. Dá até vontade de escolher um animal pra mim!

— E como! — exclamou o professor, balançando a cabeça afirmativo. — Mais alguém que não conseguiu conjurar quer comentar sobre a sensação da aula de hoje? Albus…?

Scorpius juntou as sobrancelhas quase que imediatamente, olhando para Albus de relance. Ele estava na sua diagonal, agarrado às próprias pernas com um olhar sério. Quando todos se voltaram para ele, sua boca sorriu, mas seus olhos continuaram na mesma careta de antes.

— Valeu por me dedurar assim, Teddy!  — Albus Severus ergueu as mãos com dois certinhos de polegares levantados, fazendo a classe rir. — Eu nem sei o que dizer. Achei que fosse conseguir logo de cara um patrono irado, mas é o jeito me conformar que o meu épico protetor está ainda em processo de construção.

— Algumas vezes, nós não estamos maduros o suficiente para os nossos patronos, é verdade — explicou o professor Lupin para todos. — Às vezes também podemos nos agarrar a memórias que pensamos ser as mais fortes, mas que nem sempre são. Algumas pessoas passam anos sem conseguir conjurar um patrono, e isso não é algo raro, acreditem. Fica a tarefa de casa para essa semana: pensar naquilo que faz com que vocês se sintam vivos! E um dever sobre patronos de duas mil palavras também.

Toda a animação se esvaiu com alguns choramingados, vindos principalmente de Roxanne Weasley.

— Teddy! Tantas palavras nããão!

— Professoooooooor…!

— Pensem pelo lado positivo: essa é a matéria mais interessante do semestre. Poderiam ser duas mil palavras sobre inferi. Tenho certeza que não iriam gostar. — Teddy pegou sua varinha e enfeitiçou a pilha de papéis que estava sobre a mesa, indo algumas folhas para as mãos de cada aluno.

O Malfoy ainda nem sabia onde se enfiar com toda sua alegria. Faria até três mil palavras se ele lhe pedisse.

— O lado positivo mesmo foi eu não ter feito um patrono feio — falou Dake com uma risada junto aos meninos que estavam ao seu lado. — O senhor viu aquele feioso magricela que alguém conjurou, professor? Parecia um cavalo demônio! O bicho era tão feio que me deu até vontade de vomitar.

Algo embrulhou no estômago de Scorpius. Ele estava falando do seu patrono.

— Não foi um comentário gentil, Sr. Zabini — falou Teddy Lupin com seriedade. — Cada patrono possui uma particularidade que reflete aquele que o conjurou.

— Essa pessoa deve ter um interior bem feio, então.

Quase toda a sala riu com Dake, enquanto o loiro se enfiava entre seus ombros. Literalmente toda a felicidade de minutos antes foi pelo ralo.

Ao menos teria ido se Rose não tivesse rido mais alto que todos, chamando atenção o suficiente para que eles se calassem e a encarassem.

— Cara, eu achei que você era lerdo, mas não sabia que era burrinho também — falou ela, cessando o riso e direcionando seus olhos até o garoto. — Nunca viu nenhuma figura de um testrálio antes? Eu também estava de olhos abertos quando ele surgiu, e eu o vi bem direitinho. É uma das criaturas mais incríveis do mundo mágico que só pode ser visto por aqueles que já viram alguém morrendo… E em livros. Achei que você lia livros, Zabini.

— Não apenas isso — completou o professor, tentando acalmar a discussão. — Testrálios são animais incrivelmente dóceis e gentis, isso reflete uma natureza boa, saudosa, agradável, familiar e cuidadosa. Quem quer que o tenha conjurado é uma pessoa muito feliz. — Dake Zabini minguou naquele momento, enquanto discretamente Teddy lançou na direção de Scorpius um olhar bondoso. — Com isso, vamos encerrar nossa discussão. Vejo vocês no final da semana para falarmos sobre outros feitiços de proteção antes de começarmos nossos estudos sobre magias não verbais. Vocês têm até sexta da próxima semana para entregar o trabalho, mas não deixem para última hora, certo? Estão dispensados.

Enquanto os alunos se levantavam para pegar suas coisas, Scorpius manteve-se sentado por um momento. Ou que parecia, precisava pesquisar mais sobre testrálios. Não havia visto absolutamente nada de “cavalo demônio”, apenas uma luz com olhar dócil e um formato estranho, mas ainda assim incrível. Havia uma pessoa que poderia ajudá-lo nisso.

Levantou-se e olhou para a sala, vendo os cabelos ruivos de rose balançando enquanto ela seguia para fora da sala. O rapaz praticamente voou em correria para pegar suas coisas e seguir os passos dela. Se alguém o chamou, ele não escutou. Chegou em Rose já no final do corredor do terceiro andar, quase nas escadas.

— Rose! — gritou, fazendo com que ela se virasse assim que ele chegou ao seu encalço. — O que você… achou de hoje?

Ela não respondeu de primeira, deixou que alguns alunos passassem por eles para sorrir e falar:

— Sinceramente? Achei incrível. Sem dúvida foi a melhor aula de DCAT de todos os tempos hahaha. E a melhor parte ainda foi o final, quando eu calei a boca do idiota do Dake.

— Eu vi. — Scorpius balançou a cabeça e esfregou as mãos na camisa. Estava suando por todos os lugares possíveis e provavelmente não iria parar até falar o que estava segurando. Que droga de nervosismo! — Rose, eu q-queria saber uma coisa.

— Se for sobre a aula de hoje ou sobre o trabalho, saiba que você está oficialmente ocupado comigo para a pesquisa pelos próximos dias até a gente conseguir ao menos as duas mil. Porque assim, o Teddy gosta quando a gente excede as palavras que ele dá. Então já viu, não vou te deixar sair de perto da biblioteca enquanto não tivermos no mínimo três mil pal-

— Nós deveríamos tomar um chá. — Ele a interrompeu de uma vez, soltando todo o ar preso em seu pulmão. — Sabe, um dia desses, se formos a Hogsmeade.

Rose franziu as sobrancelhas por um momento.

— Chá?

— Não gosta de chá? — Scorpius piscou rápido. Iria engasgar nas próprias palavras a qualquer segundo. — P-pode ser café ou sei lá.

— Não, não é isso! — Rose ergueu as mãos como se fosse pará-lo e deu um passo para frente. Os dois quase se chocaram por um instante. — Eu achei que você fosse sair com a Lily.

Devagar, Scorpius negou com um movimento de cabeça. Tomou fôlego e tocou a mão de Rose com seus dedos esguios. Isso a assustou, mas ela não tirou a mão do lugar.

— Seria legal se nós pudéssemos conversar. Eu queria saber sobre, bom, a sua memória. Claro, se você quiser falar sobre ela. — A voz do rapaz saía trêmula e sem graça, mas saía, então era um bom sinal. — Queria poder entender melhor essas memórias fortes.

Rose olhou para a mão dos dois se tocando e ficou ali parada por um momento. Era estranho tê-la daquela forma, mas ainda mais estranho não saber o que pensar com sua reação. Cada segundo que ela passou sem respondê-lo foi tão torturante quanto uma semana inteira cortando o jardim de sua mãe em formas de animais.

— Eu gosto de café. — Ela murmurou também com a voz um pouco falha e baixa. Então, olhou para Scorpius diretamente em seus olhos. — Só nós dois? Porque, claro, eu posso chamar a Roxanne se você quiser. Ou você pode fazer isso com as meninas da Lufa-Lufa ou até com o Nate Parkinson. Qualquer pessoa que não seja a Loucaline é uma pessoa para você conversar sobre isso, Scorpius.

Ele negou com um movimento de cabeça.

— Seria melhor se fosse você, Rose. — Engoliu a seco e a viu morder o lábio. — Mas se você não quiser, eu…

— Eu vou. — Ela soltou a mão de Scorpius rapidamente, levando-a para ajeitar os cabelos atrás da orelha, sorrindo. — Também estou curiosa para saber como foi para você conjurar um patrono. Viu o quanto o Teddy te babou lá na frente do pessoal? Hahaha. — Scorpius também riu, assentindo com a cabeça. — E o Albus? Ele não vai achar que você está trocando ele para falar sobre essas coisas comigo?

— Ah, que nada. Ele sempre entende essas as coisas, fora que ele nem conseguiu fazer o patrono, então só nós dois com certeza ia ser melhor.

Rose pestanejou um pouco e deu dois passos para trás um pouco fora da linha.

— Então está combinado o nosso café-chá — falou rápido e incisiva. — E acredite, se em Hogsmeade tomarmos um café ruim, eu vou descontar todo meu mau humor em você.

Enquanto a via sair, ele concordava silencioso.

— Não espero nada menos que isso.

Rose sumiu descendo as escadas com passos ligeiros, deixando Scorpius plantado no corredor com um único pensamento de:

Eu acabei de marcar algo com a Rose. Algo que não tem nada a ver com o plano de popularidade ou com as maratonas de estudo na biblioteca ou com qualquer outra coisa que não sejam eles dois. Subitamente, a luz que vinha das grandes janelas se tornou ainda mais acesa e clara, como se o próprio pensamento nebuloso de Scorpius simplesmente dissipasse. Aquilo foi tão incrível que ele sequer segurou o grito animado com uma puxada de braço comemorativa:

— Isso!

— Eu me pergunto se você ia me contar sobre isso um dia.

Quando seus ouvidos escutaram aquilo, Scorpius gelou. Olhou para trás e viu, recostado na parede de pedra, a última pessoa que poderia ter escutado aquela conversa.

— Albus…


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Notas finais do capítulo

(Prepara para se proteger das pedras e dos assassinatos kkk)
E então, o que acharam? Muita coisa de uma vez né? Lily Luna chamando Scorpius pra sair, Roxanne deixando bem claro que pegou o segredo do Scorp, patronos (!!!!!), Scorpius chamando a Rose pra fazer algo só os dois e o Albus pegando o Scorp no flaaaaagra! Ai ai ai, o próximo cap tá me dando nos nervos kkkk.
Então, eu pensei em fazer uma listinha depois com os patronos do pessoal hahaha, mas deixar alguns para suspense durante a fic. Por enquanto temos: Scorpius tem um testrálio e Rose tem um falcão. Alguém curioso com a Roxanne? Nate, James e Maddie também têm patronos hahahaha. Em breve! Em Aprendendo a Mentir!
Até o próximo, seus lindooooos!
PS: estamos de capa nova! O que acharam? hahaha