Reboot escrita por Bruno hulliger


Capítulo 4
A verdade pode ser dolorosa




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  A criança da qual Isadora estava falando era uma menina de cerca de dez anos de idade, ele tinha cabelos ruivos, cortados na altura do ombro, suas franjas estavam um pouco decaídas sobre seus olhos. Estes eram verdes e profundos, o que logo demonstrava que ela realmente estava doente. A garotinha estava sentada em uma parte mais íngreme do beco, onde nem mesmo uma moto conseguiria passar.

  Começamos a andar em direção a órfã, que permanecia imóvel na calçada. Ao chegar perto o suficiente, Isadora a cumprimentou com um enorme sorriso no rosto, mas não houve resposta por parte da garota. A supervisora insistiu:

  “Hum... Qual é o seu nome garotinha?” perguntou, com um sorriso exageradamente forçado.

  Não houve resposta. Mas ela continuou tentando:

  “Meu nome é Isadora! E eu estava andando por este maravilhoso beco quando vi você, aí. Toda tristonha. Eu poderia te ajudar em algo?”

  “Não.” Respondeu a menina, friamente.

  “Hum... O.K... Você não gosta muito de conversar então, não é?”

  Silêncio.

  “Vou considerar isso como um sim.” Prosseguiu: “Olhe, esse aqui atrás de mim são os meus amigos! Eles também são muito legais! Você não quer conversar com nenhum deles?”

  “VAI EMBORA!” gritou a garotinha.

  Todos ficaram em silêncio. Isadora em especial parecia desolada com a atitude da menina.

  “Não...” respondeu a supervisora.

  Essa resposta surpreendeu a menina, que levantou seu rosto dos joelhos, pela primeira vez. Ela se assustou com a cor esbranquiçada dos cabelos da supervisora. E como qualquer outra criança faria, falou:

  “Esse cabelo... É bonito...”

  “Hum? Você acha mesmo que o meu cabelo é bonito?!”

  A menina assentiu com a cabeça. Jonas, Zack e Sabrina estavam achando aquela pequena intriga bem interessante. E pensar que eles podiam ver tudo aquilo de “camarote”.

  “Então...” continuou a menininha “Por que você tem um cabelo diferente...? Você é especial?”

  Aquelas palavras inocentes soavam, de certa forma, muito tristes; qualquer um identificaria que ela estava passando por dificuldades.

  Isadora sorriu e disse:

  “Não. Eu sou uma garota comum igual a você. Sabia que o seu cabelo também é lindo?”

  “Mamãe nunca gostou do meu cabelo. Dizia que era feio...”

  “Mas ele é lindo!!” a  supervisora sentou-se ao lado da garota (que já parecia bem à vontade com sua presença) e perguntou novamente “Qual é o seu nome? Rapunzel? Cachinhos-dourados?”

  A menina sorriu timidamente, e disse em seguida:

  “Não! Meu nome é Fabiana.”

  “Viu? Até o seu nome é lindo!”

  “Obrigada. Mas... Eu não acho que sou bonita. Nem boa.”

  “Por quê?”

  “Meus pais me largaram...” seus olhos se encheram d’água e uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

  “Ah... Entendi... Mas, você é uma garotinha especial! Eu sei disso!”

  Mais uma vez houve um momento de silêncio.

  “Então por que eles me abandonaram?...” perguntou, inocentemente.

  Isadora não sabia o que responder. Então Jonas interferiu na conversa para tentar ajudá-la.

  “Olá, meu nome é Jonas. Eu estava lá atrás escutando tudo e...” ele parou um pouco para pensar “... E você não foi abandonada!”

  “O QUÊ?!” Pensaram todos. “Ele deve estar louco” pensou Zack.

  “Não fui abandonada? Então o que aconteceu?”

  Todos ficaram pensativos, ninguém tinha a resposta para essa pergunta.

  “Seus pais deixaram sua guarda comigo.” Falou a supervisora.

  Todos ficaram de queixo caído. E agora? Ela vai adotar a menina?

  “Isso quer dizer que...” refletiu Fabiana.

  “Sim, agora eu sou sua ‘mãe’!”

  Ela devia ser a mais louca do grupo! Era óbvio que ela estava inventando tudo aquilo, mas desiludir uma criança tem as suas consequências, ainda mais mentir para alguém que está doente!

  Fabiana estava confusa. Ela começou a olhar para os rostos de cada um, buscando uma resposta para dar à Isadora, mas os outros estavam tão confusos quanto ela; era muita informação (falsa) para assimilar, o cérebro dela estava tentando pensar, mas estava assustada com tudo aquilo. Ela estava assustada com essa (falsa) notícia repentina! Ela... Ela... Ela.....! Desmaiou.

                                                   ***

  Quando acordou, estava rodeada por pessoas de roupas brancas. Sua visão estava meio embaraçada, era estranho... Perto dela, algumas pessoas conversavam, e uma elas em especial, soltou uma exclamação quando notou que Fabiana estava acordando. A menina estava confusa... Como ela foi parar ali? E por que sentia dores tão fortes no peito? Ela tentava falar, mas sua boca não obedecia, era como ela tivesse de esquecido de como conversar.

  -- Bom dia, Bela-adormecida!! Dormiu bem? – perguntou uma voz familiar.

  Mais uma vez: silêncio.

  A voz feminina pertencia a um vulto de... Uniforme? Sim, era um uniforme. Esse vulto se afastou e começou a conversar com um homem de branco. Ambos usavam termos difíceis durante o falatório, então Fabiana não pode entender toda a conversa. Com esforço, ela finalmente conseguiu emitir alguns sons. Ela queria dizer “onde eu estou?”, mas soou algo mais parecido com “uondi ii ouul?” bem... Mais ou menos isso...

  O vulto percebeu sua tentativa de falar. Ela chamou o homem de branco que lançou uma luz forte sobre seus olhos.

  -- Ela vai ficar bem, foi apenas uma convulsão – falou o homem de branco. – Bom, ela vai ficar bem, por enquanto...

  -- Deixe de pessimismo! – falou a garota, que parecia ter cabelos brancos, ou isso era efeito da visão mal focada de Fabiana?

  -- Isa... Do... – disse a criança, tentando dizer “Isadora”.

  -- Sim. Eu mesma. Não tente se esforçar tanto O.K? Vai ficar tudo bem.

  Era mentira. Zack assistia essa atuação de Isadora pelos fundos, e ao mesmo tempo tentava conter um grito dizendo: ela está mentindo! Logo você vai morrer!  Mas ele não o fez. O rapaz lembrava-se de Helena, sua “futura esposa” que morreu por causa de uma doença igualmente grave. Igualmente incurável... Se ele pudesse ter escondido de Helena sobre sua doença ele o faria, mas isso talvez a tivesse matasse mais rápido... Não! O certo a fazer é contar a verdade. Mesmo que isso seja doloroso.


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