Reboot escrita por Bruno hulliger
Era inevitável, Zack tinha que fazer a prova de qualquer maneira. Caso contrário, ele não seria aceito na universidade...
-- Hum... Isadora, por que o seu cabelo é branco? Você é albina? – perguntou o rapaz.
-- Não tente mudar de assunto, trapaceiro. Faça logo o teste e prove sua inocência – respondeu a garota.
E agora? Ele nunca conseguiria acertar 90% da prova. Mas ele não tinha colado de ninguém! “Sou honesto, eu fiz a prova com honestidade, como qualquer outro aluno faria. Mas eu nunca vou conseguir passar no teste, outra vez...” pensava Zack.
Enquanto ele se esforçava na prova, Isadora e o homem de óculos cochichavam:
“Eu acho que ele não colou na prova; e mesmo se tivesse feito isso, de quem ele teria roubado as respostas? Nenhum outro aluno acertou tantas questões quanto ele.” Argumentou o homem.
“Eu também acho que ele não colou. Ele deve ter usado outro método para conseguir uma nota tão alta... Nem eu conseguiria acertar 97% de uma prova de nível acadêmico! Não sei qual é o truque dele, mas vou descobrir, mais cedo, ou mais tarde.”
A menina gótica estava conversando ao telefone nesse momento. Sua expressão facial era séria, como sempre. Ela desligou o aparelho e foi ao encontro da supervisora. Zack observava a movimentação estranha que ocorria na sala. A garota sombria disse algo à Isadora, que não parecia nada contente.
-- Pode parar de fazer o teste... – disse a supervisora.
-- Por quê?
-- Houve um imprevisto – prosseguiu a garota albina. -- Vamos ter que sair da escola para resolver algumas coisas. E como não tem ninguém de confiança para ficar de olho em você...
Aquelas palavras pareciam sair de forma dolorosa da boca de Isadora. Ela não queria ter que mandar o rapaz se retirar, pois queria provar que ele era um trapaceiro.
Zack, em compensação, estava quase pulando de alegria.
--... Mas você vai terminar o teste amanhã.
A alegria do rapaz se esvaiu. Nesse momento, ele não estava mais tão contente.
-- Sabrina. Acompanhe-o até a saída, por favor... – pediu a supervisora, e a menina gótica atendeu.
“Então o nome dela é Sabrina... Que belo nome, mesmo para uma pessoa tão obscura...” refletiu o jovem.
-- Mas...
-- O que foi trapaceiro?
-- Sei que é intromissão minha, mas o quê exatamente vocês vão fazer fora da escola? – perguntou, com um pouco de receio de ser repreendido.
-- Não te interessa... Mas... Se você quiser vir conosco, seria uma honra.
Sabrina e o outro homem ficaram surpresos com a decisão de Isadora, mas ninguém quis discutir com a "vossa majestade".
-- Hum... Então ta. Eu não tenho nada para fazer mesmo... -- "isso pode ser interessante" pensou.
O homem de óculos estava um pouco indignado com a decisão de sua superior, e tentou discutir com a supervisora:
-- Mas... Supervisora, nós não podemos deixar um estranho ir conosco até...
-- Calado, Jonas – repreendeu-o. – Eu faço o que eu quiser. E também, acho que essa viagem vai ser de grande ajuda para nós.
Ela piscou o olho para ele. Jonas entendeu a mensagem e sorriu em resposta.
Zack não estava entendendo nada, mas ele sabia que qualquer viagem seria melhor do que ficar em casa sozinho, e sem fazer nada. A solidão lhe fazia lembrar-se de Helena, e isso não era bom para ele...
***
Todos os quatro saíram da instituição em fila única, sendo que Zack era o último dessa fila. Eles começaram a longa caminhada... Passaram por um bairro, pegaram um ônibus e seguiram para outro bairro e assim por diante. Conforme se distanciavam, a paisagem urbana cheia de casas luxuosas e carros importados dava lugar à periferia, com casa mais simples, pessoas mais pobres, e uma vida menos agitada.
Zack sempre gostou de aventuras, apesar de que, desde que Helena morreu essa aventuras começaram a perder o seu sentido, tudo no mundo ficou mais sombrio... Tudo ficou mais triste... O rapaz estava perdido nesses pensamentos quando Isadora lhe chamou a atenção.
-- Acorde, nós já chegamos.
Os quatro desceram do ônibus e começaram a observar a “paisagem”. Eles estavam basicamente em um beco escuro e abandonado. Havia algumas roupas penduradas por cordas por entre as paredes, os pássaros que acompanharam o veículo por toda a sua viagem já não estavam mais lá. Parecia o lugar perfeito para alguém com depressão morar. O rapaz não conteve a curiosidade e perguntou:
-- Então... O que nós estamos fazendo aqui?
-- Vamos andando, não temos tempo a perder.
“Ela me ignorou completamente” pensou o jovem.
Todos começaram a seguir a supervisora, que se guiava usando um mapa instalado no celular. Zack olhou as horas em seu aparelho. 12h: 03 min. O tempo estava custando a passar naquele dia.
Sabrina estava, como sempre, com um olhar despreocupado; Jonas ajustava os óculos em seu rosto de cada dois em dois minutos; Isadora estava em silêncio, e não se importava com a presença de Zack, que ficava observando cada parede, janela, porta e muro daquele beco. Ele parecia uma criança de 16 anos de idade.
-- Estamos próximos – anunciou a supervisora.
-- Próximos de quê? – perguntou o rapaz, que estava muito ansioso.
-- Próximos dela...
-- Dela quem?! – gritou.
Isadora mandou-o ficar em silêncio, colocando o dedo indicador sobre a boca. Todos se aquietaram. Menos Zack, que estava curioso demais para ficar quieto. Mas... Alguma coisa lhe dizia para obedecer sua “comandante”.
Os estudantes ficaram em silêncio completo. Isadora que estava à frente, parada em um muro de pedra, mandou o “trapaceiro” se aproximar. Ele o fez, com cautela. Ela começou a cochichar.
“Está vendo aquela menininha sentada ali na frente?”
Ele afirmou que sim com a cabeça.
“Como supervisora escolar, meu trabalho é aconselhá-la, e ajudá-la. é um grande fardo para carregar.”
“Como assim?”
“Os pais dela a abandonaram a poucos dias; e ela acha que é a culpada pelo próprio abandono. E nós temos que provar o contrário, temos que convence-la de que ela não teve culpa de nada.”
“Que chatice... Não acredito que eu quis vir com vocês...”
“Essa menininha vai morrer.”
“O QUÊ?”
“Fale mais baixo! – o rosto de Isadora se encheu de tristeza nesse momento. – Ela tem uma doença grave e incurável. Por isso os pais dela lhe abandonaram, eles sabiam que o caso dela não tinha mais esperança. Mas ela não sabe que tem essa doença, então nós precisamos ajudá-la enquanto ela ainda... Bem, você sabe... ”
Uma doença grave e incurável... Isso... Isso fez Zack lembrar-se da doença de Helena, e do quão triste é saber que uma pessoa querida está morrendo aos poucos...
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