De Outro Mundo escrita por S Q


Capítulo 43
Trilha




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De cara fechada e bufando, Alex se viu acompanhando os dois feiticeiros com quem estava falando mais cedo, em uma trilha por dentro da mata virgem da ilha caribenha debaixo do sol escaldante de um dia quente.

— Por que eu aceitei essa ideia doida de vocês mesmo?!

 Justin pigarreou:

— Eer… você poderia ser um pouco menos mal-agradecida por eu estar tentando te ajudar. - Ele percebeu que a colega caminhava emburrada, então diminuiu um pouco o passo, se aproximou dela e sibilou, complementando - Eu não sou burro. Claro que a gente precisa ficar atento com alguém que aparece com uma solução milagrosa do nada. Mas ao menos estamos nos movendo; fazendo… alguma coisa! E a história da pedra, que ele falou, faz sentido, eu já li sobre ela.

—Certo! Este é o início da trilha para a floresta onde dizem estar escondida a pedra fundamental! - O feiticeiro que lhes acompanhava falou alto, parando na frente deles.

Alex debochou:

—Numa floresta do terceiro mundo… que belo lugar para guardarem o primeiro fóssil mágico!

—Se você prestasse alguma atenção nas aulas de magia, saberia que foram nos lugares mais simples e naturais os maiores registros de manifestação dos tipos mágicos. - Justin falou solenemente, se aprumando respeitosamente. Alex fez uma careta:

—Blá, blá, blá… Tirou a viagem pra me dar lição de moral!

—Olha, escuta aqui, se você não tivesse metido a gente nessa…

—Ei, meninos, calma! Eu sei o quanto essa situação é revoltante, mas discussão, agora, não vai levar ninguém a nada! - Falou o adulto com eles. 

Os dois se calaram novamente. Ficaram todos encarando a densa floresta à frente, pensando por onde deviam ir depois de chegarem ali.

—Que situação! E é assim que salvaremos o mundo: encarando o mato!

Os dois homens, com a paciência já esgotando, gritaram:

—Alex!

—Tá eu fico quieta, seu… posso ao menos saber seu nome?

—Me chamem de… Arck.

Ele e Justin começaram a debater os conhecimentos deles em magia para tentarem adivinhar onde a pedra poderia estar escondida, mas Alex só podia pensar que estava se metendo em uma furada imensa. Seu pensamento correu para Max na mesma hora. Ele estava sozinho no hotel. Como reagiria ao acordar, procurar por eles e não encontrá-los? E pior ainda, como seria quando fosse falar com Jerry e Thereza? Ele ainda tinha um celular para ligar para Harper, mas essa então, era quem menos sabia da história. E se desaparecesse enquanto tentava falar com os pais? 

 Nervosa, Alex sacou sua varinha para voltar até onde Max estava, mas Justin deteve-lhe a mão, antes que executasse o feitiço.

— Alguém precisa aprender a não fazer magia precipitadamente… Você não vai me largar aqui. - falava sério - eu já mandei um recado para a varinha do Max e da Harper resumindo a história. Eles podem conseguir se confortar pelo celular. Mas só vai valer a pena se a gente achar um conserto para essa presepada. Então, tenta focar numa bendita duma solução agora!

Sem graça, Alex só respondeu:

— Como sabia que eu queria falar com eles?

Justin lhe devolveu um olhar misterioso, apenas.

Arck, alguns metros à frente, chamou os dois de volta:

— Caham, gente, eu achei uma trilha por aqui!

Eles seguiram o homem, Alex zombando:

—O senhor focado, então deixou o desconhecido ir na frente?

Justin respondeu com uma risada irônica:

—Quem está seguindo o desconhecido agora?

—Ei, isso não vale! - Alex respondeu, revoltada. 

 De qualquer modo, pelo desespero e falta de alternativa, foram seguindo a trilha até chegarem a um precipício. 

—Mas que maravilha! - Comentou Alex zombando dos outros dois feiticeiros que encaravam o barranco a frente assustados.

—Meu Deus! Isso… só pode significar que… estamos no caminho certo! - Justin comentou animado, deixando Alex pasma- Sim, uma falha dessas, não é típica de uma floresta equatorial. Só uma coisa muito poderosa poderia ter feito algo assim na natureza...

Alex sacudiu a mão na frente de Justin e falando que o ser humano faria.

Arck ignorou o gesto de Alex e disse:

—Bem, a descida é… íngreme mesmo. Mas já que estamos aqui, não podemos voltar, certo?

  Justin fazia uma cara reflexiva até que puxou sua varinha do bolso da calça jeans que usava. 

—Acho que sei o que fazer.

Concentradamente, ele sussurou algumas palavras misteriosas enquanto girava os dedos no ar, próximos à ponta da varinha, que lentamente, ia adquirindo um brilho azul.

Depois de uns cinco segundos, Justin relaxou, orgulhoso do que tinha feito: na sua frente estava uma ponte que levava até o outro lado do desfiladeiro, feita com algumas rochas conjuradas da própria floresta. 

Arck estava impressionado.

—Rapaz, você tem muito talento! Como consegue… - Eis que uma pequena semente caiu sobre a ponte. Tudo desmoronou em segundos. A bruxa com eles não evitou rir.

—É, acho que vamos ter que ir levitando mesmo!

Logo, ela e Justin, puxaram um pedaço firme de um dos destroços da ponte, caído perto deles. Ambos subiram nele, puxaram suas varinhas e começaram a dar cautelosas instruções para que a pedra se movesse. Lentamente, o pedregulho onde estavam começou a deslizar pelos ares, mas a concentração dos dois era total. Um deslize de atenção e poderiam cair dali facilmente. Arck ficou na margem aguardando, pois não caberia mais alguém naquela rocha. 

  Os dois permaneceram em silêncio, suando frio, até bem perto da encosta oposta. Estavam indo bem, mas a menina, ansiosa, percebendo que estavam chegando, tentou acelerar um pouco. Foi o suficiente para  Justin perder o equilíbrio. Ele então, se mexeu rápido e saltou para o outro lado, puxando o tronco de Alex junto do dele no movimento. Os dois se espatifaram, um por cima do outro no chão da selva. Mas estavam em terra firme. Embolados entre as folhas secas no chão, com a respiração ofegante, ouviram o som da pedra se chocando contra o solo, atrás deles. 

 Justin cuidadosamente tentou sair de baixo de Alex, mas ela permaneceu parada lhe encarando, como que em transe:

—Você… salvou a minha vida!


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