Acordar para aula no dia seguinte foi um suplício. O que movia aqueles adolescentes em direção à saída de suas camas era a curiosidade para ver o desdobramento da confusão com Gigi. Max queria ver se ela estava bem, enquanto os demais torciam para que a loira tivesse se ferrado.

Enquanto desciam as escadas feito zumbis e engoliam alguma coisa para não saírem em jejum, Megan se despedia com um ânimo ainda mais baixo.

— Mas a senhora já vai? — Perguntou Harper bocejando.

— Ah, sim, recebi uma ótima proposta de emprego enquanto ainda estava em casa, não posso ficar muito tempo longe do meu telefone residencial. Já chamei um taxi para me buscar, não serei mais um fardo na vida de vocês.

Alex descia para a sala, descabelada e descalça e também ficou surpresa pelo que ouviu. Mãe e filha não chegaram a se despedir calorosamente, porém deram um aceno uma a outra muito mais significativo do que dariam tempos atrás, na época em que a morena foi praticamente forçada a morar ali. Quando o taxi chegou, Justin terminou de se vestir e ajudou Megan a descer com as malas. Qual não foi a surpresa ao ver quem era o taxista:

 — Pai! Que bom te ver! — Justin falou animadamente, largando as bolsas no chão (uma delas caiu no pé da coroa). Pai e filho se abraçaram afetuosamente e depois de um tempo, Justin comentou — O que você... virou taxista de Waverly Place?

— Ah, não! Só concertei a caranga do vovô para me distrair, já que agora fico sozinho em casa. Aproveito para pegar uns bicos de viagens que aquele nosso vizinho taxista recusa, quando estou entediado. Hoje de manhã ele me telefonou perguntando se eu aceitava uma corridaa vinda daqui. Eu ia recusar por ser muito longe da nossa casa, você sabe, porém, quando que era seu endereço não consegui resistir! Aliás essa senhora é mãe de algum colega de apartamento seu?

— Sim. Ela veio para o aniversário da filha.

— Parabenizo ambas.

Pai e filho mataram a saudade conversando; só depois de uma meia-hora que Megan embarcou. Ela ficou um pouco desnorteada com a atenção que Ernesto dava a Justin; considerava desnecessária. Resmungou um bom tempo querendo ir embora logo, mas seus resmungos não eram ouvidos. Enquanto aguardava bufando, acabou pensando em Alex, a filha que via como um fardo e não trataria de maneira tão afetuosa por nada. Mesmo assim a jovem tinha demonstrado certa preocupação com o estado de saúde da mãe e foi o mais cordial que conseguiu ser. Refletindo sobre isso, Megan olhou para cima e viu que a filha observava a cena pela janela do quarto, com cara de poucos amigos. A mais velha deu um aceno para ela. Alex teve um sobressalto, odiava que lhe vissem em momentos pessoais. De qualquer forma, deu um suspiro e acenou de volta. Um gesto simples mas que para elas era um avanço enorme.

E eis que Harper aparece do nada, colada em Alex.

— AAAAAHHHHHH! QUER ME MATAR DE SUSTO! SÓ PODE!

— Desculpa Alex, eu fui tentar experimentar o feitiço que o Jerry e Theresa fazem para aparatar mas obviamente não fiz direito. — Falou fazendo careta.

— Ué...mas você não se recusava a fazer feitiços? — Provocou a baixinha de sobrancelha arqueada e braços cruzados.

— Ah, é que estamos muuiito atrazades. Se esse feitiço ajudasse a chegar na escola mais rápido acho que eu poderia tentar aprender a usar um pouco isso. Quer dizer, vendo vocês eu estou começando a achar que não é tão monstruoso quanto parece.

Max comentou:

 — Eu sou mais a favor de ir de tapete mágico! Já pensou que irado?! A Alex podia dirigir enquanto a gente ia de carona.

A referida motorista de tapetes comentou girando os olhos:

— Nem ia chamar atenção.

Acabaram indo todos a pé como sempre logo depois de Ernesto sair com seu taxi para o lado oposto. Infelizmente não aquele pessoal lá dentro, sendo então inviável uma carona. De qualquer forma, o motorista disse que ia combinar de passar lá depois até para se encontrar com Jerry e Theresa, que já não via há algum tempo.

Assim que chegaram na escola, os alunos que ainda não haviam entrado pararam para encarar os quatro. TJ Taylor era o único com um risinho de satisfação. Nossos heróis se encararam desconfiados. Alex foi quem tomou a dianteira e foi atrás  de TJ:

— Ok, vai me explicar o que está havendo ou não?

— Ih, se manca sua bruxa! — Respondeu ele em alto e bom som. Depois, completou baixinho:

— Não fui eu que expus a magia, toma! 

Alex ficou com um ódio enorme do moleque naquela hora e se Harper não tivesse ido atrás dela para segurar a amiga, provavelmente o barraco estaria solto. Nenhuma delas gostava de lembrar que ainda tentaram ser amigas dessa criatura, contudo, a ruiva ainda mantinha mais a calma que sua colega. 

Os olhares e cochichos duraram até o intervalo para lancharem. Gigi também estava mais desfalcada que o normal, o que significava que não haviam tantos alunos andando ao redor, mas como era bem mais popular e influente estava em situação melhor. Os colegas de sala dos feiticeiros não paravam de cochichar e apontar para eles, fazer piadinhas sobre bruxas malvadas e encará-los de cara feia.

Quando Alex atravessou o pátio e foi zombada pela milésima vez naquele dia ela se encheu da certeza de que devia fazer algo.