Alex, Theresa, Jerry e Megan só retornaram tarde da noite. Megan já estava bem, obrigada. Ela havia tomado um antídoto e um sonífero no hospital, que fizeram-na acordar apenas no apartamento, mas já curada. O três bruxos disseram a ela que ficara desmaiada o dia todo, mas que chamaram um médico e era somente um problema de pressão. A mulher se sentiu meio desconfiada com aquela história, porém como ainda estava um pouco zonza preferiu não discutir. Na verdade, lá no fundo, também tinha certa gratidão por terem cuidado dela, mesmo sem ter certeza de que faria o mesmo por eles.

Como vocês sabem, Alex passara a tarde na Feitiçotech conversando com Crumbs, mas conseguiu mandar uma mensagem para os tios com a ajuda do diretor, através de sua varinha, pedindo para ajudarem a inventar uma desculpa por ela estar fora, caso a mãe não acordasse. Não foi preciso, pois quando Megan recuperou os sentidos, já estava com Alex na república, de volta.

Na verdade, Crumbs Migalhovisk assim que soube, imaginou que no caso,a mãe dela fosse demorar para acordar. O idoso chegou a conclusão de que Megan teve uma espécie de reação letárgica, que não se manifestou direito no momento em que sentiu os poderes da filha.

— Isso não é o mais comum de ocorrer, mas acho que já sabemos a quem você puxou quanto a ser diferente em relação aos poderes. — Disse brincando.

No momento, estavam todos no apartamento comendo pizzas que Theresa encomendara por comemoração pela melhora de Megan.

— Então a Gigi continuou por aqui após a festa?

— Sim, ela se "perdeu" no freezer. Mas relaxa, já demos um jeito. — Falou Justin, dando uma piscadinha marota.

De repente, a campainha tocou. Era Kelbo que viera se despedir da filha antes de voltar para seu posto no DUM. Houve bastante abraço, promessas de retorno quando tivesse tempo e declarações de orgulho mútuo entre pai e filha, apesar do reencontro complexo, afinal de contas. Contudo, Kelbo não perdeu a oportunidade de implicar um pouco com a ex-esposa lá presente:

— Confesso que fiquei bastante preocupado quando me disse que sua mãe tinha lhe expulso de casa. Mas hoje vejo que foi bem melhor para você viir para cá. Não iria ser tão feliz naquela casa quanto parece estar sendo aqui.

Megan contraiu o rosto em desaprovação pelo comentário e respondeu mais acidamente:

— Então volte lá para seu emprego intransferível, já que minha companhia faz as pessoas tão infelizes.

A dor de não poder explicar para a esposa a impotência e complexidade de seu trabalho, atravessou sua espinha exatamente da mesma forma como quando eles discutiam antes de se separarem. Ele abaixou a cabeça, e disse infeliz:

— Está certa. É melhor... eu me retirar logo de uma vez. — E dando mais um beijo na testa da filha foi embora.

Ficou um silêncio estranho no lugar, porque todos perceberam que o problema todo era ela não poder saber sobre a feitiçaria. Todos sabiam que direito de uma explicação mínima era uma coisa que deveria ser certamente concedida a ela, contudo, não podiam contar sobre a magia para um humano, não no dia em que já tinha quase sido exposta. Ficaram todos em silêncio se encarando sem saber direito o que fazer quando a própria mulher disse, causando surpresa geral:

— Ah, não precisam ficar assim. Vamos voltar a comer.

Todos então, continuaram suas refeições, evitando tocar no assunto. Mais tarde, Jerry e Theresa foram para casa depois de levarem um fora da loira dizendo que estava bem e não precisava de babá ou clima de velório.

Quando quem sobrou foi se deitar, Alex cedeu seu lugar no quarto à mãe, para que ela pudesse se recuperar, e foi para o sofá. Estava exausta, contudo, a permanência de um certo rapaz de olhos verdes na varanda lhe inquietou. Não conseguia dormir quando alguém estava por perto, por isso resolveu se juntar a ele e perguntar o que estava havendo.

— Minha querida insônia atacando mais uma vez. Te incomodo ficando aqui? Qualquer coisa eu posso tranquilamente ficar lá em cima no meu quarto. Ou você pode ir para lá! Q-quero dizer, eu ficaria no sofá e você lá, não quero faltar com o respeito e..

— Já entendi, Justin, relaxa. Pode ficar aqui sem problemas. É bom quando você não me evita. E não precisa se desculpar, pelo amor de Deus!

E ambos riram. Ficaram um pouco em silêncio, depois conversando amenidades, entretanto evitavam falar sobre o que certamente passava na cabeça dos dois: a dificuldade amorosa que a magia implicava. Todavia depois de passado algum tempo, por não ter mais assunto, a baixinha resolveu arriscar o assunto:

— É meio absurdo pensar que aconteceu tanta coisa em tão pouco tempo! Digo, desde que eu vim para cá minha vida já se tornou um absurdo mas parece que cada vez aparece mais bomba mais rápido! Não sei se você me entende... Eu nunca ia imaginar que talvez meus pais tivessem se separado por causa da magia, mesmo depois que eu já sabia que era feiticeira. Eu imaginava que ser feiticeiro era como viver um conto de fadas, mas tem tantas complicações... — Justin lhe interrompeu, acariciando seus cabelos com um semblante que misturava feição e frustração..

— Shh. Entendo perfeitamente.

Alex pousou a cabeça a no ombro de Justin e agora ambos se recordavam do que disseram um ao outro quando dançaram juntos. E sabiam que era mútuo. Ficou um silêncio desconfortável entre os dois depois de alguns instantes e a morena já cansada daquela melação disse a primeira coisa que passou em sua mente (mas sem desgrudar de Justin):

— Mas então, quanto a Gigi, ao menos me diga que ela se ferrou.

— Acho que você vai ficar satisfeita com o resultado quando ver amanhã como o pessoal está lidando com ela. — Comentou o nerd, rindo, ainda sem soltar Alex. Aquele comentário foi como um estalo para Justin: por mais que não tivesse sido como planejou, ele conseguiu "destronar" um bully por causa de seus poderes, exatamente como sonhava quando era mais novo. Ele não queria se desfazer disso.