VATICÍNIO escrita por Maramaldo


Capítulo 5
Aline




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/693896/chapter/5

13 DE NOVEMBRO DE 2015; 22:01

— Cara, olha isso – Renan apontou para a televisão logo assim que entrei.

Aproximei-me deles devagar, olhando as cenas.

— Puta merda. Isso é muita loucura – continuou. – Eu nem sei o que falar.

— Sério? Você não cala a boca faz mais de uma hora – disse Paulo.

— O que aconteceu? – Perguntei.

— Foi um ataque terrorista – respondeu Paulo.

— Certo... – Fui até a mesa de centro, peguei o controle da televisão e  a desliguei.

— O que foi? Porque você desligou? – Perguntou Renan.

— Isso não é importante. Não para o que a gente quer, de certa forma. – Respirei algumas vezes, tentando achar as palavras. – Estamos recebendo mensagens de alguém que sabe tudo o que vai acontecer.

— Você descobriu isso sozinho? – Perguntou Renan. – Porque eu já sabia.

— É sério. E... O rompimento da barragem é uma coisa, mas um ataque terrorista é algo muito grande. Não podemos contar pra ninguém sobre essas mensagens, principalmente sobre essa, ou terá meio mundo de gente batendo em nossa porta e é bem provável que algumas delas virá nos matar.

— Ninguém aqui seria louco o suficiente para fazer uma coisa dessas. Nem o Renan – disse Paulo.

— Vou tentar ver isso como um elogio – disse Renan.

— Mas quem está enviando essas mensagens? E porque você? – Paulo continuou. – Como eu havia dito, a única explicação seria que essa pessoa quer que acreditemos nela.

— E porque ela quer que a gente acredite? – Perguntou Renan.

— Está aí a pergunta de um milhão de dólares – falei.

14 DE NOVEMBRO DE 2015; 16:43

A todo instante eu recebia mensagens de Renan e Paulo, falando para nos encontrarmos hoje. Estávamos evitando falar sobre as mensagens, principalmente sobre a França, pelo celular. Mas acontece que já tinha um compromisso com Aline hoje, e não perderia por nada.

Passei a manhã e uma boa parte da tarde analisando a base do projeto que Renan desenvolveu, e aproveitei para dar alguns ajustes e mudar algumas coisas que poderia ter sérios problemas – e quando falo problema, quero dizer algo que resultaria em morte. Fora isso, confesso que Renan desenvolveu uma boa base.

Mas isso só me faz acreditar ainda mais na teoria de que algum de nós, ou alguém conhecido, está nos enviando mensagens do futuro. Dar até vontade de rir só de pensar nisso.

Olhei para o relógio e para o tempo lá fora. Havia prometido à Aline que veríamos o pôr do sol, então acho melhor eu começar a acelerar os passos.

17:48

Ficava olhando ela rir.

Ela é linda.

De vez em quando ela colocava os cabelos escuros para trás da orelha, pendia a cabeça de lado e me encarava. Aquilo me enlouquecia.

— Você ficou sabendo dos ataques à França? – Perguntou ela. – Achei uma coisa horrível.

— Eu vi. Realmente é horrível.

— Queria tanto que cada pessoa cuidasse da sua própria vida e respeitasse o próximo. Amasse cada coisa pelo simples fato de estar viva. Seja uma árvore, um animal ou uma pessoa. Mas a maioria dos seres humanos estão a todo instante à procura de mais, e esquecem que o menos também traz felicidade.

— O menos traz felicidade?

— Sim, traz – ela me encarou. – Feche os olhos.

— O quê? – Eu ri.

— Vai, feche os olhos. Confie em mim.

— Está bem.

Fechei os olhos e esperei.

— O que você está ouvindo?

— Sua voz – respondi.

— E o que mais?

Me concentrei nos sons ao meu redor.

— Ouço o mar. Pássaros. Ouço os murmúrios das pessoas conversando. O som que o vento faz.

— E o que você está sentindo?

— Tranquilidade – demorei um pouco para responder.

— Agora abra os olhos.

Abri os olhos e me espantei quando percebi que ela estava bem próxima.

— Essa tranquilidade gera paz. A paz gera a felicidade. E isso apenas com as coisas ao seu redor, coisas que você não possui. – Ela olhava no fundo dos meus olhos. – Outras coisas também podem trazer a felicidade.

Silêncio.

— O quê? – Perguntei, meio sem graça.

Ela desviou os olhos dos meus e encarou minha boca.

— Isso – e me beijou.

Seus lábios encostaram nos meus de forma suave. O sol estava se pondo e podia senti-lo no rosto enquanto a beijava. Ainda podia ouvir os pássaros ao longe, o som do vento, as pessoas, o mar... Mas nada me trazia mais tranquilidade e felicidade do que beijá-la.

15 DE NOVEMBRO DE 2015; 20:15

Estava evitando Paulo e Renan desde sexta-feira. Queria esquecer um pouco tudo o que houve e o que ainda está acontecendo. Quero ter um tempo pra relaxar, pensar em outras coisas. Queria um tempo especial para Aline.

Minha vida de repente se tornou uma loucura, e digo isso literalmente.

— Pensei que você tinha desistido – disse Aline, da porta de sua casa.

Fechei a porta do carro e comecei a andar em sua direção.

— Desistir de você? Está aí uma coisa que eu consideraria impossível. – Lhe dei um beijo assim que me aproximei. – Então, o que temos pra hoje?

— Um belo jantar preparado por mim – respondeu.

— Você cozinha?

Ela arregalou os olhos, ficou me encarando, assentiu, e começou a rir.

— Não. Pedi uma pizza, já deve estar chegando – ela continuava rindo. – Vamos entrar.

Entrei em sua casa. Apesar de pequena, era bem espaçosa. Ficava me perguntando se ela era organizada ou se estava tudo arrumado por minha causa, e que na verdade ela era bagunceira tanto quanto eu. Tanto faz, poderia descobrir isso com o tempo.

— Sinta-se à vontade – disse ela.

Sentei no sofá e ela se sentou ao meu lado.

— O que vamos assistir? – Perguntei, assim que ela ligou a telivisão.

— O quê? Era pra eu ter escolhido algum filme? Ah desculpe... Eu... Não...

— Não, tudo bem – falei rapidamente. – Podemos ver se está passando algo de interessante em algum canal, ou sei lá.

Uma coisa era certa: ela também era péssima em encontros.

22:39

A noite seguiu melhor do que eu esperava. A pizza demorou um pouco pra chegar pois, segundo o entregador, havia muito engarrafamento; mas isso não estragou nosso clima. Enquanto assistíamos ao filme, de vez em quando eu a olhava de lado e... Puxa! Como ela era linda.

Seus cabelos curtos estavam soltos, ela estava com uma maquiagem fraca, um short curto e uma camiseta longa. Suas unhas estavam pintadas de preto e ela estava com cheiro... Bom, nunca fui bom em definir cheiros, mas pude sentir assim que ela se aproximou e pôs a cabeça em meu ombro.

Assim que o filme acabou, ficamos deitados no sofá por alguns minutos.

— Poderia viver esse momento para sempre – disse ela.

E foi então que percebi que ela gostava realmente de mim, de me ter por perto. Não que eu tivesse duvidas, mas por reforçar ainda mais a minha certeza.

— Você se enjoaria de mim.

Ela riu e se levantou.

Olhei para o relógio e disse:

— Já está ficando tarde.

— Você precisa ir?

— Não quero atrapalhar seu sono, e amanhã temos aula – levantei do sofá.

— Ah – ela olhou para baixo. – Tudo bem.

Não sei porque estava nervoso e pude sentir minhas pernas tremerem enquanto ia na direção da porta.

— Você quer mesmo ir? – Perguntou ela.

Segurei a maçaneta da porta e a olhei. Então ela começou a se aproximar lentamente, e a esperei.

— Não – respondi assim que ela se aproximou. E a beijei.

Não foi o mesmo beijo que ela havia me dado ontem quando estávamos vendo o pôr do sol – de forma suave –, foi algo mais “agressivo”. Abracei e a joguei contra parede, e a beijei de uma forma quente. Ela enroscou as pernas nas minhas, mesmo em pé, e continuou me beijando. Fui passando a mão pelo seu corpo, e sentindo cada curva dele. Segurei suas pernas, com cada uma das mãos, e a carreguei até o sofá.

Tirei minha camisa, já suada, enquanto ela tirava sua camiseta. Ela estava sem sutiã. Seus seios eram belos, e, sem pensar duas vezes, os beijei calmamente. Logo em seguida fui subindo lentamente até seu pescoço. Podia ouvir sua respiração de prazer enquanto colocava minha mão debaixo do seu short, fazendo movimentos leves.

Beijei sua boca, agora mais suave, enquanto ela desabotoava minha calça apressadamente. Seu corpo suado encostava no meu, deslizando, e podia sentir o calor que ela passava. Tiramos nossas roupas à medida que as coisas foram esquentando, e simplesmente deixamos acontecer.

 16 DE NOVEMBRO DE 2015; 13:04

Não consegui me concentrar na aula. E quem conseguiria?

Dormi na casa de Aline e só retornei para minha residência às seis horas de hoje, só a tempo de banhar e trocar de roupa para ir à faculdade.

— Estevan? – Chamou Renan.

— Estou indo! – Gritei.

Fui até a porta e a abri.

— Cadê o Paulo?

— Já está chegando – respondeu, passando pela porta. – Teve que passar no supermercado para comprar algumas latas de refrigerante e alguns salgados.

Seguimos em direção à sala e nos acomodamos.

— Então, sei que você nos disse hoje que estava querendo um tempo de toda essa loucura, e que por isso deu um tempo esse final de semana, mas... Foi só isso?

Silêncio.

— Foi, porque? – Perguntei, meio sem grassa de ter que mentir novamente.

— Não sei. Só achava que você seria a pessoa que menos se afetaria com essa parada toda. Sei que isso é meio louco, mas não acho que devemos ter medo de algo.

— Não estou com medo. Só estou confuso – respondi. E isso era verdade.

— Beleza. E o que você achou da minha base para o projeto de enviar mensagens para o passado?

Peguei os papeis que estavam na mesa de centro e comecei a folheá-los.

— Só coloquei algumas observações, mas sua base está ótima. Na verdade eu achei excelente. Os cálculos estão adequados e, sinceramente, depois de ver o que você fez, eu comecei a achar possível a sua teoria.

— Sério?

— Sim, sério – eu ri. – Por isso convidei vocês para virem aqui, pois eu já queria com... – Senti meu celular vibrar. – Começar a fazer... – Peguei meu celular do bolso e vi que havia chegado uma mensagem. – O planejamento... – Abri a mensagem.

— O que foi? – Perguntou Renan.

— Chegou mais uma mensagem.

Renan pegou o celular dele e pediu que eu ditasse as letras e os números da mensagem. Assim que o aplicativo mostrou o resultado, ele ficou me encarando.

— Qual é a mensagem? – Perguntei.

CÓDIGO: 5N2A1L1E1I1

RESULTADO PROVÁVEL: ALINE 21.11.15


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "VATICÍNIO" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.