Agorafobia escrita por Camylla Almeida

Agorafobia

— Talvez eu goste de ser quebradiço e sentir dor, guardar magoas e remoer o passado...

O silêncio em conseguinte serviu para dar a fala que saiu arrastada e neutra um ar ainda mais pesado, depressivo, e estava bonito assim. Não àquela beleza exultante que enfeita quadros renascentistas, mas, sim, a beleza gótica de um cemitério repleto de esculturas angelicais E não poderia haver beleza mais plena, certo? Adornar a morte com poesia; sorrir para o infinito e não temer o além, além de temer a si próprio. De repente, o mundo se torna desconexo e as formas assumem cores quentes, completando o cenário do caos e brindando às incivilidades com exímia sabedoria sarcástica. Humanos são pó no grande vácuo do universo. Considerava-se pó ao sentir-se sugado em direção ao buraco negro da própria mente e assim, de forma inquietante, afogava-se no mar de ideias sem propósito e pensamentos traiçoeiros.

"- E por quê?"

— Não sei bem, há algo de atrativo na tristeza melancólica. - sorriu, um sorriso apagado e sem muita vontade, dentes bonitos e olhar fosco. Veja bem, um sorriso perturbador vale mais que mil sorrisos encantados, ao menos, através de um ponto de vista mais mórbido e melodramático. Sorrir para as portas fechadas de uma alma em fúria, ter o sorriso partido pelos cacos da janela dos olhos vítreos Contemplar a dor que preenche cada célula. Estava vazio enquanto transbordava lamúrias.

Novamente, o silêncio.


Classificação: 16+
Categorias: Histórias originais
Personagens: Personagem Original
Gêneros: Drama, Humor Negro
Avisos: Linguagem Imprópria

Capítulos: 1 (1.133 palavras) | Terminada: Sim
Publicada: 22/05/2016 às 23:04 | Atualizada: 22/05/2016 às 23:04


Notas da História:

Me pertence, plágio é crime.
Foto da capa retirada da internet e editada.


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