Freedom escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 9
Olho para os lados e corro


Notas iniciais do capítulo

Estou demorando a atualizar pq comecei a jogar RPG de whatsapp e tô meio que viciada nisso. Só que meu celular quebrou. Sortudos...



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N: Cléo

 

Olho para os lados e corro.

Foi a única atitude que consegui tomar na hora. Nunca pensei que algo pudesse me deixar tão abalada. Mas nunca pensei que algum dia na minha vida eu ia ser mãe. Como?! Zoe com certeza estava decepcionada, Tales talvez pensasse que eu não contei a ele por medo! Minha cabeça rodava e meu estômago virava de cabeça pra baixo. Achei que ia desmaiar. Sentei num canto do corredor e fiquei.

— Cléo! Irmã! - grita a voz de Zoe.

— Hey, Cléo! - chamava Tales.

Olhei pra minha barriga, depois percebi que as vozes não se aproximavam, então uso meus poderes para vê-los. Estavam um pouco distantes de mim. Zoe segurou Tales pelo pescoço.

— O que você fez?!

— Zoe, yo...

— Você tocou a minha irmãzinha!

— Cometemos um erro... faz parte da vida. Ninguém é perfeito! Tua irmã é adulta o bastante para cuidar disso, e eu também.

— Isso não perdoa o que você fez.

— O que nós fizemos. - falei, atrás deles.

Ainda bem que eu corri quando vi s coisas saindo do controle. Tales congela a mão de Zoe o bastante para que ela o solte, e assim ele pode respirar. Zoe encara as próprias mãos assustada.

— O que foi que eu fiz?! - ela questiona.

— Eu sei como é sair do controle. - digo calmamente - Irmã, eu vou ficar bem. Não se preocupe comigo.

Zoe ficou um tempo calada. Olhou para mim, caminhou devagar, e me abraçou com força. Aquele abraço de "Tudo vai ficar bem". Foi só aí que as lágrimas conseguiram cair. Eu chorei no ombro dela enquanto Tales nos observava em silêncio.

— Eu vou ser tia? - sussurrou.

— Parece que sim. - sussurrei de volta.

Eu ainda não me via daquele jeito. Eu estava grávida, mas eu não me sentia grávida. Estranho? Talvez porque eu não estava pronta para ser mãe. Talvez porque eu não soubesse nada sobre como lidar com crianças. Talvez porque eu via escalar o monte Everest como uma tarefa muito mais fácil do que gerar e criar um filho. Em sentia os braços apertados de Zoe, mas me sentia sozinha no mundo. A noite onde tudo aconteceu nunca me pareceu uma lembrança tão assustadora quanto naquele momento. Os trovões, a chuva, nenhum parecia abafar o meu erro. Eu me sentia suja.

— Vai ficar tudo bem. Eu tô aqui.

A voz de Zoe repetia um milhão de vezes, mas minha mente não processava nada além da culpa e do medo. E quando abro os olhos, vejo a mão de Tales no ombro de minha irmã. Ela se afasta. Não consigo olhar nos olhos dele. Quero muito, mas não consigo. Ele apoia a mão no meu rosto e pergunta:

— Você sabia.

— Não. Eu juro que teria te contado se soubesse, mas eu não quis cogitar a hipótese!

— Mio Dios, Cléo! Se estava sentindo os sintomas, por que não pensou nisso?!

— Eu não quis acreditar. Sinto muito.

— Essa é a melhor notícia que eu poderia receber!

As palavras dele me surpreenderam de tal forma que o encarei no mesmo momento. Ele sorria gentil. Parecia realmente feliz com o que havia descoberto e nunca uma dor em meu peito desapareceu tão rápido.

— O que disse?

— Que essa é a melhor notícia que já recebi na minha vida. Eu ainda não acredito que vou ser pai! - sorri mais largamente, jogando meu curto e loiro cabelo para trás da orelha – Vamos ter um filho! Isso é incrível.

Sorri. Consegui sorri depois do meu mundo desabando. Eu vi minha vida se explodir, e ainda sorri depois. Só agora eu tinha certeza de que minha vida não havia chegado ao fim.

— Sim. Isso é incrível.

Tales uniu nossos lábios com tanta força que achei que eles se tornariam um. E eu segurei seu rosto para garantir que era real, como sempre. Depois ele pôs sua mão em meu ventre e ficou olhando. Minha barriga nem havia começado a crescer, mas ele fazia toda a questão de ficar encarando e sorrindo bobo. Aquele sorriso bobo dele. Coloquei minha mão sobre a dele e sorri.

— Eu te amo. - ele sussurrou.

— Obrigada. Eu também.

Queríamos ficar horas lá, mas estávamos ocupados.

— Vamos? - chamou Zoe – Temos assuntos importantes agora.

— Irmã, se eu entrar, vão ficar comentando, e eu não estou afim de ficar ouvindo gente perguntar coisas idiotas. Vai nessa, depois me passa tudo.

— Eu cuido dela, Zoe. Sabes disso. - comentou Tales, divertido.

— Está bem. - sorriu – Vou passar todas as informações.

Ela volta caminhando calmamente enquanto eu sigo na direção oposta, procurando um lugar para descansar a cabeça de tantas coisas que ocorriam.

Eu ia ter um filho. Isso era louco.

 

N: Hellen

 

Me sinto um tanto egoísta por não me importar com Cléo. Alguns comentavam que aquilo era de certa forma errado, mas eu estava quase cochilando e perdi boa parte da discussão sobre isso. Em um piscar de olhos eu estava num palco com Lindisey Stirling tocando Cristallize, no outro piscar, voltei a sala.

— Taylor! - repreendeu o Rogers.

— Foi mal. O asiático ecológico pode continuar com o importante?

— Uau, você dormiu muito. - respondeu Julia rindo – Perdeu todas as nossas estratégias, Scott quase jogando a Rome de cima dele, o cara que a Zoe parece que matou um clone de outra dimensão ou sei lá o que tagarelando, e uma longa e tediosa discussão sobre mutantes artificiais poderem ou não evoluir. Parece que em casos isolados, podem.

— Qual é Julinha, eu tenho sentimentos! - Wade finge-se ofendido.

— Ialá, ela é loira e não é burra! - debochei.

— Hellen, comporte-se. - chamou Zoe, parada perto da porta.

Sabe aquele impulso em responder "Sim, mamãe"? Então. Eu quase respondi isso, mas ela já estava achando que eu era filha dela. O melhor seria mesmo não comentar nada sobre isso.

— Eu fiz uma versão minha do traje do Lang. Ele vai entrar e ver o que o tal Ajaz está aprontando. - explicou Julia.

— CofcofFrrancisCofcof. - isso foi pra ilustrar. O Wade realmente fingiu tossir.

Encaro ele.

— E eu já beijei essa boca...

— Você se lembra disso?! Foi há quantos séculos?!

— Sei lá, você era bonito na época.

— Vocês namoraram? - perguntou tia Zoe confusa.

— Ficamos. Não foi nada sério. - expliquei.

— Sim, ela ficou toda de frescura quando passei a mão na bunda dela e...

Fiz a mão dele acertar a própria cara antes que ele terminasse.

— Se o assunto está encerrado, vou tomar um banho e tirar um cochilo de verdade.

Me levanto e vou para o quarto da Wanda, que meio que virou meu quarto. Ela não ligou quando me viu sair. Sabia pra onde eu iria. Fui para o chuveiro do quarto dela e tomei um banho que acabou por me despertar. Ajax não sentia dor, mas não era imortal. Talvez posse sobre isso que eles tanto discutiram enquanto eu dormia. Me enxuguei rapidamente com uma toalha aleatória que estava por lá e me vesti com algumas roupas que achei que Wanda não se incomodaria se eu usasse (e se incomodasse, eu me acertava com ela).

Quando botei o pé pra fora do banheiro, peguei meu violino acústico marrom e comecei a mudar a forma dele, até ele tornar-se um violino elétrico preto. Por quê? Costume! Eu as vezes fazia isso por motivos aleatórios. Meus violino muda mais de forma do que eu mesma. Deve ser porque gosto do meu rosto. Pus-me a tocar algumas músicas de alguns violinistas. Comecei a tocar Viva La Vida, na versão de David Garrett, um violinista dos que costumo ouvir. Me levantei, dei alguns giros, e aquilo me revigorou. Foi aê que...

— Você é boa. - me viro e adivinha.

— Tio Francis! - debochei. Era apenas uma imagem holográfica que ele deve ter conseguido no laboratório - O que faz aqui? Afronta?

— Você não sabe o que eu quero, mas eu sei o que você quer. Basta me encontrar. Sozinha.

— O que você pensa que eu quero?

A imagem no holograma muda para uma capsula que parecia ser de criogenia. Nela eu vi a última pessoa que eu esperava ver. Meus olhos se arregalaram, meu coração acelerou e minha respiração descompassou. O homem que eu amava diante dos meus olhos. Vivo.

— Eles não contaram que ele está aqui?

— Bucky... - murmurei.

— O amor de sua vida. Não próximo de você como a muito tempo não está...

— É mentira. Reconheço um blefe quando vejo.

— Então pergunte a eles! Ou venha ver com os próprios olhos.

— Mas você vai pedir algo em troca. A cabeça da Michell?

— Não. Apenas quero que venha sem ninguém a acompanhando.

— E o que o garante que eu vou?

— Você faria qualquer coisa pelo Barnes. Eu sei.

Sua imagem some. Me sento na cama um pouco atordoada. Ele estava me atraindo para uma armadilha. Eu precisava de um plano. E após bolar e começar a executa-lo, saio do quarto e paro no corredor.

Olho para os lados e corro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! ^^



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