Freedom escrita por Menthal Vellasco


Capítulo 8
Matryoshka


Notas iniciais do capítulo

Olá! Desculpe a demora. Estava muito enrolada com a escola e a igreja, e vai ser assim nos próximos dois anos infelizmente. Mas depois ainda meu note ficou muito lento e não dava pra escrever!
Esse capítulo foi inspirado numa música, que é doida, bugada, sem sentido e você não precisa ouvir se não quiser.
Bjus!



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N: Kazumi

 

Assim que meu irmão declarou isso para todos, dei as costas e voltei correndo para dentro. 

Sim, eu, Kazumi, estou narrando essa historia. Eu nunca fui de falar muito, mas ninguém mais além de mim deve contar minha historia. Passei o início da infância com meus pais. Só o início mesmo. E depois de tantos anos, rever o irmão que eu achei que tinha me abandonado... era demais pra mim! Me escondi no meu quarto e me encolhi no chão, até que alguém bateu na porta, e eu ignorei. Mas ela insiste. 

— Hey, Kaz! É a Hellen! O que deu em você? 

— Cai fora. 

— Não tô afim! 

Abro a porta e a encaro confusa. 

— Você não tem nada a ver com isso. 

— E se eu tiver? - insistiu. 

A deixei entrar, e ela se sentou na minha cama. Eu ainda ficava desconfortável com ela. Era uma assassina. Ainda por cima da Hidra! Mas me sentei ao lado dela. Ela não parecia com pena, mas curiosa. Estava segurando o violino. 

— Conte-me seus problemas. 

— Eu passei por tantas coisas. Achei que ele tinha me abandonado. 

— Tenho a leve impressão de que sua história não é muito diferente da minha. 

— Certeza? - perguntei confusa. 

— Só vou ter quando você me contar. 

Sorri fraco e comecei a contar, evitando detalhes. 

— Nasci no Japão, nem me lembro onde. Provavelmente minha mente reprimiu essas lembranças. Me lembro de contos da mitologia xintoísta na hora de dormir, mas lembro apenas de ouvir, não deles em si. Minha lembrança concreta mais antiga é do acidente que sofri com meus pais e meu irmão. 

— Não é uma primeira lembrança agradável. 

— Não, não é. Meus pais se foram e eu e meu irmão ficamos vagando até sermos encontrados por um grupo que traficava crianças e nos separaram. Metade deles eram russos e a outra metade, japoneses. Logo de cara, eu e Takashi fomos separados. Fomos para fábricas diferentes e... bom, eu devia ter uns seis anos. Quando eu tinha sete, fui garçonete e fiquei trocando de trabalhos, e nunca ganhava nada. Literalmente fui escravizada. 

—Sei como é. Na Hidra, foi parecido comigo. 

— Não, não foi. Quando eu tinha dez anos, tentaram me... bom, um cara... passou a mão em mim. Ele me levou para um lugar com várias garotas mais velhas e mais novas que eu. Foi quando as coisas pioraram. Eu nunca contei isso a ninguém, nem a mamãe. Foi a pior fase da minha vida. Minha única amiga se matou. Eu tinha que dançar e cantar músicas idiotas, de forma humilhante... as garotinhas, conhecidas como "Matryoshkas", eram abusadas pelos homens, e eu era uma delas. Foi meu maior pesadelo. Ainda bem que consegui fugir. Passei dias esperando  alguém me encontrar e encontrar meu irmão. Sonhava com ele chegando, mas ele nunca veio. Ele jurou que não me deixaria, mas me deixou. Eu passei fome por dias até um anjo de cabelos laranjas começar a me deixar cestas de frutas. 

— Katrina, certo? 

— Sim. Você parece bem tranquila! 

— Eu já passei por esse tipo de coisa. - pega seu violino e toca uma melodia levemente melancólica - Já ouviu a música Shatter Me? 

Balanço a cabeça negativamente. 

— Ela fala sobre desilusão. - continua – Quando eu era da Hidra, eu gostava do que fazia, mas mesmo assim, me sentia presa. - muda a canção - Outra música que amo, Song Of The Caged Bird, e era como eu me sentia também. - volta a tocar a primeira música - Eu gostava do que fasia, mas ganhava o que com isso? Um teto? Um hobbie que me transformou num monstro? Namorados? Não, não foi tão bom assim. Eu fiquei por muito tempo com raiva do que fizeram quando comecei a restaurar as memórias de Bucky. 

— Me apagaram das memórias dele. No ano seguinte, recebi a falsa notícia de sua morte. Agora sei que ele está vivo. E vou atrás dele. Vou atrás do homem que eu amo, custe o que custar. 

— É tudo o que tem? Um namoro que não deu certo? Eu te contei coisas que eu nunca contei a ninguém! 

— Acho justo que eu faça  mesmo. - ela deixa o violino ao seu lado – Tem quantos anos? 

— 12, logo farei 13. 

— Eu tinha 13 quando aconteceu. Eu era filha única de Margô e Tobias Taylor, até um incêndio tirá-los de mim. Eu não quis ir morar com meus avós, então fiquei vagando por aí... até ser vítima te uma tentativa de estupro. 

Ri. Eu não devia, eu sei, mas ela dizia com se fosse a pior coisa do mundo, mas pra mim era bobagem! Então eu ri! Olhei pra ela um tanto debochada. 

— Só tentaram? 

Ela sentiu. Deu pra ver nos olhos dela que ela sentiu que aquilo havia sido um paraíso comparado com o que eu passei. Hellen não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha. 

— Me... me desculpe... eu não sabia... então... você foi... 

— E não foi uma vez só. 

Hellen cobriu a boca e arregalou os olhos. No fundo, mesmo aquela assassina fria tinha um coração. Eu lia a inconformidade e a fúria em seu rosto. Ela nunca havia passado pelo que eu passei. 

— E eu achando que minha infância quase roubada tinha sido trágica. 

— Não subestime o sofrimento de uma pessoa. E o resto da história? 

— Meu mentor, Ben, que me treinou dentro da Hidra e foi um pai para mim. O único que me viu como algo além de um soldado. Ele era meu pai... e foi morto na minha frente. A cabeça dele foi perfurada por uma bala disparada a queima roupa por uma das viúvas negras da KGB, Natalia Romanov. 

Natasha. 

Foi Natasha que matou o mentor de Hellen. Eu não podia acreditar! Natasha era a heroína de minha mãe. Manipulou Loki de tal forma que minha mãe nunca fizera antes! 

— Sabe que ela hoje pode não ser a mesma, certo? 

— Que se dane, ela matou meu pai. 

— Não guardo rancor de Loki pelo que fez com Katrina. 

— Você é jovem demais para guardar rancor. 

— Você é viva demais para guardar rancor. - uma voz diz na porta. 

Zoe. 

Se havia alguém que sabia aparecer no momento certo e falar a coisa certa era ela. Sempre tão cheia de sabedoria! Costumava dizer que, quando eu crescesse, queria ser a Zoe. 

— Oi, tia Zoe! - brinca Hellen. 

— Está tudo bem entre as duas? Kaz, qualquer coisa... 

— Tudo bem. Não esperava encontrar meu nii aqui. 

— Seu o que? - perguntou Hellen. 

— Meu irmão. - expliquei. 

Sabe aquele sorriso caloroso e materno? Zoe nos deu o mesmo. Assim, sorrindo, nos chamou para a sala, onde estavam todos reunidos. O samurai com a Ju nos braços, Nick conversando com Steve e o rei T'Challa... tudo bem até aí. E espero que continue. Pelo bem de todos. 

— Que bom que chegaram! - disse Paôla, minha recém descoberta cunhada. - Se sente melhor, Kaz? 

— Vou ficar melhor. 

— Af! Isso tudo me deixou com fome. Tem empada de franco? - perguntou Cléo. 

— Por onde começamos? - perguntou Scott. 

— Em primeiro lugar - começou meu irmão - temos duas grávidas aqui. O ideal seria mantê-las em segurança. 

Foi aí que eu fiquei confusa e mamãe perguntou. 

— Duas? Até onde sei, sou a única! 

Takashi olha para Cléo. 

— Me desculpe... você ainda não descobriu? 

Cléo sabia o significado daquelas palavras. 

Cléo sabia o que estava acontecendo. 

Cléo sabia agora que estava grávida. 

Apenas não acreditava. 


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Notas finais do capítulo

PARABÉNS PRA VOCÊ! NESSA DATA QUERIDA! MUITAS FELICIDADES! MUITOS ANOS DE VIDA! EHHHHHHHHH! MARI! MARI! MARI! MARI!



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