Perdidas em Teen Wolf escrita por MorgsValdez


Capítulo 4
Perigos, Surpresas e Desastres


Notas iniciais do capítulo

Hey wolfes, aproveitem o capítulo que eu fiz mega grande pra vocês :*



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Meu estado de letargia não durou muito tempo, logo o telefone tocou e eram os pais de Amanda, muito preocupados – eu ouvia em sua voz sem estar com o telefone em si – seu pai afirmava que ela não atendia o telefone desde a noite passada e que fora comigo que estivera a última vez.

— E-eu não sei – gaguejei – elas, elas – eu não podia dizer que elas foram para casa, ambas as famílias iam surtar. – Theo, que horas são? – perguntei tentando esconder o pânico.

— São 7h30min AM por quê? – disse estreitando os olhos.

Uma ideia me ocorreu.

— Ah mãe, com certeza elas foram na aula e não me acordaram porque... porque... bem, ora, porque ficaram bravas que as fiz dormir muito tarde. – “que eles acreditem, por favor, por favor...”.

— Gente, a Malu disse que foram para a aula, devem estar sem bateria, só isso. – a voz da minha mãe era tão suave e autoritária quanto a de uma banshee.

Após mais dois minutos de conversa minha mãe desligou o telefone, eu só precisava me certificar de uma coisa.

— Então, como foram de jantar? E como foi de retiro mano? – perguntei inocente.

— Ei, toc toc, tem alguém em casa? – meu irmão bateu em minha testa – Nem chegamos aonde ia ter o retiro, quando eu e Bem vimos a tempestade vindo voltamos imediatamente.

— E o jantar estava delicioso, mas a tempestade não diminuiu, então só pudemos chegar agora em casa. – meu pai disse bravo.

Ok, confirmado, enquanto estivemos em Beacon Hills o tempo todo aqui parou, quando acordamos na cidade fictícia – ou melhor, nada fictícia – eu vi a hora no relógio do celular – a hora era só o que funcionava no aparelho – e eram 7h30min também. Agora a minha mente e o meu coração estavam como em um furacão de emoções e decisões: Eu queria ficar com a minha família, mas também queria voltar para Beacon, e o mais confuso, como voltei? E porque sozinha?

Enquanto isso em Beacon Hills...

— Por favor, vocês precisam parar de chorar para descobrirmos o que aconteceu. - dizia Deaton.

Mas Amanda e July não queriam ouvir ninguém, elas tinham certeza que Malu havia morrido e virado purpurina. No entanto o choro de July cessou, seus olhos desfocaram e ela parecia nem respirar, Lydia engoliu em seco e olhou em volta, enxergou uma manta de tricô sobre a cama de Stiles que estava com um fio solto, ela o puxou até obter uma certa quantidade de lã, com as mãos trêmulas e envoltas no fio ela as uniu com as mãos de July.

Todos ficaram observando a cena com cara de pasmo, até ouvirem uma voz da porta falar “os poderes são compatíveis, mas ela não pode receber carga total da visão, pode ser perigoso”, Parrish estava literalmente pegando fogo, e assim como todos ficou olhando o que acontecia. Quando Lydia e July se separaram houve uma quebra tangível no ar, como se em todos aqueles minutos ninguém estivesse respirando e do nada o ar voltara para seus pulmões.

— Deaton, o que é uma intercessora? – perguntaram juntas olhando fixamente para o veterinário.

Ele suspirou. – Essa possibilidade me surgiu há alguns dias, contudo eu não compartilhei, pois não achei que pudesse haver uma chance real. Intercessores são uma raridade, não se sabe muito sobre eles, apenas que nascem de 200 em 200 anos, eles aparentemente são humanos, mas nenhum outro ser no nosso mundo consegue fazer o mesmo. Eles conseguem se transportar usando a energia quântica.

— Como assim? – Scott perguntou.

— Todos temos um pouco de energia quântica, mas vamos perdendo com o tempo, já os intercessores só vão desenvolvendo mais e mais, supõe-se que quando atingem certa idade conseguem usar para se transportar entre as brechas do multiverso formando uma camada extra dessa energia em volta do seu corpo.

— Mas então o único jeito da Malu voltar é se ela fazer essa parada aí? – perguntou July.

— Sim. Como foi da primeira vez? Com detalhes. – pediu Deaton.

Amanda suspirou profundamente, sentou na cama de Stiles e começou a falar:

“Quando encontramos a Malu de manhã, ela nos contou um sonho, nesse sonho ela estava aqui em Beacon Hills e viu o Stiles e a Lydia se beijando, pensa em um mau humor, lembro que ela disse algo como “nem nos meus sonhos eu posso ficar com ele” – Stiles corou e ficou sem saber como agir – aí na aula a professora nos mandou fazer uma pesquisa sobre Romeu e Julieta...”

— Um romance impossível. – disse Deaton.

— É, então – prosseguiu Amanda:

“No intervalo um garoto da nossa escola, o Nicholas, foi conversar com ela e até comprou café para ela, e a Malu tem um tipo de queda por ele, então eu decidi dar um empurrãozinho... por que, no outro dia na aula eles iam conversar ou até mais que isso — impressão da Amanda ou Stiles pareceu não gostar? - , aí eu e a July fomos posar na casa dela, os pais dela  foram jantar fora e o irmão dela saiu para um retiro da igreja e ficamos sozinhas, então fizemos um brigadeiro e fomos assistir Teen Wolf... Vocês, enfim, logo que começamos a assistir começou uma tempestade e a luz se foi, então adormecemos no sofá abraçadas na Malu e acordamos aqui.”

— O que é brigadeiro? – Hayden perguntou.

— Um doce tradicional que fazemos no Brasil. – explicou July maravilhada por alguém não conhecer brigadeiro.

— Vocês dormiram abraçadas nela? – perguntou Malia fazendo uma careta.

— Estávamos no sofá e ela no meio, então sim, por quê? – July saiu na defensiva.

— Isso é interessante... – disse o “veterinário-só-que-não”.

— Agora quando ela sumiu diante dos nossos olhos, estava sozinha, digo, ninguém a tocava ou segurava afinal Stiles parou de tocá-la quando ela pediu para ele não tirar a bota dela. Quem sabe vocês vieram com ela por causa do contato físico, e agora ficaram por que não estavam perto dela. – Deaton sugeriu.

— Faz sentido. – disse Parrish se pronunciando – mas ela não sabe que tem esses poderes, então como vai fazer para voltar? Digo, deve haver um gatilho, mas ela não sabe usar, correto?

— Sim, esse é o problema. Não temos como nos comunicar com ela. – disse Deaton.

— Talvez tenhamos como. – disse Lydia, seu olhar foi para July.

Pov Malu

Como eu estava atrasada meu irmão me deixou no colégio com o carro do meu pai, eu estava muito distraída pensando em como ter notícias das minhas amigas que quase esqueci a mochila dentro do carro. Ao entrar na sala de aula vi Pedro e Lucas, eles acenaram para eu sentar perto deles e foi o que eu fiz.

— E aí Maloca, cadê a Amanda e a July? – perguntou Lucas.

— Não estavam se sentindo bem. – falei curtamente.

Eles se olharam e decidiram não continuar o assunto, pois se viraram para frente e ficaram conversando por whatsapp, eu não queria mesmo conversar então foi um alívio ficar “sozinha” e pensar.

Enquanto devaneava olhando para fora da janela vi uma mulher parada na frente ao portão do colégio, podia ser impressão minha, mas ela parecia olhar diretamente para mim. E eu não consegui tirar meus olhos dela. Com um cabelo preto e longo e pele alva, seus olhos azuis intensos me chamavam, eu estava quase hipnotizada. A mulher usava um vestido longo rosa sem mangas, o que não tinha muito a ver com o clima de outono na rua, mas sim de um salão quente com uma festa de gala. Ela parou de me olhar por alguns segundos para falar com o porteiro, este rapidamente a deixou entrar, ela caminhou pelo pátio até eu a perder de vista. Pulei da cadeira quando o sinal tocou para o intervalo, eu não vira três períodos passarem, como assim!

Sem esperar Pedro ou Lucas saí para o pátio em busca da mulher, enquanto percorria os olhos pelo local senti uma mão segurar a minha, com frio na barriga olhei para o autor do toque, Nicholas não sorria.

— Então, você não chegou mais cedo. – disse olhando para as mãos.

— Ai, Nicholas, é que eu me acordei muito tarde, foi sem querer, sério eu não ia me atrasar...

— Então você queria chegar mais cedo? – seus olhos agora prendiam os meus.

— Sim. – engoli em seco com o coração martelando na garganta.

Ele sorriu e inspirou fundo, suas mãos se dirigiram trêmulas ao meu rosto, eu não sabia qual de nós dois estava mais corado. Senti sua respiração encontrar com a minha e vi seus lábios se abrirem, mas a sensação... estava errada. Eu não devia estar me sentindo daquela forma. Incomodada, culpada. Era como se beijá-lo fosse errado, mesmo que não fizesse sentido.

Enquanto todos estes devaneios ocorriam em minha mente, percebi que o beijo não chegava nunca. Abri os olhos e vi Nicholas paralisado com os lábios entre abertos e olhos fechados, ao seu lado estava a mulher deslumbrante que eu vira mais cedo.

— Olá Maria Luiza. – disse ela sorrindo. Dentes brancos reluzentes.

— O que você é? – agora eu entendia porque essa fora a primeira pergunta de Lydia quando chegamos em Beacon.

— Você foi menos óbvia do que eu quando a última intercessora veio me orientar, eu perguntei “quem é você?”, mas diferente de mim naquela época... Você já fez uma viagem não foi Malu? – seu sorriso não era amigável. Era invejoso e amargurado. – Dizem que cada intercessora é mais forte que a anterior, mas honestamente? Você parece fraca.

Engoli em seco. Meu coração martelava alto nos meus ouvidos, olhei em volta e todos estavam como Nicholas, parados nas ações que antes estavam fazendo, minha respiração começou a estabilizar e algo dentro do meu peito começou a queimar, como uma necessidade de proteger aquelas pessoas.

— Olha elaaa, está começando a se descobrir. Eu fiquei surpresa quando descobri que o meu eu era ser uma controladora temporal, afinal, são raras as intercessoras que podem fazer isso. – ela gesticulou em volta para as pessoas inertes – paralisar, atrasar ou acelerar o tempo a sua volta.

Arqueei as sobrancelhas, minha raiva quanto aquela mulher só crescia, sua soberba me irritava.

— Pois é. Acho que eu não sou como você mesmo, não controlo o tempo, contudo o meu eu não me surpreende, pois é algo que sempre fez parte de mim. Eu sou uma protetora. E afinal, como você se chama? – falei audaciosa.

Ouvi em algum lugar que ter o nome de alguém lhe da poder sobre ela, acho que foi em As Crônicas dos Kane, de Rick Riordan. Acho.

Ela sorriu de canto, mas seu ego já não estava tão inflado.

— Eu me chamo Genevive, e não quero e nem vou morrer por que você nasceu. – a raiva na sua voz emanava de seu corpo.

Beacon Hills

Lydia e July sentaram no sofá da casa do xerife, a ruiva pegou os mesmos fios que usara anteriormente e os uniu nas mãos, já a loira estava ansiosa e confusa, suas visões apenas vinham, ela não tinha controle, não sabia como estimula-las, mas a Banshee sabia. Ao menos esperava saber. Lydia fechou os olhos e começou a sussurrar sozinha, depois de alguns segundos ela inclinou o ouvido para os fios, como se obtivesse respostas para os seus sussurros, July fez uma expressão enjoada, como se sentisse uma ânsia de vomito, uma luz dourada passou pelo seu olhar, ao mesmo tempo ela e Lydia seguraram as mãos juntas e foi como se um forte vórtice as envolvesse, uma conexão sinistra entre a mente das duas aconteceu, então ambas começaram a falar em uníssono:

— Malu você é uma intercessora, você pode voltar, só precisa desejar.

Todos ficaram mais do que surpresos, mas também muito amedrontados. O que se iniciou quando essas meninas chegaram em Beacon Hills?

Então Malu...

— E o que você pretende? – falei – me matar para viver mais 200 anos? – ri sarcasticamente.

— Você ainda não viu nada sua pirralha...

A voz de Genevive foi se perdendo conforme meus olhos foram saindo de foco, eu ouvi uma voz estranha que eu não podia ver de onde vinha, logo na minha mente veio uma espécie de visão, eu via todo o pessoal de Beacon Hills reunidos na sala do xerife, July e Lydia estavam em um tipo de conexão muito louca, dei-me por conta que eram elas que falavam comigo. Genevive parecia não poder ver ou ouvir, mas ela sabia que algo estava acontecendo.

— O que é isso? Quem está falando com você? – ela gritava, mas sua voz era distante.

Você é uma intercessora, você pode voltar, só precisa desejar.

Como um elástico se rompendo a voz foi embora e a visão também, minha cabeça doeu e me senti tonta, tive que fechar os olhos de tanta dor.

— Malu, o que aconteceu? – a voz de Nicholas era preocupada.

— Han, o que? – falei confusa.

Tudo tinha voltado ao normal, Genevive havia sumido, mas havia um tipo de energia girando no lugar onde ela estivera, como milhares de estrelas brilhando, como purpurina. Talvez fosse assim que nós intercessores enxergássemos energia quântica, e esse era o rastro dela, o rastro que Genevive deixara.

— Você estava ali, e de repente havia sumido e estava alguns passos mais longe com os olhos fechados e uma expressão de dor. Malu se você não quer isso...

— Nicholas, eu estou com muitos problemas, e no momento minha cabeça parece que vai explodir, eu não consigo suportar! – falei pondo as mãos nas têmporas e lutando contra as lágrimas.

Ele suspirou e me abraçou – Vem, vou te levar na secretaria e você pede para ir para casa, melhore, e então resolvemos isso ok? – beijou minha testa.

— Okay. – concordei.

Sentei no banco de fora enquanto Nicholas ia falar com a diretora, quando eu chegasse em casa ia tentar voltar para Beacon Hills e achar uma forma de sobreviver a Genevive, lá eu tinha reforços, mas aqui me sentia completamente impotente! Depois de alguns minutos Nicholas saiu com a diretora, ela tinha ficado no telefone por isso demoraram, ela me olhou e me examinou para ver se não estávamos mentindo, quando constatou que eu realmente não estava bem fez uma cara de nojo e me liberou para ir embora, antes ligando para meus pais e avisando que eu estava saindo.

Nicholas voltou para a sua sala de aula, mas antes beijou minha bochecha e acariciou meu cabelo, era um gesto muito carinhoso, mas eu não conseguia corresponder, antes de conhecer Stiles pessoalmente e ver ele apenas como Dylan O’brien, um ator inalcançável, a minha atração física por Nicholas era enorme, no entanto agora que eu estivera em Beacon Hills perto dele, senti seu cheiro, vi seu sorriso de perto... Eu não conseguia mais me sentir atraída por Nicholas, era como se ele só fosse um amigo muito próximo.

Cheguei em casa e meus pais estavam no trabalho, mas meu irmão estava lá, de prontidão me esperando para com certeza uma longa conversa. Larguei minha mochila no sofá como sempre e me joguei, Theo sentou ao meu lado e pegou o controle da televisão que eu havia pego e a desligou.

— Ah nem começa Theo. – falei tentando pegar o controle de volta.

— Cala boca e me respeita pirralha. – disse ele brincando, eu dei risada e desisti de pegar o controle de volta – Me fala Malu, o que aconteceu de verdade? – disse sério.

— Como assim? – fiquei completamente gelada.

— Eu sei que você mentiu, eu te conheço muito bem, o que aconteceu com as meninas? Vocês brigaram? – questionou.

Ufa!

— Não Theo... É que elas todo dia tem que me acordar, e dessa vez eu não quis levantar, fomos dormir muito tarde, e elas ficaram muito bravas comigo. – tentei mentir o mais descaradamente possível.

— Espero que seja verdade, não se meta em confusão pirralha, se não eu te espanco e depois espanco o trombadinha que mexeu com a minha mana. – brincou.

Eu o abracei. Não importava o que ele pensasse ou dissesse, eu o amava e não sabia o que essa tal de Genevive era capaz de fazer, então eu não ia perder a chance que a vida estava me dando de abraça-lo quem sabe pela última vez. Theo me abraçou de volta surpreso e então ficou em silêncio, eu podia sentir seus lábios mexendo pela mandíbula que pressionava meu pescoço, então constatei que ele estava orando. Orando por mim, fazendo a coisa mais corajosa e cheia de amor que pode haver em um coração cristão, orando cheio de fé para Deus. Comecei a orar junto com ele e ficamos um bom tempo naquele jeito, Deus é o meu único Senhor e salvador e eu amo a forma como meu irmão me lembra disso quando os problemas tomam minha cabeça.

— Eu te amo Theo, mano, meu irmão, você tenha certeza que te amo ok?

— Também te amo Maria Luiza, minha irmãzinha, não se preocupe tanto, Deus no controle. – disse dando um soco de leve no meu braço, com camaradagem.

Conti as lágrimas e subi tomar um banho, estava mais do que exausta e queria descansar um pouco, mas minha cabeça focava na pergunta mais pertinente: como voltar para Beacon Hills? Muito fácil a louca da July fazer os bagulhos dela com a Lydia e me falar ah você é uma intercessora, vem pra cá amoeba, mas e como? Também pareceu fácil para a Genevive chegar e dizer ah oi, beleza? Eu vou te matar por que quero viver mais 200 anos, tranquilo e favorável? Façam-me o favor! Da pra alguém ser específico?

Tomei banho, pus meu pijama de gatinhos e minha pantufa de coelhos, deitei na cama e tentei fazer o mais óbvio e visivelmente tosco possível, me concentrei em Beacon Hills, foquei no perfume de Stiles, em como seus olhos estreitavam quando ele sorria e ficava com aquela carinha de nada inocente, em como sua voz saía aguda quando ele ficava animado com algo que acontecia e... que vontade de comer algo doce.

~*~

Parece que eu finalmente adormeci afinal, mas já estava acordando e aquilo não me deixava feliz, tirando a vontade descomunal de comer chocolate, e eu nem estava naqueles dias! Bocejei e abri meus olhos ainda grogue, mas me assustei e dei um grito ao ver que não estava mais no meu quarto, alguém estava ao meu lado e gritou também e ambos caímos da cama, eu ainda estava com os meus pijamas e pantufas, mas o quarto... Era do Stiles! E a cara apavorada na minha frente era dele também! Pulei de felicidade e o abracei, eu nem podia acreditar que tinha voltado! Que super! Percebi o rosto de Stiles fervendo de quente e sua respiração estava mais rápida, então que me dei por conta que estava sem sutiã. Gritei um “Ai não, porque comigo!” e pulei para longe, mas já era tarde para me esconder, logo o xerife Stilinski chegou no quarto quase infartando e me viu escondendo meus desprotegidos com as mãos mesmo de piajama e um Stiles se abanando com umas folhas.

— Malu, como você? O que vocês? Quer saber, deixa pra lá, vistam-se e desçam que os outros já chegaram. – disse o xerife saindo e fechando a porta.

— Stiles, eu juro que eu, eu não sabia, eu nem sei como vim parar aqui. – falei nervosa.

— Não tudo bem, ta tudo bem, eu que não esperava, sabe, que você estivesse sem... sem... e na minha cama né, mas ta tudo bem! – ele dizia atrapalhado.

Stiles me jogou um moletom dele e o vesti rapidamente e saí do quarto, fechei a porta atrás de mim e me segurei para não soltar clássicos gritinhos histéricos de adolescente, digo, eu estava de volta em Beacon Hills e devia ser mais madura para enfrentar tudo o que ainda estava por vir e...

— MALU! NÃO ACREDITO MIGA SUA LOCA! COMO, QUANDO E COMO? – gritou July para em seguida pular no meu colo, Amanda fez o mesmo e caí no chão com as duas penduradas em mim.

— Ai eu também tava com saudade, passei um sufoco com os pais de vocês ligando. – falei rapidamente, mas me dei por conta que era um assunto delicado, pois elas me olharam com tristeza.

— O tempo é diferente lá e aqui, aqui passa mais rápido... Acredito que eu influencie de certa forma. – todos que chegaram e elas fizeram uma cara de confusão – Bem, de fato o tempo se moveu quando voltei, mas acho que enquanto estou aqui, lá fica parado, entendem?

Alguns suspiraram, outros assentiram, alguns pareceram ficar mais confusos ainda...

— O que importa é que agora você está aqui. – disse July.

— E você vai nos contar tudo o que aconteceu lá, entendeu monamu? Se não vou colar uns cartazes nas suas... E o Nicholas? Viu ele lá? – Amanda quase surtou.

— Nicholas? Quem é? – disse Stiles saindo do quarto.

— Amanda, se eu tentar te afogar, a água vai evaporar? – sussurrei entredentes no ouvido dela.

Amanda caiu na gargalhada e se afastou antes que eu pudesse me recompor, eu virei para Stiles e gaguejei “u-um ami-migo”, e tipo, eu sabia que nós não tínhamos absolutamente nada, mas mesmo assim a esperança é a ultima que morre né? Então como eu ia matar minhas esperanças contando pra ele de um crush de outro universo? Desculpa, mas não vai rolar.

Descemos para a sala onde comecei a contar de quando eu chegara, de como o tempo parecia parado, das ligações dos pais das meninas, e então cheguei na Genevive, o que me deixou arrepiada e apreensiva, Scott pareceu ter sentido, ele me incentivou a continuar falando e não deixar nenhum detalhe para trás, e disse a coisa mais importante que eu poderia ouvir.

— Vocês são parte do bando agora, não vamos deixar nada acontecer com nenhuma de vocês. – o alfa disse.

— Obrigada Scott, mas eu tenho medo de envolver vocês nisso, ela parece ser perigosa, tem 200 anos de idade e controle sobre o tempo. – falei enrugando a testa.

— Fala sério, e você ainda fala que assistiu Teen Wolf. – disse July cruzando a perna e jogando o cabelo para trás.

Fiquei confusa e levantei as mãos em um “como assim?” ela riu e olhou para Amanda de relance.

— Ouvi dizer que em Teen Wolf tem um cara que é policial de dia e cão infernal de noite, isso parece muito estranho né não Amanda?

— Verdade July, também tem uma garota que quando grita abala mais que os ouvidos de muita gente. – Amanda riu. – Eles a chamam de banshee.

— Será que – falei com um sorriso no rosto – eles conseguem lidar com uma psicopata idosa com instintos assassinos?

— Podemos tentar, mas agora mocinhas, vocês vão para a aula. Alguém por favor traz roupa pra essa menina? – disse o xerife apontando para mim.

Mais tarde na Beacon Hills High School

— Lydia, eu sei que essa conexão aí mucho loca é com a July, mas me ajuda com qualquer coisa que envolva cálculos okay? – Amanda implorava enquanto entravamos na sala de aula.

Lydia com seu charme e ao mesmo tempo meiguice aceitou e deu um sorriso tão deslumbrante que de tanto que olhei tropecei ao entrar na aula, um garoto me segurou, fui agradecer e era o Isaac, eu quase caí de novo só de susto de ver ele ali.

— Isaac? Você voltou? – perguntei.

— De onde você me conhece? – ele perguntou sério.

Ah é, droga.

— Sou amiga do Scott, ouvi muito sobre você. – falei rapidamente, provavelmente ele ia saber logo sobre a verdade sobre mim, mas era melhor não explicar quando o professor de história estava chegando.

Sentei na sala de aula como eu sentaria na minha escola, Amanda e July sentaram ao meu lado me deixando no meio, Lydia sentou na minha frente, Stiles sentou atrás de July e Scott atrás de Amanda, Isaac sentou perto dele e vi que conversavam intensamente, talvez Scott estivesse contando sobre nós mesmo com o professor na aula. No entanto quando o conteúdo começou a ser discorrido todos se calaram para prestar atenção. O professor falava sobre como o condado de Beacon começou e bem, vocês já conhecem a July, ela perde a nota e não perde a piada.

— Bacon Hills? Kkkkk Desculpe, é que eu sempre quis dizer isso. – ela falou rindo intensamente sozinha, ou melhor, devo admitir que eu e Amanda também estávamos rindo.

— Que bom que se acha engraçada senhorita Julieta, espero que aproveite a detenção também. – disse entregando para ela um papel.

Os professores daqui definitivamente não tem o nosso senso de humor. July ficou calada e emburrada, definitivamente não achou que ia pegar detenção, mas mesmo assim se gabou de que a piada tinha sido ótima e que valeu a pena. No intervalo como esperado Scott nos apresentou para Isaac, mas podíamos ver que tinha algo que o incomodava, confirmando nossas suspeitas Isaac disse que trouxe notícias preocupantes, mas que era melhor falarmos daquilo em particular e fora do colégio, ali até as bandejas de refeição tinham ouvidos.

— Quantas horas de detenção July? – perguntei.

— Uma, mas valeu a pena. – riu de novo da própria piada.

~*~

Esperamos July sair da detenção para irmos para a casa de Malia, tomamos banho e trocamos de roupa, então fomos as quatro para a casa do Scott onde seria a reunião. Quando chegamos lá quase tivemos um ataque, Derek Hale estava sentado na sala conversando com Scott, ele nos olhou e então olhou para Scott que confirmou com a cabeça. Amanda fez algo bem inusitado que foi sentar ao lado de Parrish no sofá, o que pareceu deixar Lydia um pouco incomodada, mas esta logo se distraiu conversando com July que se aproximou e contou de um sonho que tivera e achava que podia significar algo. No começo fiquei meio perdida (em teen Wolf, há há sqn), mas vi um garoto magrelo e branco me olhando, e então fui conversar com ele.

— Hey. – falei.

— Tudo bem? – perguntou.

Assenti com a cabeça e suspirei, estava preocupada, demais na verdade, mas comentar isso não ia ser nenhuma novidade. Scott chamou a atenção de todos.

— Pessoal, precisamos focar agora. Isaac disse que a Kate encontrou ele, Derek e Breaden e está os ameaçando, e também tem outra coisa. – ele olhou para o Derek.

— Eu conheço a Genevive. – disse Derek para mim.

— Como? De onde? – vários perguntaram, inclusive eu.

— Uma vez ela apareceu em Beacon Hills e obviamente teve uns rolos com o Peter, depois que ela revelou o que era ele ficou interessado demais nos poderes dela, e sem ser boba nem nada viu que ele não prestava e ela sumiu. E quando digo sumiu, é de sumir mesmo. Peter a procurou por muito tempo, mas nenhum rastro. – Derek contou.

— Se ela já esteve aqui vai ser fácil para me encontrar. – me joguei em uma cadeira.

— Pode até ser, mas temos um bom plano... Se vocês cooperarem. – Scott disse.

Pov Scott

— Essa tal de Genevive é muito perigosa, cara, ela pode controlar o tempo, como vamos lidar com isso? – disse Liam.

— Mas é isso que fazemos, nós ajudamos as pessoas. Nesse universo paralelo de onde elas vem nós podemos ser só atores, mas isso é real e pessoas podem morrer. Eu tenho um plano, mas eu preciso que todos vocês confiem nelas para cumprirmos. – falei.

— Nós confiamos naquela druida louca achando que era só uma professora, confiamos no Theo achando que ele era amigo, filho, não nos julgue por estarmos receosos. – disse minha mãe se pronunciando.

— Eu sei mãe, mas... Lydia me deixou ver uma visão que ela compartilhou com a July. Elas faziam parte do nosso bando. Nos completavam. Vocês confiam em mim? – falei por fim.

Haviam muitos rostos pensativos, mas alguns estavam completamente relaxados, como Lydia e Stiles, eles sabiam que as garotas não nos representavam mal nenhum, assim como sabiam que algum dia, logo ou não, elas estariam dentro do bando, da família. Um por um foram se dando por vencidos, minha mãe e o pai do Stiles disseram que como os adultos tentariam dar conta do básico humano, e todos estavam dispostos a ouvir o meu plano.

Minha mãe tinha que ir para o hospital e logo saiu, o xerife e Parrish fizeram o mesmo e deram uma carona para Deaton até a veterinária, Liam e Hayden disseram que iam com Derek e Isaac treinar algumas lutas caso precisassem, as meninas pediram para subir no quarto do Stiles para conversar e naturalmente ele deixou, por fim ficamos eu e Stiles jogados na sala com a televisão ligada em um canal aleatório.

— Ei, Scott. Me fala da visão da Lydia? – Stiles pediu.

— Ah Stiles, de novo? – falei rolando os olhos, eu já havia contado um milhão de vezes.

— Eu quero entender. Por que a Malu estava no meio da gente? Como assim galáxia? Quer saber o que eu interpretei até agora? – ele não parava de falar, mas se eu não perguntasse ele não ia parar mesmo.

— O que Stiles, o que você interpretou? – rolei os olhos.

Ele levantou rapidamente e sentou do meu lado.

— Bem, algo assim: A July e a Lydia tem essa coisa de saber o que está acontecendo ou vai acontecer meio parecido, então se elas tiverem esse tipo de conexão de bando, vai ser algo muito mais profundo, muito mais poderoso, Scott, elas vão ir muito mais além do que o que fizeram para falar com a Malu em outra dimensão. – o assunto começou a me chamar atenção, então me sentei e prestei mais atenção no que ele dizia – E sabe porque o Parrish segurava uma corrente vazia e a Amanda tinha um pássaro de fogo ao lado dela? Por que o Cão infernal faz parte dele, é ele, você entende? Enquanto a Amanda só tem a fênix enquanto está aqui, por que ela disse que no outro universo ela não tinha poderes.

— Mas então se eu for para o universo delas eu não serei lobisomem? – me perguntei.

— Já me perguntei isso, mas não sei responder. Nós já pesquisamos e elas não existem no nosso mundo, ao menos não como existimos no delas. Então, será que podemos ir para lá? E se formos, seremos como? – Stiles falava intrigado, apenas assenti com a cabeça. – Então, já com a Malu sabemos que a parada de purpurina que vimos quando ela desapareceu deve ser um tipo de ilusão que a energia dela causa quando ela vai se transportar, na visão da July eu estou abraçado nela e você está do outro lado, isso significa provavelmente algo muito importante, mas eu não consigo entender. – disse frustrado.

— Primeiro ela está de costas e estamos normais ao lado dela, depois ela está de frente e você a abraça e eu estou no modo alfa e rugindo. – digo pensativo – poderia ser algo como o poder dela sendo parte vital do nosso bando, e talvez o seu braço e o meu rugido um modo defensor... contra a tal de Genevive! Será que não é isso? Primeiro de costas por que não a conhecemos, mas depois ela é parte do bando e nós protegemos o bando! – conclui empolgado e fiquei de pé.

Stiles também se pôs de pé e passou a mão no queixo, fosse isso ou não, talvez aquela visão fosse um sinal de que o meu plano fosse dar certo.


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Notas finais do capítulo

Então, ta caprichado né? Comentem para render mais desses :p ahuehaheuhae beijocas



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