A Sombra do Pistoleiro escrita por Danilo Alex


Capítulo 20
Ajuda em Boa Hora


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Agora os capítulos voltam a ter tamanho normal. rsrs Sem minicapítulos por ora, prometo!
Depois de se despedir de Cat, Enrico parte para estar um passo mais perto de encontrar Francisco Herrera, o homem que mais odeia nesse mundo. A sorte o ajudará? Conseguirá ele finalmente começar a trilhar o caminho que o levará a sacramentar sua tão sonhada vingança? Vamos ver o que o destino reserva para nosso cowboy.

Quero dedicar "Ajuda em Boa Hora" a todos que me acompanham, mas especialmente à minha querida ArveeneNymeria. Preparei uma surpresa para ela nesse capítulo, espero sinceramente que ela goste.

Bem, chega de papo, né? Carreguem seus Colts, forasteiros!

Boa leitura!!!!



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Após quase três dias de viagem, Enrico parou em Mason, a segunda cidade depois da fronteira do Colorado com Utah.

Brave City estava bem perto agora.

Só gostaria de tomar um trago para tirar da garganta ressecada o gosto da poeira do caminho. Como acontecia sempre em todo saloon que passava, foi reconhecido. Três tipos provocaram-no e tentaram matá-lo. Viu-se obrigado a usar os Colts para defender sua vida. Divisando os três homens caídos dentro de uma enorme e conjunta poça de sangue, o xerife, furioso, decidiu prender Enrico, parecendo ignorar que ele estava em desvantagem numérica e que venceu o trio de arruaceiros por meio de um duelo limpo.

No mesmo instante em que nosso heroi era trancafiado em uma cela da xerifatura, três forasteiros chegavam a Mason. Pelo modo como suas roupas estavam cobertas de pó, com certeza o trio vinha de muito longe, viajando diversas milhas nos cascos de seus cavalos para chegar até ali. Evidentemente tinham um bom motivo para isso, porque Mason era muita pequena e sem atrativos para forasteiros. Um lugar realmente indigno de uma viagem como aquela, a menos que se tivesse um objetivo importante.

Refrearam seus cavalos suados diante do saloon e se entreolharam. A noite se avizinhava silenciosa e rapidamente. O céu tingido de vermelho-sangue aos poucos se tornava negro. Algumas estrelas começaram a pontilhar timidamente o firmamento que se enlutava. Os três recém-chegados desmontaram de seus animais e os amarraram na grade da velha varanda que cercava a frente do saloon.

 O primeiro cavaleiro era alto, forte e jovem, mas tinha cara de poucos amigos; parecia estar ali contra sua vontade. Era loiro e possuía olhos incrivelmente azuis. Indubitavelmente um filho da América. Os cabelos dourados eram lisos e curtos. O rosto fora meticulosamente barbeado.

O segundo cavaleiro se assimilava ao anterior, embora fosse um pouco mais velho. Sua expressão era serena, os olhos eram azuis e bondosos e trazia um ligeiro sorriso nos lábios. Usava os cabelos cor de palha um pouco menos curtos que seu companheiro de sela, e seu rosto anguloso estava coberto por uma barba que não deveria ver navalha há pelo menos dez dias.

E o terceiro, na verdade, não era um cavaleiro. Tratava-se de uma amazona ruiva, perfeita, de cintilantes olhos verdes; talvez a mulher mais bela que já houvesse pisado naquelas bandas.

Olharam em volta, examinando as ruas mal iluminadas e praticamente desertas de Brave City. Depois, entraram no saloon.

Quando era perto de meia-noite, a bela ruiva discretamente (tanto quanto fosse possível, dados sua beleza e postura singulares naquelas cercanias) deixou o estabelecimento e se afastou, puxando os cavalos pelas rédeas, cujas pontas ela tinha entrelaçado habilidosamente.

Havia um canal que cortava transversalmente a cidade, consideravelmente fundo. Para atravessá-lo fora construída uma pequena ponte de madeira. Mas era época de seca extrema, e o leito estava totalmente árido, sem o menor sinal de água, parecendo uma rua. A misteriosa e linda amazona dos cabelos cor de fogo deixou os cavalos escondidos sob a ponte, nesse canal. No alforje de sua própria montaria apanhou algumas bananas de dinamite. A jovem usava roupas de couro próprias para cavalgar, bem como a maioria dos vaqueiros. Portanto, nas sombras da noite, poderia perfeitamente ser confundida com um homem. Protegida pelas trevas, ela se esgueirou pelos becos e ruelas desertas de Mason, levando consigo uma boa carga de explosivos.

Enquanto isso, o jovem loiro e carrancudo deixava o saloon. Numa esquina escura, examinou a carga de seus Colts. Amarrou um lenço no rosto, de modo que só seus olhos ficassem visíveis sob a aba do chapéu, a qual ele fez questão de abaixar. Daí aproximou-se cautelosamente do Banco da cidade. De armas em punho, rendeu o sonolento guarda na porta, que se viu apanhado de surpresa. O vigia recebeu uma violenta coronhada na cabeça e tombou sem sentidos. Então, o assaltante esperou na escuridão.

 O outro loiro, o de sorriso leve nos lábios, deixou o saloon e rumou para a estrebaria. Também teve de nocautear o vigia, um velho magro que cochilava sentado numa cadeira. Segurando o homem desacordado pelas axilas, o robusto atacante o arrastou para bem longe do estábulo. Deixou-o deitado em um canto escuro, nos fundos da barbearia. Voltou para o estábulo e localizou Muchacho. Teve algum trabalho para selar o alazão e levá-lo pelas rédeas até embaixo da ponte, onde a exuberante ruiva deixara os três cavalos pouco tempo antes. Cumprida essa tarefa, regressou ao estábulo. Acendeu duas tochas que apanhara nos alforjes dos animais sob a ponte e lançou-as vigorosamente contra o telhado do galpão. Esperou que chamas maiores se espalhassem pela estrutura de madeira e depois saiu correndo pelas ruas enquanto gritava a plenos pulmões:

— Incêndio no estábulo municipal! Fogo!

Assim que os moradores saíram à rua para averiguar o que se passava, o incendiário correu para junto dos cavalos e esperou. Gritos de pessoas alarmadas se misturavam aos relinchos dos animais nas baias do local em chamas. Um rolo negro de fumaça subia para o céu escuro. Os cidadãos correram para chamar o xerife, que surgiu na rua de pijamas. Nesse ínterim, tiros soaram, aumentando ainda mais a confusão. Alguém berrou:

— O Banco! Estão assaltando o Banco!

O xerife, que reunia um grupo para ir tentar apagar o incêndio, deixou seu auxiliar responsável por isso. Os homens corriam para libertar os animais e apagar as labaredas. O representante da lei apanhou sua arma antes de partir rapidamente em busca do assaltante do Banco. Com isso, a xerifatura ficou desguarnecida.

Enrico estava sentado em seu leito, na cela. Ouvia a confusão de gritos e passos vindos da rua. O luar invadia a cela através de uma janela retangular e lacrada por grades, construída no alto da parede voltada para a rua. O prisioneiro solitário olhava para cima quando divisou um rosto familiar na janela, encarando-o por detrás das barras de ferro. Era uma face feminina, muito bela por sinal.

— Lauren! – Enrico quase gritou, perplexo – O que faz aqui?

— Vim tirar você dessa jaula. – disse ela exibindo um lindo sorriso e, com uma piscadela marota, completou:

— Aliás, é o que vivo fazendo ultimamente. Certo, cowboy?

— Maluca! Está sozinha?

— Não; meu irmão e um amigo vieram também.

— Que barulheira dos diabos é essa aí fora?  

— São os rapazes distraindo o xerife e seu auxiliar para que você possa dar o fora. Agora, é melhor se afastar da parede, bonitão.

— Sua louca! Que vai fazer?

Dessa vez, Lauren não respondeu. Já havia descido do lombo do seu cavalo, no qual subira para alcançar a janela. Na primeira vez que se dirigira à xerifatura, estava a pé. Mas, tão logo os rapazes iniciaram a confusão no Banco e no estábulo municipal, ela pode ir buscar seu cavalo sob a ponte sem ser notada, tendo o som das patas de seu animal abafado pela gritaria e crepitar de chamas devorando madeira com avidez.

Apesar do ruído de vozes alteradas trazido pelo vento, Enrico foi capaz de ouvir o chiado peculiar de pavios sendo acessos junto à parede, do lado de fora. Arregalando os olhos, exclamou:

— Santo Deus!!!

Num instante compreendeu tudo.

Com a agilidade que tantas vezes antes lhe salvara a vida, Enrico deu um mergulho para o lado e se afastou voando da parede, indo cair o mais longe possível, do lado oposto da cela. Aterrissou de bruços e protegeu a cabeça com as mãos uma fração de segundo antes de a parede da xerifatura explodir ruidosamente atrás de si. A detonação sacudiu violentamente o prédio e seu som infernal atravessou a cidadela em polvorosa.

Vendo-se a salvo, Enrico De La Cruz se pôs de pé. Depois de bater o pó das roupas, atravessou uma densa e escura nuvem de poeira e pólvora para ver-se na rua, já que metade da cela deixara de existir após a explosão. Uma lufada de ar frio da noite atingiu seu corpo suado e tenso. Piscou algumas vezes devido a fumaça e conseguiu enxergar Lauren Sanders se aproximando montada em um belíssimo garanhão de pelo cor de chocolate.

— Está bem, querido? – perguntou ela num misto de ironia e preocupação.

— Estou, mas por milagre. – rosnou ele de volta, mal humorado.

— Ora, não seja resmungão. Agora é um homem livre. Acredito que isto seja seu, certo?

Enrico apanhou no ar o cinturão que a moça lançara. Era o seu. Ajustou-o ao redor do peito e conferiu rapidamente se o seu precioso par de Colts estava no lugar. Estava.

Pendurou nas costas pela alça o seu Winchester 73, o qual ela acabara de lhe passar. Então pousou seus olhos em Lauren e bradou:

— Vamos sair desse inferno, boneca!

Enrico então deu um salto espantoso e subiu para a garupa da sela, segurando com firmeza a cintura enlouquecedora daquela ruiva bela e mortal. Tão logo Lauren esporeou seu animal, ouviram disparos.

Uma bala roçou o ombro de Enrico antes de perder-se na escuridão da noite. O xerife e seu auxiliar tinham descoberto o truque e agora, de armas em punho, os perseguiam. Por sorte o cavalo de Lauren era ligeiro como o vento e, por isso, em pouquíssimo tempo chegaram ao canal, onde os esperavam dois cavaleiros.

Enrico desceu do cavalo de Lauren, deu três passos rápidos e, apoiando o pé no estribo, voou para o alto de Muchacho. Então, os quatro forasteiros fugiram em disparada. Num galope desenfreado, subiram a rua principal de Mason, em direção à saída da cidade. Como os tiros soavam sem parar, os fugitivos tiveram de se inclinar para frente e deitar nas selas. As balas passavam zunindo rente seus corpos ou voavam perigosamente pouco acima de suas cabeças, perdendo-se na noite cerrada.

Apesar de ser uma situação realmente complicada, a sorte os ajudou sobremaneira, e eles conseguiram escapar ilesos nos cascos velozes de seus formidáveis cavalos. Com aquela confusão dos diabos causada pelo incêndio no estábulo municipal, seria extremamente complicado para o xerife e seu auxiliar obterem montarias com as quais pudessem perseguir os audaciosos fugitivos. Minutos mais tarde, Mason havia sido deixada para trás, perdida na distância, na poeira e nas trevas noturnas.

Os quatro cavalgaram em silêncio pelo deserto durante certo tempo. De repente Lauren deteve seu animal resfolegante e os demais a imitaram.

— É aqui onde devemos nos separar. – falou a moça firmemente. A seguir, fitando o par de cavaleiros que a acompanhava desde o início daquela aventura, completou:

— Poderiam nos dar um minuto a sós, por favor? – e fez um gesto com a cabeça, indicando Enrico com o lindo e delicado queixo.

Mike Sanders e o cavaleiro misterioso esporearam seus cavalos, indo esperar mais adiante.

Quando Enrico desmontou de Muchacho, ergueu os olhos e viu diante de si a linda Lauren Sanders. O cheiro de flores silvestres que emanava do corpo e do cabelo dela imediatamente o extasiou. Os olhos verdes de pantera dela brilhavam no escuro. Enrico começou a abrir a boca para agradecer, mas uma sonora bofetada no rosto o calou violentamente.

— Seu ordinário! – rugiu a garota. Seu belo rosto estava afogueado, vermelho de indignação.

— Que está havendo, menina?

— Você é um patife, Enrico! Como ousa me dar um beijo daquele, e depois sumir no mapa, sem ao menos se despedir? Acha que sou mulher de engolir um desaforo como esse? Devia matá-lo aqui mesmo, cowboy!

— Acalme-se, belezura. É a segunda vez que me bate, garota. Se você fosse um homem, eu já teria te dado uma lição!

Pareciam furiosos um com o outro, muito embora, na verdade, não estivessem. Abraçaram-se ternamente, rindo. Enrico então, com as mãos nos ombros dela, afastou-se um pouco para olhá-la nos olhos:

— Fico contente que tenha viajado tanto para vir me dar esse tapa.

Ela riu divertida, antes de replicar:

— Sim, e deu trabalho, porque precisei bolar um plano e ajudá-lo a escapar para poder te bater.

— O plano todo foi ideia sua?

— Praticamente. Admito que os rapazes deram uma ou outra ideia.

— Sério, Lauren. Nem sei como agradecer.

— Eu sei, e é bem simples: volte para Santa Fé conosco, case-se comigo e me faça uma mulher feliz.

— Realmente adoraria, mas não posso.

— E por que não? Sua missão?

— Sim. E também por outro motivo.

— Qual seria?

— Amo outra garota. Perdoe-me.

Vendo-a desapontada, Enrico tentou se explicar:

— Nem eu esperava por isso, me apaixonar era algo que definitivamente não estava nos meus planos. Porém, não mandamos em nosso coração. Imagino que saiba disso melhor que eu.

— E como sei. – suspirou ela – Tendo aos meus pés os filhos de rancheiros mais cobiçados e prósperos de Santa Fé, não foi nada fácil admitir para mim mesma que estava apaixonada por um forasteiro petulante, o qual me roubou um beijo na frente de todos, quebrou o nariz do meu único irmão e foi embora tão rápido quanto chegou. Nunca ninguém me esnobou dessa maneira, sabia?

— Sinto muito, Lauren... — gaguejou ele ruborizando, sem saber o que dizer.

— Tudo bem. Vamos devolver isso ao passado.

— Minha missão agora consiste em eliminar Francisco Herrera e resgatar o pai de Catherine.

— Quer dizer que está rejeitando a chance de se casar comigo para arriscar a vida por uma mulher que mal conhece, e a quem já diz amar?

— Mais ou menos isso. – concordou ele dando de ombros, como se tentasse se desculpar e dissesse “Ora, quem pode entender o amor, não é mesmo?”.

— Certo. – disse Lauren, claramente despeitada – E tudo por essa Catherine? É esse o nome dela?

— Sim, é. Precisa conhecê-la, é linda.

— Mais do que eu? — desafiou a ruiva.

— Pergunta difícil essa – respondeu Enrico, sorrindo ao perceber o ataque de ciúmes da jovem – No entanto, acho que nenhuma mulher é mais linda do que você, senhorita Sanders.

— Você é um mentiroso, Enrico De La Cruz. Se eu fosse linda assim como você diz, ficaria comigo.

— A questão é que amo mesmo você, Lauren. E também amo Catherine. O amor que sinto por ambas é o mesmo; os modos de amar é que são diferentes. A você, amo como uma irmã querida que nunca tive. A ela, amo como a mulher com quem desejo passar o resto da vida. Se é que existe essa coisa de “resto da vida” para homens perdidos como eu.

Lauren sentiu que ele estava sendo sincero. O próprio rapaz se enterneceu com suas palavras, e por se lembrar de padre Emanuel, seu pai de criação. Era ele quem sempre ensinava a Enrico sobre o amor e sua verdadeira essência. Sentindo os olhos ligeiramente úmidos, o jovem pistoleiro fitou a linda face de Lauren, que para sua surpresa, lhe sorria:

— E aquele beijo que me roubou? Não vá dizer quer foi um beijo de irmãos!

Comicamente embaraçado, gaguejando, o rapaz conseguiu finalmente explicar:

— Aquele beijo foi uma forma de se vingar do seu irmão, e também serviu para massagear meu ego. Perdoe-me, sei que fui um canalha. Sinto vergonha do que fiz. Gostaria que soubesse que, na época, eu ainda não conhecia Catherine.

— Não se desculpe, garotão. De qualquer modo, eu gostei daquele beijo, confesso. No início, me senti muito humilhada e quis ver você morto. Depois entendi que meu ódio significava que na verdade eu gostei do beijo roubado. Gostei da sua atitude, da sua coragem, e até da sua ousadia. Nenhum homem em Santa Fé, em sã consciência, teria feito o que você fez. Afinal, eu sou a filha do prefeito de lá.

 —Foi loucura. – concordou ele, esboçando um sorriso travesso.

— Bem, agora deve ir. Já o atrasei demais, rapaz. Desejo que se saia bem em sua missão. Cuide-se.

— Obrigado. Seja feliz. – foi só o que ele soube responder.

Ela se inclinou para que Enrico a beijasse.

E ele realmente o fez. Não na boca, como Lauren esperava, e sim na testa. Um beijo que significava respeito e carinho. Um símbolo universal de amor fraterno.

Montando mais uma vez em seus animais, se aproximaram da dupla de cavaleiros. Enrico olhou para o rapaz carrancudo e sorriu:

— Obrigado pela ajuda, Mike.

— Não me agradeça, mexicano. É para minha irmã que deve expressar sua gratidão, só estou aqui porque ela insistiu muito. Não sei o que Lauren pode ter visto num tipo como você. Se dependesse de mim, você iria mofar na cela, esperar por um julgamento e ser enforcado. Ouça bem, forasteiro: caso volte por onde veio, é melhor não passar por Santa Fé. Se cruzar meu caminho novamente, a despeito dos protestos mais inflamados da minha irmã, encho sua carcaça de balas!

Enricou soltou uma risadinha irônica. Disse:

— Entendo sua raiva. Mike?

— O que é?

— Tenho apenas mais uma pergunta.

— Qual?

— Seu nariz está melhor?

Mike Sanders soltou um palavrão e fechou a cara mais ainda. Enrico deu uma risada e então se voltou para o misterioso cavaleiro, o qual permanecera calado durante todo o tempo.

— E quanto a você, camarada? Preciso saber seu nome, para agradecer o que fez por mim.

Quando o homem finalmente abriu a boca, o jovem mexicano sofreu um baque. Essas foram as espantosas primeiras palavras do desconhecido:

— O que houve com você, que agora anda esquecendo o nome dos amigos, Enrico De La Cruz?

Perplexo, ele balbuciou:

— Peter Davis? É você mesmo?

— O próprio.

Feliz, Enrico apertou com vigor a mão do seu grande e velho amigo.

— Davis! Que faz aqui, homem?

— Vim ajudá-lo em sua missão. Devo minha vida a você, parceiro. Assim que partiu, decidi mandar tudo às favas, peguei meu cavalo e comecei a seguir seus passos de longe. Conheci muitos amigos seus, inclusive Lauren e Mike. Ah, Enrico; a propósito, seu amigo Hector Gonzáles pediu que eu te entregasse isso. – do alto de Muchacho, o jovem De La Cruz esticou o braço a fim de apanhar no ar a encomenda que Davis lhe atirara.  Abrindo o alforje, retirou dele um grosso maço de cédulas. Contou quatro mil dólares em notas de cem rapidamente. Separou mil e oitocentos para si e enfiou no bolso da calça. Guardou o restante no alforje, fechou-o e fitou Lauren:

— Ainda quer conhecer Catherine?

— Claro. Por que não?

— Preciso pagar um dinheiro que devo a ela, então é a sua oportunidade. Pode entregar-lhe?

— Sim.

Enrico jogou para a ruiva o alforje com o dinheiro e explicou:

— Você vai encontrá-la em Denver, no Only Hope Hotel. Quarto nº 28. Senhorita Catherine Summers. Lauren, vai se lembrar disso tudo?

— Pode apostar que sim, muchacho. E tem mais – ela lançou-lhe um olhar desafiador, seus olhos verdes de pantera brilhando assustadoramente – É bom rezar para que eu simpatize com sua amiguinha, Enrico. Ou então, quando você voltar, vai saber que fiz picadinho dela.

Sorrindo, ele assegurou:

— Vai gostar dela, é uma boa moça.

Subitamente séria, Lauren Sanders apontou uma direção e rosnou secamente:

— Brave City é para lá, rapaz. Boa sorte a você e Davis. Se falhar, levarei flores ao seu túmulo quando for visitá-lo. Depois contarei a todos sua história, a saga de Enrico De La Cruz, o idiota que morreu encarando inutilmente uma bala, quando poderia ter vivido e sido feliz.

— Agradeço a gentileza. – devolveu Enrico, a voz suave agora sinistra, baixa e rascante, como se reagisse ao tom frio da jovem.

Sem dizer mais nada, ela simplesmente girou seu cavalo e começou a fazer seu caminho de volta, sendo imediatamente imitada por seu irmão Mike. Vendo-os se afastarem, Peter e Enrico se entreolharam.

— Diabo! Quem entende as mulheres? – indignou-se Enrico, fungando irritado.

Peter Davis deu de ombros e soltou uma gargalhada, que logo contagiou o jovem mexicano. Em seguida, colocaram suas montarias em movimento e galoparam na direção que Lauren indicara momentos antes.

Aquele era só o começo do fim.


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Notas finais do capítulo

Olá de novo, meus queridos!
Que acharam desse capítulo? Correspondeu às expectativas de vocês? Tomara que sim. rsrs
Desde já agradeço os reviews maravilindos que sei que vão deixar para mim, dizendo o que gostaram e o que pode ser melhorado.
Enrico e eu apreciamos muito sua leitura e contribuição para a história!
Até quarta, cowboys e cowgirls!!!



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