Morte aos Lobos escrita por Beatriz Rozeno


Capítulo 18
Capítulo 17 - Revolta


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei que não postei nenhum capítulo na semana passada. Mas acontece que não tive tempo MESMO. Sabe quando tudo dá errado, ou quando surgem um monte de coisas pra fazer? Pois é... Eu peço sinceras desculpas por ter me ausentado nessas duas semanas, mas estou de volta.
Tenham uma ótima leitura!!



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Debato-me desesperadamente, sem saber ao certo se estou batendo em pragas ou nos meus amigos. Soltei a mão de Thiago quando atingimos a água, e agora estou perdida no meio de um amontoado de corpos. Nado em busca de oxigênio, mas não consigo chegar à superfície. Sinto que algo está me puxando para baixo e quando vejo, é uma praga com um enorme calombo no rosto que está se agarrando em mim. Bato os pés até que suas mãos me soltem, e quando isso acontece, sigo para cima o mais rápido que posso. Respiro nervosamente, absorvendo todo o ar fresco que consigo. Já mais calma, busco meus amigos com o olhar. Terry está nadando para terra firme, mas está longe de mim; Julie o segue. Onde estão Thiago e Bob?

A razão me pede para nadar até onde Terry e Julie estão, mas acho que esse não é o certo a se fazer. Ou será que é? Antes que eu tenha tempo para pensar demais, mergulho e procuro os dois. Bob está bem perto, tentando livrar-se de duas pragas. Vou até ele e damos um jeito nelas com as facas. Como ele está perto de desmaiar por conta da falta de ar, não perde tempo e nada até acima. Continuo nadando, indo ainda mais para baixo. É quando identifico Thiago, imóvel, caindo em direção ao fundo do rio.

Chego até ele em menos de dez segundos, mas preciso de muita força para tirar nós dois dali. Eu o puxo pela camisa, mas, sem sucesso, não saímos do lugar. Agarro sua mochila e me esforço ao máximo para tirá-lo dali. Fico descontrolada por não conseguir sair desta situação. Balanço Thiago com força, na desesperada esperança de que ele acorde. Nada.

Escuto um choque na água e noto alguém vindo em nossa direção. No primeiro momento, não sei quem é, mas, quando ele chega perto de nós, vejo que é Zac. Ele leva Thiago até a superfície, com uma incrível facilidade. Novamente na superfície, agora respiro aliviada. Eu e Zac levamos Thiago até a terra firme, e ele está muito azul. Fico nervosa ao pensar que talvez seja tarde demais. Começo a tremer. O que direi a Carol se ele morrer? Eu me culparia pelo resto dos meus dias por sua morte.

Terry pede licença e inicia uma massagem cardíaca. Une as mãos, deixando o corpo ereto e os braços paralelos entre si, e pressiona o peito de Thiago, para que a água seja eliminada de seus pulmões. Depois de muita insistência, Thiago finalmente espirra água da boca, voltando à vida. Noto que todos ficaram tão satisfeitos quanto eu. Quando ele se recupera, tira a bolsa das costas e senta. Nossos olhares se encontram e ele sorri. Mas ele se esvai por completo quando vê Zac ao meu lado.

Thiago é tomado por uma raiva que eu nunca presenciei, e parte para cima de Zac. Joga-se em cima dele, prendendo-o ao chão. Eu sei que Zac poderia sair dali se quisesse, mas não o faz.

— Onde está Carol? O que você fez com ela? — grita Thiago sem nenhum controle.

— Eu não sei nada sobre sua irmã — responde Zac firmemente.

— Se você tiver feito alguma coisa com ela, eu juro que corto você em mil pedaços! — berra novamente.

Fico extremamente chateada com a reação de Thiago, e apanho o colarinho de sua camisa, erguendo-o para longe de Zac. Quem ele pensa que é?

— O que você está fazendo, Thiago? — grito para ele. — Ficou maluco?

— Não sei como consegue confiar nele, Amy! Esse cara é uma farsa — diz apontando para Zac. — Ele se faz de vítima para esconder sua verdadeira face!

— Se faz de vítima? Você está escutando o que está dizendo? — devolvo. — Acha mesmo que uma pessoa que passou por tantas coisas ruins ainda é capaz de fazer o mal?

— Você acha mesmo que ele sofreu tudo isso? Pois eu não acredito nisso!

— Está estampado nos olhos dele! Tudo pelo o que ele passou, está claro! E sabe por que você não vê isso? — indago. — Porque você não sabe o que é sofrer!

— Como é que é?

— Foi o que você ouviu! Você foi criado a vida inteira com tudo que era do bom e do melhor, nunca precisou correr atrás de nada, sempre teve tudo de bandeja. Sua vida não se compara à de nenhum de nós — solto ao me lembrar de tudo o que Thiago um dia me contou sobre ele.

— Você fala de dinheiro, mas eu acredito que uma pessoa que passou anos rodando o mundo tenha tido riqueza o suficiente para fazer tal coisa.

— Não venha jogar isso na minha cara. Eu e meu pai viajamos em condições precárias, em um carro de segunda mão. Muitas vezes deixávamos de comer para comprar gasolina e continuar com nossa busca.

— Ao menos você tinha seu pai — diz ele amargamente. — Meus pais não eram presentes, eles passavam o dia no trabalho e, quando estavam em casa, queriam distância de mim e de Carol. Por que acha que eu e ela somos tão próximos? Sempre fomos a única família um do outro. Quando essa epidemia começou, meus pais viajaram com o governo, nos deixaram para trás para morrer. Eu não tive uma vida tão boa quanto você imagina!

Ele pega a bolsa do chão, raivoso, e segue em direção às árvores que estão na nossa frente. Julie, Terry e Bob vão atrás dele. Mas eu fico sem reação, totalmente crente de que o que acabara de acontecer não era necessário. Zac ao menos está do meu lado.

— Desculpe — sussurro.

— Vamos — diz ele. — Não podemos ficar muito longe deles, não é seguro estar separado de seu grupo.

— Será que ainda somos um grupo?

— Vocês não vão se separar por causa disso. Eu sei que não.

Nós os seguimos, mas Zac vai à frente, e eu fico na retaguarda, sozinha. Penso no que acabou de acontecer. Thiago tem razão, eu tinha meu pai enquanto ele não tinha amor de mãe e pai nenhum. Carol ainda tinha e tem ele como sua figura paterna. Mas como eu disse, ele teve uma excelente vida, nunca passou fome e dificuldades. Não. Esse tipo de pensamento é errado. Ele não tem culpa de ter nascido na família que nasceu, não é como se ele pudesse escolher. Conhecendo-o bem, sei que não se orgulha muito de ter lutado tão pouco para conseguir as coisas sem ajuda de dinheiro e status. Eu errei muito com Thiago hoje, assim como ele errou com Zac. Estou arrependida, assim como ele talvez esteja. Esperarei o momento certo para pedir desculpas a ele.

**

Estamos andando há mais de duas horas, em um caminho sem rumo. Conversamos muito pouco, pois o clima entre nós continua pesado e triste. Ainda não sei como me desculpar com Thiago, mas ele também não parece interessado. Mais à frente, vejo que Thiago e Julie estão tocando o solo, provavelmente viram algo. Quando me aproximo, vejo uma poça de sangue, onde o sangue está quase seco. Um rastro de sangue continua pela floresta, e nós o seguimos.

Aparentemente, houve uma briga por aqui. O chão está cheio do líquido vermelho, e com muitos buracos que indicam a luta. Depois de muitos metros, enxergamos um tecido largado no chão, encharcado de sangue e sujeira, e foi todo rasgado por compridas garras. Quando Thiago o ergue, vemos que é o casaco de lã que Caroline usava quando nós a vimos pela última vez.

Thiago corre, aflito, ainda seguindo o rastro. Daqui escutamos a corrente de um rio. Quando chegamos nele, uma praga está morta perto da beira, com uma faca presa no crânio. Terry a puxa e temos a certeza: a faca é de Carol. Mas nenhum sinal dela. O que sabemos: ela conseguiu matar o moribundo, mas teve muita dificuldade nisso, e está muito machucada, talvez correndo risco de vida. É quando Thiago desaba no chão, chorando.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Até o próximo!
Abraços, Beatriz ♥



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