A calçada silenciosa cheirava à asfalto molhado. Apenas finas gotas de chuva respingavam do céu áquela hora. Tris, dentro de seu carro discreto preto, olhava atentamente um indivíduo comprar jornais.

Não costumava haver bancas como essa em Mystic Falls. A cidade mudara desde os tempos quando fora impedida da entrada de magia. A barreira feita por bruxos viajantes não fora o suficiente durante todos esses anos para manter a cidade a salvo do perigo dos sanguessugas.

Era por isso que Beatrice estava lá, naquele momento.

Sua arma era discreta. O metal gelado que segurava já estava a bastante tempo em contato com o calor do seu corpo, o que fazia o mesmo esquentar. Entre suas mãos, estava a preciosa arma de balas de madeira banhadas em verbena.

Talvez devesse repensar a ideia de atirar no indivíduo totalmente em público, como costumava fazer em Nova York. Lá, as pessoas eram tantas que a falta de um nem era notada. Em Mystic Falls, há pessoas totalmente desligadas, mas o que há dessas há também dos policiais e membros do Conselho. Além disso, há moradores atentos e diversos bruxos capazes de surpreender. Mystic Falls é uma cidade imprevisível.

Após uma discreta conversa entre o banqueiro e o indivíduo, Beatrice entrou em ação. Saiu do carro rapidamente, e deu três tiros na perna do vampiro. O cara gemeu de dor, caindo sobre a perna machucada, tendo a mesma sendo queimada e ele perdendo a consciência, de tanta dor. Ela correu até ele e olhou para o banqueiro, confiante.- Não se assuste. Apenas esqueça do que viu- pediu, solenemente. O banqueiro assentiu, aparentemente compreendendo o assunto, para o alívio de Beatrice.

Ela arrastou o corpo do vampiro até seu porta-malas, e lá o despejou. Bateu as portas do carro e disparou, rumo ao seu porão onde estudava os indivíduos.

O porão era frio e silencioso. Da sala de celas, nenhum barulho se ouvia. Após chegar em casa, Tris arrastou o corpo da sua vítima até ele, e lá o amarrou em uma maca na posição vertical. O vampiro permaneceu morto por mais alguns minutos, enquanto ela preparava seus objetos de tortura.

Enquanto organizava as seringas de verbena, tesouras, alicates e mais alguns objetos, Tris pensava no seu outro plano.

Precisaria ir atrás de bruxas. Por sorte, conhecia um santuário que ficava na floresta, onde viviam bruxas anciãs que serviam para o bem. E, por mais sorte ainda, uma delas era Bennett.

Toda a parte sobrenatural de Mystic Falls conhecia a anciã Bonnie. As histórias antigas diziam que ela havia se sacrificado pelos amigos vampiros diversas vezes, e quando finalmente reconheceu seu valor, acabou perdendo todos para a morte. A anciã dizia que uma velha amiga havia sido posta para dormir por sessenta anos para que a vida dela continuasse. Era uma história interessante, porém Tris não se importava com nada disso. Ela só precisaria da magia Bennett para conseguir o que queria.

Decidiu que era o que faria no dia seguinte. Rodaria a cidade de carro à procura de uma loja de especiarias, onde compraria mais verbena para o estoque de tortura. Conseguiria mais um pouco das bolsas de sangue doadas ao hospital, as quais não fariam falta se retirada a quantidade que pertencia a ela. Os gerentes e administradores das bolsas a conheciam, e ela possuía um contrato para levar quantas achar necessário.

Tris também possuía um acordo com a polícia municipal. O Conselho dos Fundadores já, já, a aceitariam como membro. A polícia estava bastante consciente de seu novo papel na sociedade. Tris tinha sorte de que nenhum dos membros havia algum parente sanguessuga.

Após encher o seu estoque, ela visitaria o santuário. Conversaria com anciã Bonnie e tentaria convencê-la de ajudar. O planejamento do seu dia estava feito.

Ouviu-se um barulho. Tris virou-se e percebeu que o vampiro acordara. Ótimo, pensou. Já era hora.