Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho(Livro Um) escrita por Ally Faro


Capítulo 54
Capítulo Cinquenta e Quatro – Minha Espada


Notas iniciais do capítulo

Divirtam-se!
Espero que gostem do capítulo.

Acho que a Char, o Harry e a Fernanda precisavam dessa conversa.



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                Harry fechou os olhos e passou as mãos no rosto, enquanto Fernanda a olhava de queixo caído.

 -Você tá brincando comigo, não é? –Harry questionou, a encarando seriamente. –Porra, você sai de casa e desaparece por meses! Não foram só alguns dias, Charlotte, foram meses! –Ele finalmente demonstrou a raiva que estava, o que Char admitia lhe tranquilizar. –Eu achei que você estava morta! –Ele se ergueu, havia muita energia em seu corpo para que ele conseguisse ficar parado. –Agora, de repente, o sobrinho de Sra. Ornet aparece, dizendo que nos trará para uma Vila que eu nunca nem ouvi sobre, porque você está nos aguardando e Sra. Ornet decidi que é uma excelente ideia e vem conosco! –Char assumia que estava curiosa pra conversar com Amélia desde que descobrira o que realmente era. –Agora você me diz que é a uma Anciã? Que porra tá acontecendo aqui, Charlotte?

                Char deixou a explosão do rapaz vir, era necessário, Harry, assim como ela, era alguém que engolia muita coisa, contudo chegava um momento que precisava dizer tudo. Ela se preocuparia muito mais se o irmão não se irritasse.

 -Nos deixem, por favor. –Ela pediu para Mark e Alfred, sem desviar os olhos de Harry.

                Alfred a olhou preocupadamente, mas fez o que foi pedido.

 -Você preferia que fosse brincadeira, Harry? –A seriedade que ela empregou em cada palavra o fez bufar.

 -Na verdade sim, seria muito mais fácil lhe dar com isso.

 -Mas não é brincadeira e você sabe disso. –Ela foi firme. –Você acha que eu escolheria ter desaparecido se pudesse? –Riu sem humor. –Você me conhece bem, sabe que eu jamais teria deixado vocês preocupados se tivesse escolha.

 -Você poderia ter nos mandado uma maldita carta!

 -MAS EU NÃO PODIA! –Ela finalmente perdeu a paciência.

                Fernanda se surpreendeu com o tempo que eles levaram pra começarem a brigar, normalmente nas primeiras palavras eles já estariam berrando um com o outro, mas daquela vez a briga demorara a começar. Porém lá estavam os dois, furiosos um com o outro.

 -Por que não? –Fernanda questionou, tentando acalmar aos dois.

                Charlotte mordeu a língua, queria contar tudo pra eles, mas havia tanto a ser considerado, não era segredo somente dela.

 -Essa é uma parte que eu não posso simplesmente...

 -Lá vem! –Harry se irritou novamente

 -Porra, Harry! –Ela o encarou. –Acha que foi fácil pra mim? Acha que foi divertido ficar tanto tempo longe de vocês?

 -Só explica o motivo de não mandar a merda de uma carta antes!

                Charlotte fechou os olhos e respirou fundo.

 -O Vale Vermelho é um lugar que se mantém longe dos olhos do mundo por causa dos Monges, todo mundo sabe que os Monges tratam isso como heresia, só falar dos Deuses Pagãs já é grave, imagina um lugar onde Feiticeiros vivem?! –Ela o encarou novamente e Harry viu os olhos mais claros outra vez. –Por tanto, quando fui recebida aqui, vivi em uma espécie de cativeiro, se é o que você tanto quer saber, Harry. –Ela foi dura. –Acha que foi difícil pra você? Também foi pra mim, irmãozinho. Eu quase fui devorada por Lobos, fiquei presa por um longo tempo, porque achavam que eu podia representar perigo para os moradores do Vale...

 -Como?

 -Fica calado, Harry. –Char disse. –Você quer que eu fale? Me deixa falar, não interrompe, se não eu não conseguirei seguir a diante.

 -Tá.

                Fernanda poderia rir da situação, se a história de Char não fosse tão séria.

 -Quando finalmente consegui sair do aconchego de meu cativeiro. –Ela debochou. –Fui mandada para o Vilarejo, não posso dar a localização a vocês, ele é mais sigiloso que o próprio Vale Vermelho. A questão é que só entra lá os Anciãos e poucas pessoas que sabem sua localização. –Ela suspirou. –Assim que descobri o que sou, fui mandada imediatamente para o Vilarejo, com Alfred e Christopher. –A expressão de choque dos dois foi quase cômica. –Sim, meu pai está vivo, mas essa é outra parte da história e tão complicada quanto a minha descoberta de ser Anciã, mas é um segredo dele e ele é quem terá que falar com vocês.

 -Nós descobrimos, depois que você desapareceu, que ele estava vivo. –Fernanda falou.

                Char ponderou e assentiu lentamente.

 -Descobriram o motivo de ele desaparecer? –Ela encarou o fogo.

                Fernanda olhou o perfil da irmã caçula, ela parecia mais velha que qualquer um ali, não aparentemente, mas o ar a sua volta, havia algo tão antigo e majestoso em Charlotte que Nanda se surpreendia a cada vez que encarava a menina.

 -Tia Suzana o proibiu de ir vê-la. –Harry respondeu e Char deu um leve sorriso de canto.

 -Essa é só a parte da história. –Ela suspirou. –Minha mãe não é a heroína, posso afirmar, mas ainda não decidi se é a vilã também.

                Harry encarou a irmã, ela parecia distante naquele momento, seja o que Suzana fizera, parecia afetá-la profundamente, não somente a história de Christopher, havia mais por baixo de todo aquele suspense.

 -Os Anciãos estão me ensinando o que preciso, mas não havia como sair do Vilarejo e mandar cartas. –Ela suspirou e caminhou até a beira da fogueira, se agachando ali. –Mesmo pra minha inexperiência, sou boa no que sou. –Ela deu de ombros e ergueu a mãos próximo as chamas.

 -Char! –Harry agarrou a mão da menina e puxou para longe do fogo, já que estava muito próximo as chamas, perto ao ponto de lhe criar bolhas sérias.

                Charlotte piscou lentamente, o encarando confusa, enquanto ele buscava qualquer marca na mão da menina, mesmo que a pele avermelhada, mas não havia nada, mal estava quente.

 -Harry. –Ela chamou gentilmente, tirando sua mão da do irmão e tocando seu rosto. –Não se assusta, eu só quero mostrar algo.

 -Mas precisa ficar perto do fogo assim?

                Char sorriu.

 -Não, mas acho que você ficará mais tranquilo do que se eu fizer isso a distância.

 -Que? –Ele arregalou os olhos azuis e ela sorriu gentilmente.

 -Sei que você tem mil perguntas e que, no momento, não posso responder nem a metade delas. Acredite em mim, sei o quão é frustrante, passei por isso com Christopher no começo, mas eu realmente não posso dizer tudo ainda. –Ela acariciou o rosto do amigo. –Esses segredos não são somente meus, vocês dois terão que confiar em mim, mais do que nunca. –Ela encarou Fernanda.

                Nanda assentiu após um momento, até que Harry concordou também.

 -Tudo bem, Char. –Ele disse. –Nós confiaremos.

 -Você pode se afastar um pouco? –Ela pediu. –Não se preocupe com o que farei.

 -Vamos tentar. –Foi Fernanda a falar e Char sorriu um pouco.

                Harry se afastou e parou ao lado de Fernanda, que havia se erguido também e encarava Char reaproximar a mão do fogo. Os dois viram, extremamente surpresos, o vento começar a rodopiar em volta de Charlotte, agitando sua capa vermelha e o fogo dançar, mas não na fogueira, sim em sua mão, as labaredas brincavam deslizando em sua pele suavemente, enquanto as folhas farfalhavam.

                Char ouviu nitidamente o que o vento dizia, enquanto passava por entre as árvores e lhe sussurrava, em uma língua tão antiga quanto os Deuses Pagãs.

 -Minha Espada.

                Charlotte soube que não falava na língua comum, sim em Radva, mas a frase se implantou em sua mente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.

Deixem seus comentários.

Beijos e até o próximo capítulo.



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