Amy Tokisuru em Portland escrita por AJ


Capítulo 17
Capítulo 17 - Sangue


Notas iniciais do capítulo

Gente, sério, acho que esse é meu capítulo favorito de todos rsrs
Espero que gostem!



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AMY

Depois de mais uma viagem com o homem das neves, que se chamava Vladimir, Amy, Jau e Anny foram levados mais uma vez para a sala do trono de Jake, o rei das geleiras. Ele estava sentado, olhando para os dois com bastante curiosidade.

Amy não viu nada de novo no local. Ela achou que quando Jake disse que só os chamassem quando tudo estivesse pronto, iria preparar algum tipo de decoração de gelo para a cerimônia de casamento. Porém estava tudo a mesma coisa.

Isso não importava. Ela precisava se concentrar agora no plano louco em que Jau pensara. As chances de darem errado eram preocupantes, e a consequência desse erro seria uma morte horrível para o trio. Mas Amy não podia desistir agora. E muito menos queria se casar com Jake então teve que seguir esse plano.

— E então? Está pronta? — Jake perguntou, levantando-se.

Amy respirou fundo antes de responder.

— É. Eu estou pronta. — Ela estava tentando parar de tremer e deixar sua voz mais calma possível. — Só que...

O rei do gelo olhou para ela numa expressão de dúvida.

— Só que o quê?

— É que não vai ser possível que a gente se case — ela respondeu. — Eu...

Jake ficou esperando pela resposta com uma aparência não muito agradável, o que quase fez Amy desistir de dizer.

— Eu já sou casada — ela soltou por fim. Disse tão bruscamente que teve medo que Jake não acreditasse nela.

— Você? Casada?

— É, cara de sorvete — Jau anunciou-se por fim, segurando a mão de Amy. — A Amy é casada comigo.

O local ficou completamente silencioso por alguns segundos. O rei do gelo olhava para eles com uma mistura louca de tédio, raiva, impaciência, entre outros sentimentos ruins.

— Então vocês são casados. — Fulminou Jau com o olhar. — Prove.

Amy estava esperando por isso. Com cautela, aproximou-se do rei gelado e lhe mostrou a palma da mão esquerda. Era lá onde estava a cicatriz do corte que fizera um momento atrás. Só de lembrar daquilo ela sentia arrepios. Logo, ela começou a ter novamente um flashback.

***

Amy ficou com medo de perguntar o que Jau tinha pensado na hora, mas depois de muito tempo em que eles ficaram se encarando, ela resolveu questionar.

— O que você quer fazer?

— Amy. — Ele a olhou no fundo de seus olhos. — Você aceita se casar comigo?

Ela o encarou por mais alguns minutos. Estava esperando que ele dissesse “Rá, te peguei”, pois aquilo só podia ser uma brincadeira. Isso ou seu amigo tinha ficado completamente maluco.

— Pare de falar besteiras — disse por fim, aborrecida. — Que papo é esse agora?

— Eu sei. Pode parecer tudo um monte de besteiras mesmo, mas eu cansei de esconder o que eu sinto. — Jau pegou nas mãos de Amy. — A verdade é que quando o Jake disse aquelas coisas sobre ser seu marido e você aceitou, eu quase morri de medo de te perder. — Sua voz ficava mais pesada a medida que ia falando. — Pode chamar de ciúmes ou o que for, eu não ligo. Eu só sei que nunca permitiria que você ficasse com um cara como esse. Se você tiver que se casar com alguém hoje. — Ele apertou a mão dela com mais força. — Que seja comigo.

Amy sentiu como se fosse parte daquele cenário de gelo, pois ficara completamente congelada com as palavras de Jau. Ele estava falando sério afinal. Ela não sabia como reagir no momento. Pensou que deveria dizer não. Não queria se casar com ninguém. Não naquele mundo. Mas e se recusasse? Teria que ficar com o rei do gelo. Ele dissera que a deixaria terminar sua busca, mas duvidava que fosse assim tão burro.

Notou que Jau ainda apertava sua mão com força e sentiu-se obrigada a falar alguma coisa.

— Se eu me casar com você, então...

— É impossível que uma pessoa se case duas vezes em Portland, então você não teria que fazer isso com Jake — Jau completou.

— Mas e depois? Ele não vai desistir só por causa disso. — Amy tinha certeza de que Jake tentaria ficar com ela a qualquer custo.

— Eu sei. Depois disso, ele vai querer me matar — Jau admitiu. — É aí que você entra.

— Não entendi.

— Amy, você vai lutar com o Jake e vai derrotá-lo.

Agora Amy não se sentiu chocada. Sentiu vontade de rir, e foi exatamente o que fez.

— Legal, Jau. Mais alguma ideia sensacional?

— Estou falando sério. — Ele encarava a garota tão intensamente que era impossível ela continuar rindo. — Não foi para isso que viemos aqui afinal? Para aperfeiçoar seus poderes?

— Sim, mas o Jake é forte demais. Acha mesmo que eu tenho chance? — Ela estava tentando achar um jeito de escapar daquela situação.

— Amy! — Jau gritou.

Ele agarrou os ombros da garota e a pressionou contra as grades de gelo, fazendo com que ela soltasse um gemido. O que estava acontecendo com aquele garoto? Amy ficou tão assustada com a reação de Jau que não conseguia falar, e muito menos ele. Ficaram por alguns segundos se encarando. Seus rostos próximos. Ela podia sentir a respiração nervosa e irregular do amigo sobre sua face.

— Não importa se você desistiu ou não. Eu nunca vou deixar você ficar com o cara de sorvete. Se não quiser lutar contra ele então eu o farei. Eu vou fazer qualquer coisa para te defender. — Dessa vez sua voz saiu serena e rouca. Jau já não tinha mais forças para gritar. — Por favor, Amy, não desista ainda. Não posso perder você... Eu te amo.

Ela não conseguiu dizer nada. Ficou parada como uma estátua de gelo, com o rosto totalmente ruborizado. Estava certo que ela sabia que Jau gostava dela mais que apenas uma amiga, mas ouvir as palavras “eu te amo”... Não estava preparada para isso. Esperou que ele fizesse o próximo movimento.

— Me desculpa. — Jau se afastou. — Acho que exagerei um pouco. — Ele suspirou.

O garoto pareceu meio desapontado ao ver de Amy. Talvez ele esperasse que ela dissesse “Eu também te amo”. Mas não podia dizer isso. Não tinha certeza do que estava sentindo no momento, e, até então, o único homem que amava no universo era seu pai, Thomas.

— Olha, Jau — Amy falou, resolvendo que não podia ficar calada ali para sempre. — Se você acha que o único jeito de sair daqui é lutar com o Jake, então tudo bem. Você sabe que eu confio em você cem por cento.

O garoto permaneceu calado, encarando o chão. Era óbvio que não era aquilo que ele queria ouvir. Falar que confia em uma pessoa não é o mesmo que dizer que a ama, mas era o máximo que Amy iria dizer por enquanto.

— E também — ela continuou — você deveria entender o meu lado. Não é fácil para mim, sabe? Até ontem eu era apenas uma estudante comum e agora eu estou nesse mundo arriscando minha vida para voltar à Terra. Eu estou com medo.

Esse argumento Jau não tinha como retrucar. Ele coçou a cabeça como quando fazia alguma besteira e sussurrou:

— Me desculpa, Amy.

— Não se preocupa. — Ela deu um tapa de leve no ombro do amigo. — Qual é o seu plano?

— Bem — continuou. — Se você já estiver casada, como eu já disse antes, o Jake não vai ter escolha se não me matar. É a única maneira de desfazer um casamento em Portland. Quando ele estiver se preparando para isso, você já deve estar pronta.

— Pronta para o quê?

— Lembra quando a caverna de gelo começou a gotejar? Foi quando você mandou todo mundo calar a boca.

Sim, Amy lembrava. Não fora intenção dela fazer aquilo, mas a emoção tomou conta dela no momento.

— Você já percebeu, não é, Amy? Seus poderes ficam mais fortes quando está triste ou com raiva. Se você puder pensar em ocasiões que a deixaram assim, pode canalizar esses pensamentos e transformá-los em poder. Talvez você até possa derreter toda essa geleira.

Era uma boa teoria, mas colocar em prática é que seria um problema, principalmente porque a garota não teria tempo para treinar. Seria tudo ou nada.

— Certo — foi o que ela disse. — Tudo bem, vamos lá.

— Vamos lá...? — Jau perguntou, desconcertado.

— O casamento, mané. Como se faz? — Amy falava tentando soar desinteressada.

— Ah, claro. — Ele coçou a cabeça e novo. — Bem... Primeiro nós precisamos de uma testemunha.

No começo, Amy não pensou em ninguém que pudesse ser uma testemunha, mas então olhou para o lado e viu que Anny estava lá. Ela ficou tão quieta em seu canto que Amy até tinha se esquecido de sua existência. Anny assistira a tudo o que aconteceu entre Amy e Jau.

— Bom, se a Anny quiser... — Ela revirou os olhos, tentando não corar.

A garota muda obviamente não disse nada, mas avançou um passo e claramente estava pronta para cooperar.

— Agora precisamos de algo cortante, como uma faca ou gilete — Jau continuou.

— Vamos fazer o quê? Pacto de sangue?

— Mais ou menos isso. — Jau olhou para o chão em busca de algo que pudesse usar, mas lá só havia gelo, neve e estalagmites... — Ótimo. Acho que isso vai servir. — Ele se aproximou da estrutura de gelo e com um pouco de dificuldade conseguiu quebrar a ponta. Ficou trocando o objeto gelado de mão a cada dois segundos para evitar queimar a pele.

— Anda, Jau. O cara das neves pode aparecer a qualquer minuto — Amy apressou o amigo. Não estava preocupada com o fato de Vladimir aparecer, ela só queria acabar logo com isso para poder esconder logo o fato de que estava morrendo de nervosismo.

Apesar de tentar disfarçar ao máximo, ela não conseguia evitar que todos os pelos de seu corpo se arrepiassem, ou que suas mãos parassem de tremer. Tudo isso piorou quando Amy viu Jau usar o pedaço de gelo pontiagudo para fazer um corte na palma da mão esquerda. Ao contrário dela, ele parecia bem confiante e decidido, e nem sequer fez uma careta de dor enquanto feria a si mesmo.

Logo, uma fina linha vermelha apareceu na mão de Jau. Algumas gotas de sangue caíram sobre o chão completamente branco da cela, o que deixou a garota um pouco enjoada. Amy não gostava de ver sangue.

— Eu preciso fazer isso em você também, Amy — Jau informou. Tentou soar carinhoso, como se não fosse machucá-la nos próximos segundos.

— Não posso fazer eu mesma? — Não que ela não confiasse no amigo. Só não queria que ele notasse o quanto ela estava nervosa.

— Se você tocar no gelo pode ser que seu calor o derreta — explicou. — Não se preocupe. Eu vou tomar o máximo de cuidado possível.

Não tinha jeito. Lentamente, Amy estendeu a palma de sua mão esquerda para Jau. Como temia, ela estava tremendo.

— Ei, fica calma — Jau disse, sorrindo. — Só vai arder um pouquinho. — Com cuidado, ele usou a estalagmite para fazer um corte na mão da garota.

Ela não pôde evitar fechar os olhos e fazer uma careta de dor. Quando abriu os olhos novamente, havia uma linha de sangue em sua mão também, assim como na do amigo.

Após fazer isso, Jau jogou no chão o pedaço de gelo. Ficou parado por alguns minutos, encarando os próprios pés, como se estivesse com medo de continuar.

— Tá tudo bem? — Amy perguntou, preocupada que o amigo pudesse desistir agora.

— Está. É que... — Ele coçou a cabeça com a mão que não estava machucada. — Eu sei que você está fazendo isso por pressão. E quando eu penso nisso, eu me sinto um péssimo amigo.

Então era isso. Amy não havia percebido antes porque Jau soube disfarçar bem, mas ele também estava nervoso. Ela pôde sentir o tom de tristeza na voz dele quando disse aquelas palavras. Mas Jau estava errado. Ele não era um péssimo amigo. Longe disso.

— Eu vou entender se quiser parar por aqui — ele completou.

— Não — Amy respondeu rapidamente. — Você tem razão. Eu estou me sentindo pressionada, mas não por você, e sim pelo Jake. Eu fiquei muito assustada quando pensei que teria que ficar com ele para sempre. E, acredite, eu também fiquei assustada com o fato de que eu nunca mais poderia te ver. — A voz de Amy começou a ficar pesada e ela ficou com medo de que pudesse começar a chorar, porém se concentrou o máximo que pôde para não deixar isso acontecer. — No começo eu achei que você tinha ficado maluco, mas eu entendo agora. Eu quero continuar, Jau.

O garoto sorriu timidamente e Amy não conseguiu não retribuir o sorriso.

— Certo. — Ele estendeu sua mão cortada e segurou a de Amy com um pouco de força. — Amy Tokisuru, estou fazendo de você a minha esposa. O sangue que percorre em minhas veias agora passará a percorrer nas suas também. E o seu sangue passará a correr nas minhas.

Amy sentiu uma sensação estranha ao ouvir aquelas palavras. Ela sentiu o poder da mágica oculta naquelas frases.

— Enquanto eu estiver vivo prometo honrar este pacto — ele continuou. — Em quaisquer circunstâncias eu sempre estarei com você.

Ela sentiu sua mão formigar e uma dor esquisita percorreu por todo seu braço. Ela pôde sentir seu coração bater e pulsar o sangue para o resto de seu corpo. Sentiu-se tonta e teve vontade de desmaiar.

Amy voltou à realidade. Jake estava inspecionando sua mão cuidadosamente. Sua expressão não era nada agradável. Ele encarou Amy, depois Jau, e depois novamente Amy. Aquilo estava deixando a garota apreensiva.

— Sabe, Tokisuru — ele disse, finalmente. — Eu não gosto que me façam de idiota. — Jake se virou de costas e andou lentamente em direção ao seu trono de gelo. — Você vem aqui. Me desafia. Me faz aceitar condições estúpidas. — Cada vez mais ele ia chegando perto do seu trono, e quando finalmente ficou diante deste, o tocou.

Logo, a cadeira foi se desfazendo e virou algo que não era bem água, pois não era líquido. Parecia-se mais com uma gelatina azul.  Essa gosma se direcionou para a mão de Jake, até tomar uma forma que Amy pôde finalmente reconhecer. Uma espada. A gelatina então se solidificou e agora Jake estava perigosamente armado.

— Mas não tem problema. — Ele voltou a encarar o casal. — Eu perdoo você. — Sorriu sarcasticamente. — No entanto, eu não posso poupar esse seu amiguinho. E nem mesmo a garota loira. Você entende, não é? — Jake girou a espada na mão. Obviamente ele era muito habilidoso com ela.

— Não vou deixar você tocar um dedo neles. — Amy tentou soar o mais confiante que conseguiu, mas quase não conseguiu. Ela se arrependeu mentalmente por ter concordado com o plano de Jau. De jeito nenhum iria conseguir derrotar Jake. — Você vai me entregar o fragmento de gelo imortal se não quiser que eu derreta todo esse lugar — blefou.

Jake gargalhou mais uma vez, igual havia feito da vez anterior, quando Amy tocou no mesmo assunto.

— Você ainda não entendeu, garota estúpida? — ele gritou. — O fragmento de gelo imortal não é um objeto. Eu sou o gelo imortal. É a mim que a Sofia quer.

Amy ficou confusa no mesmo isntante. Se o Jake estava realmente falando a verdade, então...

Ela não pôde concluir seu pensamento pois Jake continuou falando.

— Amy, saia da frente e me deixe acabar logo com isso — o rei do gelo ordenou.

Algo na cabeça da garota gritava: Corra. Fuja. Porém ela fez justamente o contrário. Deu um passo à frente e ficou entre seus amigos e Jake. Determinada, ela disse:

— Não.

Jake a olhou com uma fúria imensa. Nunca ninguém a havia olhado daquele jeito. Nem seus professores quando ela não respondia uma questão corretamente. Nem a diretora quando ela pegou Amy colocando fogo nas provas durante a sexta série — o que fora totalmente acidental. E nem mesmo seu pai quando ele descobriu que sua filha havia sido suspensa por causa disso.

A raiva de Jake era diferente porque ele era egoísta e autoritário, exatamente o tipo de pessoa que Amy odiava. Ela tentou usar esse ódio como fonte de energia para o seu poder de fogo.

— Tudo bem Amy — Jake assentiu, por fim. — Se é luta que você quer, então é luta que você vai ter.

Amy pensou rápido. Como poderia derrotar Jake? Ela olhou o rei do gelo segurar a espada com as duas mãos e flexionar os joelhos.

A espada era de gelo, certo? Então Amy poderia tentar derretê-la. Se Jake perdesse a espada, então talvez, apenas talvez, ela tivesse uma pequena chance de ganhar a luta.

Ela se concentrou em pensamentos que a deixaram furiosa no passado, como Jau instruíra. Tudo ao seu redor parecia rodar em câmera lenta no momento. Fechou os olhos e pesquisou suas memórias mais antigas. Lembrou-se de quando a abelha picou seu dedo quando tinha cinco anos e usou seus poderes pela primeira vez.

Não. Ainda não era suficiente. Ela fechou os olhos e forçou ainda mais sua mente. Então Amy viu o rosto de um garoto. Ela não conseguiu distinguir quem era, pois, a memória estava embaçada. Ela ouviu o garoto dizer: Por favor, não a machuque.

— Amy, cuidado! — Jau gritou.

Amy sentiu alguém agarrando seu braço e a puxando para trás. Jake estava em sua frente, e sua posição julgava que ele havia acabado de desferir um golpe no ar. A ponta da espada estava encostada no chão. Se Jau não a tivesse puxado, provavelmente teria duas metades de Amy no chão nesse momento.

— Vem, vamos correr. — O garoto correu, ainda segurando o braço de Amy no lado esquerdo, e segurando o de Anny, no lado direito.

Amy tentou colocar a cabeça no lugar. De onde diabos tinha saído aquela memória que tivera antes de Jau a puxar? Não podia ser dela. Amy não se lembrava daquilo de jeito nenhum. O que estava acontecendo?

— Pode correr Amy, mas não por muito tempo. — Jake estava logo atrás. Não estava com pressa. Estava confiante de que Amy e seus amigos não iriam muito longe.

A pior parte era que o rei do gelo tinha razão. O chão era escorregadio demais e não demorou muito para que todos os três levassem um tombo violento. Amy sentiu todos os membros do seu corpo doerem.

— Amy, levanta — Jau disse, tentando ajudá-la.

Ela tentou se levantar, mas seus pés estavam doendo mais que qualquer parte do corpo. Eles deviam ter se torcido na hora da queda.

— Jau — ela murmurou. — Corre e leva a Anny. Eu não consigo me levantar.

Jake estava a poucos passos de distância. Ele sorria de um jeito completamente insano.

— De jeito nenhum. — Ele pegou nas mãos de Amy e fez de tudo para levantá-la, mas o chão escorregadio não estava ajudando. Tudo o que ele conseguiu foi levar outro tombo.

— Jau. Eu não estou pedindo — Amy gritou. — É uma ordem. Anda. Vai!

Jau a olhou no fundo de seus olhos azuis. Ela pôde ver o garoto deixar escapar uma lágrima de seu olho direito. Amy não podia deixar que Jau morresse. Ela não iria se perdoar. Deu um último sorriso para o amigo e soltou sua mão. O garoto então se levantou, deu meia volta, e junto com Anny, correu.

Por um lado, ela se sentiu aliviada. Seu amigo teria a chance de sobreviver. Mas por outro lado... Não tinha muita certeza. Seu melhor amigo a havia deixado ali a mercê de Jake. Claro, ela mesma tinha pedido que ele fizesse isso, porém não evitou deixar de sentir uma enorme onda de tristeza. Ela se sentiu desprezada. Abaixou a cabeça e esperou que o rei do gelo chegasse.

— Viu só, Amy Tokisuru? — Jake se aproximou de Amy. Ela conseguiu ver os pés descalços do garoto. Uma pessoa normal já teria perdido os sentidos dos membros inferiores se estivesse descalço naquela geleira.

Ela não respondeu. Queria ficar deitada ali para sempre e morrer de frio. Infelizmente Amy não sentia frio.

— Responde, sua maldita. — Sem avisar, Jake puxou com força os cabelos castanhos de Amy e a fez se levantar. A garota gritou de dor. Depois, o rei do gelo a encurralou contra a parede e a olhou novamente com aquela expressão furiosa.

— Você escolheu aquele covarde ao invés de mim? — Jake gritou na cara de Amy. Mas ela sequer prestava atenção. Ela só queria morrer logo. Por que Jake não parava de gritar e acabava logo com isso?

— É uma pena, Tokisuru. — Ele tomou um passo para trás e ergueu sua espada. Finalmente iria dar o golpe. Respirou fundo e então...

Amy viu sangue. Havia sangue saindo do tórax de Jake e manchando suas vestes. O olhar dele ficou vidrado e vazio de repente. Primeiro Jake deixou a espada cair, e depois ele próprio caiu, de barriga para o chão. Havia uma enorme estaca de gelo atravessada em suas costas.

Amy ficou assustada com o que viu atrás do rei do gelo. Jau estava lá, com as mãos tremendo e manchadas de vermelho. Ele encarou a garota, assustado. Depois, se ajoelhou ao lado do corpo de Jake, e começou a chorar.


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Notas finais do capítulo

Desculpa aí quem gostava do Jake D:
Enfim, deixem suas reviews lindas. Fui!



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