Amy Tokisuru em Portland escrita por AJ


Capítulo 15
Capítulo 15 - O Rei do Gelo


Notas iniciais do capítulo

Conheçam o Jake rsrs



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AMY

Viajar no frio não fez nada à Amy, no entanto, Jau e Anny pareciam que iam congelar. Estavam pálidos e com o nariz escorrendo. Ela teve medo de que tivessem uma hipotermia.

— Essa não. — Ela se aproximou dos amigos e fez o mesmo que anteriormente. Emitiu uma aura de calor enquanto os abraçava, cada um em um lado.

— Que bom que eles têm você, garota do calor — o estranho da neve observou. — Duvido que estivessem vivos se não tivesse vindo com eles.

Ela ignorou o comentário mórbido e tentou se concentrar. Tinha que continuar exercendo seu poder para que seus amigos não morressem congelados, mas também não poderia exagerar, ou poderia fritar os dois. Em pouco tempo, Jau e Anny recuperaram a cor e já estavam respirando sem exalar fumaça.

— Obrigado. Achei que ia virar picolé — Jau agradeceu. Ele abraçou o corpo para tentar se aquecer ainda mais.

— Se já tiverem acabado, me sigam. — O garoto sorvete ainda sem nome começou a andar pelo local.

Parecia uma caverna de gelo, à primeira vista. Era tudo branco e sólido, e repleto de estalactites e estalagmites perigosas. Amy torcia em pensamento para que não caíssem em cima dela. Andaram por alguns minutos. Quando parecia que não ia acabar mais, eles finalmente chegaram a uma sala diferente. Esta não possuía as formas pontiagudas, apesar de ser tão branco como o resto da caverna. Encostado na parede que marcava o fim do túnel, estava um grande trono de cristal, e nele repousava uma pessoa.

— Jake, eu trouxe a fonte do calor, como me pediu — o garoto de branco informou.

— Muito bem, Vladimir. Está dispensado — o rei do gelo respondeu.

Diferente de seu servo, o Vladimir, Jake possuía sim uma voz rouca e gélida. Sua pele conseguia ser ainda mais pálida, mas ao menos ele usava roupas escuras — uma jaqueta azul-celeste com touca e calça moletom azul marinho. Além disso, não parecia ser nada simpático.

Vladimir sumiu em sua tempestade de neve particular e deixou Amy, Jau e Anny sozinho com o rei do gelo.

— Por favor, diga o seu nome — Jake falou, não perguntando. Amy pensou no que ele faria se ela se recusasse a dizer.

— Amy Tokisuru — ela respondeu indiferente.

— Então, Amy Tokisuru — o rei continuou. — Você emite muito mais calor que um ser humano normal, sem falar que não está tremendo de frio como seus amigos... O que você é?

— O que eu sou? — A garota não sabia bem como responder a isso. — Talvez... O mesmo que você.

Jake ficou em silêncio por um tempo. Ela ficou com medo de que sua resposta fora muito audaciosa para referir-se a um suposto rei, mas este sorriu logo em seguida.

— Gosto de sua atitude. — Ele se levantou. — Sabia que todas as pessoas que aqui entraram nunca mais saíram? Pelo menos... não vivas.

— Por acaso isso é uma ameaça? — Amy não estava com medo, por incrível que pareça. Ela estava tentada a desafiar aquele cara de picolé até o limite.

— Claro que não. — Ele se aproximava cada vez mais dela. — Quis dizer que ninguém nunca resistiu ao meu frio traiçoeiro. Era só chegar perto de mim. — Jake ficou cara a cara com Amy.

— Não sinto sequer um arrepio — ela respondeu, determinada.

— Entendo. — Então, ele estendeu sua mão e, suavemente, tocou no rosto da garota.

Certo. Amy não sentia frio. Mas ela tinha que admitir que aquele toque era, no mínimo, diferente do que estava acostumada. Sentiu um calafrio e seus pelos arrepiaram-se de leve. Apesar disso, manteve seu olhar confiante em Jake, que agora a olhava com perplexidade.

— Calor... — sussurrou. — Já decidi. — Ele se afastou e voltou para o seu trono, porém, não se sentou. — Amy Tokisuru. — Encarou ela com tanta intensidade que Amy quase sentiu como se estivesse sendo empurrada por aqueles olhos acinzentados. — Vou fazer de você a minha esposa.

— Mas o quê?! — Jau gritou.

Ele devia ter lido a mente de Amy, pois era exatamente isso que ela ia dizer. Não tinha o menor cabimento aquele cara a quem conhecera não fazia nem cinco minutos decidir de repente que ela deveria se casar com ele.

— Tudo bem. Você endoidou — Amy disse. — O que faz você pensar que eu me casaria com você?

— Você não entendeu, Tokisuru? Sem querer, eu matei todas as pessoas, todas as mulheres que cheguei perto. Todas congelaram. Tive que me isolar de todo mundo. Fiquei sozinho por anos. Tive o Vladimir para me acompanhar, mas ainda faltava algo. — Jake lançou mais um de seus olhares penetrantes a Amy. — Você foi a única que conseguiu resistir a mim. Você será a esposa perfeita.

— Escuta aqui, cérebro de Milk Shake — Jau intrometeu-se na conversa mais uma vez. — Pode parar de falar tanta besteira. Nós vamos embora, entendeu? Embora. — Jau falou pausadamente como se estivesse conversando com uma pessoa com problemas. Amy notou que ele estava muito mais zangado do que ela propriamente.

— Que rapaz truculento nós temos aqui. — Jake olhou friamente para Jau. — Vamos ver se consegue falar alguma coisa quando virar uma das minhas estátuas de jardim.

— Não ouse tocar nele — Amy desafiou. Poderia aceitar tudo, até se casar com aquele rei de araque, mas não ia permitir que ele machucasse Jau.

— Então você se importa com esse rapaz, meu bem? — Sorriu de forma cínica.

Ele encarou Jau assustadoramente. Sua expressão se tornou sombria e seu olhos faiscavam entre o cinza e o vermelho. O ar ficou tão frio que até Amy sentiu a temperatura baixar perigosamente. Olhou para seus amigos. Estavam na mesma situação de antes, tremendo e com o tom de pele ainda mais pálido.

— O que está fazendo? — ela perguntou, desesperada.

— É que sua chegada deixou o ar mais quente. Pensei que poderia esfriar um pouco as coisas — Jake disse, sem parar de emitir sua maligna aura de gelo.

— Você vai acabar matando eles de frio! — Amy já estava gritando. Sua aura de calor agora já não adiantava mais nada. Era claro que Jake era dez vezes mais poderoso do que ela.

Só tinha um jeito de parar a fúria daquele rei, e ela sabia muito bem o que era. Se odiaria para sempre pelo que iria dizer agora, mas era a única maneira.

— Tudo bem, Jake — conseguiu dizer por fim. — Eu aceito.

— Você aceita? O quê? — ele provocou, sem parar sua onda de frio.

— Eu aceito me casar com você.

O homem de gelo cessou sua tortura. Dessa vez Amy conseguira aquecer os amigos mais uma vez com sua aura de fogo. O problema agora era que acabara de ficar noiva de um estranho, e isso só ia trazer prejuízos à tarefa dela.

— Então, Amy Tokisuru, você será minha esposa. — Jake olhava para ela, sorrindo.

— Sim. Mas somente com algumas condições.

— Amy, não faça isso — Jau disse. Amy quase sentiu um tom de desespero na voz do amigo. — Nós temos que ir, lembra? Não aceite o que esse imbecil diz.

Ela teve que ignorá-lo. Não queria estar naquela situação tanto quanto ele, mas ou ela ficava noiva de Jake, ou Jau e Anny iriam morrer, e isso seria ainda pior. Porém, isso não significava que não poderia tirar proveito daquela situação. Se agisse com esperteza, poderia até obter uma vantagem sobre o rei do gelo.

— Como eu ia dizendo — continuou. — Só vou ser sua esposa se concordar com meus termos.

— Prossiga — Jake pediu, fingindo estar interessado.

— Em primeiro lugar os meus amigos vivem. Você não pode machucá-los. Não pode sequer tocar neles. — Amy tinha quase certeza que se Jake ficasse perto de mais de seus companheiros eles iriam congelar, e ela poderia não conseguir reverter isso.

— É justo — o futuro marido de Amy balançou a cabeça. — E o que mais?

— Em segundo lugar, eu tenho uma missão para concluir. Não podemos nos casar antes disso. — Se Jake concordasse com isso, ela poderia terminar sua tarefa e fugir para a Terra. Nunca mais teria que ver aquele cabeça de picolé novamente. — Tudo bem para você?

Ele coçou o queixo. Não parecia certo para ele que sua noiva ficasse perambulando por aí com o risco de que sumisse para sempre, porém, por fim, ele disse:

— Como quiser, Tokisuru. Mas saiba que o seu calor eu posso sentir de longe. Sem falar que o Vladimir vai ficar na sua cola o tempo todo, portanto, nem pense em fugir. — Jake sentou-se em seu trono. Parecia estar ficando impaciente. — Mais alguma coisa?

— Sim. — A próxima exigência seria essencial para o andamento da missão. — Eu quero receber de você um fragmento de gelo imortal.

Amy teve medo de que Jake pudesse recusar isso. Se fosse o caso, todas as outras exigências teriam servido para nada. No entanto, para a surpresa dela, o rei do gelo começou a rir. Ou melhor, a gargalhar. Riu com tanto prazer que ela pode sentir a caverna de gelo tremer como se estivesse rindo junto com o rei. Não entendeu o que tinha dito de tão engraçado.

— Como você quiser, Tokisuru — disse Jake, recuperando-se do ataque de risos. — Você terá o gelo imortal inteiro, só para você.

Isso tinha sido mais fácil do que Amy imaginara. Fácil de mais, ela achou. Aquela risada do Jake... Tinha alguma coisa errada.

— Você não entendeu — ela disse. — Eu preciso desse item agora.

— Agora, é? — Jake sorriu. — Então case-se comigo agora.

— Amy, não dê ouvidos a esse idiota — Jau intrometeu-se mais uma vez. Ele fazia de tudo para que a garota sequer cogitasse ficar com o rei do gelo, e isto estava deixando ela com dor de cabeça.

— É como eu disse — ela respondeu, tentando manter a paciência. — Eu tenho uma missão a concluir...

— Então nada feito. Volte aqui somente quando estiver disposta a ser minha esposa. — Jake deu sua última palavra.

Amy estava ficando sem opções. Ela não queria de jeito nenhum ter um marido. Mal queria ter um namorado nessa idade. O que faria?

— Amy, você não está pensando em aceitar essa besteira, está? — Jau continuava falando.

— Pense bem, Tokisuru — Jake rebatia. — Pense bem.

— Amy!

— Parem de gritar vocês dois — ela esbravejou. Estava com tanta dor de cabeça que perdeu o controle de si, e infelizmente, isso significava que também perdia o controle de seu poder.

O telhado da caverna começou a gotejar, como se estivesse chovendo lá dentro. Mas na verdade, o lugar estava começando a derreter.

— Então tudo bem, Jake. Eu me caso com você hoje mesmo se é isso que quer — Amy disse por fim. Ela não estava mais pensando. Estava fazendo tudo pela emoção agora.

— Formidável. — O rei do gelo se levantou, obviamente satisfeito. — Vamos nos casar no final da tarde. Até lá... Vladimir!

O menino das neves apareceu em sua mini tempestade bem do lado de Amy.

— Sim, senhor — disse.

— Preciso que acompanhe a Amy e seus convidados à nossa sala particular. Eles vão ficar lá até que tudo esteja pronto.

— Como quiser. — Vladimir se dirigiu à Amy e os outros. — Vocês já sabem como funciona.

Todos tocaram no homem da neve, e mais uma vez foram transportados por um vento frio e cortante.

***

— Você não vai se casar com aquele cara, Amy — Jau decidiu.

Eles foram alojados na tal sala particular que Jake dissera, mas estava óbvio que aquilo era uma cela, e não uma sala, pois o lugar possuía grades grossas de gelo e eles não podiam sair.

— Eu não tenho escolha. E, além disso, é apenas até voltarmos para casa. Depois nós vamos embora e não veremos mais esse cara — Amy argumentou.

— Amy, você não entende. Casamento nesse mundo é uma coisa complicada. Requer um pacto e uma vez feito é impossível voltar atrás.

— Jau, como é que você sabe dessas coisas?

O garoto demorou um pouco para responder.

— Eu perguntei ao Berto. Queria saber mais sobre o assunto já que a Sofia é casada com o Bart com tão pouca idade.

— Mas lembre-se de que na Terra não tem essas palhaçadas. Esse casamento não terá nenhum valor uma vez que estivermos em casa.

— Mesmo assim, Amy. Tem que haver outro modo.

— Que modo, Jau?

Ele coçou a cabeça por alguns segundos.

— Eu já sei como.


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