.P.O.V Yuri

Assim que terminamos de comer, Akira foi tomar banho. E eu fui para o seu quarto. E voltei a assistir Another, era um anime de terror. Eu pessoalmente amava terror, só morria de medo.
Estava na parte em que a garota caia da escada com o guarda-chuva.
– O que é isso? - ouvi, dei um grito, quando cai da cama por conta do susto.
E olhei para o Akira irritado. Ele estava rindo.
– Baka!
– Calma! - falou, rindo, me ajudando a levantar. - Você está bem?
– S-sim. - falei. - Só tomei um susto. Vou tomar banho.
Estava quase saindo do quarto quando lembro.
– Ah, Akira. - chamei. - O Ichiro falou pra Akemi que me pediu pra você falar com o Sho.
– Sobre? - perguntou, confuso.
Tomei ar.
– Que ele fez aquilo com o Sho porque foi obrigado pelo Light. E que senti muito e está muito triste. E que quer falar com o Sho. - soltei.
– Ahn? - falou. Suspirei.
Peguei um papel e anotei tudo o que tinha acabado de falar.
– Entrega pro Sho, por favor!
– Ok. Yuri, fez a lição de matemática? - perguntou.
– S-sim, porque? - questionei confuso.
– Porque eu quero copiar. - falou, revirei os olhos e dei meu caderno pra ele.
– Preguiçoso.
Fui para o banheiro.

P.O.V. Akira.

Um pouco depois que o Yuri entrou no banho, o celular dele tocou, decidi atender para dizer à pessoa que ligasse depois, avisar que ele estava no banho, mas, quando vi o nome no visor, resolvi que realmente precisava falar com o indivíduo do outro lado da linha.

"Pai"

– Alô?

"Eu preciso falar com o meu filho."

– Nossa, o senhor precisa é de educação! - comentei, irônico. - Aqui é o Akira, o Yuri está no banho.

"Ligo para ele depois, então." Eu podia perceber que ele estava desconfortável falando comigo, acho que é porque eu vi a cena toda no quintal dele outro dia desses.

– Não, espera! - exclamei, ansioso. - Preciso falar com o senhor.

"Eu não quero falar com você, quero falar com o meu filho."

– Escute, antes que desligue na minha cara! - pedi, sério. - Se não estiver ligando para se desculpar pelo que fez com ele, nem adianta tentar ligar de novo, porque ele não vai querer falar com o senhor, e eu não tiro a razão dele.

"Eu estou ligando para falar sobre algo que diz respeito somente a mim e ao meu filho."

– Tudo bem... - suspirei. - Mas... um conselho, o Yuri ainda está abalado, e triste também. Eu sei como é ter um pai que não te aceita, e não desejo isso para ele, não quero destruir a relação de vocês, mesmo que ela nunca tenha sido das melhores.

"Eu só estou... preocupado com ele..." Ele estava... chorando?

– Tudo bem, digo que o senhor ligou. - sorri de leve, desligando.

Espero que o pai do Yuri entenda, ele não parece uma pessoa totalmente ruim, e é a única família de sangue que o Yuri ainda tem. Um tempo depois, ouvi o pequeno saindo do banho, ele foi para o meu quarto e se fechou lá, acho que ele estava entretido com aquele anime de terror. Fui até lá, tomando cuidado para não assustá-lo novamente, e me sentei ao lado dele.

– Continua assistindo isso, pequeno? - abracei-o de lado, fazendo com que ele pausasse o anime e me empurrasse.

– Para de me chamar de pequeno! - reclamou, vermelho. - Eu tenho 1,63m, pequeno é o seu... o seu... você sabe o quê!

Eu realmente não esperava essa reação, então, comecei a rir, me esquecendo totalmente da irritação dele. Abracei-o novamente, ainda rindo, e, quando eu finalmente consegui recuperar o fôlego, me afastei um pouco, secando as lágrimas e dizendo:

– Ok, ok, não te chamo de pequeno... - sorri. - nanico.

– Isso também não! - exclamou, me fazendo voltar a rir. - Qual a graça?!

– Nada, nada. - olhei para ele, ficando sério novamente. - Yuri...

– O quê? - agora ele parecia mais preocupado. - Algo ruim?

– Acho que não. - olhei para o lado. - Seu pai ligou, ele... está preocupado com você...

– Eu vou ligar pra ele, enquanto isso, você pode... falar com o Sho? - pediu.

– Não quer que eu fique com você? - perguntei, ansioso.

– Não, eu tenho que falar com ele sozinho.

– Tudo bem, vou falar com o Sho. - sorri de leve, fazendo carinho na cabeça dele. - Não acabe machucado, ok?

– Eu não posso prometer nada, não sei o que ele quer...

Dei um beijo na testa dele, me afastando e indo falar com o Sho, que estava sentado no sofá, lendo um mangá de Tokyo Ghoul. Me sentei ao lado dele, esperando que o mesmo me notasse, e sorri, pedindo para ele me seguir.

Entramos no quarto que ele dividia com o Riki, que não estava em casa, e fechamos a porta. Fiz sinal para que ele se sentasse na cama, o que ele fez, entediado.

– O que aconteceu, Akira? - perguntou, sério.

– Tenho um recado pra você.

– De quem?

– Uma... pessoa.

– Quem? - perguntou novamente, já levemente irritado.

– Ok, ok, eu falo. - respirei fundo. - O Ichiro começou a gostar de você durante a aposta, mas o Light começou a ameaçá-lo, falando que você iria estar bem encrencado se ele não terminasse com você da maneira como ele terminou. Então, ele resolveu terminar com você pra o Light não te machucar.

– O-O quê? - ele olhou para mim, espantado. - De onde você tirou isso?!

– O Ichiro falou para a Akemi, uma garota da escola, eu e o Yuri encontramos a Akemi na apresentação de violino e ajudamos ela, porque o Light estava atrás dela, então ela e o Yuri viraram amiguinhos e conversaram, ela contou pro Yuri e ele contou pra mim para que eu contasse pra você.

– Quê?

– Deixa. - resmunguei. - O fato é que eu sei disso, e agora você sabe, e pela primeira vez na vida eu não tô boiando completamente no assunto, então você não vai deixar o amor da sua vida ir embora!

– O que você não estar boiando tem a ver com o amor da minha vida? - perguntou, confuso.

– NADA! SÓ VAI! - empurrei o mesmo para fora do quarto, arrastando-o até a porta, onde encontrei Youko e Toshi saindo.

– Tá, tá, eu vou... - saiu, me deixando com os dois confusos.

– O que deu nele? - perguntou Youko.

– Depois eu explico, mas ei, onde estão indo? - sorri.

– Vou passar em casa, e então nós vamos para um lugar surpresa. - virou para o Toshi, animada. - E eu não vou contar, porque é... SURPRESA!

– Ah, jura? - ele sorriu, revirando os olhos.

– Vocês são muito fofinhos, - ri. - comecem a namorar logo.

– NÃO! - ver essas duas criaturinhas nanicas brigando comigo, isso me enche de DETERMINAÇÃO.

.P.O.V. Ichiro.

Estava no meu quarto, mexendo no celular, entediado. Meu pai disse que eu não deveria estar tão triste apenas por ter terminado com o Sho, e minha mãe nem olha mais na minha cara desde que descobriu que eu sou bi. Ouvi alguém bater na porta do meu quarto, resmunguei um "pode entrar" e a porta foi aberta.

– Filho, você tem visita. - meu pai comentou.

– Eu não estou no clima, pai, sério mesmo.

– Eu realmente acho que você deveria ver essa visita, - olhou para algum lugar fora do meu campo de visão. - de verdade.

– Tanto faz... - murmurei.

– Bem, vou deixar vocês conversarem. - meu pai saiu da frente da porta, dando espaço para a tal visita entrar. - Não repare na zona que está o quarto dele. Se precisarem de mim, estarei lá embaixo.

Esperei alguns segundos, olhando para a porta, até que alguém entrou, timidamente. Nem pude acreditar quando vi quem veio me visitar.

– Sho! - exclamei, ansioso. - O-O que veio fazer aqui?

– E-Eu vim... - olhou para baixo. - porque soube de tudo... desculpe...

– Você não tem que se desculpar! - me aproximei, sério. - Eu fui um idiota de ter aceitado aquela aposta, em primeiro lugar.

– É, foi. - sorriu de leve. - Mas já passou, ok?

– Senti sua falta. - murmurei, sincero.

– Ei, aquilo de você ter começado a gostar de mim... era verdade?

– Hai. - sorri, corando de leve. - Por favor, me desculpa...

– Tudo bem. - olhou para mim, sorrindo. - Eu não gosto de ficar longe de você.

Abracei-o com força, dando um beijo na testa dele, não queria arriscar um beijo e fazer com que ele se afastasse de novo. Mas, para a minha surpresa, ele mesmo me beijou, me deixando sem ar por alguns segundos.

– Aishiteru. - sussurrei.

– Aishiteru, Ichiro. - sorriu, me beijando novamente.