Perigoso escrita por CPP


Capítulo 22
Capitulo 22




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.P.O.V. Toshi.

Youko estava me levando para um lugar surpresa, e ela insistia em enfatizar isso à cada cinco minutos. Estávamos tentando ficar próximos no metrô, quando finalmente ficamos lado à lado, o trem fez uma curva fechada. Youko começou a cair na direção de um homem que estava do nosso lado, então resolvi fazer alguma coisa.

- O-Obrigada. - corou, enquanto eu segurava a cintura dela, puxando-a para perto.

- Vamos ficar assim... - pedi. - Vai que o trem faz outra curva fechada dessas.

- C-Certo. - apoiou em mim, me fazendo corar levemente. - Toshi, mais duas estações e a gente desce.

- Tudo bem. - sorri, apoiando o queixo no topo da cabeça dela.

Descemos na estação que ela havia falado, andando um pouco até a parte rural do lugar, eu não fazia ideia de onde estávamos indo, então, apenas seguia a Youko, levemente perdido. Chegamos em uma porteira, que dava para uma pequena casa rural, com um cercado de tamanho considerável do lado.

- É aqui! - sorriu, abrindo a porteira, animada. - Você vai adorar!

- Certeza que sim. - sorri de volta. - Se você teve o trabalho de me trazer até aqui, deve ter certeza que eu vou adorar.

Ela pegou na minha mão, correndo até a casa. Um enorme Border Collie veio nos receber, e Youko abaixou para brincar com ele, transformando aquilo numa cena muito fofa. Minutos depois, um homem veio nos receber também, sorrindo ao ver a Youko.

- Como essa garotinha cresceu! - exclamou, com um forte sotaque que eu não reconheci.

- Tio Carlo! - sorriu, abraçando-o. - Que saudade!

- Quem é o garoto? Seu namorado? - olhou para mim, me fazendo corar. - Você é um garoto de sorte, a Youko é uma menina de ouro.

- Nós não...

- Sei disso. - sorri, sincero. - Ela é a pessoal mais gentil que eu conheço.

- Mas, o que vieram fazer aqui? - perguntou, sorrindo.

- Ah, mamãe pediu para eu checar... - se aproximou e sussurrou no ouvido do mais velho, me deixando confuso.

- Ah, claro. - concordou com a cabeça. - Ela está no celeiro.

- Podemos ir lá? - pediu. - Por favoor!

- Ei, garoto, me diz uma coisa. - virou para mim. - Você resiste à essa carinha que ela faz?

Neguei com a cabeça, rindo.

- Foi o que me trouxe aqui, em primeiro lugar. - respondi.

- Vamos para o celeiro! - riu, me puxando pela mão novamente. - Quero ver sua reação.

- Ok, ok. - corremos até a construção, e Youko parou na porta.

- Bem... uma vez, você me disse que seu animal preferido eram ovelhas, não? - comentou, e eu assenti com a cabeça. - Eu te perguntei se você já tinha visto alguma de perto, e você disse que não. Bem, agora você vai poder mudar sua resposta!

Ela abriu a porta, e nós entramos, fechando a porta atrás de nós novamente. Encarei-a, confuso, e ela sorriu, me levando até uma parte do celeiro forrada de feno.

- Cotton Candy! - chamou, sorrindo. - A Youko chegoou!

Uma ovelha branca, deitada, baliu para nós, me dando um susto. Youko correu até ela e se ajoelhou, contente. Do lado dela, várias ovelhinhas de tons variados começaram a levantar. Andei até lá, me abaixando ao lado dela, sorrindente.

- Você gostou? - perguntou, mordendo o lábio inferior.

- Eu adorei. - dei um beijo na testa dela, seguido de um abraço. - Você é incrível.

- Eu sei que sou. - brincou, me abraçando de volta. - Mas, agora, precisamos dar um nome pra esses filhotes!

- Certo, o nome dessa aqui pode ser... - encarei-a, tentando pensar num nome. - Estrela.

- É engraçado, por que você fica me encarando? - riu.

- Primeiro, eu estava te pedindo ajuda com os olhos, mas você ignorou. - reclamei. - Aí eu vi que seus olhoa estavam brilhando, e pareciam estrelas, então eu pensei nesse nome.

- Bem, vamos dar nomes pros outros, daí a gente vê o resto da fazenda. - corou, pegando outro carneirinho no colo. - Esse vai se chamar Corvo.

- Certo, então aquele é o Lino.

- E aquela é a Flor.

- Melhores nomes. - ri, me levantando. - Eles são muito fofinhos. - peguei um no colo, fazendo carinho nele.

- Vamos! Quero te mostrar o resto da fazenda ainda hoje! - exclamou, animada.

-/~-

.P.O.V. Light.

Estava conversando com o Hayato, depois de ter saído da última apresentação da Akemi, ele era meu melhor amigo, e sempre me acompanhava nas apresentações dela, mesmo que ele detestasse violino. Estávamos esperando o sinal fechar, enquanto conversávamos, assim que conseguimos atravessar, pude ver uma moto, vindo na direção dele, eu tentei avisar, mas a moto foi mais rápida, e logo o meu amigo estava no chão.
Corri até a ele, empurrando as pessoas que foram em volta, desesperado.

- Hayato! - exclamei, sentindo meus olhos encherem de água. - Por favor, alguém ajuda ele...

- Já estou ligando para uma ambulância. - uma voz familiar exclamou.

- A-Akemi? - murmurei, com a cabeça do Hayato no meu colo. - Obrigado, de verdade... eu sei que eu não mereço ajuda, mas o Hayato não tem nada a ver...

- Ei, calma. - ela se abaixou do meu lado, com a mão nas minhas costas. - Ele vai ficar bem, Light, pode confiar.

Sorri de leve, enxugando as lágrimas. Assim que a ambulância chegou, meu pai me ligou, me mandando voltar para casa, concordei, ansioso, e me despedi da Akemi, que foi junto com o Hayato para o hospital. Andei até a minha casa, entrei, levemente temeroso, e fui até a sala, onde meu pai estava.

- O-Oi, pai. - falei, ainda com o rosto vermelho.

- Você estava chorando?! - exclamou, sério.

- O-O Hayato foi atropelado... - expliquei.

- Não me interessa, engole esse choro! - gritou, irritado. - Homem não chora! - ele estava bêbado de novo.

- C-Claro, pai. - subi para o meu quarto, trancando a porta. - Eu odeio esse lugar...

Troquei de roupa e fui dormir, ansioso, eu realmente esperava que o Hayato ficasse bem, ele era meu único amigo. Tudo porque ele sabe o real motivo de eu ser tão estranho, e agressivo, eu admito. Eu me lembro do dia em que o meu pai me bateu na frente do Hayato, ele me ajudou, e eu nunca me senti tão feliz na minha vida.

~/w~

No dia seguinte, tratei de acordar mais cedo que o meu pai, me vesti rapidamente e fui para a escola, sem nem tomar café. Chegando na escola, comprei um salgado qualquer e fui para a minha sala, não havia ninguém lá, o que era ótimo, porque eu não estava com paciência para aturar quem quer que fosse me encarando, com medo.
Eu odiava que sentissem medo de mim, mas, se meu pai se orgulhava por isso, era o melhor que eu podia fazer. Fechei os olhos, encostando na cadeira e terminando de comer meu onigiri. Um tempo depois, senti alguém sentando na cadeira da frente, continuei de olhos fechados, o Ichiro não olharia na minha cara, de qualquer jeito.

- Ei. - alguém cutucou minha bochecha. - Ei.

- O que foi? - abri um dos olhos, dando de cara com a Akemi. - Ah, você! - fiquei alerta novamente. - O Hayato está bem?

- Sim. - ela sorriu, o que me fez suspirar, aliviado. - Mas, eu tenho uma pergunta pra você.

- Qual? - ergui uma sobrancelha, curioso.

- Por que você vai em todas as minhas apresentações? - perguntou, séria.

- B-Bem... - olhei para baixo, corado. - antes de responder, eu tenho que te pedir desculpa pelo que eu fiz... aquilo foi estúpido da minha parte.

- Ah, tudo bem, eu nem lembrava mais daquilo. - sorriu, iluminando a sala.

- Acho que eu acabaria te falando de qualquer jeito... - batuquei levemente na mesa. - O fato é que, eu realmente te acho muito bonita, e ir nas suas apresentações é o único jeito de poder ficar te observando sem parecer idiota.

Ela começou a rir, o que me deixou mais envergonhado ainda.

- O-O que foi? - perguntei, confuso.

- É que... - enxugou uma lágrima. - você fica parecendo um idiota nas minhas apresentações.

- S-Sério?

- Hai! - ela riu mais ainda. - Você tinha que ver! Era muito engraçado!

- E-Ei! - comecei a rir levemente. - Também não precisa jogar na cara.

- Sabe, eu queria muito saber o problema que você tem com pessoas homossexuais... - arregalei os olhos, espantado. - Você parece alguém tão legal...

- Eu não gosto de fazer isso... - comecei, ansioso. - mas, bem... é mais complicado do que parece...

- Como assim?

- Meu pai é bem preconceituoso com essas coisas, e ele nunca ficava orgulhoso de mim por nada, então, eu comecei a pensar que, se eu fizesse essas coisas, talvez ele se orgulhasse de mim, pelo menos um pouco. E funcionou, até ele descobrir que eu estava inventando que fazia essas coisas. Até que o Yuri entrou na escola e eu descobri que ele era gay, então eu comecei a implicar com ele...

- Light, você poderia ser uma pessoa tão bondosa, não deixe o seu pai te transformar em alguém ruim. - passou para a cadeira atrás de mim, mexendo no meu cabelo. - Ainda dá tempo de se redimir...

- E você acha que alguém me perdoaria? - ri, irônico. - O meu irmão me odeia, o namorado dele também, todos os amigos deles também, e o meu único amigo está no hospital.

- Seu... irmão? - perguntou, e só então eu me toquei no que tinha feito.

- É, o meu irmão. - suspirei. - O Akira.

- O namorado do Yuri? - exclamou, espantada.

- Ele mesmo... - olhei para baixo. - Eu sinto falta dele, quando meu pai mandou ele embora de casa, disse que, se eu fosse atrás dele, seria expulso também...

- Ei, se quiser, eu posso falar com o Akira, e o resto do pessoal. - sorriu novamente. - Eles vão te perdoar, Light, eu tenho certeza.

- Não precisa se preocupar comigo. - pedi, sério - Eles só vão se afastar de você se disser que conversou comigo. - meus olhos marejaram novamente.

- Sabe, eles aceitaram o Ichiro, aceitariam você também. - murmurou. - Você está realmente arrependido, Light. Deixe que eles saibam disso.

- Acha que eles acreditariam? - esfreguei os olhos com força.

- Acho que sim, olhe, eles estão chegando, é a sua chance...

- Por favor, me ajuda! - sussurrei, ansioso.

Ao invés de me responder, ela soltou uma gargalhada, falando que meu penteado estava maravilhoso. Passei a mão no cabelo, podendo perceber que ela tinha feito duas maria chiquinhas, deveria estar ridículo. Todos ficaram me encarando, acho que esperando que eu brigasse com ela, ou algo do tipo, mas, parecia estar tão engraçado, que eu não consegui me segurar, soltando uma gargalhada, junto com ela.

- Qual a necessidade... de fazer isso? - consegui parar de rir, ofegante.

- Desculpe... mas ficou... maravilhoso! - riu, abraçando o neu pescoço de leve.

- O que você está fazendo com ele, Akemi? - Yuri se aproximou, sério.

- Ah, Yuri. - ela sorriu, se levantando e dando um beijo na bochecha dele. - O Light tem uma coisa pra te falar.

- T-Tem? - ele ainda estava assustado.

- Hai. - sorriu, olhando pra mim.

- Y-Yuri... - olhei para baixo. - eu queria... eu queria...

- Ah, pelo amor de Kami-sama! - Akemi exclamou. - Fala logo o que você quer falar.

- Eu quero pedir desculpa por tudo! - falei, rapidamente.

- O-O quê? - Yuri parecia não acreditar.

- É sério, Yuri. - corei, tentando ficar sério. - Me desculpe, por tudo... eu fui a pior pessoa do mundo com você...

- Por que está se desculpando agora? - ele se aproximou, ainda com um pouco de medo.

- Porque... - suspirei. - uma pessoa me disse que ainda dá tempo de me redimir.

- E-Então... - ele me encarou, parecia feliz. - eu te perdoo, Light!

- S-Sério?! - sorri, enxugando uma lágrima, que queria sair.

- Hai. - sentou na minha frente, ainda temeroso. - Não é como se eu conseguisse te odiar pro resto da vida.

- Obrigado por me perdoar... - passei a mão no cabelo dele, de leve. Ele pareceu surpreso. - agora eu vou para a parte difícil.

- E qual seria? - sorriu.

- Akira.


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Notas finais do capítulo

PRIMEIRO CAPITULO COM 2.000 PALAVRAS!



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