O Grande Inverno da Rússia escrita por BadWolf


Capítulo 37
O Segredo de Meu Desafeto


Notas iniciais do capítulo

Voltando ás rotinas do cap de final de semana, eis que chega o cap para elucidar o que aconteceu com o Holmes. Espero que gostem.



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            O desmaio de Holmes dissipou-se lentamente. Uma dor de cabeça quase insuportável acossou o detetive, no instante em que ele abrira os olhos. Logo, ele percebera que não seria brindado com luz. Estava em algum cômodo escuro, frio. Uma goteira insistente havia caído sobre sua cabeça, de modo que seu cabelo grisalho estava completamente molhado, o que só denunciava o quanto tempo ele estava desmaiado, jogado no chão naquele cubículo frio e mal iluminado que Holmes pôde concluir se tratar de uma cela. Movendo sua mão para a cabeça, Holmes sentiu o galo formado pelo golpe do cassetete do policial. Todos os acontecimentos vieram à sua mente. A briga com Koba no meio da rua, os apitos da polícia... A única luz que havia era a projeção dos raios solares que escapavam das grades, única ventilação daquele inóspito cômodo. Sem dúvida, estou em uma cadeia na Rússia. Ótimo. Tudo que eu precisava agora.

            O silêncio foi cortado apenas por um grito de horror, ecoado pela prisão que mais lembrava um calabouço da Idade Média. Holmes se levantou, tentando escutar o que acontecia lá fora. Estava sozinho em uma cela, mas dificilmente estaria sozinho ali. Deveria haver mais prisioneiros.

            Até que ele ouviu passos, se aproximando de sua cela. Com expectativa, o detetive esperou, porém os passos prosseguiram, até a cela ao lado.

            A porta se abriu, pesadamente.

            -Josef, levante-se. – disse a voz de um estranho.

            -Mikhail. Vejo que mandaram você dessa vez.

            Os olhos de Holmes se arregalaram. Era Koba que estava preso ao seu lado! O detetive pensou em se manifestar, mas decidiu esperar uma melhor oportunidade.

            -Não fique a caçoar, Josef, ou mudo de idéia...

            -Você sabe que não pode. Seus superiores não permitiriam. – disse Koba, ou “Josef”, como estava sendo chamado pelo guarda. Sabe-se lá quantos codinomes ele tinha, pensou Holmes.

            -Está bem, que seja. O plano é o seguinte. Você irá sair, mas não será pela porta da frente dessa vez. Sairá pela porta lateral. E por favor, quando tomar minhas chaves, não me dê um soco no rosto, está bem? Irei me casar amanhã.

—Combinado.

Holmes ficara surpreso. Eles estavam combinando uma fuga? Um bolchevique e um policial?

—E quanto ao seu amigo inglês? – perguntou o guarda.

            A menção do guarda fez Holmes ficar mais interessado na conversa, fazendo o detetive se recostar à parede, para tentar escutar melhor.

            -Ele não é meu amigo e sim, ele virá comigo. Não seria bom deixa-lo aqui, na Okhrana. Provocaria barulho desnecessário. – disse Koba, fazendo Holmes arregalar seus olhos. Então, eu estou na Okhrana?

            A conversa terminou, e ao ouvir os passos distintos de Koba e do guarda, Holmes voltou a se deitar no chão, fingindo estar desmaiado. A porta se abriu, e logo passos foram escutados por perto.

            -Ei, acordar! Acordar! – disse o guarda, em inglês péssimo.

            -Pode falar em russo, ele nos entende perfeitamente. – explicou Koba.

            -Acorde de uma vez, inglês. Vamos logo! – disse, sacudindo o ombro de Holmes, fazendo-o sair do fingimento.

            -O-O-Onde estou?! – fingiu Holmes, piscando os olhos.

            -Não está na sua querida e perfumada Inglaterra, isso eu te asseguro. Agora levante-se, ou vai querer que eu te ajude também? – questionou o guarda, impaciente. Holmes o obedeceu, limpando a poeira de suas roupas. Logo, ambos saíram daquela cela, lado a lado, escoltados pelo guarda.

            -A chave está no meu bolso esquerdo. – disse o guarda, em cochicho a Koba. Próximos a uma porta, que Holmes julgava ser a saída lateral, Koba enfiou a mão no bolso do guarda, que fingiu resistência de modo que beirava ao ridículo. Mas apesar disso, Koba desferiu um chute no meio das pernas do policial, fazendo-o cambalear de dor.

            -Você... Prometeu... – resmungou o guarda, atordoado, apoiando sua mão na parede.

            -Um soco no rosto, não um chute em suas bolas. Espero que desfrute bem da lua-de-mel. – disse Koba, correndo ao lado de Holmes para fora dali.

            Na saída lateral, não havia qualquer pessoa vigiando, apenas latas de lixo e neve, muita neve, que permanecia a cair. Quando do lado de fora, o próprio Koba abordou Holmes.

            -Eu sei que você ouviu tudo, e também sei o que está se passando em sua mente agora. Acha que sou um traidor, não é?

            Holmes preferiu ficar em silêncio. Queria saber onde Koba queria chegar.

            -Você também sabe que foi graças a mim que você está solto hoje. Poderia acabar naquela cela, morto, antes que seus patriotas soubessem de seu paradeiro. E acredite, a Okhrana faria perfeitas monstruosidades com você. Duvido muito que voltaria para sua casa com todas as unhas dos pés, ou com todos os dentes em perfeito estado. Espero que considere esta minha ajuda, no dia em que pensar em contar a alguém, quem quer que seja, a respeito do que se passou dentro daquela prisão. Tenha uma boa tarde, Mr. Holmes, e saiba que eu não desejo vê-lo nem tão cedo.

            -O sentimento é mútuo. – disse Holmes, com tanta raiva quanto Koba, que apenas endireitou seu chapéu e saiu a caminhar, ignorando o detetive.

            Sujeito detestável. Espero nunca mais encontra-lo em minha vida. Nunca mais.

            Endireitando o seu próprio sobretudo e cachecol, Holmes voltou para rua. Koba já tinha desaparecido, o que de certa maneira o aliviava. Perto de entrar em um bonde, Holmes notou que sua carteira estava vazia, e que de seu relógio de bolso só restara a corrente com o soberano enferrujado de Adler. Não havia outra forma, senão voltar para o hotel à pé, em meio ao irritante cair da neve daquela tarde.


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            Já era seis da tarde quando o detetive conseguiu chegar ao Hotel, após duas horas de caminhada por São Petersburgo. Como estava perdido, recebera informação errada de um pedestre, que o fez ir para o outro lado da cidade, tornando sua caminhada ainda mais demorada. Foi com alívio que o detetive avistou a fachada do Hotel.

            Quando de volta ao quarto, a primeira providência foi retirar o casaco sujo de poeira e neve, bem como o cachecol.

            -Adler? – ele perguntou, sendo recebido pela atriz com um tapa no rosto.

            -Como ousa?! – esbravejou Irene Adler, possessa, começando a arremessar coisas contra Holmes, que se protegia como podia.

            -O que houve? Por que tamanha agressão? – questionou o detetive, confuso.

            -Acaso leu os jornais?

            -Jornais?! Mas o que há com os jornais? – perguntou Holmes, ainda sem entender coisa alguma. Adler lhe entregou um exemplar.

            -Eu não sei uma palavra de Russo, mas o diretor do Teatro fez questão de aparecer aqui e traduzir o seu conteúdo...

            -Meu Deus... – balbuciou o detetive, percebendo a manchete “Cantor de Ópera Preso Após Briga Na Rua” estampada nele, com uma foto de Irene Adler representando a tal “Companhia de Teatro Inglesa”.

            -O contrato foi cancelado! Ninguém quer abrigar a Companhia, após tamanho escândalo! Ele nos deu um prazo de vinte e quatro horas para sairmos do hotel! – disse Adler, quase às lágrimas.

            -Eu sinto muito... Eu...

            -Cale-se! – gritou Adler, com fúria. – Você destruiu o pouco que me restava de carreira! Minha reputação, oh Céus, a minha reputação...

Holmes se revoltou.

—Não exagere. Sua reputação jamais foi das mais imaculadas.

—Todos da Companhia estão furiosos com você!

            -Posso entender. – disse Holmes. – Presumo, então, que esteja abandonando a Rússia.

            -Sim. Nunca mais espero pôr meus pés nesse maldito país. – ela disse, enxugando as lágrimas com um lenço delicado.

            -Se houver algo que eu possa fazer para...

            -Saia daqui. – pediu Adler, com rispidez.

            -Onde está Grigori?

            -No jardim lateral, brincando com algumas crianças. Mas antes que vá procura-lo, sugiro que arrume suas malas. As passagens foram antecipadas para amanhã e...

            -Não tenciono voltar à Inglaterra agora. – interrompeu Holmes, enquanto observava da janela Grigori e algumas crianças brincando de guerra de bolas de neve.

            -Como?! Irá ficar aqui na Rússia, é isto?

            -Sim. Ainda não terminei meus assuntos aqui, e não pretendo voltar enquanto não termina-los.

            -Você é louco. – decretou Adler, enquanto voltava a arrumar sua mala. – Já foi preso, o que mais falta acontecer? Quer acabar morto, é isto?

            -Não. Isso não vai acontecer.

            -Holmes... – para abismação do detetive, Irene Adler parecia preocupada. – Você já foi preso. Este país é perigoso demais para um inglês como você. Por que insistir com esta investigação? Por que não aceitar que essa sua esposa simplesmente te abandonou?

            Holmes estava irredutível.

            -Não posso.

            -Pare com esse seu orgulho machista. Volte para casa, recomece a vida. E deixe essa pobre mulher recomeçar a dela também.

            -Adler, por favor... – pediu Holmes, já impaciente. – Você não faz idéia do que está em jogo...

            E Irene Adler não sabia mesmo, ela admitia a si. Aquela história parecia ser mais profunda do que Holmes lhe contara. Afinal, o que faria uma mulher abandonar seu país para se embrenhar em um lugar tão hostil e distante como a Rússia? Por mais que ela tivesse se separado de Holmes, Irene Adler sabia que a Rússia não era uma boa opção para recomeçar. Não um país tão arcaico e de mentalidade tão machista, repleto de problemas políticos.

            -Tem razão. Eu realmente não faço idéia. E creio que mereço sair de cena tendo pelo menos um vislumbre do que é, não acha? Afinal, eu te ajudei a entrar incógnito na Rússia. Você me deve uma.

            Bufando com a chantagem emocional de Adler, Holmes decidiu entregar a verdade. No fundo, não havia por que esconder. Ela já sabia do casamento. Que mal haveria em saber um pouco mais de sua vida pessoal, quando o próprio sabia profundamente da sua?

            -Minha esposa veio para este país atrás de nosso filho, Adler.

            Adler calou-se imediatamente, ficando catatônica. Seu semblante empalideceu-se, em surpresa, ao notar que o detetive parecia ferido em assumir isto.

            -Espere... Filho? Você tem um filho? – disse, a última palavra em um sussurro meio assustado.

            Holmes assentiu. – Ele foi sequestrado quando era recém-nascido. Esther encontrou uma pista de que ele estava aqui, Por isso, veio para cá. Mas ela desapareceu também. Entende porque não posso ir embora?

            Adler assentiu.

            -Você deveria ter me contado mais cedo sobre isto, seu idiota! Eu teria dado um jeito, talvez usado sua prisão a nosso favor como um pequeno escândalo. Mas admito que eu fiquei tão revoltada com sua irresponsabilidade que eu também me coloquei contra você. Se eu tivesse tido uma conversa mais inteligente com os organizadores... Mas agora está tudo perdido.

            Holmes ficou surpreso com a repentina mudança vinda da atriz.

            -Ora, ora... Você seria capaz de interceder por mim, então?

            -Quando se trata de filhos, Sherlock Holmes... – retrucou Adler. – Uma mulher é capaz de tudo. E um homem também deveria ser. Céus. Agora posso entender sua aflição...

            -Eu vou chamar Grigori. – interrompeu Holmes o discurso de Adler. Odiava ser motivo de pena a outras pessoas.  – Ele precisa de um banho, posso ver daqui.


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            O menino não demorou muito a voltar do banheiro, mas ao menos estava limpo. Adler aproveitou para pentear seu liso cabelo negro. Enquanto passava o pente pelos fios de cabelo do menino, ajeitando-os em um penteado, Adler não pôde deixar de se perguntar: como seria o filho de Holmes, afinal? Seria parecido com Holmes? Ou com a mãe? Teria uma idade similar à de Grigori? Por mais que Adler não soubesse da idade exata do filho desaparecido de Holmes, ela suspeitava que sim. Por mais que não assumisse, o detetive tratava o menino com tamanho paternalismo... Provavelmente, era um sinal de que ambas as crianças tinham uma idade similar, e que o detetive se beneficiava da proximidade para “treinar” sua paternidade jamais sentida.

            -Agora, vá jantar. Basta pedir o que quiser ao garçom que ele trará seu prato. – ela disse, dando um beijo na testa de Grigori, que rapidamente se pôs a correr para o restaurante do hotel. Sabia que o menino se empanzinaria de comida, sabendo que seria aquela sua última noite no Hotel de luxo de São Petersburgo.

            -Espero que ele não peça nenhuma bebida alcoólica. – observou o detetive, enquanto arrumava sua coleção de gravatas na mala.

            -Não. Deixei um recado no hotel, para não servirem nada além de suco e água para ele. – disse Adler, dando uma última baforada em seu cigarro, antes de apaga-lo.

            -Obrigado pela precaução, Adler. Irei me banhar.

            Enquanto escutava a banheira se enchendo de água, com o detetive já dentro do banheiro, Adler não deixara de se perguntar sobre a vida privada de Sherlock Holmes. Eram tantas as perguntas, e tão escasso o tempo, que a Mulher não se viu em outra posição senão aproveitar a ausência de Grigori para tocar em assuntos de temática mais séria com Sherlock Holmes. Sem qualquer sinal de hesitação, Irene Adler caminhou rapidamente até o banheiro.

            -Holmes... – disse Adler, abrindo a porta repentinamente, fazendo o detetive se sobressaltar, surpreso pela intromissão.

            -Adler! Acaso não sabe bater à porta? – disse Homes, usando o máximo possível de espuma e bolhas de sabão para ocultar sua nudez.

            -Oh, desculpe se minha presença aqui agride o seu delicado senso de vergonha vitoriano. Mas o fato é que eu tive de te ajudar nesta questão tão importante de sua vida, e como você sabe, tudo tem um preço.

            -Não poderia esperar menos de uma americana. – retrucou Holmes, abnegado. – Pois bem, qual é o seu preço?

            -Uma noite de sexo selvagem.

            Holmes ficou sério. Ao vê-lo começar a ruborizar, Adler rompeu o silêncio constrangedor com uma risada.

            -Estou brincando, tolinho. Eu queria apenas saber como você acabou casado e com um filho. Quero dizer, jamais poderia imaginar que isso fosse acontecer. Desde que nos conhecemos, no caso do Rei da Boêmia, pensei que fosse frio demais para tais sentimentos...

            Holmes parecia considerar.

            -Eu a conheci quando forjei minha própria morte por quatro anos, na época em que todos acreditaram que eu tivesse caído das Cataratas de Reinchembach...

            -Sim, eu soube do caso. Cheguei até a comprar o exemplar da história, sabia?

            -Não duvido. Quando voltei, nós nos casamos. Desde então, mantive o casamento em segredo. Não queria colocar Esther na linha de frente de meus inimigos. Queria que ela tivesse uma vida normal. Mas então, um de meus inimigos descobriu sobre meu casamento e sequestrou Esther. Demorei meses para encontrar o cativeiro. O problema é que... – Holmes se silenciou. – O problema é que Esther estava grávida quando foi sequestrada. E eu não sabia de nada.

            Adler observava Holmes com pesar.

            -Se ela tivesse me contado o quanto antes que estava grávida, eu teria tido mais cuidado. E nada disso teria acontecido.

            -Mesmo após sabermos que estamos grávidas, nós, mulheres, preferimos esperar antes de contar, para ter mais certeza. – defendeu Adler.

            -Foi o que ela alegou. Não queria me encher de falsas esperanças...

            -Então, você queria ser pai. – concluiu Adler. – Por Deus, eu realmente preciso conhecer essa tal Esther!

            Holmes deu um sorriso recolhido, ao ver Adler rindo.

            -Ela iria gostar de você.

            -Será? – retrucou a atriz. – Com tantos boatos a nosso respeito...

            -Acredite, ela jamais te viu como uma rival. Mas assumo que seria interessante ver vocês dois juntas. Espero que isso aconteça em breve.

Após ouvir um pigarreio do detetive, Adler se colocou de costas. Pela sombra projetada no chão, notou que o detetive estava se enxugando, e rapidamente se colocou em um roupão.

—Quer que eu leve Grigori de volta à Inglaterra? Posso deixa-lo com seu amigo, o Dr. Watson, se quiser...

            -Não. Grigori também fica. A presença dele ao meu lado é fundamental.

            Adler parecia desgostosa com Holmes.

—Então, é isso o que ele é para você. Uma “ferramenta”, uma “peça-chave”.

—Eu devo a ele a condução de uma investigação aqui. –retrucou Holmes, sem dar maiores detalhes. – Mas sim, eu tenho planos para ele em minha investigação.

—Só espero que seus planos não ponham em risco a vida daquele pobre menino. – disse Adler, fechando a mala. – Irá continuar hospedado aqui?

—Não. Irei procurar algo mais modesto.


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Notas finais do capítulo

Por que tenho a impressão de que esta NÃO SERÁ a última vez que que Holmes e Koba se encontrarão??

Pois é, eu acho que esse cap meio que "explodiu" a noção que vocês tinham sobre o Koba, né? Mais adiante comentarei brevemente sobre isso.

Mas afinal, o Koba tem uma baita sorte que o Holmes não se envolve com política, do contrário ele seria revelado. E o Holmes, também, nem faz idéia do que acabou de descobrir. Mal sabia ele que a revelação sobre Koba poderia mudar o destino da Rússia nas próximas décadas... Enfim....

E infelizmente, esse é o nosso adeus à Adler. Mas não ao Grigori.

Até o próximo sábado!

PS: Tem leitor que já pegou um fio que deixei pelo caminho. Está no caminho certo!



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