Just The Way You Are escrita por Clever Girl, Kali


Capítulo 2
Capítulo 02 - The Beginning Choices


Notas iniciais do capítulo

Olá. olá, caros ocidentais! Eu e a Clever Girl agradecemos de verdade o apoio que vocês já demonstraram, é muito importante, vocês não fazem ideia!
Como eu sou uma pessoa muuuuito ansiosa, quis postar o capítulo do Oliver apenas para saber o que vocês vão achar... E espero que gostem!
Boa leitura!



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Oliver Queen 

O Sol estava alto naquela manhã. Ao longe, afastada do castelo, era possível ver a energética e viva movimentação dos camponeses pelas ruas de Star City, a capital do reino, onde homens, mulheres, jovens e crianças zuniam de um lado para o outro, chegando em seus humildes empregos e iniciando mais um dia normal de suas vidas medíocres.  

Vida esta que eu mataria para poder levar agora.  

Dentre todas as diversas roupas engomadas que possuo em meu guarda roupas, o traje real é mesmo o que mais me incomoda. Aquela ridícula capa verde bordada com fios de ouro esvoaçantes, presa em meus ombros por fivelas de esmeraldas, as calças justas e brancas, a camisa dourada para representar a realeza, e claro, a exageradamente detalhada e pesada coroa de príncipe em minha cabeça. Aquela era a única parte que eu odiava em ser da realeza; ter que lidar com nobres sem graça e sem senso de humor, arcar com as responsabilidades postas a mim pelo meu pai, e ainda parecer feliz e responsável na frente do meu povo e da corte real. Só de pensar em quantos duques e duquesas eu teria de encarar hoje à noite, minhas pernas desarmavam e eu tinha vontade de cair na cama macia novamente pelo resto da semana. Minha cabeça também dava uma leve pontada em lembrar-se do que aconteceria dali a poucas horas, logo após o anoitecer. Aquele era o único tipo de festival que eu adorava evitar quase todos os anos. O evento, originado da ideia tola de meu pai, reuniria as mais belas damas de todos os reinos ao redor de Starling num baile de máscaras com o único objetivo, que ao meu ver, era ridículo.  

Me encontrar uma noiva.  

Certo, não fora lá um grande choque quando meu pai pôs suas mãos em meus ombros e disse "filho, você deve encontrar sua rainha para poder finalmente tornar-se rei". Depois da morte de minha mãe graças à Ra's Al Ghul e sua Liga de Assassinos, eu havia me tornado irresponsável e muito recluso em relação à todos que não fossem próximos de mim, como Barry Allen, o bibliotecário real e meu melhor amigo, e John Diggle, o chefe da minha guarda pessoal e o mais próximo de um pai normal que eu pude ter. Eu não era irresponsável do tipo sair e badalar por toda a madrugada em tavernas e gastar minhas noites com mulheres qualquer, aquilo era o passado do meu pai, algo que eu realmente abominava. Eu apenas queria sair do castelo e aposentar-me das obrigações de príncipe, queria me enfunar na floresta e nunca mais sair da mesma. A verdade é que, depois que mamãe se foi, eu não queria mais me tornar rei. Queria ter uma morte tranquila, onde ninguém entraria em guerra para tomar posse do meu trono e do reino que minha família cuidou com tanto carinho e amor.  

Mas claro, aos olhos de meu pai, eu era apenas um principezinho rebelde e incompetente, que não era homem o suficiente para carregar o reino de Starling nos ombros. Às vezes me pergunto se eu realmente sou seu filho, visto o quão diferente e distante nós somos. Não faltavam-me vezes e vontade para berrar aos quatro cantos do castelo que eu não queria assumir o trono. Mas o que meu pai faria? Mandaria Diggle prender-me em meu quarto com dois soldados na frente, como se eu fosse um moleque de quinze anos, não um adulto de vinte e oito. Aquilo me enfurecia de uma forma tão grande que eu saltava as janelas do quarto e corria para a floresta treinar com arco e flecha. Era a única coisa que me acalmava de verdade, porque era o que eu melhor sabia fazer.  

De todas as lições sobre realeza, política, economia e etc., meu histórico de atenção à elas se resume em nada. Eu apenas concordei em ter essas aulas ridículas com meu pai sobre como ser um bom rei para que ele não me proibisse de ir à floresta. Eram tantas regras, tantas leis e tantos tratados que ele dizia que eu dificilmente conseguia acompanhá-lo. Aparentemente, a atividade favorita de Robert Queen é falar sobre como seu reino é rico, próspero e quase sempre vitorioso. Suspirei contra o espelho, quantos nobres eu teria de encarar hoje? Uma dezena? Uma centena? Era difícil saber. Só Deus sabe quantas famílias reais com damas (ricas) solteiras meu pai havia convidado para aquele baile. Eu apenas contava com duas coisas: 

— Que meu pai não me obrigasse a fazer um discurso; 

— E que eu tivesse alguém interessante para poder, ao menos, conversar.  

É praticamente impossível que não haja alguém atrativo nesse baile, não é? Eu realmente espero que esteja certo. Ouvi a porta se abrir, revelando meu pai de criação surgir atrás da mesma com um sorriso de lado preso em seu rosto. Ainda pergunto-me como ele pode carregar um sorriso desse numa manhã tão terrível como esta.

— Bom dia, Ollie.  

— Me diga um ponto positivo do dia de hoje, Dig.  

Rebati, irritado, recebendo um olhar um tanto repreensivo do homem à minha frente. Diggle era um homem comum e de grande coração por trás dos grandes músculos e da carranca séria de um guerreiro. A pele era morena escura, bronzeada graças aos longos anos trabalhando sob sol forte nos exércitos de meu pai. Seus olhos castanhos, quando não estavam me repreendendo, tinham sempre uma atmosfera gentil e educada, demonstrando o homem de vocabulário vasto e educação rigorosa que recebera de sua mãe. Ele era casaco a pouco mais de sete anos com sua esposa Lyla, e os dois têm uma adorável garotinha da mesma idade. Quando John era encarregado de fazer a patrulha do castelo, e Lyla estava ocupada demais com os afazeres dentro de casa, eu me encarregava de cuidar da pequena Sara Diggle, que era tão teimosa e agitada quanto Thea, minha irmã mais nova, quando mais jovem.  

— Vamos lá, Oliver, é apenas um baile. — o homem revirou os olhos, cruzando os braços rapidamente sobre o peitoral — Não é como se você já fosse se casar.  

— Esse é o problema, Diggle. Eu. Não quero. Me casar!  

Agora, de fato, eu admito que estava agindo como um adolescente rebelde e inconsequente. Mas eu prezava demais minha liberdade para abrir mão da mesma por uma mulher que eu provavelmente não conheço. Era um passo meio extremo demais, uma decisão muito afoita do meu pai. Contudo, eu não tinha escolha. Querendo ou não, ele ainda era o rei, e eu, o sucessor do trono. Arrumei a coroa pesada em meus cabelos loiros mais uma vez, e soltei um último suspiro cansado. Aquele seria um longo dia, e ele estava apenas para começar.  

{...} 

A careta de desaprovação de Robert deixava bem claro que estava atrasado. Enquanto me sentava no trono destinado à mim, dava de ombros, observando com descaso todos os componentes da corte que estavam ali presentes. Pude ver o duque Malcom Merlyn e seu filho, Thomas, do outro lado da sala, conversando envolvidamente com Quentin Lance e sua filha Laurel. Laurel e eu éramos amigos de longa data, e até tivemos um relacionamento, nada muito sério e nem envolvente. Eu não a amava, e somente um cego não veria que ela era louca por Tommy, da mesma forma que ele era maluco por ela. Era muito mais provável que Quentin aceitasse o casamento deles do que o nosso. Devolvi polidamente o sorriso de lado que a condessa me deu, enquanto meu pai erguia-se de seu trono de ouro maciço e levantava sua voz de forma que todos os outros se calassem. Eu tinha que admitir que ele era respeitado. 

— Senhoras e senhores, duques e duquesas, condes e condessas! Sejam muito bem-vindos ao castelo Queen! — todos presentes aplaudiram a performance de Robert — Saibam que todos aqui estão convidados para o baile de máscaras esta noite, e que meu filho, Oliver, irá escolher uma rainha!  

Sorri com falsídia na direção dos nobres, que tinham suas mãos erguidas em aplausos e seus olhos fugazes presos em mim como um lobo observa o cervo. Aproveitei-me da pequena deixa que ele consentira, me erguendo do trono e abrindo os braços, atraindo a atenção de todos, principalmente das damas interessadas em ser minha esposa, que tinham os olhos brilhando numa luz voraz de competitividade, como se eu fosse a melhor presa da floresta, e elas os lobos a competir pela minha carne.  

— Terei grande prazer em comparecer à este baile para poder conhecer minha futura esposa! — declarei, quase pondo meus órgãos para fora de tanta mentira que saía de minha boca — Porém, há uma condição. Eu não posso reconhecer nenhuma das mulheres aqui presentes, pois se eu o fizer, ela estará... — procurei a melhor palavra que poderia encaixar-se no momento — Desclassificada.  

Murmúrios e sussurros ecoaram pelo salão principal enquanto meu pai e eu nos retirávamos do mesmo, visto que o homem tinha o rosto vermelho e parecia estar prestes a matar alguém. E esse alguém era eu. Ele me arrastou até o salão interno do castelo e encarou-me com tanta irritação que seu sentimento era quase apalpável. Tirei a coroa de minha cabeça, cruzando os braços, numa posição ousada demais até mesmo para um desafio. Porém, por fim, sua expressão de fúria se suavizou e ele abriu um breve sorriso, pousando uma das mãos em meu ombro.  

— Eu não concordo com essa sua rebeldia, Oliver. — ele declarou, sacudindo com leveza sua cabeça de um lado para o outro — Mas já estou obrigando-o a se casar. É justo que eu deixe, pelo menos, que escolha sua esposa da maneira que quiser.  

Abri um sorriso aliviado e abracei meu pai. Eram raras as situações em que eu fazia isso, mas o fato de ele me "apoiar" em alguma coisa me deixava mais tranquilo. Caminhei de volta ao meu quarto e tranquei a porta, tirando as roupas reais e as largando de qualquer jeito em cima da cama. O dossel em cima da mesma tremulava devagar graças a brisa que soprava do lado de fora. Abri o armário e retirei do mesmo as roupas de couro que eram, de longe, minhas favoritas. A cor verde escura me camuflava entre as árvores, e o capuz escondia meu rosto, impedindo-me de ser reconhecido por qualquer um que entrasse na mata. Puxei a gaveta da escrivaninha, deixando a mostra a tinta verde que usava para manchar meus olhos. Era uma espécie de "ritual de passagem", segundo uma velha amiga, na qual a floresta me reconheceria como parte dela. Puxei o colchão da cama para cima, tirando dali meu arco, e as vinte e quatro flechas que sempre uso.  

Meus aposentos não ficavam muito altos, de forma que era fácil eu pular pela janela e cair, curiosamente, ao lado dos estábulos. Verdant, meu cavalo, pastava em sua baia relaxadamente, e acabou por erguer-se nas patas traseiras quando pousei ao seu lado. Uma vez calmo, subi em suas costas musculosas e zuni pelo pátio do castelo em direção ao conjunto de floresta de Starling.  

Eu me lembro bem de quando entrei naquelas redondezas pela primeira vez. Não era mais velho que dezesseis anos. Mamãe, Thea e eu estávamos indo para Central City, num convite do rei Harrison Wells para uma tarde de conversações. A carruagem que eu estava havia quebrado no meio do caminho, e a Liga de Assassinos de Ra's Al Ghul nos atacara. Minha mãe conseguiu fazer minha irmã correr, e quando fui acompanhá-la, assisti um homem cortar a garganta de Moira, lançando sangue escarlate para todos os lados da carruagem, inclusive contra meu rosto. Eu fiquei paralisado, não ousava nem mesmo respirar. Os homens me nocautearam e me largaram no meio da floresta, crentes de que estava morto. E talvez eu terminasse daquela maneira, se não fosse por Shado.  

Eu estava me afogando dentro de um rio quando ela me salvou. Não fora difícil reconhecer-me como príncipe, mas não pôde me levar de volta ao castelo. Passei dois anos na sua companhia, fugindo dos assassinos, e aprendendo a sobreviver. Fora naquela época que mudei verdadeiramente; queria abandonar a corte e a realeza, e viver em paz na floresta. Não queria ser conhecido e tratado como Oliver Queen, o príncipe de Starling. Apenas queria ser... Eu. O Oliver que minha mãe via, o Oliver que Shado me ensinou a ser.  

Minha verdadeira pessoa.  

Verdant freou bruscamente ao avistar o círculo de pedras que indicava o espaço da floresta conhecido como Lian Yu. Animais domesticados se recusavam a entrar naquelas terras, e eram poucos os soldados que saíam inteiros daquela seção da mata. Por acaso do destino, fora ali onde passei os dois anos longe da civilização. Atei a corda que seguraria meu cavalo numa árvore e entrei na floresta, já empunhando o arco nas mãos e ouvindo cuidadosamente as leves passadas dos lobos ao meu redor, tal qual as velozes corridas dos coelhos e o trotar ágil dos antílopes por trás dos carvalhos negros. Não interferia na floresta, apenas caçava ou matava quando fosse extremamente necessário. Era um equilíbrio que eu não gostaria de estragar por uma ação precipitada.  

Em mais algumas breves passadas largas, pude ver a velha e caída cabana de Shado erguer-se à frente. Era um barracão de madeira escura prostrado no meio de duas grandes rochas que subiam quase que infinitamente na vertical. Um pequeno deque, também de madeira, mantia a casa erguida do breve laguinho que havia embaixo da mesma, de forma que lhe dava ser superioridade em relação às coisas ao seu redor. A estrutura chinesa da arquitetura do lugar apenas trazia a memória da garota asiática à minha mente mais uma vez. Acendi uma vela, pousando-a sobre a rocha em frente ao casarão. Era um ritual na nossa família; acender uma vela para os mortos. Sempre deixo uma nos aposentos da rainha. Soltei um suspiro cansado pela viagem e entrei na cabana, colocando cuidadosamente o arco em cima da mesa de madeira e tirando a aljava das costas, contando quantas flechas ali haviam. O Sol já começava a se por, a cabana realmente ficava longe, mas não me importava de me atrasar alguns minutos no baile do meu pai. Somente de estar naquele lugar me trazia uma paz sem igual, me dava forças para enfrentar qualquer coisa que tivesse de afrontar quando chegasse no castelo. Sorri para o vazio, e atirei uma flecha no meio da parede, acertando o alvo preso à mesma. Minha pontaria estava melhorando. Novamente, guardei minhas coisas na bolsa de couro, e pesquei uma maçã vermelha que estava por ali, voltando rapidamente até onde Verdant se encontrava, lhe acariciando as costas e entregando a fruta que trouxera. Subi agilmente em suas costas, e o fiz correr o mais rápido que conseguia. 

Por mais que me agradasse ficar em Lian Yu, eu não queria irritar meu pai e chegar atrasado, precisava ter postura para mostrar à corte que era responsável, e que poderiam confiar as mãos de suas filhas à mim. Suspirei enquanto o cavalo corria, o céu rapidamente escurecendo sob minha cabeça, nuvens escuras anuviadas começavam a espalhar-se sobre o castelo e a cidade de Star, enquanto ventos frios sopravam as árvores e meu capuz para trás, querendo torná-los passado. Apenas o imaginar de que haviam tantas moças cobiçosas querendo casar-se comigo somente para tornarem-se muito ricas e rainhas me fazia suspirar com tristeza. Não era isso o que mamãe queria para mim, e para mim, apenas pensar nisso era como desonrar suas memórias. Verdant parou nos estábulos, e suspirei com cansaço ao ver as carruagens começando a chegar pela entrada principal do castelo. Não resisti o sorriso irritado, irônico e enojado que surgiu em meu rosto. Que comece a caçada.


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Notas finais do capítulo

E aí?? Gostaram?? Vejo vocês no próximo!
¥ Himiko ¥



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