Manual de Uma Adolescente Grávida escrita por Baby Boomer


Capítulo 6
Dica 6 - Gritos


Notas iniciais do capítulo

OIOIOIOI! Amoreeeeeeeeeeees, é hoje, viu? É hoje! VCS VÃO AMADORAR ESSE CAPÍTULO. Tá muito amorzinho! ♥



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POV Peeta

— É sua namorada? – a maquiadora perguntou.

— É minha prima – respondi. – E mãe do meu filho.

Ela tentou agir naturalmente.

— Não se acha isso todo dia.

— Não mesmo. – Sorri.

— Mas você é sortudo. Sua prima é linda.

Assenti, vendo Katniss aparecer com um vestido branco e uma capa de algodão da mesma cor, tipo um xale, enrolado nos braços e passado por trás das costas. Ela estava deslumbrante, com a maquiagem leve e natural. Parecia uma princesa.

A fotógrafa pediu que nós ficássemos à vontade no gramado do parque, que conversássemos primeiro, para conseguirmos pegar uma boa vibe, e só depois disso ela ia começar a tirar fotos com os objetos de bebê, tipo sapatinhos e roupinhas.

Não houve pressão nenhuma, parecia que eles nem estavam ali para nos fotografar, então eu apenas apontei para um laguinho em que eu e Katniss jogávamos pedrinhas quando crianças, tentando fazê-la quicar mais vezes que o do outro. Ela riu com a lembrança e um vento bateu em seu rosto, fazendo voar o acessório branco que ela tinha no cabelo.

— Eu estava pensando em Skyler – falou ela.

— Eu estava pensando em Noah.

O rosto dela se iluminou e ela esboçou um sorriso.

— É lindo, Peeta.

— Não tem pressa. No dia a gente decide – afirmei, dando um passo a frente.

Ela me olhou com intensidade quando finalizei esse ato.

— Peeta… ontem no seu quarto… eu…

Estaria ela arrependida do que dissera?

— Não precisa se explicar, Katniss, está tudo bem. Você só estava feliz.

— Deixa eu falar, pô!

Eu assenti, fixando meu azul em seus olhos intensos como tempestade e brilhantes como a Lua. Teria eu alguma justificativa para achar que Deus havia criado aqueles olhos com uma atenção a mais?

— Eu quero te pedir desculpas por ter sido tão ignorante quanto a nós. Não a Marrentinha nem o Traste, mas sim a Borboletinha e o meu anjo. Eu falei disso ontem, mas não pedi desculpas.

— Sou seu anjo? – Arqueei a sobrancelha, fazendo ela sorrir relutantemente.

— É mais que isso.

— Eu não tenho asas para ser anjo.

Ela deu de ombros.

— Não tenho asas para ser borboleta.

— Mas tem a beleza de uma – retruquei, vendo o sorriso sapeca brotar no rosto dela.

Ela começou a rir.

— Para com isso, com essa paquera! – E me deu um soco fraco no ombro.

— Eu sei flertar, ok? Dá licença?

— Você não flertou durante a nossa noite, Peeta.

— Eu tentei, mas não sabia se ia me sair bem nem se você iria gostar de ser paquerada.

Katniss segurou minha mão com delicadeza.

— Tudo bem, não precisava. Você já estava sendo doce o suficiente para compensar a falta de flertes. Aquela noite foi perfeita, Peeta, eu me lembro de cada detalhe.

— Tipo a minha pele na sua? – Minha mão foi até a bochecha dela, acariciando-a do jeito mais delicado possível, como se ela fosse quebrar em mil pedaços se eu fizesse com menos brandura.

Ela fechou os olhos suspirando e segurou minha mão em sua bochecha rosada, aproveitando o toque.

— Ou minha mão na sua cintura?

Ela abriu os olhos nebulosos quando sentiu minha leve pressão ali e arfou.

— Você sabe que tem efeitos em mim, Mellark. Por que fica me provocando?

Uni nossas barrigas o máximo que pude.

— Porque eu não lembro de como era a sensação de ter minha boca na sua.

E só então percebi que nossos rostos já estavam se aproximando há mais de um minuto. Ela fitou minha boca e meus olhos, intercalando e decifrando meus pensamentos. Com um sussurro, ela disse:

— Então trate de lembrar.

E o gosto doce de seus lábios invadiu minha boca, meus pensamentos e meu corpo de um jeito maravilhoso, causando-me arrepios e calafrios. Eu havia esperado tanto aquele momento que cheguei a gemer de alívio quando senti sua língua tentar invadir minha boca sem cerimônias. Era o beijo mais apaixonado que eu tinha dado na vida, e já não sabia mais o que era chão, porque ele já não mais existia, assim como o ar. Inexistente, ausente.

Nossos lábios dançavam com movimentos doces, ágeis e ao mesmo tempo delicados. Nossas línguas exploravam todos cantos da minha boca de um modo totalmente novo e eu… eu tive certeza de que estava apaixonado pela minha prima. Mesmo sendo clichê, ouso dizer que gostaria de ficar a eternidade daquele jeito, com ela e eu apenas como Borboletinha e Anjo, nada mais de primos/irmãos.

A saliva da minha garota parecia néctar, mais doce que mel e brigadeiro, mais taquicárdico do que ambos. Era como se uma boa e grande dose de glicose me invadisse as veias, fazendo o coração disparar contra o peito e me dar a sensação de estar drogado, imerso em dopamina, anestesiado de tudo ao meu redor. Eu… eu a amava.

Ela desgrudou nossos lábios sem fôlego.

— Tá chutando, porra! Tá chutando muito! – ela segurou a barriga rindo. – Que merda, Mellark, isso é porque eu… eu amo você.

Meus pensamentos estavam dormentes, mas senti uma alegria genuína em ouvir isso.

— Eu também.

— Não acha que exteriorar amor próprio é meio esnobe, não? – Ela deu um sorriso torto e bem sapeca.

— Não, não apaixonado por mim, sim por você, Borboletinha.

Ela me deu um último selinho.

— Eu amo você, Peeta, amo muito, sempre amei. Agora a paixão… eu sabia que ela residia aqui desde aquela noite, eu só… precisava de tempo pra decifrar o que é. Nunca me apaixonei dessa maneira, desse jeito tão intenso. Eu não sabia o que era.

— Não precisa se justificar, meu anjo. Temos muito tempo ainda.

∞ 6 meses ∞

Katniss, eu estou sentindo muita dor! Ninguém me disse que era tão doloroso assim, porra! A cesariana foi marcada para a próximAAAI!… próxima semana, mas elas querem sair antes, Katniss, pelo amor de Deus, me ajuda. Vem parir por mim. Você não é fraca pra dor.

— Glimmer, calma! – falei, subindo as escadas de minha casa. – São gêmeas, é normal nascer antes. Elas estão com oito meses, não?

Estão, MERDA! Para de tentar sair, Maybell! Quer dizer… June! Ai, sei lá! SÓ PAREM! Vocês têm que ficar aí para sempre! Nunca saiam! Eu estou com medo, tem dois bebês saindo de mim!

— Glim, espera. Respira. Você está indo para o hospital?

Não, não! Estou indo pra Etiópia, Katniss!

— Hm… soube que lá dá pra adotar bem fácil… - comentei.

Glimmer arfou, incrédula.

Foda-se!

— Olha, ok… me manda uma mensagem com sua localização que eu vou já praí.

Vou mandar, mas você tem que passar para pegar a Clove primeiro. Os familiares dela foram pra um enterro em outro estado e os pais de Marvel estão bêbados. Sem falar que ela não consegue dirigir por causa do tamanho da barriga. Sabe como é, ela bota o banco mais longe para não esmagar a barriga e acaba não encostando nos pedais e AAAI!

— Ué, e por que o Marvel não pega ela? – perguntei.

Aaaai! Porque ele bateu o carro, pô! Vai logo!

Mesmo com uma barriga de seis meses no corpo, desci as escadas correndo e peguei meu skate no armário. Minha mãe gritou algo ininteligível para mim, mas findei ignorando, por causa da pressa. Andei de skate até a casa de Peeta, que não era nem três quarteirões da minha e bati freneticamente na porta, entrando de uma vez assim como meu tio atendeu e balbuciei para Peeta todo o esquema, puxando-o para dentro do carro com desespero.

— Katniss, como vou dirigir se você está no lugar do motorista?

— Merda! – ela vociferou. – Vamos, Peeta, eu quero ver ela antes de se internar!

Assim que chegamos na casa de Clove, a única coisa que vi foi Marvel caindo da janela do segundo andar da casa. Peeta e eu corremos afobados até onde ele estava e passamos a escutar dois gritos bem diferentes. Um mais grave e outro mais fino, de menininha. Só que a boca me Marvel abria sem ritmo ao grito mais grave, o que me fez constatar que Clove era quem gritava grave e Marvel quem gritava fino.

— Meu Deus, cara, o que aconteceu? – Peeta perguntou, levantando um Marvel com grama, terra e pedaços de vaso quebrado no cabelo e no rosto.

— A Clove tá parindo e não consegue levantar pra abrir a porta – ele falava meio grogue. – Ela pensou que era só mais uma daquelas contrações cotidianas do nono mês, mas a bolsa estourou de repente e… bem, eu…

— Marvel? – falei. – Você está ficando verde.

Então ele cambaleou rapidamente para trás e não deu tempo de eu ou Peeta evitarmos que ele caísse na piscina. Meu primo já começava a tirar a camisa – ai, Jesus! – para pular e tirá-lo dali quando eu vi um calango no jardim que me fez dar um pulinho.

— Um bicho!

Só que, na hora que dei o pulinho de susto, uma coruja ou o Batman (ou até mesmo um cachorro voador) raspou na minha cabeça, me fazendo surtar e tentar correr de encontro para o afogamento. Juro que pensei que poderia correr sobre a água, querendo dar uma de Jesus, mas não rolou, eu acabei mergulhando na piscina e Peeta veio junto pelo simples fato de ele não ter pensado nas leis da física quando agarrou minha blusa.

— Gente! Não é festa na piscina, é um parto! – Clove gritou de cima, fazendo alguma coisa que fez barulho na água.

Foquei a vista e me certifiquei de que estava viva para começar a perceber que ela havia pulado do segundo andar diretamente para a piscina. Louca!

— Agora vamos, meu Deus, eu preciso ir parir! – ela resmungou, pedindo a minha ajuda para sair da piscina enquanto Peeta içava Marvel, já acordando.

A única coisa que sei quando chegamos no hospital era que o carro iria ficar podre!

— Deixa esse carro aberto senão eu morro sufocada aí dentro! – resmunguei.

— Clove, seus pais chegam que horas? – Peeta perguntou, levando Marvel na cadeira de rodas enquanto eu levava a de Clove.

— Madrugada. Não falta muito. Bora logo, Katniss! Um pônei-tartaruga anda mais rápido que você! E, Peeta, traz o Marvel assim que ele deixar de ser bicha, ok? Enfermeira!

Clove fez escândalo enquanto eu escutava os gritos de Glimmer.

— Tá ouvindo, Clove? É a Glimmer! Ela deve estar… oh, olha ela ali!

AAAAH! – Clove gritou, abrindo os braços para a figura de uma Glimmer na cadeira de rodas, acompanhada pelos pais, Annie e Finnick.

— AmigAaAaAaAah! – Glimmer gritou de volta. Clove retribuiu o grito. Glim só faltou estourar meu tímpano e Clove repetiu o processo e eu acabei empurrando a cadeira de rodas de Clove com toda a força e soltando-a de uma vez, deixando minha amiga andando ao vácuo, seguindo em frente com uma cadeira de rodas que se movia sozinha. Leis da física… Me afastei um pouco do local para não ter o tímpano rompido e vi que Finnick havia parado a cadeira dela antes que batesse em algum lugar.

Já vi que aquela seria uma longa, longa, longa noite.

Lição do dia: aprenda a gritar bonito.


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Notas finais do capítulo

E AÍ? HEIN? BELEZA? PRONTOS PARA MAAAAAAAAAAIS? UHUEHUEHEUHEUHE
COMENTEM, VIU?
BEIJO GRANDE ♥



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