Treinando a Mamãe escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 17
Querida mamãe


Notas iniciais do capítulo

Oi, será que é muito tarde para pedir desculpas? *cabisbaixa, com muita vergonha, olhando para os pés* Me desculpem mesmo, pessoal, mas espero que gostem desse capítulo, que fiz de coração para vocês, dando - finalmente -, um desfecho para esse casal e para a quem saiu do top das mais odiadas para uma das personagens que eu já que escrevi, mais amadas, e eu estou realmente muito feliz por ter conseguido transformar tanto um personagem, fazê-lo crescer tanto assim em apenas 17 capítulos.
Gostaria de agradecer a todos e todas que comentaram no capítulo anterior, favoritando e acompanhando! Dedico este capítulo a todos vocês que tornaram tudo isso possível, apenas com os comentários do primeiro capítulo ♥



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Mãe,

Já é a quinta vez que te escrevo esse e-mail, que nem sequer sei se vai chegar até a senhora, no entanto, vou mandar assim mesmo, pois acho que eu e o papai passamos muito tempo nos escondendo das câmeras e de coisas que tivessem alguma ligação com a senhora por minha causa. Não acho que ele tenha me usado como escudo para não dizer que ainda te ama ou algo assim. Será? Perguntei pra ele, e o mesmo disse que não, mas não sei. Vai que, né?

Já começo — mais uma vez—, dizendo que esse último ano foi muito difícil, não financeiramente — porque foi o melhor, a inauguração do hotel foi um sucesso e continua sendo  —, mas sim emocionalmente, já que depois daquele domingo na Igreja eu fui chamado para outras apresentações solo, cantando There Is No Other Name, da banda Hillsong, outras no coral de natal e ano novo. E você não estava lá para me ver.

Foi um ano difícil porque meu pai ficou muito mal depois de tudo o que aconteceu, e eu acabei ficando com muita raiva da senhora e da tia Clove — que agora namora com um irlandês, morando com os pais dela em Dublin, mas agora conversamos diariamente ainda —. Meu pai praticamente se isolou do mundo, tem a vida dedicada para mim e o hotel — mas mais para mim —, e nossa... Eu fiquei com muita raiva da senhora. Mais uma vez, porém, por tudo. Não sei por qual razão, mas eu não me surpreendi quando ouvi uns oito meses atrás uma conversa da tia Annie com o papai, descobri que a senhora me abandonou, e não resolveu junto com ele ir para Nova Iorque com seus pais.

Mas agora eu entendo tudo, deixei a ignorância de lado. Por que todos os seres humanos  não fazem isso pelo menos uma vez na vida?

Gostaria de saber hoje como a senhora está, quais seus planos para amanhã, a razão. Sinto muito sua falta, mãe. Só Deus sabe o quanto a saudade dói! Ele esperou 33 anos por Jesus, embora não O tenha abandonado nem um segundo sequer. Eu me sinto abandonado pela senhora, e até mesmo pelo papai, sabia? Me sinto abandonado, porque eu não te tenho fisicamente, e não tenho o papai por completo, porque ele não tem mais a tia Clove — não que um dia isso tenha se tornado realmente a outra parte dele. A outra parte dele é a senhora, mas que seja —, então, ele não pode me amar por completo, porque a senhora não está aqui. Nossa. Isso fez sentido? Estou escrevendo e relendo tudo.

"Você demorou um ano para poder me mandar uma mensagem ou sinal de vida?", sim, mas foi porque meu pai e eu nos mudamos pouco tempo depois para a casa do vovô e da vovó, três meses depois já estávamos de mudança para outra casa, menor e longe de recordações. Assisti apenas na semana passada outras entrevistas suas além de uma que quando te perguntaram em quanto sua vida estava melhor sem mim, disse que em aspecto nenhum, pois eu era o seu filho. A senhora deveria ser proibida de fazer isso, ainda mais quando estou com raiva. Essas coisas me fazem quebrantar o coração.

Mais do que vê-la sair de casa chorando. Sentiu a intensidade? Sabia que meu coração queimou? Sério.

Pois bem, mãe, te mando esse e-mail porque eu sinto sua falta. Eu amo a senhora, e hoje é o meu aniversário. Papai acabou de sair do meu quarto, sabe como ele é. Deu meia-noite e logo vem me abraçar, beijar, dizer coisas que sei que são verdadeiras, e bom... Aprendi com o passar dos meses que não importa o que podemos comprar, o que podemos fazer, o que podemos falar. Desde que tenhamos ao nosso lado pessoas que amamos. Eu tenho o papai, falta a senhora.

Estou com saudades, e muitas. Estou cansado, irritado, com essa infantilidade que envolve a gente. Por que a senhora não vem até a gente pelo menos uma vez na sua vida? Não é só porque fui eu quem a pedi para ir embora que significa que deva nos ignorar pelo resto de nossas vidas. Já faz um ano.

Espero que tenha entendido o que eu quis dizer. Amo a senhora, e quero sua presença. As nossas fotos na Disneyland, SixFlags, Calçada da Fama, me deixam em constante depressão.

Obs.: Gostei muito que não esteja com o tio Finnick. Ainda converso com a Anny, e ela disse que acha que é melhor assim. Ela é muito legal, conversamos com frequência. Ela disse que gosta de mim, e eu disse que gosto dela também, mas somos apenas amigos. Não acho graça em meninas ainda para quer namorá-las, e bem, assim, eu tenho 10 anos.

Obs2.: Como está a tia Maggs?

Obs3.: Eu simplesmente amei ver que a senhora se tornou embaixadora da UNICEF e tira um dia do mês, do seu salário, para ajudar causas de crianças que sofrem de doenças graves e são abandonadas. Senti orgulho da senhora, de verdade.

Obs4 (mas talvez a mais importante).: Para de ficar indo nas festas da Schumer, mãe. Eu nunca gostei dela. Pare. E pare de ficar mentindo para você mesma com outros caras.

Edward Sheeran Mellark

Fiquei silenciosamente em lágrimas ao ler pela quinta vez o e-mail de Edward, sentada nua na beira da cama de Charlie, um cara que tenho saído ultimamente. Nem me importei em estar em uma cena talvez sexy. Fazia muito tempo que eu não chorava assim devido minha vida pessoal, apenas em filmes que requeriam isso.

Quando Peeta me mandou um e-mail, pouco mais de um ano atrás, eu tive outra reação, que foi de fúria e irritação, mas parece que o jogo virou, e isso era tudo o que eu assei desejando de todas as formas possíveis nos últimos meses.

Sai da casa do homem ruivo de olhos verdes que passei a noite com sem me preocupar com delicadeza, em avisar que estava indo. Na verdade, nunca fiz isso, mas hoje em especial depois de ler imediatamente o e-mail de Ed no meu celular. Apenas comecei a procurar por minhas roupas com certo desespero. Eu precisava chegar em casa e enviar logo o endereço para Rue me localizar. Agora estou no Canadá, Montreal, no final das gravações de um novo filme, a uma distância consideravelmente menor do que quando eu morava em Los Angeles do Reino Unido, mas eu não quero mais saber. Preciso ir para casa e fazer as malas. Mas é claro que hoje é dia 10 de abril. 10 anos de Edward.

Por qual outra razão eu permitiria que Charlie fizesse uma verdadeira orgia noite passada inteira e o prometi que ficaria aqui com ele?

— Espera, mas já? — O cara perguntou, suspirando, esfregando os olhos, sonolento. — Disse que ficaria a tarde comigo, Kats — Eu não suporto esse apelido, ou o "Kat", pois é tão sem criatividade que dói o peito, mas ignorei, como sempre faço. Não ganhei uma indicação ao Globo de Ouro à toa não.

— Tenho que resolver algumas coisas, Charlie. Vou te ligar mais tarde — falei, sorrindo, deslizando a calça preta apertada para cima, depois vestindo meu top cropped florido, mas algumas marcas arroxeadas ficaram na minha barriga e cintura. Escondi um berro furioso dentro de mim, pois se há uma coisa que eu deixo sempre bem claro é o ódio para essas marcas, e aviso antes de qualquer ida a qualquer lugar com pessoas que só tem interesse em meu corpo e não no meu caráter.

Como se eu fosse merecedora de ser convidada para uma conversa em um bistrô ou tomar um chá com biscoitos de leite.

— Ok. Boa viagem — desejou, quando passei pela porta de seu quarto, assentindo, passando os braços pelo sobretudo bege. Nem o respondi, apenas calcei meus saltos altos agulha e sai do apartamento, entrando no elevador, batendo um pé no chão do mesmo, impaciente, com o coração disparado.

Levei um susto real ao me olhar no espelho do elevador, com marcas arroxeadas no pescoço e clavículas, mas então a ficha cai, deixando minha expressão de fúria por causa das minhas coxas doloridas para mais tarde, marcadas com mordidas e beliscões. Meus olhos marejaram. Encostei as costas no espelho do elevador, ficando de frente para as portas, envergonhada pela visão de mim mesma em uma situação da qual eu jurei que não repetiria.

Um ano. Meu Deus. Um ano.

Madge mandou eu parar de ser uma tola e ir até o hotel de Peeta, ou até a escola de Edward, até mesmo na Igreja que vi ele se apresentar, mas eu não fui. Não foi o orgulho que me impediu, mas sim a vergonha. Vergonha de ter sido a pior mãe de todos os tempos. Humilhada por mim mesma no ápice da idiotice, deixando de ir atrás de Edward e Peeta, mesmo sabendo do divórcio do meu ex-namorado. Eu descobri em algumas revistas de fofocas, ao ver ele e Edward rindo no Natal sozinhos, porém, sem êxito para descobrir o hotel dele ou o endereço dos pais, de Cato e Annie.

Não que eu tivesse muitas conversas com Clove, mas sabia que ela não deixaria os dois passarem o Natal sozinhos nas ruas de Londres, cidade que sei que é onde os pais de Peeta moram.

Mas aqui estou eu. Um ano depois, sem conseguir contato algum, como se os dois tivessem simplesmente desaparecido do mapa. Foi mais fácil do que meus sentimentos pensaram que fosse ser, mas a mente não mentia, e a noite vinha com mais intensidade algumas vezes, lembrando-me do quão incompetente eu fui na minha função de mãe.

Enfiei-me em milhares de trabalhos fotográficos, pesquisei sobre filmes, papéis que eu gostaria de interpretar e que me tomassem atenção absoluta, envolvendo mudanças de peso, estudar um novo idioma, viajar para a África — ok, não cheguei a isso, mas por muito pouco —. Nesse período de tempo, tornei-me a atriz mais cobiçada de Hollywood, pondo Kristen Stewart para terceiro, e Madge em segundo.

Não que isso me importe, mas me ajudou a ignorar meus reais problemas junto com boas garrafas de vodka e uísque.

Põe boas e uma elevada quantidade de bebidas alcoólicas.

— Rue, vou te encaminhar agora um endereço, meu celular está com a internet muito ruim. Quero que compre ainda hoje passagens para Cambridge — falei de uma vez só com minha assessora enquanto eu ia em passos largos até meu carro, abrindo a porta do carro, jogando a bolsa de qualquer jeito no banco de trás.

Rue era a melhor amiga e assessora pessoal que eu poderia um dia pensar em ter. Não me importei com o dinheiro que Prim desviava, pois Rue me pôs em lugares mais altos, com melhores salários e totalmente meus, e eu a pago bem mais do que pagava Primrose.

— Quê? Katniss, calma, fala devagar. Sobre o que estamos conversando? — ri, girando a chave, ligando o carro, depois de colocar o cinto.

Contei a história brevemente, depois de por o telefone no banco do carona, dirigindo apressada para casa. Eu queria chegar o quanto antes para arrumar as malas e chorar em paz, quer dizer, chorar sem me preocupar em bater com o carro, pois eu já estava chorando, e chorando muito. Só Deus sabe o quão ruim foi esse ano para mim, e passar pelo meu aniversário, natal, ano novo, sem notícias, era cada vez pior. Fotos não saciavam minha sede de saudade e amor, mas o orgulho era o meu deserto, e acabei me perdendo.

Peeta me bloqueou completamente de sua vida, e agora, tudo o que eu queria fazer era abraçar o meu filho. Parece loucura, muita loucura, e é, reconheço, porém...

— Rue, só me diz que eu posso ir ver Edward ainda hoje — choraminguei, parando em um sinal vermelho, sem olhar para o telefone, e não liguei para os fotógrafos, que já disparavam flashes contra meu rosto vermelho e marcado pelas lágrimas.

Ao menos meu cabelo — agora realmente pintado de loiro —, cobria as marchas no pescoço, já que ia até metade das minhas costas.

— Chefe, sinto muito, mas eu não posso resolver isso assim, e só Deus na sua vida. Você é uma idiota. Quantas vezes eu e Madge dissemos para ir antes, bem antes? — bufei, dando uma buzinada sem querer, assustando-me. A foto deve ter ficado parecendo que eu usei drogas.

— Mas que droga! — exclamei, cobrindo o rosto com uma mão a tempo de colocar os óculos escuros e um boné dos Doggers mesmo, pisando no acelerador. Dane-se, pagarei a multa com muito prazer. — DÁ O SEU JEITO, RUE!

— VOCÊ NÃO GRITE COMIGO! ABUSADA! — gritou de volta, irritada. — Eu dou sempre o meu melhor, Katniss! Seu visto está no Canadá, não posso fazer nada! Por acaso já tentou abrir o mesmo e ver que está em dia?! Você está com o visto para a Itália confirmado, lembra? É na Europa, criatura, União Europeia. Só apresentar o visto que deixam você passar.

— E por que diabos eu abriria meu passaporte para ver isso? É sua obrigação! — exclamei, mandona irritada. Aprendi a ser educada com Edward, mas eu ainda tinha resquícios da minha ignorância quando fico nervosa.

— Você é desprezível — disse, bufando. Tenho um poder que só cresce de deixar as pessoas ao meu redor com raiva. — Ok, vai querer para quando a passagem? Já estou com o site de compra das passagens para ainda hoje aberto na minha frente. Vai ir com os meninos?

Não, Rue não é somente minha assessora, que me acompanha diariamente. Ela é a irmã que eu nunca tive, babá e amiga nos tempos vagos, reconhecendo que a forma adequada pra chamar Bandike e Romeu de Meninos, e não cachorros. Eles não são cachorros. São bem mais do que isso. São parte da família que eu não tenho mais depois de um acidente de carro em Portland.

— Não, não, quero apenas a próxima passagem sozinha. Eu preciso apenas chegar lá, Rue — pedi, suspirando, deixando algumas lágrimas pesadas escorrerem pelo meu rosto, ainda mais agora, que começou a tocar I Will Always Love You, Whitney Houston na rádio maldita, que sempre contribui a me deixar sempre pior do que já estou.

Esse ano foi o pior da minha vida.

Encostei as costas no banco do carro, deixando um soluço escapar dos meus lábios, desligando o rádio.

— Rue, por favor, só me coloca no próximo voo.

— Em cinco horas. Toma um banho e tenta comer alguma coisa enquanto eu vejo sobre o hotel dele, ok? — Essa era uma das razões das quais mesmo tendo 21 anos, eu a mantive comigo. Nem o nome de Peeta ela mencionava, tampouco o de Edward.

Prim era bisbilhoteira, mas hoje tem tempo de repensar na vida na cadeia. Foi presa por desvio de dinheiro e invasão de privacidade, pois no dia seguinte do escândalo em que eu a pus para fora do meu apartamento nua com o meu ex-ficante (bem ex mesmo, o passado que contém Marvel é muito passado), indiretamente revelou que era a pessoa filha de uma mãe indecente que fez vazar minhas fotos e vídeos íntimos na internet e fotos minhas com Peeta e Edward menor. Ela não tinha esse direito, de violar o que Peeta tanto manteve em segredo por todos esses anos. Pela segunda acusação que eu fiz absoluta certeza de que ela fosse condenada pela justiça norte-americana.

Depois dessas fotos e vídeos caseiros com Ed menor, minhas redes sociais aumentaram significativamente, assim como a bilheteria dos meus filmes e os convites para outros novos. Mas eu não me importava se passei o natal com Bandike e Romeu em Los Angeles, infeliz. É um dia pior do que o outro.

Vale ressaltar que eu precisei ficar 24h na Delegacia por ter espancado ela. Se me perguntar se me arrependo, sorrio e digo um bem sincero não.

— Ok. Muito obrigada, Rue.

Agradeci, endireitando a postura, passando uma mão nos olhos, lembrando-me que a culpa é toda minha para essa situação.

Desliguei o celular, ficando mais séria, prestando atenção ao trânsito, deixando para quando chegar em casa mais um dos meus ataques de histeria que já foram mais intensos meses atrás, como pouco depois que voltei para os EUA. Tenho descarregado a raiva na dança, que tem me ajudado bastante para o próximo filme, inclusive, que é O Lado Bom Da Vida, mas hoje eu estou sobrecarregada.

Charlie esgotou minha forças na noite passada, e eu estou com nojo disso. É impressionante o quão fácil é viver sem saber de outras duas pessoas desde que nos empenhemos nisso, mas não importa o quanto você minta para você mesmo, uma hora sua ficha vai cair e não restará nada além de nojo de você mesmo.

Sempre sinto, por esta razão fico chapada ao ir dormir com todos eles. Peeta foi o único em que eu estava sóbria. Nem mesmo quando eu quase fiz com Finnick estava 100% "pura". Bebi duas taças de vinho durante o jantar.

Joguei as chaves para o manobrista, de modo ignorantemente errado. Pediria desculpas depois.

Estou com saudades, e muitas. Estou cansado, irritado, com essa infantilidade que envolve a gente.

As palavras do e-mail de Edward rodam minha cabeça, e me causam dor. Minha vista está turva, mas segui sem bambear em passos pesados até o elevador do apartamento que me hospedei, fechando os olhos e escorregando a cabeça para trás, ouvindo uma música irritante tocar.

— Ninguém gosta dessa porcaria, então por que piegas colocam? — murmurei, agradecendo a Deus mentalmente quando as portas se abriram.

Sai, suspirando, jogando os sapatos para um canto, sendo recebida por latidos de Bandike e Romeu. Sou a única no andar, mas ainda sim infelizmente preciso deixar a porta fechada.

— Maggs! — chamei, entrando, fechando a porta atrás de mim, sentindo os espirros na minha perna, o que me fez finalmente abrir um sorriso sincero e puro. Os sorrisos que Charlie e outros homens me fazem dar não são na mesma conotação.

— Oi, menina! Estava preocupada! — disse, um pouco irritada. — Eu preciso ir para casa, Katniss!

Sua filha de consideração mora aqui no Canadá, enquanto os "netos" estudam na Califórnia, onde é mesmo minha casa, então eu ter vindo para cá foi uma maravilha para ela.

— Maggs, Edward me mandou um e-mail — eu disse, começando a chorar mais uma vez, rodeando meus braços ao redor de seu pescoço escondendo o rosto o máximo possível.

— O que...?

— Olha — passei o celular para ela, fungando, abrindo no e-mail. — Vou para a Inglaterra ainda hoje.

A senhora que arrumava minha casa levantou uma mão, pedindo indiretamente para que eu fizesse silêncio, então pôs os óculos de grau para ler do que se tratava.

— Esse menino é excepcional mesmo — disse, sorrindo, olhando para mim, devolvendo-me o celular. — Você deveria ter ido atrás antes mesmo. Crianças criadas por somente um pai ou uma mãe tendem a ser mais maduras e dedicadas, o que é o caso dele.

— Mas e eu lá sabia que ele queria me ver?! Peeta basicamente se isolou do mundo, o próprio Edward falou isso nesse e-mail, Maggs! — exclamei. — Você mesma disse que não dá para encontrar alguém que não quer ser encontrado!

— No entanto, eu e suas amigas te dissemos que eles estavam machucados por sua causa, Katniss. Você cometeu o mesmo erro. De novo.

Odiava quando o assunto era Ed e Peeta, pois eu sempre fui a culpada.

E sou mesmo, porém ouvir a verdade que conhecemos de outras bocas é devastador. Coça os ouvidos.

— Não, Maggs, não. Eu liguei para Peeta, mandei carta, e-mail, mensagens de texto, e o que eu recebi em resposta durante os três primeiros meses?! Nada! Isso aí! Nada!

Era a verdade. Procurei contatos, mandei cartas — e todas voltaram —, e-mais — mas nunca respondidos —, ligações — nunca retornadas — e mensagens — que nem sei se um dia foram lidas. Após três meses insistindo, soube da inauguração do hotel. Comprei as passagens para visitá-los e dizer mais uma vez que não foi culpa minha, porém cancelei tudo. Pensei nas palavras de Edward, e no quanto Peeta mentiu, pedindo para eu não voltar a ser uma estranha, quando ele quem não cumpriu com a fala. Não sei o que aconteceu entre ele e Clove, mas sei que é algo referente à. Por qual outra razão Edward pediria para eu ir até lá e disse que Clove namora um irlandês?

Peeta é uma das poucas pessoas que conheço e cumprem o que dizem. Para ele ter "quebrado" o que disse, algo sério aconteceu.

Depois de três meses, comecei a aceitar que realmente eu não conseguiria contato algum com eles, então simplesmente desisti. Já estava sem forças para insistir, mas tudo o que faziam e a mídia publicava, eu absorvia as informações e as guardo no meu coração quebrado. Poderia ter ido até o hotel? Sim, poderia, mas não o fiz, por puro medo de ser rejeitada mais uma vez.

Fui para meu quarto, suspirando, em passos pesados, pois estava cansada de tudo. Comecei a pensar em muitas coisas ao mesmo tempo que se referiam a Edward.

Despi-me, sentindo o corpo dolorido pelas noites passadas, mas meu peito pesava. Eu tinha a postura perfeita, muitos milhões na conta, mas com essa mensagem de Ed, pude perceber o quão vazia eu fiquei durante todos esses meses.

A água morna, mais pendente para o quente, ajuda sim, mas não muito. Se eles soubessem o quão instável eu fiquei, talvez Peeta não teria se isolado do mundo tecnológico, quase me impossibilitando de encontrá-lo.

Suspirei, fechando os olhos, encostando a testa na parede, permitindo que a água caia somente nas minhas costas e no comprimento do meu cabelo que atingia o meio das costas.

Pensei em todos os acontecimentos que aconteceram como chuva de verão: súbita e intensamente, durando pouco tempo.

Em agosto, mês que decidi não ir mais atrás de tentar contato, resolvi que estava na hora de tomar outro rumo. Não se pode viver assim, a gente tem que viver, não simplesmente existir. Falei para Rue o que se passava, juntamente com Maggs e Madge, pois são as únicas pessoas que eu confio, quando me sugeriram que eu me tornasse embaixadora da UNICEF. Não pensei duas vezes. Eu poderia não estar mais com Edward, porém, ele havia de algum modo feito uma cirurgia no meu caráter com seus abraços e sorrisos, onde a anestesia era quando ele me dava um beijo na bochecha e dizia que tudo ficaria bem, olhando dentro dos meus olhos com os olhos héteros dele.

Também dedico, todos os meses, um dia do meu salário para instituições que precisam, em sua exclusividade crianças e jovens, que são os menos alcançados por ajudas governamentais. Não sinto falta de nem um centavo, muito pelo contrário. Desejo ganhar mais para que possa doar ainda mais. Passei muitos anos da minha vida retendo dinheiro, e por qual razão? Nenhuma, essa é a resposta.

Givenchy e Channel são marcas maravilhosas e que vestem muito bem, mas não é algo que valha a pena eu guardar dinheiro se vou usar apenas uma vez. Edward me ensinou a enxergar essas coisas simples enquanto me fez esperar por ele nos treinos de futebol americano e aulas de Muay Thay, ao dar gargalhadas sinceras, risadas alegres e sorrisos sinceros com outras crianças. Estar com pessoas que nos fazem bem é melhor do que roupas em uma roda de pessoas que não querem nosso meio.

Tenho planos para inaugurar uma instituição que auxilia crianças e adolescentes órfãos. Perdi meus pais com 19 anos, e definitivamente foi um dos piores momentos da minha vida, um dos quais eu me senti tão culpada que dói meu peito até hoje. E para piorar, eu havia mandado eles embora do hotel que eu estava enquanto gravava um filme, pois mais uma vez comentaram do quão bom foi eu ter deixado Peeta e Ed para trás para poder focar na minha vida.

Não que eu na época quisesse arcar com a vida de mãe adolescente, porém me incomoda até hoje quando jogam na minha cara que eu fui embora por não ter coragem de segurar as consequências dos meus atos e para poder focar na minha vida.

Finnick veio me procurar uma vez depois de saber o que aconteceu, com flores e chocolates, como se isso apagasse sua presença em uma boate na noite anterior da minha chegada à Los Angeles. Ele parecia culpado e sincero, eu sei quando estão me enganando, juro que vi o quão arrependido estava, o quanto estava querendo algo comigo, mas eu não podia. Estava magoada demais, as palavras de Edward foram intensas demais, e rodam minha cabeça em meus piores pesadelos, misturados com os da minha avó sorrindo para mim, então sendo atropelada.

Eu e ele conversamos muito quando chegou na minha casa. Surpreendi-me comigo mesma e com toda a paciência que o tratei, sinceramente, porque eu estava tão abalada... E ainda fico. É como ralar o joelho e jogarem álcool logo em seguida, com as feridas abertas. Minha alma dava gritos assim. Mas mantive-me séria e absoluta ao dizer que não queria mais nada entre nós, que não queria as flores e chocolates, não queria os pedidos de desculpas. Demos certo por um tempo, mas acabou, ponto final. Ele até chorou, e eu também, porém foi isso. Ele foi embora da minha casa.

O engraçado é que continuei me comunicando com Anny, e assim se mantém até hoje. Nós conversamos pelo celular ou por e-mail às vezes, querendo saber como cada uma está. Eu até mesmo a levei para sair pelo menos três vezes, já que Finnick só tira folga uma vez na semana. Saio com ela quando a mesma está com a avó, que gosta de mim. Também converso com ela.

Mas nunca mais conversei com Finnick, embora estivesse ciente de tudo.

Desliguei o chuveiro, passando as mãos por debaixo dos olhos, depois deixando os dedos ali cobrindo-os por alguns instantes, não querendo enxergar a realidade no mundo afora. Era assustador e doloroso.

Sem buscar uma toalha, fui molhada e nua para o closet, acostumada em fazer isso. Vesti uma roupa de frio, pois o clima estava um pouco mais diferente do que o comum aqui em Montreal, busquei uma mala grande, jogando-a aberta na minha cama, e peguei uma grande quantidade de roupas de uma só vez, mas antes de colocar na mala, encarei todo o espaço, todo o peso que eu eu carregava nos braços, ombros e costas. Não vou precisar disso tudo, apenas de duas mudas de roupas.

Meus olhos ficaram lacrimejando devido a vontade de chorar mais uma vez, mas segurei as lágrimas. Recomponha-se, ordenei a mim mesma. Endireitei a postura, voltando para o closet, colocando tudo nos cabides de volta, pegando somente um sobretudo, mesmo que fosse primavera no Reino Unido, minha calça jeans favorita, mesmo que estivesse surrada, e duas blusas, uma preta e outra com desenhos animados da Disney. Coloquei isso na mala de mão mesmo, busquei uma boina vermelha e coloquei um cachecol na mala também, e por ultimo joguei um short azul. Fechei a mala retangular. Estava tão leve que quase cai no chão, esperando algo pesado, como de costume, mesmo com lingeries básicas e um par de sapatilhas.

— Mas já?! — Maggs perguntou, surpresa. Ela em especial sabe que eu demoro para me arrumar, ainda mais fazer a mala.

— Só falta pentear o cabelo. Pode fazer isso para mim por favor? — pedi, suspirando, lhe passando a escova de cabelo. Vi um sorriso gentil tomar seus lábios, enrugando um pouco mais os olhos, mas a velhice lhe caia bem pela saúde e juventude que tinha.

O que diz nossa idade não são os anos na Terra, mas a vontade que queremos de viver.

Fazia muito tempo que ninguém penteava meu cabelo dada essas ocasiões. É comum ver cabeleireiros de todo o mundo arrumando meus fios, mas poucos dos quais podem me acalmar. Maggs é o mais próximo que tenho de uma avó ou figura materna, tratando-me como filha, e por mais que não concorde com um terço do que eu faço, não sai do meu lado, embora condene as coisas erradas que eu faço, não me apedreja por isso z

Fechei os olhos, pendendo a cabeça para um lado, para que ela passasse a escova com carinho. Uma das coisas que me atraíam aqui no Canadá e o fato de ela vir comigo é que o lugar é mais aconchegante. Qualquer pessoa pode ficar por aqui e se sentir como se estivesse em casa.

— Quer que eu faça uma trança? — perguntou e eu assenti, quase dormindo. Me esqueci do e-mail por um instante, apenas. — Fiz uma embutida. Seu cabelo cresceu, é por causa da Vitamina A que eu coloquei na sua comida.

— Obrigada — agradeci, realmente grata. — Eu gosto do meu cabelo comprido.

— Vi as fotos que Prim deixou vazar, me desculpe. Você quem me mostrou — ri, assentindo. — E seu cabelo era enorme. E todo ondulado.

— É porque tive que incluir muitas vitaminas por causa da gravidez, meu corpo não estava na idade certa para isso, entende? Então a obstetra me lançou vitaminas, uma das que mais precisei tomar foi a A e D.

— Deu certo. Só deixa o cabelo solto às vezes, e quando estiver parcialmente seco, faz uma trança lateral. É bom que já vai treinando para o filme de Jogos Vorazes — sorri, assentindo.

Levantei-me do sofá, enquanto ela ia no banheiro lavar as mãos por causa do creme, quando Rue chegou, abrindo a porta com um sorriso.

— Quero conhecer esse Edward e Peeta logo, mas deixo você ir na frente. Vai ficar tudo bem, só você ser quem tem sido para a gente nos últimos meses.

Refleti. Quem eu tenho sido nos últimos meses? Voltei para a vida promiscua há um tempo, contatei Amy Schumer em uma noite que estava cansada de ficar em casa com Romeu e Bandike, simplesmente. Chorei enquanto bebia na festa, é claro, pois eu estava habituada com Ed  ao meu lado e os meninos, mas na terceira festa, eu agia como antes nas festas, mas não conseguia agir de mesmo modo com os meus fãs e amigos.

Meu número de seguidores nas redes sociais aumentou de forma gradativa, mas a de haters também, o que é normal, mas já disse que não quero ninguém afofando meu ego. Quero que sejam sinceros em toda e qualquer situação comigo. Admito que é muito melhor ser mais achegada dos fãs, porque em um momento ruim, posso simplesmente dizer isso no Twitter e pronto. Milhares de pessoas me mandam mensagens para me animar que realmente ajudam.

— Você vai. Sei que Ed adorará te conhecer — falei, sorrindo, mas meu coração estava a mil por milésimo. — Que horas é o meu voo?

Fui para a cozinha, que era uma extensão da sala, pegando um copo d'água, tomando dois comprimidos do meu remédio para o coração.

— Às 11:30. Vai chegar lá às... — deu uma olhada no papel enquanto eu bebi água, com o quadril contra a bancada, olhando para ela. — Sete e quarenta da noite.

— Por que eu não tenho um jatinho particular? — perguntei, confusa. — Não rendi dezessete milhões de dólares nos últimos meses? Quero um jatinho.

Ela riu.

— Não é simples assim, mas posso resolver seu caso — sorri. — Viajarei também se tudo der certo, mas sinto que vá. Não consegui marcar sua estadia no hotel dele, pois pede o nome e sobrenome. Você marca lá — e piscou maliciosamente para mim, com um sorriso tão idiota, como se soubesse das coisas que eu ri, fechando os olhos. Só ela mesmo para me deixar mais tranquila em um momento como esse.

Meu celular começou a tocar, fazendo o meu sangue congelar em minhas veias. Será...?

Não, é apenas Madge.

— Fala — falei, suspirando um pouco frustrada. Mas não tinha como Edward descobrir meu número de telefone.

— Nossa, quanto bom humor, Carter.

O dia resolveu me direcionar para Peeta e Edward, não é possível.

— Que seja. Por que está me ligando? — Rue lavou as mãos na pia, depois de deixar meu passaporte e as passagens na minha bolsa. Começou a abrir a geladeira depois de me pedir. Revirei os olhos, indo para a sala.

— Cara, você tem que vir me visitar! Por isso estou te ligando! — brigou. — Eu fui aí no mês passado, e em uma semana é o meu casamento aqui na Itália. Você virá!

Sentiu que ela não pediu, certo? Foi uma ordem.

— Claro, meu visto para a Itália está todo certo e as passagens compradas desde o início do ano, Madge. Fique calma.

— Eu estou tentando, Katniss! Você é a minha madrinha de casamento!

— Olha o interesse... — brinquei, mas em um tom sério. Ela sempre diz que não é interesse, e eu acredito, mas gosto de ouvi-la se defender.

— Como assim? Claro que não! Eu já te disse isso e... — bufou, batendo um pé no chão.

— Katniss? — Ouvi Gale perguntar, rindo.

— OI, GALE! — gritei no telefone, ouvindo a gargalhada dele, mandando-me um "oi".

— Ah, você é uma idiota, Katniss — Madge xingou. — Então, pela sua voz no começo, sei que algo aconteceu. O que foi?

Suspirei antes de contar sobre o e-mail de Edward, onde ela não disse nada, apenas me escutou. Eu admirava toda essa paciência que ela tinha.

— Então é isso. Agora estou indo para a Inglaterra, então depois vou para a Itália. Só não estou levando roupas.

— Não se preocupe sobre isso, eu tenho muitas aqui, pode vir quando quiser, e quanto antes melhor. Essa semana você está de folga nas filmagens, não está?

Minha ficha caiu. Eu nem havia pensado nisso.

— Rue, as filmagens! — lembrei minha assessora, que agora exercia a função de amiga, eu acho, pois comia um farto pedaço de pudim e muitos morangos com chantilly.

— Hã? — O queixo estava com um pouco de calda e o canto da boca com chantilly, fazendo-me revirar os olhos. Rue gosta tanto de comer que nem pensa se está sujo ou não.

— Eu não avisei nada para o Francis — lembrei-a. — Hoje é sábado, mas ainda sim. E se eu ficar um pouco mais? Não são meus planos, mas...

— Resolvo isso, deixa que eu mando um e-mail para ele, e qualquer coisa, ligo para ele. O Francis é tranquilo, e você é uma das mais empenhadas.

Assenti, suspirando um pouco mais aliviada. Nem pensei nisso antes.

— Está parcialmente resolvido. Rue vai dar um jeito — senti ela sorrir.

— Claro... mas olha, seja sincera com ele, está bem? Com eles, melhor dizendo — eu já sabia que deveria ser mais sincera do que nunca, mais do que na noite em que me mandaram ir embora, e não sabia como eu iria agir, e nem como Edward o faria.

— Estou assustada — admiti, em um baixo tom de voz. — E com medo, Madge. E se foi alguém que mentiu, ou sei lá?

Minhas pernas tremeram na possibilidade.

— Vai se lascar, Katniss — ela disse, provavelmente revirando os olhos. — Só vai!

— Obrigada — agradeci, um pouco emocionada. Já reconhecia a verdade na voz de Madge e o quanto ela torcia para que desse certo.

Isso também pouparia tempo dela ouvindo minha voz de madrugada chorando.

— De nada. Apenas vá, aproveite, e recupere a sua família de volta. Eu preciso ajudar Gale com o terno, a gravata. Ele não sabe fazer o nó, e nem os amigos dele, então preciso ensiná-lo. Por favor, não se esqueça de mandar um beijo para eles.

— Não vou. Tchau.

— Beijos — e eu desliguei, suspirando.

— Precisa comer alguma coisa, Katniss — Maggs comentou. — Preciso ir para casa, mas não saio antes de você comer algo!

— Estou sem fome. Qualquer coisa que eu comer posso vomitar — e era verdade. Estou quase tão trêmula como um chihuahua. É um passo que pode mudar a minha vida.

— Katniss — Maggs disse, bem séria, como uma avó dando uma advertência.

— Ok, eu como algo... — ergui as mãos para cima, revirando os olhos.

— Excelente! — exclamou a senhora, sentindo-se totalmente a vontade na minha casa, que também era dela, de certo modo, porque arrumava tudo e não permitia que eu morresse de fome, pois nunca mais cozinhei depois que Ed saiu da minha casa.

Fui para a cozinha também, sentando na cadeira, pegando alguns pedaços de carne do meu prato e dando para Romeu e Bandike. Estou um pouco trêmula

— Rue, liga para o Tresh, por favor? Quero ir logo para o aeroporto. Não vou conseguir comer muito, Maggs, desiste — a senhora colocou um prato farto de panquecas que já estavam prontas e derramou uma boa quantidade de mel. Quis vomitar.

— Ih, enjoada — Rue disse, fazendo uma careta de nojo. — Como recusa essas panquecas?! — Puxou o prato um pouco para si, dando uma garfada generosa.

— Pode ficar pra você. Eu só não estou me sentindo bem — falei, suspirando. Eu podia sentir meu corpo em combustão por dentro, fazendo eu suar frio por fora. Maggs pôs as mãos em minhas bochechas, depois em minha testa, fazendo-me fechar os olhos, realmente passando mal. Era como se gelo passasse pelas minhas veias ao invés do sangue.

— Acho melhor deixar essa viagem para amanhã. Que diferença faz, querida? Você os espera há um ano, e eles também. Quem espera um ano, espera mais um dia.

— Mas Maggs... — no suspiro, meus olhos lacrimejaram e os lábios tremeram. — Eu quero ir logo. Eu fui uma idiota por um ano. Não me deixe ser por mais um dia.

Maggs pareceu pensar no que eu disse, então me abraçou, passando os braços por debaixo dos meus, trazendo-me para seu ombro, quase, permitindo que eu a usasse de apoio e lenço o quanto quisesse.

Rue não disse nada, apenas tirou o prato de panquecas de perto de mim e nos deixou a sós, falando que ligaria para o Francis Lawrence. Agradeci com um aceno e um olhar, que ela entendeu. Edward me mudou até neste ponto, da generosidade.

Não sei por quanto tempo chorei, mas sei que foi suficiente para que Tresh chegasse e buscasse minha bolsa e a pequena mala de mão mesmo com duas mudas de roupa.

— Tchau, meninos, se comportem. Venho logo, e caso demore, a vovó Maggs manda vocês pra mim, ok? — avisei, ajoelhando-me na frente deles. — Amo você muito, muito, muito!

Eles, como sempre, beijaram meu rosto ao modo deles, carinhosos, entendendo que eu iria precisar me ausentar por um pouco de tempo.

— Tchau, Katniss, boa sorte — Rue desejou, me dando um abraço assim que me levantei. — E fale coisas boas sobre mim!

Diferentemente de como era com Prim, eu sentia o quanto Rue me desejava o melhor. Seus olhos eram sinceros, e tudo o que eu recebia, por mais insignificante que seja, ela me mostra, manda um e-mail, com todas as propostas que recebo, sem violar minha privacidade.

— Eu só tenho coisas boas para falar de você, Rue — debochei falsamente, revirando os olhos, porém sorrindo.

— Mande um abraço para eles. Peeta é um dos homens mais legais que já conheci, e eu sou velha, viu? — Maggs disse, carinhosa, me dando um abraço também. — Vá com Deus.

— Obrigada, gente. Preciso ir nessa — falei, suspirando. Não sei se estou mais aliviada ou mais nervosa. Acho que estou em completa combustão. Minha vida era representada por uma panela de pressão, e eu era o feijão cozinhando dentro da mesma, esperando o momento em que ninguém mais espera que eu esteja pronta.

Isso porque nem eu sei quando estarei.

Sai do apartamento, com uma bolsa transversal discreta. Queria apenas ir correndo até Edward, mas meus passos foram surpreendentemente calmos. Acho que é porque estou muito nervosa.

— Bom dia — Tresh desejou e eu sorri, desejando também.

O caminho até o aeroporto foi tranquilo, assim como o check-in e tudo mais.

O problema mesmo foi enfrentado durante a viagem.

Vomitei pelo menos quatro vezes. Nada parava no meu estômago, até parece que estou grávida, mas não, isso tudo é muito nervosismo.

Centenas de frases de rejeição vieram a minha mente, aos meus pensamentos, juntamente com o olhar magoado de Peeta, como se eu tivesse esfaqueado, ou o olhar cheio de tristeza de Edward, como se eu lhe tivesse tirado todo o ânimo de viver.

— A senhora gostaria de um remédio, senhorita Everdeen? — a comissária perguntou, curvando-se um pouco para mim, com um olhar preocupado.

— Eu gostaria de um para dormir, por favor.

— Temos o Rivotril... Mas acho que é muito forte, não quer apenas relaxar o estômago? Talvez possa fazer mal para o be...

— Não, eu não estou grávida! — exclamei, irritadíssima. Não se pode nem ter uma vida promiscua e depois vomitar cinco vezes em um período de duas horas que já supõem que você e está grávida? Quanta grosseria! — Apenas quero alguma coisa que me ajude a dormir, eu estou com muitas coisas na cabeça. Pode resolver isso para mim, por favor?

— Claro, me desculpa — pediu, corada. Virei o rosto para a janela, irritada. Nem aceitei o pedido de desculpas pela ignorância pela qual fui tratada!

Depois de quinze minutos, um comissário de bordo veio até mim com uma bandeja prateada com um copo com água grande e dois comprimidos em um copo plástico de café.

— São dois dipirona sódica, pois além de dar sono, talvez melhore o mal estar — falou, e eu assenti, sorrindo minimamente como agradecimento, pegando o copo e os comprimidos, tomando os dois juntos de uma só vez. Ele logo se foi, dando um aceno com a cabeça.

Não demorou muito para que eu dormisse, e tivesse um sonho que durou o resto da viagem. Preciso contar isso para o Peeta, pois há muito tempo que não sonho com algo assim.

^*^

A chegada ao aeroporto foi sufocante. Dezenas de flashes, milhares de perguntas. Dei alguns autógrafos, e agradeci imensamente quando os policiais logo afastaram a multidão ao meu redor. Aprendi a prezar e amar os meus fãs, mas hoje estou uma pilha de altos nervosos, e não conseguirei retribuir tudo. Me desculparei no Twitter.

Fui para onde estava minha mala, esperei cinco, dez, quinze, meia hora e nada dela aparecer. Senti até um aperto no coração por ter deixado lá meu roteiro de Inverno da Alma.

— Oi, olha, estou atrasada, está tarde, e eu preciso urgentemente ir descansar. Sabe o que são doze horas dentro de um avião? — perguntei, lançando toda minha raiva de uma só vez no balcão responsável pelas malas. — Acho que se você soubesse a distância do Canadá para a Inglaterra, saberia.

— Senhorita Everdeen, me desculpe, mas sua mala extraviou — a mulher disse, um pouco trêmula de nervoso, olhando em um computador. — Ela foi para o Japão.

— PARA O JAPÃO?! — gritei, explodindo, batendo as mãos no balcão com fúria. — E O QUE DEMÔNIOS MINHA MALA FOI FAZER NO JAPÃO?!

— Me desculpa! Houve um engano, e foi a única mala que extraviou de seu voo! — ela começou a suar um pouco, e definitivamente tremida. Bufei furiosa. — Nós pagaremos tudo o que está lá mais o valor da mala.

— EU NÃO QUERO DINHEIRO, EU QUERO AS MINHAS COISAS! — Continuei gritando, sempre fui rude assim, que se dane. — Mas que ódio! Que inferno! Anda, eu quero o dinheiro então dessa mala!

— Poderia n-nos dizer o-o que estava lá? — perguntou, gaguejando, pegando um caderno e uma caneta.

— Meu roteiro para o próximo filme, uma calça jeans e duas blusas de malha — respondi, suspirando, esfregando os olhos, e suspirei mais uma vez, quase chorando de raiva. — E como vocês esperam que eu vá trocar de roupas esta noite, hein?

Uni as sobrancelhas, cruzando os braços. Estou muito brava agora, a fúria passou levemente.

— Um vale de trezentas libras esterlinas para usar no que a senhorita quiser — disse, passando um cartão em uma máquina, depois de digitar no computador, e me entregou.

— Obrigada por nada — e tomei o cartão da mão dela com certa agressividade, fazendo-a arregalar um pouco os olhos, trêmula. — E eu ainda quero saber: e o roteiro que estava na mala?

— Sinto muito, senhorita Everdeen, a mala será direcionada imediatamente para a sua casa.

— Excelente — semicerrei os olhos, bem séria, olhando-a firmemente, então me virei, enfiando o vale dentro da bolsa de qualquer jeito.

Chamei um táxi na porta do aeroporto internacional de Cambridge, e pedi para me levar ao endereço que Edward tinha me enviado por e-mail.

— Oh, todos os que vem de fora optam por esse hotel, e quando voltam, sempre o recomendam, embora tenha inaugurado há apenas nove meses! — disse, sorrindo. Era como se toda a minha raiva, rancor e mágoas saísse do meu peito, e um orgulho por Peeta adentrou.

— Sério? Conheço o dono, e sei que ele é impecável quando se trata de recepção — respondi, sorrindo, e aliviada pelo senhor não me conhecer.

— Ah, eu já o atendi com um rapazinho. Na verdade, o garoto até lembra a senhora! — disse, abrindo um pouco mais as janelas da frente, pois eu estava atrás. — Me desculpe. O ar-condicionado infelizmente está com defeito.

— Oh, não se preocupe com isso — eu disse, sorrindo, acomodando-me melhor no banco detrás ao do carona. — Não gosto muito de ar-condicionado, e o nome dele é Peeta, e o do garoto, Edward, meu filho.

*.*

— Muito obrigada, Robert — agradeci, dando a ele o cartão que recebi no aeroporto. — Ai tem trezentas libras esterlinas.

Depois que falei que sou mãe de Ed, e o que estava fazendo ali, um compartilhou a vida familiar com o outro, e descobri que ele é taxista há um ano, pois sua esposa sofre de leucemia, e o filho mais novo completou 17 anos no mês passado, e quer fazer faculdade em Oxford, foi aprovado, porém ele não poderia pagar como um caminhoneiro, então dirige caminhões pela manhã, e pela noite, táxi. Peguei o número do telefone dele, no cartão de visita, e já mandei um SMS para Rue fazer algo para ele.

— Mas a viagem só custou vinte libras, senhorita — disse, corando, um pouco sem acreditar, e menos ainda quando puxei uma nota de cinquenta dólares da carteira.

— Senhor, se você não aceitar, eu vou gastar com roupas da Gucci e Givenchy. Por favor, isso não me fará falta. Infelizmente é tudo o que tenho em mãos.

Fui sincera, parada na porta do Hotel de Peeta, ainda sem reparar muito bem no lugar, pois estava pagando o senhor. — Aceite. Seu filho precisa fazer faculdade e a sua esposa está quase curada, não é? Só falta mais uma cirurgia.

Os olhos azuis claros dele marejaram por completo.

— Meu Deus... Eu não posso aceitar, isso é seu — a voz estava um pouco trêmula, demonstrando que começaria a chorar a qualquer segundo.

— Não, senhor. Isso agora é seu. Boa sorte, senhor.

Sorri, com toda a minha felicidade por ver a verdade em seus olhos e de que aquele dinheiro seria para as contas de pelo menos quatro ou cinco meses, então trabalharia apenas para uma parte da mensalidade do filho, que ganha o suficiente para as despesas de casa e um quarto da universidade.

Me virei, apenas ouvindo-o gritar um muito obrigado, para que Deus me recompensasse.

Deus já me recompensava com o olhar de esperança que Robert me deu, e a tranquilidade que ele terá ao ver as contas e ter dinheiro para pagá-las.

Depois que o táxi sumiu do meu campo de vista, olhei melhor para a fachada do hotel, que realmente era aconchegante e suave. Não sei explicar, as palavras me faltam tamanha a paz que senti apenas ao olhar.

Eram quatro andares compridos, com sacada em todos os quartos na frente, mas pelo tamanho, acho que há sacada no outro lado, com janelas largas nas laterais.

O caminho até a entrada era tão magnífico quando o resto! Uma trilha de asfalto até a entrada, uma trilha larga para quem entrasse com largas malas, então, ao lado, grama gentilmente aparada, para não sujar os pés com lama, já que por aqui chove 300 dias no ano.

Algumas mesas e bancos ao redor foram postas, não muitas, mas dava para ver que serviam para apreciar a paisagem lá em baixo — o hotel se localizava em um parte mais alta de Cambridge, ideal para quem realmente quer relaxar, e aproveitar o melhor da cidade.

Quando Edward apareceu gritando e sorrindo com outros meninos.

— NÃO ESTÁ COMIGO! — gritou, de olhos fechados, em plena velocidade. Comecei a chorar antes que ele pudesse me ver.

— Nem inventa! Vou falar para o tio Peeta, ouv... — então o garoto ruivo risonho parou e olhou para mim, tomando a cabeça para o lado direito, estando a uns bons vinte metros de distância de mim. — Aquela não é a sua mãe, Teddy?

Edward estava correndo para se esconder, na direção oposta que eu estava, quando caiu no chão, virando-se para trás. Ele capotou, na verdade. Cair é muito fácil e simples.

— Ai meu Deus — então finalmente minhas pernas conseguiram sair do lugar e meus lábios destravaram. Por sorte eu estava com sapatilhas, e não salto alto, pois corri na direção do meu filho, sentindo a bolsa bater na minha cintura conforme eu corria, mas não que eu me importasse.

— Você está bem?! — perguntei, querendo chorar ainda mais forte. Ajoelhei-me ao lado dele, que estava deitado de barriga pra baixo, com o rosto escondido nas mãos. Mesmo nessa posição, eu podia notar o quanto havia crescido.

— Oh, Ed! Fala com a gente, rapaz! — O ruivinho disse, preocupado, ficando de pé ao meu lado.

— Peraí, peraí — ouvir a voz de Edward tanto tempo depois era como se me ligassem na tomada mais potente, e um milhão de fios elétricos me eletrocutassem. Até que tudo em mim parava, mas meus olhos e ouvidos estavam 101% preparados para escutar cada palavra e assistir toda e qualquer reação.

Ele se sentou, esfregando os olhos héteros de sempre, mas um pouco marejados. Eu estava bem a sua frente, segurando-me para não pular logo em cima dele e abraçá-lo até que lhe falte ar e em mim, as forças.

— Eu não acredito que seja a senhora — disse, perplexo. Geralmente nos filmes há um grande abraço, um monte de beijos, palavras de amor e perdão, mas ali estava eu, chorando em silêncio, mordendo os lábios, vendo o meu filho pessoalmente depois de um ano sem quaisquer contato ou notícias de que ele estava bem, com saúde ou feliz.

— Você pediu para eu vir te procurar e crescer, não foi? Eu li o seu e-mail e entrei no primeiro avião de volta, Edward — meu sotaque britânico voltava com tudo nessas horas, como se eu nunca tivesse saído daqui. Ah se eu nunca tivesse saído...

— Oh meu Deus — murmurou, então começou a chorar alto, estendendo os braços para mim, que nem pensei duas vezes antes de correr para me aproximar ainda mais e apertá-lo contra mim, chorando em seu ombro curto, já que é apenas uma criança.

Não consegui dizer nada, apenas chorar, deixando que ele ficasse bem junto ao meu corpo, como quando nasceu e eu não deixei que ninguém além de Peeta o pegasse nos braços, e pra alguém pegá-lo, precisava passar em minhas mãos primeiro, para dar um abraço apertado, como se fosse meu novo brinquedo de estimação.

— Eu fiz de novo, por favor, Edward, me perdoa — consegui falar, sentindo dor na minha alma e no corpo, pois o choro está idiotamente intenso.

— A senhora não precisa do meu perdão, mãe. Eu nunca senti ódio ou rancor de você — apenas fechei meus olhos, sabendo que o rapazinho ruivo tinha se afastado para nos dar privacidade, depois de tomar no meu ombro, como se me dissesse isso.

— Eu amo você demais, demais, você não tem noção, garoto — falei, nos afastando, pois eu estava começando a suar debaixo do meu sobretudo preto, assim como minha meia-calça. Segurei o rosto dele em minhas mãos, depois de tirar um pouco de seu cabelo castanho – que tinha clareado um pouco desde que o vi –, e olhei bem dentro dos olhos perfeitos e enigmáticos que possui.

— Esse um ano foi tão difícil sem você, que eu poderia gravar os filmes de maior duração da história, só dizendo o quanto senti sua falta, poderia escrever enciclopédias, mas nada ia conseguir o quanto senti vontade de entrar no avião e voltar para você.

— E por que não voltou? — perguntou, ainda chorando, fungando, abalado.

Vê-lo assim só me comprovava que eu sou a pior mãe do mundo.

— Porque eu queria que vocês me perdoassem antes — contei, passando as mãos no rosto, fungando também. — Eu não queria correr o risco de ser rejeitada de novo. Quis dar o máximo de espaço possível para vocês, Ed. Não me esqueci de que hoje é o seu aniversário, meu bem. Nunca. Mas não queria invadir o espaço de vocês.

— Meu pai sofreu muito — disse, baixando a cabeça. — A tia Clove foi embora no dia seguinte. Nunca o vi daquele jeito, mas sei que não foi por ela, foi pela senhora também. Fiquei com muita raiva... porém a partir de agosto, quando li que foi pessoalmente no tribunal para acompanhar o julgamento da Prim por expor sua privacidade, que envolvia a minha com o papai, toda minha raiva foi embora. A senhora nos defendeu tanto, que até passei uma semana acordado na expectativa de que fosse voltar.

Aquilo era como se ele me martelasse, e meu corpo fosse de cristal. Um trilhão de pedaços do meu corpo estava no chão, pisoteados por todas essas palavras que saiam dos lábios dele.

— Perdão, perdão, setenta vezes sete e quantas vezes mais você quiser que eu fale, por mais que isso não vá mudar que estive ausente todo esse tempo — pedi, dando mais um abraço nele, que foi muito bem retribuído. — Só não vim porque não sabia se tinham me desculpado, perdoado.

— A gente estava machucado, mamãe — respondeu, em um tom baixo, com o rosto na curva do meu pescoço. — Estávamos muito machucados, mas não com ódio ou rancor. Falo isso por mim e pelo papai. A senhora deveria ser a nossa enfermeira, e o seu amor, o curativo.

Beijei sua bochecha rosada e corretamente preenchida. Edward é lindo, não porque se assemelha a mim — que acho o Peeta bem mais bonito, se fosse mulher, homem ou qualquer outro —, mas sim porque há uma luz que transpassa seu olhar, rosto, corpo, e ao olhar para ele você sente paz. Não sou religiosa, no entanto sei que os Anjos estão glorificados. Porém, se fossem como nós, teriam o perfil de Ed.

Desde os olhos, que brilham, até os passos gentis.

— Ainda tenho tempo de cuidar de você? — perguntei, com a voz trêmula, assim como todo o meu corpo.

— Mas é claro que sim, mãe, sempre tem tempo enquanto a gente está vivo — e abriu um sorriso, lançando-se ao redor do meu pescoço, chorando um pouco mais, mas rindo. Fiquei da mesma maneira, como se fôssemos uma só alma, dividindo as mesmas emoções.

— Já falou com o papai que está aqui? — perguntou, quando nos afastamos. Passei a mão em sua blusa para tirar a sujeira.

— Ainda não... quer ir lá comigo? — Isso foi, na verdade, um pedido. Meu coração disparou mais uma vez no peito só de pensar em Peeta.

— Acha que eu perderia a união épica de vocês? Aceito ficar jogando videogame na sala no volume mais alto enquanto vocês ficam juntos no quarto!

Fiquei boquiaberta com sua afirmação, sem acreditar em suas palavras.

— Edward! Onde aprendeu uma coisa dessas?! Ele te falou essas coisas?! — perguntei, altamente sobressaltada e constrangida. — Eu vou brigar com ele!

O garoto achou graça.

— Claro que o papai não me conta essas coisas. Eu descubro sozinho. O papai apareceu uma vez com o cabelo bagunçado, e pediu para eu ficar à vontade na sala, deixando sempre a TV no máximo. Depois ouvi dizer que casais se fecham no quarto e dali surgem os bebês. Eu tenho 10 anos. Aprendi mês passado de onde as crianças surgem, ai agora eu pude usar esse aprendizado. Aliás, eu gostaria de ter um irmãozinho, ok? De preferência diferente de mim. Podem fazer isso?

Pelos seus olhos, eu podia enxergar que ele não sabia sobre o ato em si, apenas que os casais faziam filhos nos quartos, mas ainda sim, eu estava prestes a desmaiar ou vomitar de nervoso por ele desconfiar mais ou menos do que se tratava quando o assunto era fazer bebês.

Oh, Santo Deus, me ajuda.

— Ed, não fale sobre isso novamente. Por favor. E não é bem assim que as coisas são... Quando casar você vai entender... — falei, tendo os olhos dele presos em mim, prestando total atenção. — Nem falei com o seu pai ainda! E nada de irmãos!

— Ah... — suspirou, fazendo uma cara de tristeza. — Que droga. Mas não pense que eu me esqueci.

Sorri, levantando-me, puxando-o pela mão, beijando o alto de sua cabeça, depois, cobrindo seus ombros com meu braço.

— Aliás... — meti uma mão na minha bolsa transversal, mordendo o canto do meu lábio inferior com um sorriso. Quando senti o medalhão, sorri. — Feliz aniversário. Há dez anos atrás nascia a coisa mais linda do mundo, e eu sempre soube disso. Embora não tenha permitido a mim mesma que criássemos laços, então, eu ficando na Inglaterra, hoje eu estou, definitivamente, disposta a ficar todo o tempo do mundo ao seu lado. Parabéns, Ed.

Beijei o alto de sua cabeça mais uma vez, com mais facilidade do que no ano passado, pois ele realmente tinha crescido pelo menos três dedos, e o passei o pequeno presente que comprei no aeroporto.

— Não pude trazer algo maior pois foi tudo muito corrido, mas quero que ponha aí a foto mais importante que você tiver — pedi, vendo-o abrir a embalagem simples, em um tom esverdeado, empolgado. — Vou comprar algo melhor não se preocupe.

Estávamos bem próximos da entrada, e isso me deixava ainda mais nervosa, com meus dedos formigando, quase.

— Ah, eu tenho a foto perfeita — disse, levantando o rosto para mim, em um sorriso que mostrava todos os dentes. — Mas está em casa. Estamos nós três no aniversário da senhora de 16 anos. Mas acho que depois desta noite teremos uma nova queridinha, não?

Sorri torto, olhando para o meu filho. Nem sei como seria agora, mas eu estou ansiosa. Deixarei que ele e Peeta quem ditem as regras hoje e por um bom tempo. Estou cansada de viver as minhas próprias leis e magoar as pessoas ao meu redor, e eu estou no meio dessas pessoas.

As portas estavam abertas, que davam para a recepção, que era modesta, mas espaçosa, com grandes janelas, dando um ar arejado, e uma dessas paredes, a da lateral, era um espelho magnífico, ampliando o lugar. Era como a recepção de uma casa chique, mas no interior, que agradava a maioria, com sofás e cadeiras marrons, acolchoadas, com três mesas baixas com revista e ar-condicionado, dando um tom ambiente no quesito temperatura.

Não me incomodaria de morar aqui ou hospedar-me neste hotel todas as vezes que eu fosse vir até aqui.

Edward disse que me acompanharia, mas não, ele deixou que eu entrasse sozinha.

Aqui na recepção há umas sete pessoas conversando tranquilamente, sorrindo, comentando sobre algo que não me interessa, que é esporte.

Quando eu o vi.

Rindo, com um bebêzinho moreno de pele clara e olhos cinzas que ria, mas ria com vontade, batendo palmas, vestindo um vestido amarelo com azul, e ao lado dele estava Annie, com a barriga lisa, roupas frescas e respeitosas, com uma tiara de flores em seus fios longos e ruivos. Os olhos verdes dela me encontraram.

— O-o-o... — semicerrou os olhos, gaguejou, e quando algo sairia de seus lábios cobertos por um batom vinho, ela abriu um de seus sorrisos mais largos, deixando uma covinha discreta aparecer no canto esquerdo de sua bochecha. Mesmo depois de ter sua bebê, esbanjava alegria e beleza interior e exterior por onde quer que fosse.

Consegui dar mais alguns passos, lentos, com meus dedos se embolando, minha respiração falhando, meus batimentos cardíacos desesperados, pernas moles. Ele não tinha me visto ainda, mas eu sim.

Com roupas leves e informais, indicava que ali não era o lugar que trabalhava. Um rapaz logo chegou, uniformizado, mas não parecia um soldadinho engomado. Até nisso ele pensou bem para as pessoas ficarem mais à vontade.

— Peeta, olhe ali — Annie falou baixo, e eu não escutei, foi porque fiz leitura labial. Ela rodou um pouco a cadeira onde estava, com Linda no colo, e ficou de frente para a parede com espelho, ainda rindo da criança em seu colo, que continuava a se divertir em seus braços. Parei exatamente na frente do balcão, e olhei em seus olhos através do espelho e ele olhou nos meus olhos pelo espelho também, fazendo seu riso diminuir gradativamente.

— Acho que eu tenho que trabalhar! — Annie falou, pegando sua filha. — Doroty, Thomas, e primos de Peeta, acho que vocês precisam ir para seus quartos!

E sinalizou pouco discreta para mim, que tinha as mãos no balcão, tímida, mordendo os lábios. Eu os conheci em um natal que com muito sufoco meus pais deixaram que eu passasse com Peeta. Eram os primos dele, que desde sempre foram muito receptivos comigo, mas Doroty, a mais velha, que sempre mantinha uma relação agradável comigo no passado, lançou-me um olhar feio.

— É, acho que está na nossa hora! — O mais novo exclamou, sorrindo para a gente. Acho que o nome dele é Blake.

Os primos subiram, sem segurar a risada, comentando, olhando para a gente, enquanto subiam as escadas.

— Hm... Então. O que veio fazer aqui? — Peeta perguntou, totalmente corado, piscando algumas vezes.

— Eu não deveria trabalhar? — O rapaz uniformizado perguntou, confuso.

— Kevin! Vem aqui agora! — Annie exclamou, em um balcão um pouco afastado do qual Peeta e eu estamos agora. — Vem!

— Eu devo obedecê-la, senhor Mellark? — Kevin, analisando sua aparência, não parecia ter mais que vinte anos.

— Ela é a subgerente disso daqui, acho que sim. Annie quem faz os pagamentos — Peeta respondeu, sem desviar o olhar do meu. Eu não sei se era uma provocação ou tentativa falha de tentar descobrir o que eu fazia ali.

— Viu?! — Annie exclamou, e ele se retirou, indo até onde ela estava. — Preciso que entregue ela ao Cato. Diga-o que eu não sou obrigada a trocar as fraldas durante o dia inteiro, e mais tarde tem a festa do Edinho.

Em um piscar de olhos, quase, só tinha eu e Peeta na grande recepção, com Annie em sua mesa, ou gravando o momento ou admirando nós dois. Possa ser que está fazendo os dois  ao mesmo.

— Eu vim me hospedar — falei, sincera. Minha voz por pouco, muito pouco mesmo, não sai trêmula e quase vomito meu coração. Como estou nervosa!

— E por quanto tempo? — perguntou, sem fazer quaisquer anotações no caderno ou computador, que estava ligado.

— Bom, eu não sei ainda. Depende de quanto tempo vocês permitem a permanência de hóspedes.

Ele sorriu minimamente, com os olhos cheios d'água, agora, e sinto que os meus não estavam nada diferentes.

— Alguma bagagem? — Era incrível no quanto ele conseguia ficar mais encantador com o passar do tempo. Seus cabelos estavam mais curtos, mas ainda sim poderia passar um creme ou gel que arrumaria, e em um penteado do mais despojado ao mais elegante. Usava o meio termo entre os extremos.

— Deixei tudo para trás, no meu passado. E uma extraviou — assentiu, agora abaixou rapidamente a cabeça, passando as mãos nos olhos. Não durou mais de cinco segundos, mas eu sabia que ele tirou as lágrimas dos olhos. Quando me olhou novamente, uma lágrima solitária escorreu do meu rosto, cuja rapidamente limpei seu vestígio em meu rosto.

— Um quarto para quantas pessoas? — Eu sorri, dando de ombros. O choro estava na minha garganta, e subia a cada milésimo, mas não me deixarei ser controlada por lágrimas.

— Uma, apenas. Totalmente solteira. Tem algum quarto para mim? Estou disposta a pagar qualquer preço.

As perguntas dele eram com duplo sentido, assim como minhas respostas. Quando ouvimos o som de uma risadinha, quebrando nosso olhar, olhando para a porta, onde Edward, seu amigo, Cato — que tinha Linda em um "macaco", para deixar seus braços livres, mas sua pequena também nos espiava—, e tia Effie — essa tinha os olhos cheios d'água, com o mais cintilante sorriso — espionavam com sorriso a gente, um em cima no outro, com os fios tombando para o lado direito. Ao notarem que foram pegos no flagra, deram um pulo para detrás da porta, rindo, levemente envergonhados. Annie riu, mas de bruços, com um lencinho encostado pouco abaixo do olho direito, emocionada. Sorri, assim como Peeta, sem me incomodar com nada.

— Quer um quarto com vista para a praia ou para as montanhas? — Voltou a me perguntar, com um sorriso mais claro, sendo o mesmo torto, que o deixava ainda mais angelical e antidiscussões, porque não se pode brigar com alguém que sorri torto e gera uma covinha, não mesmo.

— Qual a sugestão do dono? — riu, um pouco emocionado, e eu o imitei. Culpa do nervosismo.

— Por acaso eu sou o dono, e lhe sugiro a vista para a praia. É uma linda vista.

— Então será com esse quarto do qual ficarei, está bem? — assentiu.

— Annie, você pode levar a hóspede para o quarto que escolheu? O da parte oeste. Ela quer vista para o mar — e virou-se para a melhor amiga, que chorava, comendo de um pote de biscoitos amanteigados de criança, observando a cena com um braço sobre o balcão.

— Sinto muito, mas estou muito ocupada, faça alguma coisa você.

— Ok — ele assentiu, um pouco atônico, buscando um cartão em uma espécie de mural, passou em uma máquina, digitando quatro números, e me passou o objeto. Era a chave do quarto. — por aqui, senhorita...

Fechou um dos olhos, sorrindo, como se tentasse me identificar.

— Carter. Ou Everdeen. Como preferir — respondi, sorrindo, acompanhando-o ao subir as escadas. Eu do lado esquerdo e ele do lado direito, em passos sem ser apressados e nem lentos. Passos tranquilos.

— Sabe, eu tive um sonho enquanto vinha pra cá... — Comentei, olhando para minhas mãos, e em um braço tinha dobrado meu sobretudo. — Um sonho estranho, como os que eu tinha durante a gravidez.

— Era uma flecha cortando o ar? — perguntou, sorrindo torto, tamborilando os dedos no corrimão. — Ou um tabuleiro de jogo de xadrez?

Abri um sorriso, resistindo às lágrimas que insistiam querer cair.

Um fato curioso sobre minha gravidez foi o surgimento de sonhos estranhos, onde eu sempre era um objeto inanimado. Peeta achava fascinante me ouvir falar deles, e eu me sentia importante contando-o, pois o mesmo sempre deitava sua cabeça na minha barriga, fazendo carinho na minha cintura, coxa e lateral da barriga, conversando em um tom baixinho para apenas o bebê escutar.

— Não, dessa vez não. Foi o meu primeiro sonho em anos. Era eu, você e Edward, apenas. Nós três, no presente, em uma realidade da qual eu não ia embora nunca mais.

Falei, suspirando, fechando meus olhos, quando paramos na frente do "meu" quarto, que era o último em um corredor perfeitamente aconhegante, como se fosse o corredor dos quartos da nossa casa, com quadros em preto e branco de lugares bonitos, com lâmpadas brancas, mas com uma parede marrom e outra em um azul mais fechado, com uma mesa redonda e pernas de metal finas e onduladas com quatro cadeiras ao redor. Me deu vontade de fazer nós dois nos sentarmos ali e conversar.

Peeta ficou em silêncio, apenas abriu a porta do quarto, a última porta das cinco que tinham, e eu fiquei ainda mais admirada. O Sol se põe bem tarde aqui, por voltas das 21:15, 21:10 da noite, e como são oito e meia, o Sol está uma hora antes do pôr-do-sol, ou seja, não queimava mais, porém não se punha, e se tem um momento do dia que eu não suporto é ver o sol se por. E iluminava todo o quarto através da sacada larga e esplêndida de tal forma que não sei explicar.

Com uma cama de casal, cabeceira acolchoada, tudo em tons de bege.

Tudo o que eu queria era que Peeta me deixasse naquela cama e viesse com seus beijos que sempre são revigorantes e me fazem me sentir a coisa mais linda e graciosa do mundo. Tudo o que eu queria era que nós dois fôssemos um só e cuidássemos de Edward juntos durante o tempo que nos fosse permitido.

— Ed me mandou um e-mail... — continuei, quando ele se sentou na beira da cama, que eu sentia vontade de me deitar e dormir agora, mas meu corpo desejava ansiosamente terminar aquela conversa e ver no que vai dar. — Passei o último ano arrasada, Peeta. Não espero de você o remorso ou a pena. Fiz muitas coisas desse período, mas tudo para ver se me esquecia de vocês dois.

— Acho que deu certo, não é? — falou, com um sorriso torto meio triste. — Sabe o quanto eu sofri no natal e ano novo por causa dele?

Peeta estava um pouco magoado, Edward quem não notou, é apenas uma criança. Só sei disso porque Peeta e eu temos personalidades semelhantes, ambas altamente irônicas e explosivas, mas ele sempre foi mais contido do que eu para tudo, e sorria para demonstrar ainda mais a sua raiva.

— Não, infelizmente não deu. Passei a véspera de natal no hospital, pois quase tive uma overdose, seu idiota. Eu realmente estou querendo que você me entenda.

E aqui estava o meu lado verdadeiro, totalmente ignorante.

— Quantas vezes você precisará ouvir que eu não quero ficar longe de vocês?! — perguntei, elevando o som da minha voz. — Mas que saco! Eu só quero voltar para casa, e vocês são a minha casa!

Ele ficou em silêncio, olhando bem dentro dos meus olhos, piscando duas vezes, somente.

— Já acabou, Katniss?

Bufei, querendo chorar, e quebrei o nosso contato visual, olhando para os meus braços que acabaram de se cruzar. Um pé meu batia constantemente no chão, e meus olhos marejados intensamente.

— O que você quer? — perguntei, voltando a unir nossos olhares, e agora eu comecei a chorar. Sentia minhas bochechas vermelhas, e as minhas sobrancelhas franziram um pouco. — O que você quer que eu diga, Peeta, para acreditar que esse foi o pior ano da minha vida? Que eu não sei viver e ficar realmente feliz sabendo que vocês estão aqui, precisando de mim, como uma amiga, mãe, ou seja lá o que for?

Mordeu os lábios, esfregou um pouco os olhos, mas não adiantava, pois ele também estava chorando.

— Quem te disse que eu ou Edward queremos ouvir alguma palavra sua? A minha vida e do Teddy não está escrita em um roteiro que você lê, ai depois entra em cena na sua fala. Nós dois somos muito mais que isso, assim como as nossas vidas — disse, chorando, mas mantinha com todo o esforço a voz normal. Seu sotaque era mais forte do que nunca desse jeito.

— Katniss, a gente quer de você mais atitudes e menos palavras... — era como se estivesse golpeado e todas as suas forças tivessem sido abdusidas. Eu estava da mesma forma.

— Mas eu tenho atitudes... vocês quem me puseram para fora de casa, lembra? — perguntei, dando um passo para trás, sem entender muito bem como chegamos a esse ponto, de chorarmos. Tudo parecia estar indo muito bem. Mas sempre é assim, as coisas aparentam estar boas e favoráveis, mas quando você vê, aquilo era só o comecinho. A paz precede o fim da guerra, mas o início dela também.

— Esse é o seu problema! — exclamou, ficando irritado agora, pondo-se de pé. — Ficar se fazendo de idiota! Ficar me colocando como o vilão da história, quando você sabe que não sou! A Clove me deixou por sua causa, você sabia?! Me traiu com o coleguinha do trabalho dela porque pensou que EU estava traindo ela, quando estava te consolando!

— Eu fiz o que achei certo, tá legal?! — devolvi a ira, batendo um pé no chão com força, largando os braços ao lado do corpo, sentindo meu rosto esquentar, preparada para gritar também. — Eu nunca fui uma boa mãe, talvez uma boa namorada, mas eu nunca fui boa o suficiente para vocês! Isso machuca demais, sabia?! Eu não sei de nada sobre a maternidade, ou sobre o matrimônio, eu falhei em tudo isso, e só preciso que vocês me ajudem, caramba! — Quase berrei um palavrão no final. — E você é um grande idiota que não me entende! Nem sei se ao menos tenta!

— Você não sabe absolutamente nada nem sobre mim então, porque a única maldita coisa que eu consegui pensar nós últimos dez anos o que diabos se passa pela sua mente para fazer o que fez com a gente! Você não cometeu abandono uma vez, foram duas!

Ele estava ficando com as bochechas cada vez mais vermelhas. Daqui eu podia sentir o calor dos nossos corpos.

— Me perdoe, Peeta... — quebrantei-me, mais uma vez, dando três passos na direção dele, estando agora a menos de um palmo de distância. — Por favor. Eu preciso saber se você me perdoa. Por mais que entre eu e Edward a coisas estejam bem agora, eu preciso estar de bem com você! — exclamei, em lágrimas.

Ele se virou, indo para a outra ponta da cama, sentando-se.

— Vai ficar aqui quanto tempo? — perguntou, contendo-se ao máximo.

— Não sei. Acho que até a quinta-feira, porque tenho que ir no casamento da Madge e Gale... — falei, em um tom baixo. Nós sempre brigamos assim, um momento aos gritos, outro mais baixo. — Você me pediu para eu não me tornar uma estranha, e assim eu o fiz, mas tudo o que eu fazia para conseguir falar com você, era em vão. Tentei seriamente por três meses, aí depois que vi você com Edward em Londres com seus pais, sem Clove, entendi um pouco do que aconteceu. Aliás... eu sinto muito por vocês dois.

Não, eu não sentia, claro que não, nunca sentiria, ainda mais da Clove,  mas não é legal começar uma guerra por causa disso. E ele realmente gostava dela, assim como Edward.

— Eu sei que você não sente, não tente mentir para mim, você sabe que eu sou o único que descobre se você está mentindo ou não, Katniss — era verdade, e por essa razão, minhas bochechas ficaram vermelhas de vergonha. — E eu sei que você tentou. Apenas não sabia que por tanto tempo. Ouvi todas as suas ligações, as suas mensagens de voz, li até uma parte dos e-mails. Parei de ler e ouvir porque quando me dei conta, eu estava verificando meu número do passaporte e vendo se tinha roupas mais quentes para ir para a Califórnia no verão. Me desculpe. Mas eu fiquei esse último ano me culpando por ter deixando a Clove e você terem ido embora tão facilmente. Sempre vou achar que a culpa foi toda minha em todas as circunstâncias, e se o meu filho virar um delinquente porque não teve uma mãe, também vou me culpar, porque eu deveria ter convencido você de ficar e ter comprado logo um anel de noivado para te dar no seu aniversário de 16 anos se soubesse que o próximo nem eu saberia quando ia ser.

Fiquei em silêncio, olhando para minhas mãos entrelaçadas entre meus joelhos, refletindo, pois eu estava em uma poltrona confortável de frente pra onde ele estava sentado agora na cama.

— Depois de malditos dez anos que você me diz que ia me pedir em casamento? Qual é o seu problema, Christopher? — Não aguentei. Estou tão irritada, mas ao mesmo tempo tão ansiosa, que essa união de coisas dentro de mim ocasionam em ironia e um alto índice de deboche, assim como nele, que riu pelo nariz.

— Por aí. Mas isso não faria você ficar, faria? — Nós já havíamos conversado sobre o assunto quando Edward ficou hospitalizado no ano passado e quase morreu, mas eu não sabia que era essa a intenção dele, de pedir-me em casamento.

— Não... — admiti, suspirando. — Eu estava bem decidida na época. Sinto muito por isso também, aliás. Mas por favor... — Ousei a tocar em seu joelho, inclinando-me para a frente, com os olhos suplicantes de tanta sinceridade. — Vamos nos esquecer dessas coisas... Eu só preciso que você acredite em mim quando digo que sou uma outra pessoa, Peeta. Eu preciso de você, eu preciso do Edward, e todos nós ajudamos um ao outro assim. O que eu preciso fazer para você acreditar em mim agora?

Ele me olhava, suspirou, abaixou os olhos, e parecíamos ter dezesseis anos outra vez, cheios de problemas.

— Simplesmente ficando com a gente. Você faz promessas e as quebra na mesma semana. Como espera que fiquemos com você todo o tempo se mudando, viajando, indo à festas... Katniss, a gente não precisa do seu dinheiro. Edward precisa de você.

Antigamente eu escutava um "eu preciso de você", depois que mencionava que Ed precisa de mim, mas anos se passaram, e o amor entre nós foi corroído pelas chuvas ácidas e a velhice que o tempo traz. Quis chorar, olhando em seus olhos tão azuis, e dizer meus sentimentos por ele, mas ou era Edward ou era Edward.

— Assim que eu puder, quando terminar as gravações do novo filme, eu virei para Cambridge, eu juro — falei, firme, mas me segurava com todas as forças uma tempestade de lágrimas intensas tristezas por, embora sair vencendo de um lado, que foi alcançar o perdão dos dois, eu não tinha Peeta da forma que queria. Posso conhecer todos os homens do mundo, mas nenhum nunca será ele. Nunca. Ele é o pai do meu filho, foi e ainda é o meu amor imaculado infantil, meu primeiro tudo. Mas a vida é assim.

Não é como a gente espera, nunca é como planejamos, seja do desejo mais simples ao mais complicado. Só que alguns tem sorte de serem surpreendidos por coisas boas e maiores.

— Se você não fizer isso, eu juro que vou para o Alasca com o Teddy, e você nunca mais vai saber de nada sobre nós dois, e nem meus pais e Annie vão saber. Vamos simplesmente sumir se não cumprir o que está dizendo! — Seu tom era meio sério, mas eu não aguentei e comecei a rir, feliz por ao menos saber que agora sim ele tinha me perdoado.

Joguei-me em seus braços, quase sentando no seu colo, mas sem segundas intenções como quando entramos no quarto mais cedo, e sim porque foi um ato espontâneo. Às vezes não conseguimos alcançar o amor da pessoa, mas se alcançamos o perdão, ah... é tão bom quanto.

— Dia 15 de junho terminam as gravações. Dia 17 eu já estarei vindo — avisei, afastando-me para olhar em seus olhos, podendo notar que ele chorava. Eu estava sentada ao lado dele, mas com as penas esticadas na direção oposta a dele. — Vocês pode ir comigo, depois justifico as faltas do Edward na escola, e você para você mesmo!

A gente estava bem próximo, porém não sei o quão próximos ainda podíamos ficar perto um do outro. Meu coração era audível aos meus ouvidos de tão forte que ele batia.

— Não sei... espera passar a festa dele — pediu, desviando nossos olhares, mas eu via que ele estava um pouco inquieto.

— Tudo bem, eu posso esperar. Tem lugar para todo mundo no Canadá, e Madge ficaria feliz se vocês fossem ao casamento. Ela tem uma queda pelo Ed, acho que todo mundo já sabe.

Ele riu um pouco, mas senti que se afastou um pouco de mim na cama.

— Eu preciso descer — avisou, se levantando, enquanto eu ia para o meio da cama, sentando-me com as pernas cruzadas, como uma índia. — Espero que goste do quarto.

Sorri, vendo o sorriso tímido no rosto dele também.

— Passarei boa parte da minha vida por aqui agora, então também espero que eu goste — assentiu, e eu sorri mais. — Mas gostaria de te adiantar... — ele estava quase fechando a porta quando eu completei, fazendo-o abrir um pouco mais a porta. — Que tudo ficou perfeito.

— Obrigado, sempre tive bom gosto, você sabe — ri, assentindo. — Até logo.

E fechou a porta.

O sorriso no meu rosto morreu, joguei-me para o lado da cama, afundando o rosto no travesseiro, ficando de barriga para baixo, mas minhas canelas levantadas, porque eu queria que nós dois avançássemos mais de uma vez, se casasse e ficasse nessa cama por uns três anos que eu realmente não me importaria, na verdade, é o que eu mais quero, intercalando em momentos totalmente inesquecíveis correndo e brincando e estudando com Edward, recuperando todo o tempo perdido, mas eu não posso controlar nem os meus batimentos cardíacos, como poderia controlar Peeta? Como poderia puxar o tempo para trás e acompanhá-lo.

Mas ainda sim eu consegui sorrir no meio do choro por ao menos saber que não iremos brigar, e que ele me perdoou, e independentemente do que aconteça, nunca mais sairei do lado deles. Não que eu realmente tenha conseguido um dia, mas agora era no sentido mais literal da coisa. Se eu pudesse definir o dia, causa e como eu morreria, escolheria morrer velha, bem velha, escutando Peeta e Edward dizerem qualquer coisa, e então, que todo o ar saia dos meus pulmões e todos meus batimentos cardíacos sejam interrompidos.

O problema é a minha dificuldade de aceitar que as coisas levam tempo para acontecer.

— Ah, eu já ia me esquecendo! — Peeta abriu a porta num baque assim que concluí meu pensamento, me dando um susto, quase caí da cama, olhando para ele como quem diz "qual é o seu problema?!", fazendo-o morder o lábio inferior, meio sem graça. — Desculpe... É que hoje é aniversário do Edward, e nós vamos cantar parabéns lá em casa. Você vai, certo?

— Não acredito que me perguntou uma coisa dessas, Peeta — revirei os olhos, bufando. — Claro que eu vou, ou do que seria minhas palavras?

— Hm... — pareceu pensar, com uma mão no batente e outra na maçaneta. — Nada?

— Isso ai, Einstein. Que horas vai ser?

— Agora, deixa pra se recuperar da viagem depois, você vai com a Annie que eu vou com o Cato, mamãe e o Ed.

Revirei os olhos, pondo-me de pé. Cansada sim, mas minha vontade de recuperar o tempo que perdemos é muito maior.

^*^

— Meu Deus, Annie, pega essa criança — pedi, um pouco tensa. Linda está me encarando com um sorriso esquisito, sem dentes, no meu colo. Minhas mãos a seguram a certa distância. Eu não gosto de bebês depois que tenho que ficar com ele por mais de uma hora.

— O que? Katniss! Ela gosta de você! — A ruiva exclamou, com um sorriso encantador, depois de arrumar a gola de sua blusa de frio. — Ela está sorrindo!

— Ela sorri pra todo mundo, querida — tia Effie disse, sentando-se ao meu lado, livrando-me da obrigação de segurar esse serumaninho que gosta de gritar e dançar. Eu não gosto.

Todos na família me olharam de forma diferente, aborrecidos, com exceção de Annie, que está sempre de bom humor e provavelmente é um pouco gay por mim, como a mesma disse, na frente de todo mundo hoje, mas quando falei que estarei de mudança para a Inglaterra, todos suspiraram aliviados, como se estivessem prendendo o ar, e agiram normalmente, mas eu sabia que ainda estavam todos receosos com a minha presença. Até eu estava.

— Mas é diferente! Olhe! — Linda me encarava, como se soubesse de todos os pecados, porém sorria, encarando-me com seus olhos cinzas azulados, e pra mim, ficariam na tonalidade dos de Peeta, que também eram assim, de acordo com fotografias dele mais novo, nessa idade também. Ela é simplesmente uma das crianças mais lindas que eu já vi na minha vida, assemelhando-se muito com Annie, mas tinha as expressões e o tipo de cabelo de Cato, mas os fios do cabelo eram cor de mel, no contraste exato para o ruivo de Annie e o loiro dele.

Babababababa! — A pequena gritou, se mexendo toda nos braços da avó, que riu, assim como todos que olhavam para a gente, enquanto eu estava com uma expressão totalmente oposta.

— Katniss! — Peeta chamou da cozinha, e eu imediatamente me levantei, fazendo todo mundo rir. Eu não gosto muito de bebês, e todos me recordam que eu abandonei o meu. Linda completará um ano em dois meses, e eu nem sei com quantos meses Ed começou a comer coisas sólidas... na verdade, o que me faz não gostar de bebês é porque eu não acompanhei o meu.

— O que houve? — perguntei, esfregando as mãos de frio. Por sorte Cato é vizinho dele, praticamente, e depois de contar o que aconteceu com as minhas malas, Annie prontamente me emprestou algumas, mas hoje é um dia incomum na primavera inglesa.

— Me ajuda aqui. Leva essas coisas para a mesa, por favor e chama ele? Já são quase onze da noite e ele está igual um macaco nas árvores com o John e a Samantha.

Ri, assentindo, pegando uma bandeja com docinhos e outra com os salgadinhos, levando para a sala, chamando o pessoal, sentindo os olhares totalmente sobre mim, embora disfarçassem. É o preço que se paga por ser idiota como eu, e deixar o próprio filho duas vezes.

Fico refletindo se um dia eu vou me acostumar e aceitar a culpa de que perdi um dos melhores momentos da vida de Edward.

A nova casa de Peeta era menor, mas eu gostava ainda mais assim, com dois quartos, um banheiro, mas um jardim enorme na frente, com uma árvore grande e com uma casa entre os galhos. John e Samantha são os melhores amigos de Ed, pelo o que entendi, John é o ruivo que conheci mais cedo, e Samantha é uma menina da idade deles, e se conhecem desde sempre, loira com os olhos cor de âmbar, com a aparência de porcelana. Eu tive medo de dar um abraço nela quando a mesma já veio pra me abraçar, dizendo "nossa, a senhora é tão nova quanto o tio Peeta! Parece a irmã mais velha do Edward!".

Sei lá, mas logo me identifiquei com ela e a adorei, ainda mais por dizer que pareço irmã dele e não a mãe.

Crianças! — chamei, batendo palmas. — Vem! Hora do bolo!

E como a maioria das crionças, desceram gritando, pulando, correndo para dentro de casa. De início eu me assustei, dando um pulo para trás, pois eles pareciam que tinham acabado de sair do fim do mundo e estavam sem comer. Peeta ria de braços cruzados me observando da janela da cozinha ao lado de Annie, que também ria, apontando, me chamando de trouxa.

Revirei os olhos, mas sorri, enfiando as mãos dentro do sobretudo, entrando em casa mais uma vez, onde Ed cercou minha cintura com seus braços, pondo a cabeça na minha barriga. Ele estava ofegante e com a testa suada, mas devolvi o abraço, abaixando-me um pouco.

— O que foi? — perguntei, calma. Ele tinha esse poder agora sobre mim, de conseguir me acalmar.

— Nada, só quero que venha ficar ao meu lado no parabéns. Só o papai ficou comigo todos esses anos, nem a tia Clove ocupava, pois esse lugar sempre foi seu, mãe — senti meus olhos lacrimejarem.

— Tudo bem, vamos lá.

Claro que eu estava com vergonha dos amigos mais chegados de Peeta e os primos dele, que comentavam sobre mim, mas eu não me importei muito com isso quando Peeta apareceu com um bolo e duas velas, uma de um e outra de zero na cor branca acesas em cima de um bolo todo de brigadeiro, fazendo Ed corar, porque todos começamos a cantar parabéns, e ele ficou muito envergonhado mesmo, escondendo-se atrás de mim e Peeta quase, quando entendi o que ele queria fazer.

— Se você não parar com isso agora, depois a gente conversa — Peeta disse, semicerrando os olhos, e foi como um choque, e Ed começou a cantar junto, me fazendo olhar para Peeta rindo, que piscou como "sei o que estou fazendo", e eu realmente soube que as coisas realmente dariam certo, se eu me esforçasse ao máximo. Quando a gente se esforça, até chegarmos à Lua nós podemos, basta acreditar.

~.~

— Madge, eu ganhei o primeiro pedaço, você não faz ideia do quanto eu fiquei feliz. Nunca participei de uma coisa assim, e quando ele me deu o primeiro pedaço, depois de olhar para o Peeta... — contei para Madge, tendo chegado na noite anterior depois de uma choração no aeroporto entre eu e Edward, que não queríamos nos separar, mas ele tem que estudar e eu vir para o casamento de Madge, mas já conversei duas vezes com Peeta, mesmo que somente o indispensável, porém, mais de oito com Edward em conversas de mais de oito minutos.

Ele me pediu comidas italianas e que quer receber por sedex em até dois dias. Madge disse que vai mandar três pedaços de tudo o que o bufê tem, e é muita coisa.

— Ed tem que me visitar. Se eu tiver um filho, espero que seja como ele! — ela exclamou, dando um último retoque no batom, pois em menos de dez minutos teríamos que descer para dar início à cerimônia. — Pode colocar isso em mim, por favor?

— Claro... — peguei a pequena tiara e comecei a encaixar com muito cuidado para não atrapalhar seus lindos cabelos, contidos em uma trança embutida diferente, com flores no meio pois a cerimônia seria realizada por um juiz de paz no jardim, já que o pastor infelizmente não pode vir. — Você vai ter um filho horrível. Eu não mereço Ed, e você não vai merecer o filho que vai ter.

Brinquei, mas todo mundo sabe a ponta de verdade que isso tem, mas Madge riu, abraçando-me apertado, pois o vestido era longo, mas discreto, com um tecido que não se amassa muito facilmente, embora seja tremendamente belo, em um branco como a neve detalhado de azul, como se ela fosse um pedaço do Céu. Para mim, não poderia ter feito uma escolha melhor.

— Você merece o filho que tem agora, Katniss. Quantas vezes terei que te dizer isso? Você antes não era digna de misericórdia, mas hoje você a alcança, você antes não fazia por merecer para receber amor, mas hoje sim, deixando que Peeta e Ed venham cuidando sorrateiramente de cada pedacinho do seu coração.

Madge tinha um dom de me deixar encabulada, pois era uma das pessoas que mais me surpreenderam na vida. Fui completamente preconceituosa com ela, julgando-a por supostas imagens e textos sobre mim, quando foi tudo um mal entendido. Era sobre algo do meu passado que eu também tremendamente gostaria de mudar, mas a vida é assim. Temos que dar sempre o nosso melhor, amando sempre o máximo possível, porque a única coisa sobre o passado que temos acesso é a vontade de voltar, mas nunca podemos fazer isso.

— Filha, meu amor, Katniss, querida, vocês tem mais cinco minutos — o senhor Undersee disse, abrindo a porta do grande e arejado quarto do qual nos encontrávamos aqui em Ibiza, na Itália. — Está na hora das últimas palavras antes dela casar, as minhas estão para quando estivermos a um passo de entrarmos para a cerimônia. Aliás, espero que a maquiagem seja a prova d'água. Gale parece que nasceu para esse negócio e está quase infartando a sua espera. Sua mãe parece que vai morrer afogada em lágrimas, e eu acho que vou se continuar te vendo aqui por muito tempo. Tchau. Vocês tem cinco minutos.

Rimos, assentindo. Quando ele fechou a porta, voltei a arrumar o batom nos lábios de Madge, depois coloquei seus brincos, então comecei a falar.

— Madge, já está na hora de você descer, e olha, quero que você seja muito feliz ao lado do Gale, e que quando você for ter o seus filhos, pode ter a absoluta certeza de que eles virão no momento certo da sua vida, eles vão te amar, assim como o seu noivo, porque vocês são incríveis, sempre foram, e é claro que a partir de agora construirão uma família a essa altura — falei, olhando dentro dos olhos azuis claros dela, que estava realçados por um lápis de olhos marrom claro, já que os cílios já são compridos, e também tinha uma sombra rosada em tom de ouro. Era a noiva mais linda que eu já havia visto em toda a minha vida. — Eu sou muito grata por tudo o que você é na minha vida, tudo o que representa, tudo o que me traz e leva, sempre com os melhores e mais sábios conselhos, sabendo quando me fazer rir e me deixar chorar no seu ombro. É um discurso um pouco gay? Sim, talvez, mas saiba que eu não me acho merecedora de estar aqui dividindo com vocês dois um momento tão importante como esse. Tudo o que posso te desejar é tudo o que sempre me deseja, junto com muito mais sabedoria, saúde, paz, e que você alcance o clímax da sua vida ao lado dele, e se eu pudesse escolher alguém para ser meu referencial de vida, seja como mulher, noiva, amiga, e futura mãe, se for da vontade Deus, seria você.

Os olhos dela ficaram todos marejados, então ela me deu mais um abraço.

— E depois dessas palavras você realmente acha que o Peeta e você não irão ficar juntos? — perguntou-me, agora olhando nos meus olhos. — Eu poderia ter chamado a Lara, minha irmã, mas te chamei porque sei que toda a sua agressividade protege um coração incrível, Katniss. Agora vamos, temos o meu casamento para ir, e amanhã, quem sabe, o seu?

Piscou, com um sorriso, do qual devolvi, entrelaçando os nossos braços, pondo minha cabeça em seu ombro. Ela é a minha melhor amiga.

Caminhamos com os braços dados, e tiraram uma foto nossa, onde brincamos que éramos nós quem íamos nos casar, mas era uma completa brincadeira. Ela tem a fé cristã, e tudo mais, e respeita, mas não é militante dos movimentos. Até o pai dela riu da gente.

— Obrigada, Katniss — ela agradeceu, e eu apenas pisquei, indo rapidamente ocupar o meu lugar, olhando para Gale, que estava completamente apaixonante no terno branco, como se tivesse nascido apenas para aquele momento.

A cerimônia foi simplesmente linda, e eu os aplaudi de pé, com o meu maior e mais brilhante sorriso, sendo uma das primeiras a ir falar com eles depois que lhes lançaram pétalas de rosas brancas. Eles poderiam ser banhados no ouro que não seria suficiente para o que merecem, por toda a paciência e o amor latente que podemos enxergar nos olhos deles.

A festa se passou rápido demais para mim, que estava me divertindo, passando o celular para Madge, que pediu para falar com Ed, discutindo rapidamente com ele sobre não ter vindo comigo para parabeniza-la. Mas depois foram só risos.

Mãe! Poxa! Agora, eu vou arrumar uma confusão com o papai, tá me ouvindo?! — Edward exclamou; e eu ri, apenas. — Espero que não se esqueça dos meus doces, ou não te mostrarei a música nova!

— Nada disso, Ed! Você vai cantar ela todinha para eu ouvir! — exclamei também, com uma taça de vinho na mão, mas totalmente sóbria. — Quero ouvir a Give Me Love! Você disse que escreveu pensando em mim e no seu pai!

Exatamente. Ele disse para mim, antes de dormir, já que ele ficou no hotel apenas para dormir comigo, já que não tinha aonde eu ficar na casa do Peeta, exceto que na sala, dividi a cama no quarto do hotel com Ed, que me abraçou todas as noites e eu também. Estou ansiosa para ouví-lo tocar, e o mesmo me jurou que é a primeira música que não mostra para Peeta primeiro.

Sinto ainda mais vontade de assistir depois disso.

— Ed, eu preciso ir, vão jogar o buquê e a Mad disse que só jogará quando eu estiver lá... E ai as madrinhas já estão possessas por eu ser a madrinha principal — ele riu alto, e podia senti-lo sorrir do outro lado. — Beijos, já, já eu te ligo.

Não precisa, só antes que for dormir, e ah! Pegue o buquê! Isso pode trazer vibes positivas, mãe! Pega com fé! Tchau!

— Vou sim, Ed. Tchau... — e desliguei, com um sorriso torto. Sem muito ânimo, fui para onde as mulheres solteiras estavam, eram aproximadamente umas vinte se contasse comigo.

Madge contou até três, e todas pareciam levar bem a sério, honestamente. Era um pouco assustador. Dei sorte de que Amy Schumer não teve como vir, senão ela ia estar fazendo um verdadeiro escândalo.

Quando o buquê foi ao ar, apenas o acompanhei fazer uma parábola no ar, cortando por milésimos a luz do Sol, as mulheres pulando gritando... O buquê parou em minhas mãos, que ergui no finalzinho, para não acertar meu rosto, óbvio.

— Que legal! — exclamei, como se fosse a melhor coisa do mundo, o que não é verdade, porque não acredito nessas coisas, na verdade, eu sequer gosto de flores, mas era o momento de Madge, e ela queria todas aproveitando ao máximo. Eu estava, mas não era algo que me fazia querer lutar para, mas aquelas flores, as rosas rosas, me deram uma esperança, juntamente com o Sol das três aqui em Veneza, que era fresco. Estou feliz.

Tirei algumas fotos com as flores, depois de brincar com as outras dizendo que não é dessa vez, enquanto Madge me disse que é o destino preparando o melhor momento da minha vida.

Que Deus a ouça.

^*^

A festa terminou lá pelas dez da noite, mas às seis eu já ia para casa, com uma quantidade aceitável de álcool no sangue por conta do vinho, mas cumprimentei toda a família dela, agradecendo a todos pela forma da qual a educaram e ensinaram, relaxando-os mais uma vez contando no quanto Gale é uma das pessoas mais calmas e suaves que já conheci, e sem ser falso.

Meu presente de casamento, como madrinha, foi um mês na África do Sul, parando em hostel bons apenas para descansarem e partirem para a próxima cidade, pois Gale é roteirista, e assim como ela, bem diferente de mim, gostam de viajar juntos. Quero que essa viagem seja o mais inesquecível possível, por isso também os presenteei com um final de semana nas Ilhas Maldivas.

Não me custou muito, e foi de coração.

— Senhorita, sentimos muito, mas depois que souberam que chegariam hoje da Itália, muitos fãs e jornalistas estão a sua espera lá embaixo... Gostaríamos de pedir apenas que espere todos saírem para prezar sua privacidade — a aeromoça disse gentilmente, pondo um copo com água na minha frente, como eu havia pedindo, já que estávamos quase aportando no Aeroporto Internacional Pierre Elliot Trudeau em Montreal, Canadá, já enxergando uma movimentação lá em baixo. Impressionante. Não são nem onze da manhã!

— Tudo bem, muito obrigada — agradeci sincera, sorrindo. Estou tranquila hoje, depois de um fim de semana incrível, cheio de passeios, embora sem Madge, que logo partiu para sua Lua-de-Mel depois da festa — quem não iria direto depois de vinte e cinco anos se preservando? — e Ed conversou comigo pelo Skype antes de eu entrar no avião, assim como troquei mais algumas palavras com Peeta. Finalmente tudo entrava nos trilhos.

A aeromoça saiu, depois de sorrir, enquanto eu apenas afivelei meu cinto, suspirando, espreguiçando-me. Nem Rue me dando mil contratos para ler e assinar, nem jornalistas perguntando sobre minha vida amorosa, poderia estragar o meu dia.

O pouso foi tranquilo, mas eu ainda sinto aquele frio na barriga, com uma suave sensação de esperança. Talvez deva ser porque minha mala de mão está cheia de doces do casamento de Madge, e porque no buquê dizia "e quando il vostro grande giorno arriva, si sa, e con questo, nulla può portare qualche dolore", que do italiano significa mais ou menos "e quando o seu grande dia chegar, saberá, e com isso, nada pode te trazer alguma tristeza".

Esperei com paciência todos saírem do avião, mas quando saí, o Sol foi ofuscado pela quantidade de flashes, mas por sorte eu ainda estava com meus tampões no ouvido, dos quais tirei quando encontrei Tresh, logo abri um sorriso.

— Ah, ainda bem que você está aqui! — agradeci para meu segurança e motorista desde sempre.

— Esses policiais de aeroportos sabem lidar com terroristas, porém, não com fãs desesperadas, mas eu sim. Acho que mereço um aumento! — brincou, e eu ri, assentindo, anotando mentalmente de que Rue pode fazer algo para melhorar e resolver isso o quanto antes.

Quando chegamos na parte de dentro, e não tinha nenhuma mala despachada, apenas deixei ele com a minha mala de mão e bolsa, pois queria cumprimentar aos fãs que estavam ali desde cedo, respondendo bem pouco aos jornalistas ignorantes.

— Eu peguei o primeiro voo para Cambridge sim para ver meu filho, depois voei para a Itália para o casamento de Madge, e sim, peguei o buquê de flores. Não quero detalhar nada!

Falei irritada para onde se concentrava a maioria doa jornalistas e repórteres, como se a minha vida fosse a coisa mais interessante e importante do mundo! Eles podiam realmente me deixar de mal humor!

Por sorte Tresh me conhecia muito bem, logo pondo-me onde tinha os fãs, e logo sorri para eles. Com esses gritos eu não me incomodava, e os respondia com educação e boa vontade.

— Seu filho é muito lindo! Será que ele pensa em ser um ator com você? — uma menina de pele parda e de aparelho perguntou, com um sorriso enorme no rosto, aparentando estar emocionada. Como pode uma coisa dessas? Como podem amar quem nunca viram ou conhecem?

Sorri para ela, assinando em sua revista onde eu estava na capa.

— Eu acredito que não, mas acho que Ed vai seguir a profissão de cantor. Ele canta como ninguém.

Ela quase gritou por eu tê-la respondido, pois começou a pular, como se fosse uma bombinha. Comecei a rir, direcionando-me para um rapaz e uma menina que estava ao lado dele, ouvindo elogios sobre meus últimos filmes, e que mal podiam ver a hora de me assistirem novamente na telona dos cinemas e queriam ainda mais que Ed gravasse alguma coisa comigo. Isso me deu uma ótima ideia... seria divertido ter Edward comigo nos set de filmagens, honestamente.

— E boa sorte com o pai do seu filho, o Peeta! Vocês seriam ls novos Angelina Jolje e Brad Pitt, mas mais da vida real! — Uma menina gritou e eu fiquei sem reação, um pouco, mas ri, assentindo.

Pensei em responder, mas resolvi deixar quieto para ninguém distorcer.

Enquanto eu caminhava, tirava fotos com algumas pessoas, mas estou cansada de tabtas horas de viagem, sinceramente... Sinto falta da minha cama, do Romeu e do Bandike.

Oh, mamãe, e a sua foto comigo?! — essa voz ao longe fez com que eu parasse de autografar o pôster de Inverno da Alma na mesma hora.

Mamãe. É a primeira vez que Edward me chama assim, embora quando me chame de mãe me deixe em total êxtase. Mas espere... Edward? Estou no Canadá!

Ai meu Deus — murmurei, me virando no meio da multidão, procurando ele com meus olhos cinzas que eu sentia parecerem uma completa tempestade, e se pareceriam ainda mais dentro de poucos instantes. — Edward! — gritei, mas não o enxergava. — Edward!

Mamãe! — gritou também, e acho que procurava-me também. Comecei a empurrar as pessoas, olhando para o meio em busca dele, depois por cima, mas não encontrei nada. — MAMÃE!

Edward! — gritei mais alto, então notaram quem eu procurava, e facilitaram a minha passagem. Eu já estou começando a ficar nervosa e o ar começando a se tornar rarefeito, de nervosismo e preocupação para encontrá-lo logo.

Quando eu o vi, de costas para mim, na ponta dos pés, tentando espiar por cima de um banco. Reconheci-o pelas roupas, a jaqueta jeans era a mesma pela qual eu fui buscá-lo no aeroporto quando o mesmo chegou em Los Angeles.

Nem o chamei, já corri na sua direção, levantando-o por trás, ouvindo seu grito de susto. Ele logo se ajeitou e ficamos um de frente para o outro, onde suas pernas ainda curtas rodearam minha cintura e os seus braços, meu pescoço. Seus lábios depositaram um beijo na minha bochecha, um beijo bem gostoso e cheio de saudade.

— Oi, mamãe — disse, sorrindo, e eu nem podia acreditar que estava segurando-o em meu colo. — Gostou da minha surpresa?

— O que? Você planejou isso? — riu, negando, mas depois fez que sim. — Como conseguiu o visto para esse país, como está aqui sozinho em um aeroporto tão grande como esse, cheio de gente, está aqui faz muito tempo? E essas roupas, não está sentindo frio, como está o seu pai, aliás, ele está aqui ou um responsável e... — as palavras deslizaram rapidamente da minha boca, o choro quis vir, mas seu beijinho na minha testa resolveu minha agitação toda. Eu não estava conseguindo acreditar que ele realmente estava aqui comigo!

— A senhora faz sempre muitas perguntas... quando só queremos lhe dizer uma resposta — falou, quando o pus no chão, já que ele estava pesado e bem mais comprido desde quando eu o aninhava em meus braços. Mas ajoelhei-me na sua frente, onde um monte de flashes infelizmente pairavam sobre nós, mas ninguém se aproximava por causa de Tresh e a polícia federal. Para mim, era como se estivéssemos sozinhos no mundo, eu estava presa à ele pela eternidade, e realmente sabia entender o que todas as mães na sala de espera diziam sobre saber qualquer coisa dos filhos apenas pelo olhar.

— Na verdade, eu vim aqui para te entregar uma coisa de uma pessoa, uma pessoa que é muito minha amiga — disse sorrindo, esperto. Tirou a mochila das costas em um movimento rápido, logo tirando de lá um bilhete, passando para mim. — Vou ficar por aqui uma semana, no Canadá, mas acho que talvez possamos passar um tempo maior a partir disso — falou, e eu logo abri o bilhete, com meu corpo quente e o estômago gelado, totalmente ansiosa. Meu coração estava totalmente descompassado dentro do meu peito. Era como se eu fosse explodir, ainda mais quando vi aquela letra.

Eu ainda te flocos de neve... posso continuar fazendo parte do seu filme?

E um anel que cabia exatamente no meu anelar. Um anel de ouro branco e uma pérola em cima, exatamente como eu preferia.

Não consegui segurar as lágrimas, pois a emoção é inexplicável. Edward tocou no meu ombro, atraindo minha atenção para seus olhos héteros, então ele fez um sinal com a cabeça, sorrindo, pedindo para eu olhar para trás. Foi o que eu fiz.

E lá estava Peeta, com seu jeito de sempre, com uma mão no bolso do casaco cinza e a outra ao lado do corpo, com um sorriso torto, talvez tímido, talvez receoso, com o cabelo normal, sem estar bagunçado, mas também não era formal. Pensei que ia desmaiar depois de vomitar meu coração, porém eu não fiz isso.

Minhas pernas me surpreenderam, pondo-me de pé, olhando para ele. Sorri, ainda chorando, e ele abriu os braços, braços que não precisei pensar antes de me jogar neles, que me levantaram um pouco do chão e meus braços cercaram o seu pescoço, seu sorriso era largo, assim como o meu, e não recuei nada quando os seus lábios se encontraram com os meus, acendendo aquela chama que somente ele podia acender dentro de mim.

E ali, nesse beijo, tão intenso, tão cheio de saudade, tão cheio de lágrimas, tão cheio de amor, poderia ser o primeiro de muitos que daríamos juntos.

— Eu não podia imaginar, eu pensei que fôssemos dividir a guarda do Ed, e... — comecei a falar, mas ele me interrompeu com mais um beijo nos lábios.

— Só preciso saber se você diz sim, Katniss. Se a vida é um filme, que eu seja do elenco do seu filme — disse, olhando bem dentro dos meus olhos. Peeta desde sempre foi muito difícil de ficar emocionado, mas ali eu podia enxergar toda a sinceridade que havia em si. Eu sempre me perdia quando o encarava, pois um olho era o mar e o outro era a campina, onde eu jurava ser o Triângulo das Bermudas, pois uma vez ali, nunca mais fora.

Chorei mais, começando a rir, tamanha emoção. Eu sabia que Madge não sabia disso, não era possível, mas não é que ela estava realmente certa?

— Como eu poderia dizer não se todo mundo sabe que todos os meus pôr-do-Sol te pertencem, Peeta? — perguntei, em um sussurro, quase.

Ele me deu mais um de seus puxões, embora esse tenha sido mais leve, e me beijou mais uma vez. Realmente, aquele era apenas o primeiro beijo de muitos outros que daríamos juntos, pois Edward reclamava do quão nojento isso era. Finalmente, finalmente, eu tinha conseguido estar exatamente onde eu queria estar, com as pessoas que eu desejava passar o resto dos meus dias.

Não seria nem um pouco fácil, pois eu sou a gasolina, e Peeta, o fogo, mas Edward era a mangueira e sempre nos salvaria nos piores dias. Pedi apenas uma chance à vida de ser uma mãe melhor... mas tive a sorte de ter a chance de ser uma mãe, esposa, amiga e um ser humano muito, muito, muito melhor do que eu pude um dia imaginar...

E nesse momento, nem a gravidade poderia me colocar no chão. Era uma oportunidade bem maior do que mudar meu caráter e personalidade, e jeito de conviver com outras pessoas... Era a oportunidade de viver uma nova vida, ao lado de quem eu nunca deveria ter deixado.

Seja lá quem é responsável por tudo isso, mas olha, eu nunca mais vou deixar que essa oportunidade venha outra vez, porque eu seria o melhor que o mundo poderia fazer de mim, eu seria o melhor que eu poderia ser para mim, meu filho, e Peeta. Não permitiria a mim mesma cometer os mesmos erros e pecados novamente, não mesmo.


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Notas finais do capítulo

E Treinando a Mamãe foi isso, pessoal *sorriso torto, tímida, triste* Peço perdão mesmo por ter ficado um mês sem postar nada, mas eu estou a vinte e um dias para o intercâmbio, onde vou ficar um mês em um país que nunca fiquei e sozinha, no sentido de que nenhum conhecido vai, apenas Deus, e tipo, isso vai ficando a cada dia mais assustador, só o Pai, sem contar que as minhas férias começam apenas no dia 03/08, ou seja, as matérias estão vindo com tudo, e isso acaba me tirando força de vontade para sentar na frente do notebook ou do celular e escrever, sem contar que foi um capítulo muito difícil para mim de escrever, embora eu tenha estado com ele durante meses e meses na minha cabeça, ainda mais depois de ter assistido Simplesmente Acontece.
Li comentários maravilhosos, realmente animadores, e eu vos agradeço enormemente por cada um deles, de coração, e eu estou respondendo agora aos poucos, mas estou, e peço perdão por não ter me organizado ainda e não ter respondido todos! Eu amo tanto cada um, que nem me cabe em sentimentos, é porque realmente eu acabo pensando que respondi, mas não respondi nada, e isso é terrível!
Mas espero que tenham gostado do capítulo, onde me inspirei suave em Fazendo Meu Filme 4, da Paula Pimenta (que foi um impencilho para me fazer escrever, porque passei três dias na depressão pós-MVFS3), e eu não tinha planos para um final tão corrido, na minha cabeça tudo foi inúmeras vezes melhor, não sei o que aconteceu.
Isso é tudo, pessoal, quer dizer, quase tudo, pois ainda tem o próximo que postarei na segunda, se Deus quiser, e será infinitas vezes mais curto do que esse, que foi bem hard de ler, pois o começo é bem massacrante e cheio de informações, e tudo mais, mas foi com toda a minha sinceridade, amor e carinho, gente. Farei um textão especial no próximo, que vai ser definitivamente o último, então poderão ficarem à vontade e se livrarem de mim de uma vez por todas! *Rindo*
Beijão! *acenando, e embora eu devesse estar caminhando e deixando um rastro de glitter pela viagem que farei dia 30/07, não queria me despedir dessa fic, me deixando triste* Espero que eu tenha divertido vocês tanto quanto me diverti. O foco SEMPRE foi o Ed e a Katniss, e eu não poderia deixar a relação amorosa dela pelos ares, e tudo mais, e também reconheço que vocÊs gostariam de um pouco mais de coisa entre eles, mas foi isso, pessoal... Um forte abraço a todos, e um final de semana cheio de muita paz, alegria e diversão! ♥