Treinando a Mamãe escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 16
Deixe ir (Bônus)


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! *pulando na frente de vocês, com as mãos para o alto, sorrindo*
Eu queria ter postado ainda ontem, porém ocorreu um contratempo. Um caminhão (?????) bateu em um poste aqui na rua e cortou a internet. Passei o dia em espírito de oração, o que foi ótimo, mas fiquei me sentindo culpada por não ter cumprido com o horário.
Agora, desejo-os boa leitura, com a intenção de deixar todos os fãs de Peetniss eufóricos, enquanto eu esquento uma panela com água para tomar banho, porque o demônio do chuveiro queimou e eu quase, muito quase, tomei banho com água exclusiva do Alasca. Tô assustada até agora com isso, sério, com sensação de - 40°, mas vamos que vamos.
Gostaria de agradecer imensamente a todos que comentaram no capítulo anterior e me mandaram mensagens! ♥ Vocês são os melhores, espero que gostem! *sorrisão* Beijos!



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Pov Peeta

— O que está fazendo? — perguntei para Clove, depois que dei mais uma olhada em Edward, que só conseguiu dormir às 04 da manhã, depois de uma crise asmática séria, mas que conseguimos lidar sem muitos problemas. Estou com vertigens desde o meio-dia, devido a tantos acontecimentos consideravelmente desgastantes em um espaço de tempo tão curto.

Já são 13h da tarde, e eu nem consegui cochilar. Então, depois de arrumar a louça do café da manhã, de ter me despedido dos meus pais, Annie e Cato, percebi que Clove não estava por perto, o que comum, já que ela, pouco tempo depois que Ed dormiu, foi dormir também.

Vim para o quarto, na intenção de tentar descansar, encontrando-a fazendo suas malas.

— Clove... o que está fazendo? — aproximei-me bem pouco, receoso. Acho que vou ter outra rodada de lágrimas. Por favor, Deus, que ela esteja somente separando roupas para doar.

— Eu estou indo embora, Peeta — disse, se virando como uma garoa, chorando em silêncio. — Vou passar as férias com meus pais em Dublin. A gente precisa dar um tempo.

Meu Deus, mas o que está acontecendo.

— O que? Mas como assim? — Eu não queria acreditar em uma palavra que saía de sua boca. — Não entendi.

Em um piscar de seus olhos, mais lágrimas caíram, pesadas, marejando os meus olhos.

— Foi o que você não fez, não acha? — perguntou em um tom baixo, olhando nos meus olhos.

Cara, mulheres precisam ser mais diretas às vezes. Infelizmente não temos a total capacidade que elas tem de compreender as coisas com mais facilidade e rapidez do que nós, os homens.

— O que eu não fiz?! — perguntei de volta, a um palmo de explodir definitivamente em lágrimas e gritos. — E como você vai para a Irlanda de uma hora para a outra, e em um dia a gente dorme junto e no outro você pede o divórcio?!

Ficou em silêncio, voltando a ficar de costas, terminando de fechar a mala. Eu não sabia que reação tomar, pois a última vez que estive tão sobrecarregado emocionalmente assim foi quando eu, ela e Edward fomos em um parque em Cambridge, e contamos que nos casaríamos. Meu filho explodiu, começando a berrar, chorando, dizendo que ela nunca seria sua mãe, e em um piscar dos meus olhos, as coisas desandaram, ele se desvencilhou das minhas mãos e por um segundo a mais que eu não tivesse me movido, teria sido atropelado por um caminhão que dirigia em alta velocidade no natal. Ele ficou com pneumonia grave no dia seguinte, já que estava um pouco resfriado, fez greve de fome e disse que eu não era o pai dele também. Ele tem meu lado rebelde às vezes.

— Se você tivesse prestado um mínimo de atenção em mim e não na Katniss, teria percebido que eu falei com a minha mãe e o meu pai com certa frequência desde que pousamos em Boston, depois Los Angeles. Comprei duas passagens de ida e uma de volta, para eu e Edward, antes de te fazer deixá-lo com a Katniss. Mas aí as coisas mudaram, e você não sente nada por mim. Só que a idiota aqui só foi perceber quando aceitou que a sua ex viesse para a nossa casa. Claro, Clove, a melhor opção é colocar a mãe do seu afiliado dentro de casa! — Mudou um pouco a voz na última frase, como em um monólogo.

Eu realmente não estava entendendo nada. Meu corpo estava tão frio quanto o clima hoje na Inglaterra. Uma tempestade nebulosa estava sobre minha cabeça, perturbando e confundindo meus pensamentos.

— Clove... Vamos conversar, por favor — pedi, querendo chorar pra valer e me esquecer que sou homem e pai de um garoto de nove anos, chorar feito uma mulher, soluçar e assistir filmes com finais felizes totalmente desconexos com a nossa realidade.

— Não, Peeta! — gritou, se virando furiosa. Assustei-me, dando um passo pra trás. — Eu vi! Não foi por causa de uma ou duas revistas! Eu vi ela deitada no seu colo enquanto eu estava passando mal no hospital! Eu vi vocês juntos, vi o olhar que trocaram aqui em casa e quando foram para os fundos da casa ontem à noite! E sem contar as risadas baixas de vocês e os olhares!

Não sabia qual era a reação certa a ser tomada. Preciso de um tempo. Sou homem, não somos como as mulheres que resolvem centenas coisas de uma só vez. Eu estou arrasado. Devastado, desesperado. Depois de Edward, Clove é a pessoa mais importante na minha vida, como pode pensar que eu a trai? Nunca seria capaz de uma barbaridade como essa, nem em meus mais escuros pensamentos.

— Eu nunca trai você — falei, começando a entender as coisas, talvez, rindo de nervoso, com uma mão na cintura e outra na boca. — Você me traiu!

Ela entreabriu os lábios, fechando-os, piscando diversas vezes. Suas bochechas pegaram fogo.

— Katniss pode desfilar nua na minha frente que eu não te trocaria por ela! — exclamei, ficando sério mesmo, com meu coração disparado no peito, de modo que eu escutava em meus ouvidos.

— Não foi o que pareceu — disse, quase em um sussurro, frágil. Ela parecia que iria se partir em um milhão de pedaços.

Dane-se o que parecia, Clove! — gritei, sem dar um passo, sem conseguir entender a razão de justamente hoje tantas coisas estarem acontecendo de uma vez só sobre mim. — Por qual razão você nem me perguntou o que havia acontecido?! Eu não disse que amo você? Eu não provo isso todos os dias? Eu não fico sempre do seu lado? A gente estava bem! E passei a noite do seu lado!

Ela ficou ainda mais vermelha, talvez de raiva, talvez de vergonha.

— Eu não quero saber! Eu nunca deitaria no colo do meu ex-namorado, Peeta! Nunca! E se ele estivesse querendo alguma coisa comigo, eu iria estreitar nossa relação ao máximo, conectando-nos nem pela amizade!

— EU E A KATNISS TEMOS UM FILHO JUNTOS, CLOVE! — gritei, dando apenas um passo na sua direção, furioso agora. — UM FILHO DE NOVE ANOS QUE NÃO TEM CULPA POR CAUSA DOS NOSSOS PROBLEMAS!

Ela se calou, colocando duas mechas atrás da orelha, cada uma de um lado.

— Vou para Dublin. Meu voo sai em duas horas. Tenho que ir para o aeroporto. Edward sabe que estou fazendo isso, conversei com ele, e manterei contato com ele. Peeta, você não entende. Hoje não.

— O que eu não entendo? — perguntei, conseguindo manter minha voz em um tom normal, mas o choro estava preso na garganta. — Por que você está indo embora, Clove?

— Eu fiz duas grandes besteiras — disse baixo, suspirando. — Você mesmo sabe o que eu fiz. Uma delas eu já disse. Trouxe Katniss para dentro de casa e deixei ela voltar para a vida do Edward, o que a traz de volta para a sua.

Ela tirou todo o ar dos meus pulmões com essa respiração, tirando também de mim o meu chão.

Ai meu Deus — murmurei, encostando as costas na porta fechada do quarto, olhando para o teto do mesmo, deixando algumas lágrimas escorrerem pelos meus olhos. — Eu não acredito que você fez isso comigo.

Perdão — disse, com a voz um pouco engasgada, cobrindo a boca com uma mão, soluçando de chorar. — Não consigo ficar com você e essa culpa me corroendo. Preciso de um tempo para mim, Peeta.

Aquelas palavras eram como balas, seus lábios finos e convidativos, a arma, e os tiros absolutamente certeiros no meu coração. Eu chorava silenciosamente, comprimindo os lábios, para não chorar mais. Então é isso.

— Quando foi isso? — perguntei, engolindo as lágrimas.

— Duas semanas atrás, depois que o médico disse que eu sou infértil, vi o quanto você ficou arrasado — sim, a Clove não poderia ter filhos, mas nem por essa razão eu deixei de gostar ou me importar com ela, muito pelo contrário. — Fiquei com vergonha e constrangida, depois você e a Katniss ficaram juntos no hospital, ligações de um para o outro com frequência, achei que talvez eu pudesse me preencher pagando da mesma forma. Agora já está feito, e você não vai me desculpar pelos próximos meses. Vou para a Irlanda de volta, de qualquer forma. Eu não queria fazer isso agora, não imaginei que tudo isso fosse acontecer. Só preciso pensar em tudo, você também.

Uma buzina foi ouvida no lado de fora da casa, fazendo a gente se entreolhar. Parecia mais um daqueles filmes idiotas de Hollywood que a maioria se emocionava.

— Eu o conheço? — perguntei, ainda parado na porta. Céus, doía tanto. Ela havia me golpeado tão fundo quanto a Katniss ao partir sem o meu consentimento.

— Sim — disse, mordendo os lábios. Sua sinceridade era tão grande, que era seu aroma. Podia enxergar que com certeza não fora mais que algum beijo qualquer ou um pensamento impróprio, e no quanto ela estava arrependida. — Preciso ir.

Eu não queria deixá-la ir, muito pelo contrário. Queria mantê-la o mais próximo de mim que eu podia, abraçar bem forte. Talvez seja a chuva, o frio, o desgaste emocional intenso. Clove foi minha melhor amiga durante os anos mais difíceis da minha vida, tinha o abraço mais reconfortante do mundo, e embora eu não a amasse como amante, eu a amo de alguma forma.

— Você vai me deixar mesmo? — perguntei, magoado, piscando umas cinco vezes sem acreditar e também na intenção de emplacar as lágrimas.

— Estou dando um tempo, não estou te deixando. Vamos ver o que acontece nos próximos meses, Peeta. A gente precisa disso — disse, tirando a mala da cama,  deixando ao seu lado, envolvendo um cachecol no pescoço com algumas pintinhas. — Você sabe que precisamos de um tempo.

De algum modo — do qual eu me culparei mais tarde depois que a ficha da situação toda cair —, sai da frente da porta, abrindo atrás de mim, saindo do quarto. Não poderia fazer nada que pudesse impedi-la de sair. Nunca imaginei que ela pudesse fazer uma coisa assim, já que sempre deixou tudo para me apoiar e ajudar, assim como eu fiz nos últimos anos. Uma decisão dessas é realmente muito complicada, mas ela quem havia decidido. Quando a gente ama, por mais que não seja o amor que outra pessoa deseja, a gente deve deixar a pessoa seguir seu caminho. Ela escolheu isso, por causa de escolhas minhas no final das contas. Meu Deus, eu nunca quis que ela ficasse assim, nem poderia imaginar que ela estivesse se sentindo dessa forma.

Antes que saísse, se virou na minha direção, abrindo os braços, onde a abracei apertado, fechando meus olhos.

Desculpa — sussurrou, chorando, devolvendo meu abraço.

— Sou o único que deve pedir perdão — falei, segurando as lágrimas, por enquanto.

— Seja feliz — eu disse, segurando a lateral da porta da frente, com frio. A chuva estava um pouco espessa e ventava. Clove tinha o rosto ainda mais corado pelo frio, apertada ao sobretudo azul céu que lhe deixava mais linda.

— Você também — disse, colocando a mala média no banco de trás, entrando no da frente. — Se cuida.

Acenei, não conseguindo mais segurar as lágrimas, embora sim os soluços.

— Boa viagem, Clove.

— Mande todo meu carinho para Edward — disse, então entrou no carro, acenando com os olhos cheios de lágrimas.

Mais uma vez, apenas acenei, observando o carro ir embora, levando uma parte de mim embora. Eu sabia que não voltaria, por mais que queira e eu peça. Algo no fundo me diz isso.

Fechei a porta, tranquei, como sempre, caminhei com passos normais para o sofá, onde me sentei, olhando para a lareira ainda crepitar, mas meu corpo estava mais gelado que um dia de natal no Alasca. Eu ia morrer de frio, não com o de fora, mas o de dentro. O que está acontecendo com a minha vida, afinal? Tudo estava perfeitamente bem, o hotel com data de inauguração, pessoas demonstrando interesse pelo mesmo, Edward se dando bem com a mãe, Annie e Cato no ápice da felicidade – porque Linda ainda não nasceu, quando isso acontecer, vão estar mais felizes do que um dia puderam imaginar –, e até mesmo meu casamento estava feliz pra caramba, então do nada tudo desanda. Só falta Annie entrar em trabalho de parto e alguém morrer.

Quando me dei conta, um soluço saiu dos meus lábios, juntamente com milhares de lágrimas, um tanto desesperado, por estar totalmente sozinho. Não no quesito de meu casamento estar em um indireto processo de divórcio, mas de não ter quem poder mandar uma mensagem, conversar, assim como quando Katniss me deixou no meio da noite com um bebê de cinco meses.

Em algum momento do meu instante "decaída emocional", me deitei no sofá, e acabei dormindo, mas não por querer, e sim por meu corpo não estar mais aguentando nada, em todos os sentidos. Eu só queria poder resolver todos meus problemas na facilidade da qual consigo, de algum modo, entrar neles.

{.}

Espreguicei-me, suspirando, com meus olhos semicerrados, ardendo um pouco por eu ter dormido chorando e no sofá, me fazendo procurar os óculos. No quarto, seu idiota, xinguei-me, lembrando a mim mesmo de que estou na sala.

— Droga — murmurei, dando-me por derrotado, cobrindo os olhos com o antebraço, sentindo meu corpo aquecido por um edredom que tenho a certeza de que não estava aqui anteriormente.

— Papai? Já acordou? — Ouvi a voz da pessoa mais linda do mundo.

— Oi, meu amor — falei, rouco, esfregando os olhos, me preparando para qualquer coisa que estivesse precisando.

— Calma, está tudo bem — falou, sorrindo. — Eu fiz miojo.

— O que eu disse sobre você não poder mexer com fogo, Edward? — Sentei-me no sofá, esfregando os olhos, ainda muito cansado. Minha nuca formigava e latejava intensamente. O relógio marcava cinco e meia da tarde ainda.

— Não, pai, o senhor quem não pode usar o fogão, porque da última vez que fez uma carne assada, lembra que o corpo de bombeiros veio aí junto com a polícia por causa do fogo? Tivemos que ficar duas semans na casa da vovó — Corei, querendo que ele se esquecesse desse fatídico dia, onde realmente o corpo de bombeiros e a polícia apareceu aí, pois a panela de pressão explodiu, juntamente com o forno, que assava batatas. Não faço ideia até hoje de como isso aconteceu, e desde desse dia compro comida quando não há quem possa fazer para mim. Já fazem três anos.

— Fiz porque quando acordei, tia Clove não estava em casa, e o senhor no sofá, nesse frio. O que aconteceu? — perguntou, me olhando em busca de respostas, com seus olhos grandes e curiosos. — Ela vai voltar?

O que eu poderia fazer? Edward cresceu como em um piscar de olhos, e já tinha nove anos, meu melhor amigo.

— Mandou todo o carinho dela para você — respondi, sabendo que havia entendido.

— Eu sinto muito, papai — falou, me abraçando. Três segundos depois ouve um estalo na minha cabeça, de que minha obrigação era cuidar dele, mas não podia recusar quando ele quisesse cuidar de mim também.

Apenas suspirei, fechando meus olhos, sentindo um cheiro quase imaculado de neném em seu pescoço, trazendo-o para meu colo.

— A gente vai ficar bem — garanti, aninhando-o em meus braços, mesmo que já fosse crescido, e nos cobri com o edredom.

— Eu sei, papai — disse, fechando os olhos, com a cabeça em meu ombro. — Mas eu queria saber porque vocês adultos nunca se resolvem. Machucam a gente, sabiam?

Definitivamente, era uma das piores coisas que um pai poderia ouvir.

— Nem a gente sabe — respondi, me deitando no sofá de novo, com ele sobre mim, encolhido, de olhos fechados. Lembrava com fidelidade a mãe, com os melhores traços dela – que são todos, na verdade –, mas era ainda mais bonito do que qualquer criança que poderíamos imaginar em ter. — Você vai ser muito feliz, Edward.

Falei, fazendo carinho em suas costas, e ele suspirou profundamente, aprovando.

— O senhor também, pai. A gente vai ser muito feliz. Coisas boas acontecem nos piores momentos, e gratuitamente.

Sorri torto, mas com o coração aos pedaços. Nem posso imaginar do que seria minha vida se ele não existisse, se tivesse deixado Katniss mandá-lo para uma família cuidar. Talvez eu nem vivo estaria, pois ele é a razão de eu me levantar todos os dias e continuar vivendo.

Dois dias depois

O telefone não parava de tocar, e eu sabia que era Katniss, porém não atendi. Tirei da tomada e comprei um chip novo para meu celular, adiando a inauguração do hotel mais uma vez, depois mandei uma mensagem para meu irmão avisando que eu não iria na Igreja hoje. Não quero ouvir a voz de ninguém além da de Edward. Nem minha própria voz eu quero ouvir.

— Edward, vem jantar! — Chamei, dando dois toques na porta do seu quarto, e como não abriu, eu quem o fiz, encontrando-o com o violão que a mãe tinha dado, ao lado de algumas partituras e lápis.

— Pai, vê se ficou bom — pediu, deixando o lápis de lado, então dedilhou algumas notas que eu ainda não tinha ouvido, mas não era totalmente desconhecido aos meus ouvidos. — Só que como o começo está definido, mas o meio mais ou menos, então só me diz sobre essa parte. O nome é Lego House.

Apenas assenti, cruzando os braços, sorrindo torto, apoiando o corpo e a cabeça no batente da porta.

Estou sem saber de você, estou sem amor

Eu vou te animar quando você estiver ficando pra baixo

E apesar de todas as coisas que tenho feito

Eu acho que eu te amo melhor agora

Estou escondido, perdi a cabeça

Eu faria qualquer coisa por você, em qualquer hora

E de todas as coisas que eu já fiz

Eu acho que te amo melhor agora

Todas as vezes que ele canta, toca, fala, sorri, eu me sinto o pai de mais sorte do mundo inteiro. Mas quando lia todo os seus sentimentos transpostos em uma melodia, era um sentimento ainda mais inexplicável.

— Muitas pessoas vão adorar essas músicas — falei, aproximando-me dele. — Isso está incrível, pequeno.

Beijei o alto de sua cabeça, abraçando-o de lado.

— Eu mostrei para a mãe, e ela gostou —contou-me. — Mostrei também The A Team.

— Estaria louca se não gostasse — olhei em seus olhos, que estavam intensos, indicando a proximidade de uma tempestade no olho direito, e um maremoto no olho esquerdo. Ele iria chorar a qualquer segundo. — Teddy, sei que você se magoou com ela, e eu também, mas olha... a gente sente muito orgulho de você. Você é incrível.

— Obrigado — agradeceu. — Mas eu quero mais do que isso. Quero mais do que os dois sentindo orgulho de mim se ela está em outro continente, nós aqui, magoados, sozinhos. Papai, eu quero ser uma criança normal, em uma família normal. Amo você, que é o meu pai, mas quero uma mãe também. É normal eu querer ela aqui, mesmo depois de tudo?

— Não quero colocar nada sobre você, Edward, mas as coisas não são assim. Não é como nos filmes dela onde as pessoas que se amam ficam juntas, muito pelo contrário. A coisa mais difícil é uni-las. E não há nada errado em querer que ela exerça o papel de mãe, meu amor.

— Tudo bem... — falou, suspirando triste, e uma lágrima sorrateira escorreu por seu rosto como o de Katniss. — Eu também pedi para que ela fosse embora, por mais que tudo o que eu tenha desejado sempre foi uma mãe e o senhor cuidando de mim, mas para isso precisam gostar um do outro.

Beijei o alto de sua cabeça, suspirando. — Não menosprezando sua função como pai.

— Me desculpe por não poder te dar uma família e vida melhor, Teddy — respondi, fechando os olhos. Nenhum pai gosta de ouvir essas coisas, mas por mais que nunca deixemos faltar nada, acredito que toda criança deve ter a presença de ambos. Não que isso evite que a mesma se torne delinquente, um serial kiler, não. O problema é que de algum modo, ninguém sabe de tudo, e duas cabeças pensam melhor que uma. Não necessariamente amam ou cuidam, mas pensam mais, e podem encontrar soluções com maior facilidade, e mediante um problema, ter apoio. Como uma reserva*.

— Mas o senhor é o melhor. Só queria uma mãe, pai. Só queria uma vida mais normal.

Ficamos em silêncio, refletindo. Mais uma vez o abracei, repousando minhas costas na parede e sua cabeça em meu peito, chorando silenciosamente. Eu só queria deixá-lo feliz 25h por dia, não deixar que nada o deixasse para baixo. Porém, é a vida.

— Vou pedir uma pizza, depois comprar McLanche Feliz, o que acha? — sugeri. — Comida é o que mais precisamos agora — quebrei o silêncio, pois já voltei a pensar que Clove saberia o que dizer e fazer se estivesse no meu lugar ou ao meu lado.

— Só se formos assistir Monstros S.A. e depois Procurando Nemo. Tia Clove me deu mês retrasado de aniversário.

— Feito.

Então vi um sorriso em seu rosto que fez tudo valer a pena, e eu soube que tudo realmente ficaria bem se nós dois estivermos juntos, pois é como tem sido nos últimos nove anos, por qual razão seria diferente agora?

Seria como no primeiro ano de vida dele, embora meus pais e Cato me ajudassem, quem ficava com ele na maior parte do tempo era eu, enfrentando cólicas, vômitos, febres, a diferença é que agora eu sou mais experiente e tenho meu filho como meu melhor amigo. Embora doesse, a gente não seria destruído, desanimados, mas não sem esperança.

E acreditando em dias melhores, passando por um dos mais difíceis, me levantei da cama dele, pegando o celular, logo fazendo um pedido de duas pizzas grandes, depois para o Delivery do McDonald's enquanto ele procurava os filmes para assistirmos juntos.

Agora eu não poderia dar a ele uma mãe, mas poderia ser um pai ainda melhor, pois sempre podemos alcançar algo melhor de nós mesmos.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente eu gostaria de dizer que esse pensamento e fala de Edward e Peeta no final sobre a família eu tirei de Um Grande Garoto (acho que esse é o nome), um filme que passou ontem na Sessão da Tarde (olha o que um dia sem internet causa na gente), e também com base no que pessoas muito próximas a mim contam quando são criados por apenas um dos pais, mas isso não significa menos amor, carinho ou atenção, é claro. É como o menino pensou no filme. "dois é muito pouco, o ideal são três, como uma reserva, para nos ajudarmos em dias mais difíceis".
É só isso mesmo o que eu tenho a dizer nas notas finais, pessoal, espero que tenham gostado, e eu já comecei a escrever o último capítulo *chorando* sem dar a certeza absoluta, absoluta de que virei na sexta-feira pois hoje eu tive teste de química e prova de Bio, amanhã tenho prova de português e matemática - e penso seriamente em fazer uma recuperação de física para não ficar apenas na média -, e na sexta-feira eu vou ir láááá na barra da tijuca fechar o intercâmbio que vou fazer, sem contar que preciso marcar outra ida ao CASV para buscar meu passaporte ainda essa semana, ou seja: estou atolada até a cabeça de coisas, sem contar a prova de inglês na quinta e as de filosofia e sociologia na sexta! *me jogando na cama, com um braço cobrindo os olhos, cansadíssima só de pensar*
O próximo já será o último capítulo *choremos*, porque, como eu disse, o foco dessa fic não é o romance, e sim a relação entre pais e filhos, mas não fiquem sad porque eu darei um finalzinho digno para cada um dos nossos personagens. Tudo já está na minha mente a um tempão, desde quando decidi que o Peeta seria dono de um hotel! *sorrisão, de olhos fechados, batendo palmas* Só me resta terminar o capítulo e vir postar para saber o que acham *risos* e não se preocupem: Anny aparecerá também, com uma sugestão da Baby, basta eu organizar tudo. Oh, e também teremos conclusões sobre Finnick, Rue e Maggs.
Tudo isso seis meses depois desse capítulo que acabaram de ler! :D
Então, boa semana para todos, fiquem com Deus, mais uma vez agradeço ao apoio a esta fic que todos deram, pelos comentários, mensagens, e que o bônus (depois do próximo), vou usar dois nomes dos quais escolheram alguns capítulos atrás *pulando, gritando animada* Agora, preciso tirar a panela do fogo e tentar me manter viva para concluir a fic e depois postar ASDH.
Beijooooooooooooooos! *chuva de glitter*