Young Gods - Interativa escrita por honeychurch


Capítulo 5
Capítulo 04


Notas iniciais do capítulo

Alguém se lembra disso aqui? rsrsrsrs
de qualquer maneira, eu estava procurando uma coisa nos meus documentos e achei uns três capítulos, dessa fic, você pode perguntar, 'por que você não postou antes?' e eu posso responder isso com três letras: idk
Não sei se vou voltar for real a escrever a fic, até porque o semestre está complicado, mas sei lá, talvez vocês estivessem entediados e quisessem um capítulo de qualquer coisa.
beijinhos ;*



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c a s t e r l y   r o c k

O cheiro era de papel, tinta, perfume e mar. O salão do rei, onde sua majestade recebia enviados, assinava acordos, lia propostas e admirava seu reino era um cômodo amplo, feito de pedras lisas e amareladas, com tapeçarias tão lindas quanto caras decorando as paredes. A luz do sol vinha como se fosse a eterna convidada de honra do rei, pois a belíssima sala sendo aberta, com o que deveria ser uma das paredes não passando de pilastras, arcos, e um parapeito. A vista para o mar era deslumbrante, e as ondas batendo no rochedo, o som mais perfeito do mundo.

Loreon tinha sua sala do trono, que era bem mais imponente do que aquela, mas ele raramente a usava. Na maior parte do tempo o rei se empoleirava no alto de seu rochedo.

Agora ele estava jogado no cadeirão, posicionado na cabeceira da mesa, arrancando um pouco de verniz lascado do braço da cadeira com a ponta dos dedos. De longe ouvia a voz do filho, discutindo com os homens que tinha mandado vir de Essos.

O príncipe tinha dispensado qualquer assento. Ficava lá de pé, apontando para as plantas espalhadas na mesa de mogno, e debatendo sobre metros cúbicos, preços de exportação, mão de obra, e outros assuntos que zumbiam na mente do rei como se fossem mosquitos. Era incômodo, mas ele não sabia como acertá-los e por fim neles.

— Damon?

Loreon chamou com uma voz tão tímida que chegava a soar infantil. O filho não ouviu, e ele foi obrigado a chamar de novo.

— Pois não, majestade?

Damon respondeu com o dedo apontado para o desenho de uma abóbada.

— Acha que ainda vamos demorar aqui?

Não raramente, o príncipe se sentia lidando com um menino de cinco anos. Loreon se sentia mais confortável, quando havia alguém para lhe dizer o que fazer, mas sempre preferia qualquer coisa com ação. A rainha o tinha mandado para a guerra e ele tinha ido com um sorriso no rosto, mas guerras eram caras, e os projetos de Damon possivelmente lucrativos.

— Não pai, estamos quase terminando por hoje.

Loreon acenou com a cabeça e voltou para a sua lasca de verniz.

— E quanto ao problema de encontrar operários. O trabalho é muito árduo, e é difícil encontrar quem se disponha, mas eu estive pensando que...

O lysseno começou a se colocar. Ele tinha um cheiro terrível de perfume, e Damon começava a se enjoar, não só do cheiro como também das palavras.

— Pensaremos em algo, estou certo.

O príncipe respondeu na esperança de que o homem falasse menos, e diante de seu tom enfadado ele engoliu seco e anotou qualquer coisa na planta diante dele.

O myrish, no entanto, era uma figura mais discreta, com projetos mais bonitos e opiniões mais agradáveis. Damon preferia conversar com ele, e agradeceu quando o homem ergueu a mão para falar.

— Nossos projetos tem muito mármore, mas mármore é caro e difícil de trabalhar.

— Ora, mas nada se compara em aparência!

Loreon se agitou na cadeira, feliz em poder dar uma opinião. Como resposta ao comentário do rei o Myrish pôs a mão no bolso, tirou de lá um bloco de pedra e colocou na mesa, diante de Damon.

— Travertino é tão bonito quanto, mas é mais barato, e mais maleável. Podemos construir com tijolos, e depois revestiremos com essa pedra. Há quem diga que era assim que os antigos valirianos construíram seu império.

— O império deles não foi devorado pela catástrofe?

Damon apontou tentando parecer cético, mas ainda assim admirando o bloco de travertino.

O myrish sorriu.

— Em Myr se diz que impérios são como ondas, não importa quando, ou onde foram formados, não importa o quão grandes fiquem, no fim todos quebram.

Para ilustrar o que o Myrish dizia, uma grande onda quebrou contra o rochedo e trouxe o cheiro ferruginoso do sal para dentro da sala.

— Seja como for – Damon soltou o bloco e voltou para as plantas – Eu não quero um império, apenas um banco.

Se aquilo, no entanto, seria ou não o pilar de um império, era muito cedo para se dizer. Tudo o que Damon sabia era que quando precisavam de dinheiro, os reis do continente tinham de apelar para Braavos. A simpatia por estrangeiros não era tão grande em Westeros quanto se podia imaginar, e um rei Westerosi – mesmo que inimigo – ainda era um rei Westerosi e por isso superior a qualquer braavosi perfumado com uma chave no pescoço. Essa era opinião de grande parte do continente, e ainda que Damon não a compartilhasse, era ela que lhe daria lucro.

E se tratava de mais do que dinheiro, era aparência, imponência, e importância. O portão da era dourada que ele tinha intenções de inaugurar.

Uma batida na porta, e a imaginação do príncipe foi interrompida. Um homem com a libré carmesim da casa real entrou na sala.

— Majestade, a rainha deseja lhe ver. Nas palavras dela “O assunto precisa ser acertado o quanto antes”

Loreon levantou animado por se ver livre de suas horas monótonas com os projetos do filho. De pé ele se desculpou pela saída, e exclamou que não poderia deixar sua querida esperando por mais tempo. Sua felicidade por saber que podia sair sem ser repreendido era óbvia, mas mesmo assim ele se deteve quando a voz de Damon o chamou de volta.

— Que assunto?

Aliviado que não fosse mandado de volta para a cadeira o rei respondeu, ainda com os pés apontados para a porta.

— Ah! Lorde Banefort está morto, e em uma situação tão lamentável de falta de herdeiros, que suas terras passam para a coroa. Sua mãe quer o meu aval para intitular um novo lorde.

Loreon olhou como que pedindo permissão, e o filho o dispensou com um aceno de cabeça.

Olhando para a porta que se fechava Damon se perguntou como o rei poderia ser do jeito que era.

Não havia chão para ele sem a rainha, não saberia o que fazer sem a voz dela dando o comando. Peronelle era uma mulher inteligente e sensata, dar-lhes ouvidos não seria problema nenhum, isso se ela colocasse o interesse daquele reino em primeiro lugar, mas esse no entanto não era o caso.

Cinco anos atrás a rainha tinha sussurrado no ouvido do marido como ele deveria se comportar com relação aos nortenhos, e o comportamento que ela sugeriu não era nada cortês, por isso não foi surpresa quando o Stark declarou guerra.

A verdade era que tanto Lannister quanto Stark tinham poucos motivos para lutarem entre si, e muitos para atacar o reino de Ferro. Afinal os ilhéus deles atacavam ambas as costas, desrespeitavam ambos os reis e empobreciam ambas as casas.

O que poderia, então, ser melhor para uma mulher que era Hoare até os ossos, do que jogar duas casas que podiam se tornar aliadas contra um inimigo comum, uma contra a outra? A mais perfeita das distrações.

Naquela época Damon ainda não tinha tanta influência sobre o rei para impedir tamanha insensatez. E a catástrofe se concretizou, com aquela casa fazendo um inimigo onde podia ter encontrado seu melhor aliado.

Com um suspiro Damon se sentou no cadeirão do pai. Gesticulou para que trouxessem as outras plantas que estavam enroladas na outra ponta da mesa. Essas nada tinham a ver com o banco.

— Parece muito baixo, eu gostaria que pudesse ser visto da costa.

— Podemos fazer com que parte do jardim seja um terraço.

Disse o Lyseno

— Um degrau de jardins chamaria ainda mais atenção, por que se restringir a apenas um?

Rebateu o Myrish.

— Façamos o projeto, e depois damos nossa decisão. E quanto ao bosque sagrado? Não vejo nada relacionado a ele aqui.

Damon começava a se irritar. Ele tinha feito pedidos tão simples.

— Sim, senhor. Acontece que não foi encontrada nenhuma daquelas árvores na ilha.

— E esse é o único impedimento? Apresentem uma solução, e nos próximos desenhos eu espero ver o bosque.

Os estrangeiros acenaram com a cabeça, e passaram a enrolar os projetos, ansiosos por fazerem as modificações exigidas pelo jovem príncipe.

— Há mais uma coisa. – Damon disse erguendo uma das mãos – Sobre os leões que encomendamos para a entrada do banco.

— O senhor deseja leões na entrada desse projeto também?

— Não, para a entrada deste eu quero lobos.

O príncipe tinha ido ver a mãe nos jardins onde a rainha gostava de se sentar com suas damas e seus bordados. Com um dia quente e ensolarado como aquele a maioria das moças preferia ficar sentada com os olhos fechados bebendo da luz do sol como se fossem flores, mas todos os olhos se abriram quando Damon apareceu.

O queixo do herdeiro nunca se abaixava, e seu passo jamais hesitava, ele andava com a confiança de um deus que podia julgar todos os pecados alheios. E era tão bonito que fazia as damas da rainha imaginarem novos pecados.

Ele ignorava – como sempre fazia – os olhares suplicantes daquelas mulheres, e suavemente se abaixou diante da rainha para começar lhe sussurrar. Lysara teve que deixar seu pudor de lado e se esforçar para ouvir, talvez eles falassem sobre a caixinha que Damon abria às vezes e para a qual sorria sempre. Não um sorrisinho tolo e afetado, mas o tipo de sorriso orgulhoso que ele vestia ao voltar para casa com a maior caça da floresta. Pensar o que havia dentro daquela caixa a enchia de curiosidade. Parecia ser um daqueles retratos em miniatura que estavam tão em moda. Mas o retrato de quem? Quem seria tão merecedor dos sorrisos de Damon?

Em cinco segundos no entanto ela viu que não se tratava de nada daquilo. O tom do príncipe era inquisidor e áspero, enquanto o da rainha humilde e sentido.

A palavra Banefort foi dita em tom mais alto que as outras, e depois o “suas” de “suas intenções” saíram dos lábios do príncipe como o silvar de uma serpente. Finalmente Peronelle colocou a mão no peito como sinal de seus sentimentos abalados. “Seu irmão” disse a rainha em um rompante de tristeza “Não podemos manter um filho do rei como alguém sem importância, temos de fazer isso meu bem. Me dê esse presente é só o que peço”

Nesse ponto a voz dela estava alta o suficiente para que todas as moças ouvissem, mas elas fingiam que não tinham ouvidos.

O príncipe se levantou, Lysara não poderia dizer se ele disse ou não algo para a mãe, apenas o viu beijando-lhe a mão e saindo do jardim tão contrariado quanto quando tinha entrado.

No segundo que não se via mais Damon, a aparência da rainha se recuperou por completo, e com um aceno de sua mão ela chamou pela filha Roxanna. “Traga a peixinho também” completou quando a princesa já estava de pé.

Peixinho” era como Peronelle gostava de se referir à Lysara por conta da mãe Tully da garota. Lysa não se queixava por isso, não se queixava de nada com relação à rainha, que sempre lhe dava lindos presentes e excelentes conselhos.

A jovem então deixou seu bordado de lado e foi até o cadeirão da rainha junto com a prima Roxanna.

— Quero que vá até Sif e lhe dê a excelente notícia – Peronelle disse com um imenso sorriso, que meio segundo depois morreu em seu rosto – Eu mesma daria mas... mas... Bem, acho que ele vai gostar mais se vier de você.

Lysa achava difícil de entender como a rainha podia amar tanto o bastardo do próprio marido, mas ela amava. O fato de que Sifrit não estava tão aberto a essa afeição era ainda mais incompreensível para a moça.

Roxanna a puxou pela mão para fora do jardim. Aparentemente ela já sabia qual notícia deveria dar ao meio-irmão.

— Damon não vai ficar contente, aposto que gostaria de ter Banefort também.

A princesa disse mais para si do que para a prima.

— Vamos até o seu irmão? Sifrit eu quero dizer.

Roxanna respondeu com um “é claro” que fez o sangue de Lysa gelar. O bastardo do rei sempre lhe deu arrepios.

Quando ela era criança tinha ouvido falar do filho adormecido do rei, que dormia em sua cama por anos sem nunca acordar. A rainha ia ao quarto dele todos os dias, e mandava vir médicos, meistres, e boticários de todas as partes, mas o rapaz ainda dormia.

Lysa passou a rezar para que seu primo acordasse. Ela nunca o tinha conhecido, mas se a rainha o amava tanto era porque era um bom rapaz.

Um dia então ele acordou. Seria então errado desejar que ainda estivesse dormindo? Havia algo de tão errado na figura dele, seus olhos quase não pareciam humanos quando Lysa os viu pela primeira vez, na época ela julgou que tivesse sido o sono, mas o tempo provou que estava errada.

— Que notícias devemos dar a ele?

A jovem perguntou enquanto torcia nervosamente um cacho de seus cabelos ruivos.

— Mamãe quer fazer dele senhor de Banefort.

— Isso significa que ele vai embora?

— Não, ele pode nomear um castelão e continuar aqui. Acho que é isso que minha mãe espera que ele faça.

Um “aahh” saiu desanimadamente de Lysa.

As duas garotas subriam a escada que dava para os aposentos de Sifrit. Aposentos estes que eram afastados do restante. Enquanto todos disputavam por uma vista para o mar, Sif queria ver o bosque quando acordasse. Algo que o fazia muito estranho aos olhos de Lysa.

Quando elas finalmente chegaram aos ditos aposentos, Roxanna deu apenas duas batidas na porta e entrou sem esperar resposta. A atitude fez Lysara corar, ela jamais entraria daquela maneira no quarto de um homem. Felizmente, o bastardo do rei estava apenas fazendo uma refeição, embora ela não pudesse dizer exatamente qual, já que não era horário de nenhuma.

— Minha querida irmã!

Sifrit exclamou com um sorriso de lado. Lysa preferia que ele não a notasse então permaneceu na porta, com as mãos presas na frente do corpo, tentando parecer mais solene do que assustada.

— A rainha me mandou como portadora de boas notícias.

A princesa se sentou a mesa junto do meio-irmão, era um mistério como ela se sentia tão a vontade ao lado dele. E além de tudo, ele era tão descortês! Roxanna se sentou bem ali e nem passou por sua cabeça oferecer-lhe algo o que comer?

Lysa trocou de pés nervosa. Devia reconhecer que estava sendo um pouco implicante, afinal Damon também não se incomodava com o bem-estar alheio assim tão facilmente, e ela nunca havia o julgado por isso.

— Da última vez que você disse isso, eu terminei indo para guerra.

— E você gostou.

Sif deu um daqueles sorrisos que se abriam lentamente em seu rosto, e que no final deixavam seus olhos faiscantes. Ele cortou um pedaço da carne em seu prato com a adaga, o espetou, e o levou até a boca.

— Quem vamos matar agora?

Perguntou depois de engolir, o pedaço brilhante de carne quase crua.

— Não precisa matar ninguém, o homem em questão já está morto. Lorde Banefort morreu, sem ninguém que pudesse herdar sua propriedade e rendimentos, tudo agora pertence a coroa, e o rei pode conceder esse benefício a quem quiser.

O bastardo soltou um risinho, e depois comeu um pouco mais de sua carne.

— Onde, pelos sete infernos, fica o buraco de Banefort?

— Não chame assim, na verdade é um castelo muito bom, e perto do mar. Tem ótimos bosques, um porto, terra cultivável, e os rendimentos são significativos. Ninguém gozando de bom juízo iria reclamar de receber esse presente.

— E isso é mesmo um presente? Ou é apenas a rainha me chutando para fora do Rochedo?

Roxanna revirou os olhos e esticou a mão para apanhar a do irmão.

— Não é justo que diga isso dela. Pelos deuses sif! Aceite, vá até Banefort, conheça o pessoal de lá, escolha um castelão e volte para cá. O dinheiro de todo o rendimento ainda será seu, e você terá um título. Quer contrariar a rainha? Então vá e fique. Nunca mais mostre o rosto na corte outra vez. Isso sim, faria dela uma mulher muito infeliz.

A princesa levantou levemente o queixo como sempre fazia ao desafiar alguém. Ela desafiava o irmão à agir como um tolo infantil, o desafiava a abrir mão de sua independência mundana, o desafiava a ir contra a mulher que sempre visara os interesses dele, e principalmente, o desafiava para dizer não a ela, Roxanna.

Lentamente se rendendo à cândida tirania da irmã, Sif pousou a faca no guardanapo ao lado de seu prato.

— Eu acredito... – e se serviu de um gole de vinho – que não seja eu a figura mais simpática do mundo, e esses homens estavam acostumados à servirem um lorde, vai ser no mínimo contrastante terem de se ajoelhar para um bastardo.

— Você é um filho do rei...

A apelação de Roxanna foi interrompida quando o irmão ergueu displicentemente uma das mãos.

— Não seria mais sensato se eu levasse um embaixador comigo? Alguém que pudesse mediar a minha relação com o povo de lá? Isso é claro considerando que o rei irá manter a ideia até o final, nenhum anuncio oficial foi feito, e eu não posso me pavonear como se já fosse um lorde.

A princesa sorriu. Havia um tipo de humor secreto que só ela e Sif compartilhavam, mesmo quando as coisas mais simples eram ditas, um conseguia traduzir que tipo de mensagem secreta – e possivelmente ridicularizante – o outro queria passar.

Para Lysa, que permanecia perto da porta com as mãos firmemente presas na frente do corpo, eles pareciam um par estranho. Alguns minutos se passaram sem que a jovem moça ouvisse coisa alguma, e de fato nada foi dito entre os irmãos, eles apenas se olhavam e trocavam expressões em seus rostos.

— Eu posso ir com você para Banefort, se a rainha permitir. Mas não acha que isso atrairia um séquito de senhoras? Todas ficarão muito ofendidas se eu me deslocar e não lhes oferecer um convite para me seguirem carregando as saias do meu vestido. Cada uma delas quer a honra de me livrar de uma bainha enlameada.

— E por que carregar seu vestido, quando estão prontas para lamberem a lama se preciso for?

Lysara se encolheu diante de uma ofensa tão grande às boas damas com as quais ela convivia diariamente, mas a princesa riu, e meio segundo depois acrescentou:

— Quando era pequena eu achava ruim ter uma septã me seguindo a todo momento. Pelos deuses, agora são dezenas de mulheres me seguindo! E ainda pior do que me dizer o que fazer, todas elas esperam que eu lhes diga o que devem fazer, o que comer, o que vestir, com quem casar...

— Você poderia se divertir muito com esse poder que tem.

— Eu precisaria ser um pouquinho mais cruel para isso.

— Meu conselho – O bastardo disse levando seu cálice até os lábios por um instante – é que você precisa ser um pouquinho mais cruel de modo geral.

Assim que ele devolvido a taça para a mesa, uma gota de vinho escapou do canto de sua boca e desceu até o queixo. Vermelha e densa, aquela gota fez com que Lysa visse sangue escorrendo pelo canto da boca do homem. O corpo franzino da menina foi invadido por um inevitável arrepio, e com uma sensação ainda mais sinistra Lysa notou que a carne no prato do filho do rei tinha o brilho pegajoso de sangue.

— Por favor! – A princesa, para quem toda aquela lugubridade parecia normal, puxou uma mecha de cabelo castanho para fora do penteado e o enrolou no dedo – Não vamos falar de mim, já estou tão farta de ser o assunto principal em todas as conversas. Eu deveria gostar de me cercar por damas perfeitamente inteligentes e não querer falar sobre nada alem de mim mesma?

— Então muito bem sobre o que quer falar?

Sif se jogou no espaldar de sua cadeira, com as mãos entrelaçadas repousando em seu colo. A pose do ouvinte dedicado que Roxanna merecia, mas então ela tocou no assunto sobre o qual ele tinha menos ímpeto de abordar.

— Vamos falar sobre você!

A princesa disse com um sorriso.

— Eu não tenho nada para falar à meu respeito.

— Me diga como passou a manhã.

— Estive caçando.

— Você não caça.

— Pois hoje eu resolvi mudar isso, e foi muito divertido.

Ele deu outro daqueles sorrisos que brotavam lentamente no rosto.

— E está comendo a sua presa? Eu posso experimentar?

Sem achar que esperar pela permissão fosse algo necessário, a princesa se ergueu e se inclinou na direção do prato do irmão, e antes que o alcançasse seu pulso foi agarrado por um aperto ferrenho do irmão.

— A caçada foi muito cansativa, e eu ainda estou com muita fome – Ele disse ainda detendo o braço de Roxanna – É claro que você entende, que eu não quero dividir.


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