Young Gods - Interativa escrita por honeychurch


Capítulo 4
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Não eu não morri.
Mas sério me desculpem por essa imensa demora, eu tive grandes problemas de bloqueio, e outros vários probleminhas menores. Mas se vocês continuarem acompanhando eu vou continuar escrevendo ♥︎

Agora minhas notícias! A Biiah Arc me sugeriu fazer um tumblr para a fic, e eu já estou trabalhando nele :3
Ela também me sugeriu uma seção de figurino, bem eu sei que a intenção dela não era me fazer viajar completamente, mas....
e como estamos no Norte, eu resolvi começar por ele:
http://younggods-ff.tumblr.com/post/146211684947/figurinonorte

E um presente para NogWhore que insiste em despertar o meu pior lado:
http://younggods-ff.tumblr.com/post/146211958472/ygm1



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Holy light, oh, burn the night, oh keep the spirits strong
Watch it grow, child of wolf, keep holdin' on

w i n t e r f e l l

O coração dela vivia o pior dos dilemas, se por um lado ela estava feliz pela irmã, por outro se encontrava descontente consigo mesma. E o quão egoísta a sua situação se mostrava quando analisada com frieza, pois de maneira alguma Briar desejava o destino da irmã mais nova, e se fosse ela no lugar de Alina, provavelmente estaria bastante infeliz. Mas ainda assim não era Briar a mais velha? Se alguém deveria ser enviada para se tornar rainha em outro reino não deveria ser ela?

Pelos deuses, a princesa não desejava a coroa, tudo pelo qual ela ansiava era a aprovação do pai, e pensar que ele não a considerava boa o suficiente para a posição não lhe fazia nenhum bem.

— Acha que o rei vai gostar deste?

A voz de Alina surgiu para lembrá-la de que não se tratava dela e sim da caçula que em breve teria que deixar seu lar rumo ao desconhecido.

— Ele seria um tolo se não gostasse, não é mesmo?

A resposta de Briar foi suficiente para a irmã, que rodopiou satisfeita o novo vestido lilás, ainda repleto de alfinetes das costureiras. Por um segundo ela foi como uma flor de seda desabrochando no meio das pedras de Winterfell.

As duas princesas Starks não tinham entre si uma diferença de idade relevante, mas em tudo o mais a diferença entre as duas era evidente.

— Você vai me visitar não é mesmo?

A mais jovem desceu do tablado onde estivera em pé para os últimos ajustes de seu vestido, e segurou as mãos da irmã com um aperto de sincero afeto. Antes de continuar.

— Eu não suportaria passar o resto da vida no alto daquela montanha sem saber que ao menos uma vez voltarei a ver o rosto de alguém que realmente amo.

— Irei vê-la assim que possível, e quando nos reencontrarmos eu deverei chamá-la de majestade.

Alina riu daquilo e soltou uma das mãos da irmã para tocar na seda do vestido. Ela olhou para baixo e corou, constrangida de ter de admitir algo doloroso para si mesma.

— Não tenho dúvidas de que também irei me referir assim ao falar de você muito em breve. Se papai está me dando isso é porque pretende lhe dar algo muito melhor.

Dias antes a jovem princesa tinha ouvido as garotas Umber em uma de suas venenosas conversas, até que uma falasse para a outra “talvez o rei não queira fazer de Alina uma rainha, talvez ele só queira se livrar dela”. Aquelas palavras fizeram a princesa querer causar um grande sofrimento para as duas mocinhas, mas ao invés disso ela se ocupou em remoer a verdade daquela afirmação, causando o grande sofrimento à ninguém exceto ela mesma.

— O que seria muito melhor que o seu jovem, belo, e alegre rei?

— Eu não sei, mas seja lá o que for, papai irá encontrar.

Todos os filhos de Brandon Stark estavam em constante procura pela a aprovação do pai, e nenhum deles podia dizer que a tinha de fato conquistado. Mas mesmo que este fosse um sentimento comum aos jovens Starks, ninguém sentia mais o peso da desaprovação do que Alina.

A verdade era que não havia nada que a princesa pudesse fazer para mudar sua situação, Brandon jamais a perdoaria por parecer tanto com a mãe. O modo de sorrir, de andar, de falar, e todos os mais pequenos detalhes faziam dela o retrato vivo de Margaret Locke, a falecida rainha que dera ao senhor seu marido cinco filhos, e a qual ele jamais fora capaz de amar. Alina agora pagava pelas lembranças de um casamento infeliz, sem qualquer chance de defesa ou esperança de mudança.

O filho mais amado do rei passava pouco a pouco a ser Thomas, que tinha os adoráveis cachos dourados da mãe, a jovem e doce Philippa, segunda rainha de Brandon e por quem ele dedicava o mais profundo amor. De todos os Starks, Thomas era o único que não carregava o azar de se parecer com a rainha não amada, aquela cuja morte fora um alívio e não uma dor para o rei.

Em todo jantar, quando por sugestão de Philippa, a família se reunia nos aposentos reais para a refeição, Thomas tomava seu lugar cativo no colo do pai, e lá ficava a rir a noite toda. Naquela noite então não era diferente, o príncipe de cabelos dourados rejeitava seu próprio prato para atacar o do pai, que não podia estar mais satisfeito com a situação.

Do outro lado Alina contava ao irmão mais velho, e a meia irmã sobre seu vestido novo, em cada belíssimo detalhe que ainda faltava ser adicionado. Briar não poderia participar da conversa pois seu jovem sobrinho – também chamado Brandon – tinha lhe feito uma pergunta cuja a resposta tomava tempo.

Philippa não poderia suportar que nenhum membro da família fosse privado de se sentar a mesa, fossem legítimos ou não. Ela sentia como seu dever fazer de todos eles pessoas muito felizes. Só os deuses sabiam o quanto aquilo era difícil, principalmente com um marido como o seu.

Rodrick!

Brandon gritou para o filho mais velho na outra ponta da mesa, e sem esperar resposta continuou.

— O lorde de Castelo Negro está morto.

— Lamento que a notícia não me faça chorar.

O filho respondeu e voltou a olhar para Alina que tinha sido tão indelicadamente interrompida pelo pai.

— Rodrick!

O rei gritou mais uma vez, e agora Thomas o imitou de seu colo dizendo “Rodick, Rodick, Rodick” com falsa irritação. Como tudo o que o caçula fazia aquilo fez o rei rir.

— Me escute Rodrick – Brandon continuou, agora descontraído – Eu enviei uma carta para a muralha, você irá para Castelo Negro. Uma lua deve ser o suficiente para se ajeitar.

O pequeno Brandon, filho ilegítimo do príncipe, puxou a tia pela manga para fazer outra pergunta, dessa vez muito mais aflito.

— Não há nada que eu possa fazer na muralha, alem é claro de incomodar uma porção de bons homens.

— Deixe de bobagens, sua perna não será um incomodo maior lá, do que é aqui.

O rei disse se referindo à perna ferida de Rodrick, e ignorando – como sempre fazia – que seu filho tinha conquistado aquela deficiência lutando em uma guerra que o próprio Brandon começara.

— Eu não tenho assuntos na muralha, meu pai. E além disso Brandon...

— Você tem assuntos, se eu disser que tem. Bran ficará bem, talvez até melhor. Você o mima, e um bastardo muito mimado terá grandes decepções no futuro.

— Não!

A voz de Alina apareceu no meio daquilo, triste e urgente.

— Não papai! Não pode mandar Rodrick para longe agora, ele não poderá se despedir de mim! Por favor, eu preciso de toda a minha família aqui.

O rei fez como se ignorasse os apelos da filha, e displicentemente pegou a mãozinha do filho mais novo.

— Eu tenho recebido uma notícia mais descabida do que a outra vindas da Muralha. Ou estão todos bêbados naquele lugar, ou há algo de realmente desagradável vindo em nossa direção. Uma coisa ou outra, espero que você – apontando para Rodrick – resolva.

— Meu pai, só mais alguns meses, não o mande agora, eu estou pedindo.

— E eu minha querida, estou mandando. Se eu digo que você vai para o Vale, você vai para o Vale, se digo que Rodrick vai para a muralha, é para lá que ele vai. Meus filhos vão para onde eu mandar, e quando eu mandar.

Rodrick bebeu um pouco do vinho de sua taça, ainda que desejasse jogá-lo no pai.

— Porque somos seus filhos isso nos coloca na mesma posição de seus cavalos? Irá nos vender e emprestar sem que nossas vontades sejam levadas em conta? Gostaria também de conferir nossos dentes, meu rei?

— Não seria má ideia, os Locke não tem dentes assim tão bons, e vocês todos tem muito deles em vocês.

Aquilo não era verdade, os Locke – Casa da primeira rainha de Brandon – tinham dentes excelentes, e toda sua constituição era das mais louváveis. Aquela casa tinha se tornado muito orgulhosa tendo os Starks como amigos, e depois de séculos tinham fornecido esplendidas rainhas para Winterfell. Margaret Locke, tinha sido uma belíssima mulher,   de muitas qualidades, e Brandon teria sido perfeitamente feliz se fosse capaz de amá-la.

— Me parece – Rodrick continuou – Que eu e Alina temos, então, muita sorte.

Ele teria completado, teria dito que eles eram afortunados, pois não teriam de passar mais tempo perto do pai, mas achou melhor, pelo bem da delicada harmonia familiar ficar em silêncio.

O príncipe então se retirou da mesa, e no dia seguinte – estava resoluto – se retiraria de Winterfell. Uma vez que teria de ir, ele achou melhor ir de uma vez. Se seu pai estava determinado em se livrar dele, como parecia estar, Rodrick teria de no final se curvar à sua vontade, pois Brandon era antes de mais nada seu rei.

Ele já tinha ido a guerra por ele, e assim danificado perpetuamente uma de suas pernas, o que seria agora uma pequena ida até a Muralha?

Quando a manhã veio, e suas bagagens estavam feitas, Briar apareceu em seu quarto. Quem visse o rosto de sua irmã diria que ela estava tranquila, mas Rodrick a conhecia bem demais, e sabia que com Briar só os olhos importavam, e os olhos estavam, tristes.

A irmã começou lhe perguntando o que ele havia separado. Estava ele levando peles o suficiente para o frio da muralha? E o lobo da casa Stark? Era de bom tom que o príncipe usasse o símbolo da casa real, ele não deveria esquecer disso. Suas lãs eram quentes o suficiente? As botas que escolhera estavam em bom estado? Ninguém gosta de umidade nos pés, e também não era algo saudável. Ela tinha notado um pequeno buraco em uma das luvas dele alguns dias atrás, se Rodrick lhe entregasse a peça Briar remendaria em um instante. E roupas de cama? Era melhor levar suas próprias roupas de cama, caso as de lá não fossem boas o suficiente. Rodrick teve que pedir para que a irmã se calasse, e tentou fazer isso da maneira mais delicada que pôde.

— Eu não acho que ele devesse fazer isso.

Briar disse por fim, mas isso não a impediu de continuar procurando a luva que precisava de reparo.

— Não bagunce minha bagagem, meu intendente levou a noite toda arrumando. Ele não deveria fazer a maior parte das coisas que faz.

— Seu intendente?

— Não, o rei.

— Seu pai.

— Isso é algo que você deve lembrar a ele, e não a mim.

Sua irmã se calou por um momento, e então finalmente esqueceu a maldita luva e se sentou ao lado dele.

— Brandon vai sentir sua falta, ele não entende o que está acontecendo, me pede explicações mas e eu não sei o que dizer.

Às vezes Rodrick se perguntava como Briar conseguia ter uma postura tão ereta, quando ela tentava tão determinadamente levar o peso do mundo nos ombros.

— Você não tem que lhe dizer nada.

Ele gostaria de ter mais algumas palavras carinhosas para dizer, mas uma vez que elas lhe escapavam, Rodrick puxou a cabeça da irmã para o seu ombro.

— Seria bom se você pudesse sair daqui também, como Alina. Eu queria ter podido tirar as duas de perto dele.

— Eu não quero sair daqui, e papai está certo, Alina será uma melhor esposa.

Rodrick riu

— Se dependesse do rei você seria a rainha do Vale.

A princesa então levantou a cabeça e olhou para o irmão.

— O que quer dizer?

— Eu vivi na corte dos Arryn durante um bom tempo, e embora Henry tenha passado grande parte desse tempo em Ferro, eu o conheci. Ele é uma criatura caprichosa que, com certeza teria te feito muito infeliz, por isso gastei bastante da minha energia tentando convencer o rei de que Alina era uma escolha melhor. Não posso garantir a felicidade dela, mas Henry também era alegre, e animado. Sua corte pouco a pouco fica conhecida pelos bailes, jogos, e diversão. Eu diria que as chances de Alina são muito boas, principalmente se comparadas com as suas, que seriam inexistentes.

— Então papai teria me escolhido?

Em um segundo Briar ficou duplamente aliviada, ela não teria de ser rainha de nenhum Henry, e ao mesmo tempo podia se reconfortar com o fato de que o pai a teria julgado boa o suficiente para a tarefa. Seus sentimentos tinham um toque de egoísmo, ela sabia, mas já que não havia nada que pudesse fazer para expulsa-los, por que não se permitir um pouquinho de prazer?

— Maya!

A voz temerosa do pequeno Bran chegou até ela quando Maya acabava de deixar o bosque sagrado. A pequena figura vinha embrulhada em suas peles e em um paço apertado. A respiração ofegante e as bochechas vermelhas eram a denúncia de que tinha fugido de sua governanta.

— Bran! Você devia estar tomando seu desjejum, o dia está muito frio, volte para dentro.

Embora ela desse ordens, sua voz era sempre gentil.

— Meu pai vai embora hoje? Eu não quero que ele vá May.

Maya segurou os ombros do rapazinho e se abaixou diante dele.

— O rei precisa muito que seu pai resolva assuntos importantes. Ele vai para a muralha, mas logo irá voltar.

— A Septã disse que a muralha é perigosa, e se ele não voltar?

Era uma promessa perigosa aquela que ela pretendia fazer, mas Maya se via fazendo mesmo assim.

— Ele vai voltar, eu não tenho dúvidas de que vai.

Bran balançou a cabeça em uma negativa, e escapou de Maya para correr até o bosque. Não importava que ela tentasse alcançá-lo, Bran corria mais do que qualquer um ali naquele castelo, mas mesmo assim ela tentou.

Suas pernas envoltas pelo tecido das saias não eram capazes de se igualar às pequenas e ágeis perninhas do sobrinho, e logo ele tinha sumido de vista, logo não havia mais sinal dele em lugar algum.

— Bran!

Maya gritou para o bosque.

— Bran volte aqui.

Gritou mais uma vez, mas nada respondeu. Nenhum único som veio do imenso recanto dos deuses. A garota argumentou com o nada de que eles deveriam ir de uma vez, ou perderiam a partida de Rodrick, e o nada a ignorou.

Maya continuou correndo por aquelas árvores que ela conhecia tão bem. Um tronco caído aqui, um ninho ali e ela sabia exatamente onde estava.

— Bran?

Mas não era Bran o barulho atrás dela, e sim apenas uma folha seca que se arrastava no tapete que suas irmãs também secas e caídas formavam.

Aquele bosque nunca tinha se parecido com aquilo que agora ela encontrava em sua volta. Escuro, silencioso, gélido e opressor. O lugar favorito de Maya agora quereria expulsá-la, e com esse sentimento a perseguindo ela continuou a correr procurando por Bran, mas as copas das arvores estavam vaziam, os lagos parados, e o chão inabitado, não havia garoto ali, apenas Maya e seus medos.

E então ela caiu, seus joelhos sentiram a dor, e suas mãos a macia umidade do solo. Anos correndo naquele bosque, e era a primeira vez que Maya caia, como se algo a tivesse puxado para baixo sem a menor intenção de deixá-la se levantar no futuro. Em um súbito e aterrorizante momento ela estava presa no chão sem que nada nem ninguém a prendesse. Em agonia ela levantou o rosto, e quando o vez encontrou a arvore coração. Mas ela não deveria estar ali, naquela parte do bosque, ou em qualquer parte daquele bosque pois aquela não era a arvore coração de Winterfell.

O rosto desconhecido a fitava com olhos inquisidores que jorravam lágrimas de seiva vermelha. A boca escancarada gritava muda por ajuda. Mas Maya não era capaz de entender o que o rosto lhe perguntava, ou que ajuda ele pedia.

Um corvo voou acima de sua cabeça e pousou na árvore, uma semente caiu do bico da ave para as raízes do represeiro, e então tudo estava em chamas. A arvore crepitava, enegrecia, de desfazia, mas o corvo não saia do galho onde estava, as chamas o alcançaram, e o lamberam, mas nenhum som veio do animal.

Maya... Maya...

As penas encolhiam até desaparecerem, a carne lhe derretia nos ossos, mas o corvo batia suas asas em silêncio.

Maya... Maya...

A arvore a chamava, com a dor das chamas que matavam suas folhas ela a chamava.

Maya... Maya...

Até que pouco a pouco a voz da arvore foi se transformando na voz de Bran, e com um abrir de olhos, todo aquele horror não era nada mais que um sonho. Ela tinha realmente caído, mas de forma a desmaiar.

— Me desculpe.

Bran disse assustado, com os olhos fixos na testa dela.

— Acho que preciso falar com seu pai.

Philippa era no mínimo enfadonha. Alina podia ser capaz de reconhecer que a mulher tinha boas intenções, mas isso apenas não era capaz de fazer com que a princesa sentisse prazer em ter sua madrasta como companhia. Naquela manhã no entanto, quando Alina saia de seu quarto com sua dama de companhia, Philippa surgiu com seu próprio exército de mulheres e a prendeu pelo braço para que pudessem ir juntas se despedir de Rodrick.

Gentil e angustiada a rainha começou a se lamentar com a ida do príncipe, ressaltando sempre o quão lastimável era que ele tivesse resolvido ir tão cedo.

De braços dados com a enteada a rainha suspirou.

— Eu sinto tanto que ele não estará aqui quando você for... Eu sinto tanto.

E essa era a pior parte com relação à Philippa, suas incessantes lamurias por não poder dar aos filhos de seu marido todas as dádivas que ela achava que lhe eram de direito. Alina gostaria que ela parasse.

— Procurei por Briar, tive esperança que estivesse com você. Sinto que devo falar com ela também.

Não era encantadoramente interessante que Philippa se mantivesse alheia ao fato de que Alina em nenhum momento a respondia?

— Tem algo que você queira? Eu poderia pedir ao rei. Nada me daria mais prazer do que lhe dar algum conforto.

Eu queria que você se esforçasse mais! Não há ninguém a quem o rei escute mais do que você. Com as palavras certas meu irmão continuaria aqui, ele se despediria de mim quando eu fosse para longe. Você deveria ter feito mais

Foi o que Alina pensou, mas “Não, majestade, obrigada” foi tudo que disse.

Finalmente elas alcançaram o pátio do palácio, e lá estava Briar, junto de Rodrick. Ver seus irmãos era como uma lufada de ar fresco depois da sufocante caminhada com Philippa. Soltando do braço da madrasta ela agarrou as saias e correu até eles.

— Vamos colocar um vestido em você! O disfarçaremos como uma moça e diremos ao papai que você partiu. Levará anos até que ele note alguma coisa.

Alina disse agarrada ao irmão, tentando sorrir tanto para ele quanto para a Briar.

— Então nesse caso eu ficaria prisioneiro como dama de Philippa. A muralha parece uma opção mais agradável.

E ao se lembrar dos torturantes momentos passados com a madrasta ela foi obrigada a rir com o irmão. Ambos receberam um olhar reprovador de Briar, como se fossem crianças travessas.

— Não deviam falar assim dela! Devemos ao menos reconhecer seus esforços.

De longe a rainha estava parada observando com suas damas, temerosa de interromper a cena familiar na qual ela sabia que não seria bem vinda.

Ambos não queriam dar atenção ao que Briar dizia, assim como não dariam atenção à madrasta. Alina não era capaz de criar simpatia por Philippa pelo fato dela ser Philippa, e Rodrick pelo fato dela ser uma Lannister.

O intendente do príncipe, um homem alto e ossudo cuja família tinha se dedicado havia gerações aos Starks, surgiu para avisar ao amo que já estava tudo pronto para a partida. Pondo fim ao assunto Philippa.

— Devemos esperar Cold Wind – ele interrompeu a pergunta para tossir contra a palma da mão – ou posso dar a ordem da partida?

O homem deu outro tossido, dessa vez tão violento que fez com que Alina desse um passo para trás assustada.

Rodrick respondeu que Cold Wind devia estar caçando e por isso encontrariam o lobo gigante no caminho.

— Mas não partiremos agora, vou esperar meu filho.

Briar lhe dirigiu um olhar que dizia “E quanto ao rei?” e embora nenhuma palavra saísse de seus lábios, Rodrick foi capaz de entender a mensagem. Isso não fez com que alguma resposta partisse dele.

O intendente, alheio aos olhares trocados entre os irmão, acenou com a cabeça e foi tossir em outro lugar.

A espera ali, sob o olhar melancólico e desprezado da rainha, não durou por muito mais tempo, o filho do príncipe apareceu. O garotinho era puxado pela mãozinha pela tia, que andava tão rápido que quase o levou a tropeçar nos próprios pés.

Naquele instante as atenções deixaram de ser para o bastardo do príncipe, e recaíram na bastarda do rei. Da testa dela brotava um rio de sangue, que descia por seu rosto e pingava no vestido.

Com o passo acelerado ela logo alcançou os meio-irmãos e se agarrou ansiosa ao braço de Rodrick.

— Por favor, não vá!

Sua voz era meio desesperada.

— Do que você está falando? E o que houve com a sua testa

— Os deuses! Por favor, não vá.

— Os deuses racharam a sua testa? Por favor Maya, fale alguma coisa com sentido.

— Eu recebi um sinal, por favor Rodrick, você não viu o que eu vi. Se não era sobre você não poderia ser sobre mais ninguém.

Pobre menina, a queda tinha tirado dela toda a sensatez. Rodrick foi obrigado a entregá-la aos cuidados da rainha.

Maya, mesmo que enfraquecida pelo ferimento, ainda demonstrava resistência, e com a voz meio débil ela dizia contra os braços de um dos homens do rei, qualquer coisa com “tome cuidado com corvos”


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