Águas Obscuras escrita por Alph


Capítulo 15
Fora de Rotina


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Capítulo sem betagem, então qualquer errinho, avisem.
Por favor, comentem♥



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Quando acordei, senti a luz do sol machucar meus olhos. Levei um tempo até me acostumar com a claridade, com as folhas avermelhadas das árvores entrando em foco, assim como o canto dos pássaros e o barulho dos animais no plano de fundo. De repente, me dei conta de que não estava no oceano.

Um frio se instalou em minha espinha. Apoiei meu tórax sobre os cotovelos e vi uma perna com pelos sobre as minhas, guiei minha visão por ela e encontrei o rosto de Héclyro. Ele estava desnudo junto a mim, sua mão estava sobre minha cintura. Estávamos deitados em cima do meu vestido vermelho todo amassado.

Não queria acordá-lo, então voltei a deitar minha cabeça sobre o braço dele e rápidas memórias percorriam minha cabeça prazerosamente. Sempre minha mente me trazia sensações dos toques, dos beijos e de nossos corpos juntos. Virei minha face para a dele e observei seus lábios entreabertos expirando o ar que seu nariz inspirava.

Toquei sua face delicadamente, aos poucos percebi seu pulmão enchendo-se de ar e abrindo seus olhos cor de ébano e lentamente esboçava um sorriso com seus dentes perfeitamente alinhados, por um segundo minha respiração parou e as batidas do meu coração saíram de ritmo. Fiquei imóvel e apenas senti sua mão tocando meu cabelo cinza.

— Obrigado — sussurrou ele enquanto suas sobrancelhas se contraiam em um V.

— Pelo o que? — perguntei direcionando minha visão para o seu peitoral evitando trocar olhares.

— Por umas das melhores noites de minha vida.

Não sabia o que responder, então apenas retribui com um sorriso. Héclyro puxou-me mais para si encostando nossos corpos. O silêncio se predominou, conseguia escutar apenas as batidas do seu coração e a respiração tensa sobre minha cabeça. Realmente a noite havia sido boa, se não fosse o fato de eu ter estragado a festa de seu pai.

Meus pensamentos começaram a ficar tão confusos, eu estava o tempo todo tentando balancear as coisas para manter meu lado racional de sereia sempre acima das minhas emoções, mas parece que Héclyro começou a quebrar essa parte minha e passou a acessar sentimentos que eu nunca havia visto antes em mim. Sempre que estava com ele, meu coração dava uma disparada, minha respiração e pulsação saíam de ritmo. Uma sensação de ternura era instalada em todo meu corpo.

A clareira foi invadida por raios solares intensos, e um deles parou no rosto de Héclyro. Notei seu olho tão escuro como a mais funda das valas do oceano adquirir um tom castanho amadeirado e logo som dos pássaros foram sobrepostos com a voz dele.

— Ei... — Senti a respiração dele se intensificar e sua pulsação acelerar, aquilo me deixou ansiosa junto a ele. — Eu estava revendo alguns atos meus e... bem... eu queria te pedir desculpa por tudo de ruim que fiz a ti, ou que deixei os outros fazerem contigo. Deixei que a raiva tomasse conta da minha visão. Agi por impulso e errei. — Então durante todo esse silêncio que passamos abraçados era isso que ele estava pensando. — Se eu pudesse voltar no passado eu teria...

— Feito tudo novamente — interrompi-o calmamente completando sua frase. — Héclyro, está tudo bem, eu estava refletindo há um tempo e me dei conta que se estivesse no seu lugar também teria tomado as mesmas atitudes. — Ele expirou todo o ar de seus pulmões como se um peso tivesse saído de suas costas. — E se serve de consolo... Para mim isso não faz mais diferença.

Dessa vez foi ele que não quis trocar olhares. Héclyro parecia sempre querer provar seu caráter e isso para mim não era necessário, porque eu sabia que de alguma forma nesses meses em que passamos juntos deu para conhecê-lo muito bem. Toquei os fios de seu cabelo acariciando sua cabeça descendo até seu pescoço e circulando com o dedo a rosa dos ventos feita por mim. Naquele momento o ar me faltou e deixei escapar:

— Acho que sinto algo por você, Héclyro — falei com o coração acelerado. Ele me encarou com um sorriso bobo de lábios fechados e um olhar curioso. Eu queria uma resposta dele, mas ele apenas me olhava. Deixei com que um V se formasse entre minhas sobrancelhas, pois no momento em que me abri, ele sorriu da minha cara. — O que foi? Disse algo engraçado? — perguntei atônita.

— Não. — Ele ficou pensativo por um segundo, mas seu sorriso se manteve, junto ao seu supercílio franzido. — Só queria entender realmente o que tu estas sentindo.

— Bom, não sei bem explicar... quando te vejo... quando estamos juntos... — Toquei meu seio e senti os meus batimentos intensos. — Sinto meu coração bater mais forte, minha pele arrepia quando você me toca e algo queima em mim — falei com o tom da minha voz baixando gradativamente até o final da frase.

Tentava me expressar da melhor forma que podia para que ele me entendesse, mas sempre parecia insuficiente.

— E quando estamos juntos, eu não sinto mais aquela vontade forte de te matar. Só quero realmente estar perto de você o tempo todo — assumi.

— Fico bastante aliviado em saber disso. — Senti uma leve ironia quando ele falou.

Héclyro abre um largo sorriso, seus olhos me encaram brilhando. Não conseguia entender o motivo da graça. Ele parecia interpretar tudo o que eu falava e aquilo estava me deixando ansiosa.

— O que foi? Falei algo errado? — perguntei com receio de que talvez pela primeira vez pudesse ficar corada em sua frente. Meus olhos estavam arregalados e eu queria uma resposta.

— Não, Allysa, eu também sinto o mesmo. — Ele segurou minha mão acariciando meus dedos. — E isso se chama gostar de alguém. — Ele fitou meus olhos diretamente. — Na verdade, eu estava gostando de ti bem antes, mas tive medo de lhe dizer.

— Não queria me dizer? Por quê? 

— Porque eu achei que tu não fosses corresponder. — Seu sorriso se desfez. — Estava esperando por ti, pois tive medo de apressar as coisas.

Talvez ele tivesse razão e consequentemente uma das minhas primeiras reações seria evitar vê-lo por vergonha, mas não por não gostar dele, mas sim por causa de mim. Fiquei feliz por ele ter me dado espaço e tempo para ter certeza de que era à hora certa para me expressar.

— Obrigada por entender minha loucura. — Abri um largo sorriso irônico.

— Disponha. Era minha obrigação entender alguém instável como as marés. Você realmente não nega que é um ser do mar. — Ser do mar.

Socorro, Amidh.

As palavras dele ficaram em minha cabeça e logo me lembrei do mar, de Neferice e de minhas obrigações. Tive receio de que as sereias já estivessem me caçando pelos oceanos. Meus olhos arregalaram e um frio percorreu meu corpo. Levantei-me abruptamente e encarei Héclyro.

— Preciso ir para o mar, agora! — Captei os sons das ondas e os cheiros do mar e apenas os segui.

Comecei a correr totalmente desajeitada nua pela floresta, saindo assim das ruínas do templo. Héclyro vinha correndo atrás me chamando, mas naquele momento minha cabeça estava no mais absoluto branco. Na minha mente apenas vinha a necessidade de estar no Santuário de Encubação urgentemente.

— Allysa, tu vais sair assim sem antes beijar-me ou despedir-se de mim? — perguntou ele desnudo da orla da floresta enquanto eu já estava pisando na areia da praia.

— Como você disse, eu sou instável como as marés. — Corri quase tropeçando e abracei a primeira onda que envolveu meu corpo.

 

 

Tentei chegar ao santuário com maior silêncio que pude, mas ao abrir a porta encontrei duas sereias caçadoras, Tamara, Lyria e Marissa. O clima estava bastante tenso dentro daquele templo, os rostos ali formavam expressões fechadas. Hammys sai do segundo cômodo do templo onde me arrumava e me encarou.

Marissa me fuzilou com um olhar de ódio. Lyria estava tentando manter um sorriso amarelo. As caçadoras chegaram mais perto, Tamara ao invés de me encarar veio me analisar ver se não tinha nenhum machucado, por mais que ela soubesse onde eu estava ainda tinha que manter a posição de dama de campainha.

— Acho que não precisamos mais nos preocupar com ela — falou uma das caçadoras que se afastou de mim.

— De fato, acho que vocês já estão liberadas, caçadoras. Não é, Marissa? — perguntou Tamara olhando para Marissa como se quisesse que suas palavras fossem autorizadas. Ela estava tentado amenizar a situação.

— Sim, podem ir. — Marissa fez um gesto deliberado com a mão liberando as sereias, mas sua expressão de frieza permanecia.

As caçadoras se foram. Eu estava olhando para Hammys, evitando fitar Marissa, pois sabia que a bronca viria e enquanto o silêncio predominava, eu estava pensando em uma mentira criativa.

— Posso saber onde você estava, Allysa? — Marissa perguntou com a voz áspera.

— Tinha ido nadar nos corais, estava com a mente atordoada — menti.

— Mentira — pronunciou Lyria, que me surpreendeu com sua intromissão. — Eu e Tamara caçamos você por lá e não achamos.

— Eu não passei a manhã inteira lá, querida. — Semicerrei os olhos para Lyria, cujo não sorria mais naquele momento. — E eu acho que não preciso dar satisfações o tempo todo para vocês. — Tentei não parecer grosseira.

Hammys ficou calado apenas observando toda a movimentação. Senti uma corrente de água forte passando pelo meu corpo, olhei de soslaio para Tamara e depois senti a forte presença de Marissa com sua pele negra em contraste com o mármore branco do lugar.

Marissa parecia estar pensativa, eu esperava ela gritar comigo e me chamar de irresponsável, mas não fez isso. Ela simplesmente passou ao meu lado e disse:

— Ao invés de nadar nos corais para “esfriar” a cabeça, tente prosseguir logo com a consumação da união. Não vou mais chamar sua atenção pelos mesmos motivos de sempre. — Eu senti o impacto daquelas palavras, porque ela não precisou gritar comigo para gerar medo. Sabia que aquela suas sutis palavras eram o suficiente para gerar uma enorme pressão. Marissa chegou à porta do Santuário de Encubação e me olhou pelas costas. — Allysa, você tem uma obrigação para com sua tribo. Apenas faça o que deve ser feito ou arque com as consequências!

— Allysa eu preciso... — Hammys estava quase na porta

— Vamos Hammys, o ancião Kai mandou um peixe-peregrino para você. E Tamara e Lyria arrumem logo Allysa, levem-na ao Templo da Justiça.

Hammys bateu de leve na porta apreensivo como se realmente precisasse conversar comigo, mas logo saiu. Tamara segurou meu ombro e levou-me para o segundo cômodo do templo junto a Lyria. Ambas arrumaram-me e me levaram ao Templo da Justiça.

Quando cheguei ao Templo, vi todas as sereias, mas Hammys não estava lá. O dia foi passando consideravelmente rápido. Marissa não fez questão de falar mais nada comigo, mas Tamara sempre que podia tentava ver o que eu estava fazendo. O tempo inteiro durante o dia minhas lembranças da noite que tive com Héclyro voltavam a minha mente, fazendo meus pensamentos serem devaneios de prazer.

 

 

Quando fui liberada do templo Tamara veio ao meu encontro. Esperei no Santuário de Encubação junto a ela por Hammys, mas nenhum sinal dele. Toquei meus lábios involuntariamente na frente de Tamara ainda tendo algumas memórias da noite passada.

— Então... espero que o motivo do sumiço tenha valido a pena. — Tamara cortou minha linha de pensamentos. 

— E como. — Me peguei sorrindo ao dizer aquilo.

Contei tudo, não omiti nenhum detalhe da noite anterior, desde a briga com Héclyro até a reconciliação. Tamara parecia bastante surpresa e receosa, mas ao mesmo tempo ela aparentava estar empolgada com tudo que havia acontecido. De certa forma eu me sentia tão mais contente em poder conversar com ela sobre isso, era meio que um alívio.

— Só eu que achei estranho a Marissa não ter brigado comigo hoje mais cedo? — perguntei a ela.

— Não mesmo, eu também achei bem estranho, mas levando em consideração as circunstâncias, eu também já teria desistido de você. — Tamara sorriu em deboche.

— É sério, Tamara! Eu jurava que ela iria me humilhar ali mesmo.

— Ally, Marissa anda meio estranha ultimamente, principalmente depois que ela recebeu uma chamada no Templo da Magia junto a Santa Bancada das Sereias Antigas. 

— O que aconteceu? Sua mãe não te contou nada? — interroguei curiosa.

— Sei lá. Acho que ela recebeu algum recado dos deuses. E não é porque minha mãe é da bancada que ela me fala o que acontece entre elas.

Naquele ponto em diante seria um bom momento para questionar o que os deuses teriam mandado para Marissa, porque não era normal ela me tratar daquela forma.

— Onde está Damysis e Hammys? — perguntei mudando de assunto.

— Só a vi hoje de manhã com Marissa, mas depois nenhum sinal dela. — Tamara curvou as sobrancelhas forçando a memória mais um pouco. — Já Hammys eu o perdi de vista hoje de tarde.

Fiquei pensando onde eles dois poderiam estar, visto que, sempre conversava com ambos, pois todos os dias eu os via. Tamara e eu continuamos a botar o papo em dia até que ela reparou algo que até eu já havia esquecido.

— Belo colar. Foi ele quem te deu? — perguntou ela.

— Sim. — Toquei o colar que era bem discreto e charmoso.

Tamara deitou-se na cama enquanto eu permanecia sentada ainda mexendo o colar. Naquele momento nada mais para mim parecia tão importante quando estar perto de Héclyro. Saber que eu estava gostando dele era incrível, ter conhecimento de que ele era meu era melhor ainda.

— Ei, estou com uma ideia louca. — Virei meu rosto para Tamara deitada na cama.

— Qual? — Ela jogou sua cauda no meu colo.

— Vamos à Vala do Exilio conversar com Eryus? — Eu sabia que provavelmente a resposta seria não, mas eu era uma nefericiana e não desistiria nunca.

— Allysa, você realmente anda completamente pirada.

— Sério, vamos lá! Eu quero conversar a Eryus. Sinto dó dele por ficar sozinho lá sem ter ninguém. — Toquei a cauda dela com carinho.

— Sem chance. Ele já passou mais de quinze anos sozinho, acho que mais alguns anos não fará diferença, e você sempre vai lá quando tem tempo. — Tamara me encarou.

— Por favor, Tamara, eu quero ir contigo. — Tentei parecer o mais convincente possível. — Prometo não demorar.

Tamara ficou calada enquanto eu a observava. Continuei fazendo carinho em sua cauda e fiz a minha melhor cara de golfinho abando possível. Ela se levantou e passou as mãos nos cabelos. Eu tinha conhecimento do que eu pedia e seria bem possível dela rejeitar devido aos mitos e lendas que as sereias espalharam nas tribos.

— Se eu continuar rejeitando essa sua ideia você vai insistir até eu ceder, não é?

— Provavelmente.

— Então vamos. Nós não vamos demorar, viu? Aquele lugar é estranho.

Sorri para Tamara, e puxei-a pelo pulso em direção a saída do santuário. Estava me sentindo tão leve e alegre, meus nervos estavam tão relaxados, era como se uma descarga de sangue humano fosse passada em minha garganta acalmando meu corpo e revigorando toda minha alma.

 

 

Tamara e eu passamos um bom tempo fazendo companhia para o Eryus, conversávamos sobre o bando dele e como eles viviam em conjunto. Sentia sempre uma tristeza presente nele com suas palavras carregadas de mágoa.

Eu havia perguntado para ele o motivo de ter pegado o atalho, sendo que sempre os outros seres de seu bando seguiam o outro percurso, mas ele respondia que ter seguido o desvio fosse um chamado de intuição. Um instinto intuitivo, cujo se arrependeu pelo resto da vida.

Cada vez em que eu ficava perto de Eryus, era como se parte do passado e da minha mãe viesse à tona carregado de emoções fechadas. Aquilo afetava o meu psicológico intensamente e Tamara percebia isso, talvez fosse esse o motivo dela não gostar de vir a Vala do Exílio, e claro, também o medo do monstro matá-la. O que não iria acontecer, pensava eu.

Boa parte da noite se passou então resolvemos voltar para tribo, prometendo outras visitas a Eryus. Tamara e eu seguimos caminhos opostos, eu fui para o santuário e ela para os Templos do Sono. Toquei o meu colar e imaginei o que Héclyro estaria fazendo e sorri.

Contava com a presença de Hammys me esperando acordado, mas quando abri as portas do Santuário de Encubação, apenas o vi dormindo na cama. Deite-me junto a ele tentando não acordá-lo, mesmo ainda querendo saber o que ele queria me dizer.

 

 

Uma semana se passou. Em algumas noites, escondida, eu visitava Héclyro, e em outras eu tentava fazer com que Hammys me contasse o que ele iria me dizer, mas ele estava sempre falando para esquecer esse assunto e que não era de extrema importância. Então esperei que ele me procurasse para conversar ou para tentar fazer a consumação da união, pois já estava certa de que não teria mais como adiar esse futuro ato. O que não aconteceu nos dois casos.


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Notas finais do capítulo

Se tiver erros, me avisem por favor.
Obrigado a todos que abriram o capítulo para ler.

Caso tenha gostado comente aqui em baixo.
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