Linhas Vermelhas escrita por Luna


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oieeeee!
Agradeço de coração a vocês que deixaram meus sorrisos mais alegres ao ler os comentários divosos! AM, Ana C Pory, meu coração para vocês ♡



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681960/chapter/2

A manhã de domingo é bastante peculiar. O pensamento preguiçoso marca esse dia específico como o singelo descanso da semana turbulenta e, mesmo aqueles de que nada se cansaram, aproveitam o marasmo e a pouca obrigação que o dia proporciona.

Na cama de solteiro, bagunçada e pequena para o rapaz de 1.81 metros, Bruno fazia o que lhe dava maior prazer; dormir. Gostava de ficar na cama o máximo possível, era mandrião de carteira assinada pelos pais cansados de tomar importância ou qualquer atitude repreensora ao fato.

Um feixe de luz incômoda transpasava o vidro da janela do seu quarto, banhando suas feições. Seu rosto era fino, lábios delgados, cílios longos e cheios, cabelos castanhos em um tom bastantes escuro, lisos e curtos. Sua pele era branca e pouco exposta ao sol. O edredom cobria até parte de seu queixo, as mãos e os pés se mantinham fora do abrigo.

Toda manhã Martha abria a porta e a janela do quarto de Bruno, por volta das 9h, para que o ar pudesse circular, afinal era um espaço pouco arejado e o mesmo não ajudava a manter o ambiente limpo e cheirando a lavanda. Seu pouco caso com seu quarto deixava os móveis cheirando a mofo. Cheiro este que impregnava tudo, mesmo com os esforços da mulher em abrir o cômodo e atrapalhar o sono do rapaz.
Quando Martha, cansada de ver parte de sua casa transformada na zona, decidia por fim ajeitar as coisas era repreendida pelo filho ingrato que não via tal necessidade.

A luz teimava em iluminar o rosto de Bruno e aos poucos uma ruga crescia entre as sobrancelhas bem marcadas em confronto a claridade, mostrando toda a irritação do jovem em ser acordado "cedo" em pleno domingo.
Culpou o sol pelo desastre e o xingou mentalmente, questionou a necessidade da existência de uma bola em chamas no espaço e agradeceu a lua por não buscar atenção e jogar luzes à terra, na nossa cara. Depois pensou sobre a possibilidade de levantar e fechar a cortina, em instantes desistiu da ideia absurda! Apenas se virou para a parede, puxando o edredom por cima da cabeça e voltando a dormir.

Seu quarto era pequeno, contava com a cama de solteiro bagunçada, uma escrivaninha bagunçada, um guarda-roupa duas portas bagunçado, um bidê e alguns centímetros obrigatórios de circulação. Todavia, mesmo pequeno e sem graça, ali se encontrava seu santuário. Ele ornamentava seu ambiente com bastante liberdade de expressão. Suas paredes eram quase encobertas de pôsteres da sua banda favorita e somente podia encontrar a cor natural do quarto nas poucas falhas dessa colagem. Martha perdia seus cabelos com o filho. Dizia que o mesmo vivia em um lixeiro e almejava por tudo convence-lo a deixar seu aposento um pouco "respeitável", porém Bruno fazia questão de ignora-la nesse sentido, pois gostava muito do seu quarto à maneira que se encontrava e pretendia ficar com o mesmo designe pela eternidade. No mais, os dois tinham quase uma boa convivência, brigavam como toda mãe e filho, mas discordavam drasticamente apenas no quesito Quarto do ser.

Se o garoto dorminhoco estivesse atento aos barulhos que penetravam aos poucos a quietude de seu quarto, perceberia os baixos ruídos que o caminhar de uma segunda alma produzia. Um caminhar calmo e atencioso, passo por passo até sua cama. Porém Bruno estava ocupado demais com seu sétimo sono de beleza para notar qualquer coisa e foi num movimento mais ousado que ele, no susto, deu conta do segundo elemento.

Cinza, o gato que a namorada trouxera para a casa de Bruno, afiava suas unhas na camiseta do mesmo. Bruno, desesperado, tentou empurra-lo e nada, o felino se agarrou ainda mais na sua roupa, o fazendo tomar medidas drásticas devido a atual situação.

— MÃEEE! O GATO! — Gritou. — Porcaria de gato assassino! Maldito dia que eu o deixei entrar na minha casa!

Gritava e esperneava, se sacudindo sobre o colchão e tentando arrancar o bichano da sua pele.

— Bruno!? — Gritou em resposta. — Ai de ti que machuque meu filhinho! — Martha saiu correndo escada acima.

O gatinho fofo, cinza chumbo de olhos verdes, pelo macio e barbichas longas se segurou ainda mais na camisa que ele amava. Bruno podia não entender, porém enquanto ele usasse roupas bonitas, Cinza pularia e desfiaria as mesmas. Era a sua singela demonstração de " Own, é fofa... Ele não merece ".

Nesse instante Dona Martha abriu a porta, correu até a cama afim de apartar a situação. Pegou o bichinho no colo e o protegeu, como a mãe protetora que era.

— Ele quis te pegar, foi? — Disse a mesma, com voz melosa olhando para o bichano que se deleitava com os mimos. — Mamãe não deixa esse menino mal te pegar, mamãe vai te proteger meu amorzinho lindo.

Passou a mão sobre o pelo sedoso do animal, sorrindo de satisfação. O gatinho se remexia em seus braços, procurando maneira mais confortável de receber carinho.

— Né coisa gostosa da mãe? — Depois desviou os olhos do gato e analisou Bruno. Não perdeu muito tempo com isso e, com o gato no colo, foi se retirando do quarto. Fazendo carinho no cocuruto do felino, recebendo ronronadas como resposta.

Cinza foi encontrado na rua por Lisa, que com dó o adotou sem pensar duas vezes. Porém, no apartamento onde reside foi estritamente proibida de continuar com o animal. Bruno, seu namorado companheiro e atencioso, decidiu ajuda-la com o problema e ofereceu sua casa, sendo que a mesma colaborasse e viesse mais vezes visita-lo para cuidar da fofinha bola de pelos com quatro patas. Cinza chegou filhote, seus pais aceitaram o bichinho a princípio com muito pedido e chororô, mas logo apegaram-se à ele, sua irmã o adorava e repetia diversas vezes que Bruno finalmente tinha feito algo de útil pela família, porém o problema residia no fato do gato odiar Bruno! E o sentimento ser recíproco. Um tendo ciúme do outro, com a atenção dos familiares sendo disputada. Sendo o gato, geralmente vencedor.

Martha fechou a porta e deixou seu filho perplexo do outro lado.

— Obrigado por se preocupar comigo! — Gritou Bruno, com uma das mãos em forma de concha na frente da boca para ampliar o som. Sem resposta, tocou por cima do pano perfurado o seu abdômen dolorido.

Ele tirou a camisa, estava meio batida e usada, mesmo assim ele a queria salva das garras do animal selvagem. Forçou a visão para encontrar furinhos, mas seus olhos sonolentos não ajudaram. Levou a camisa até o feixe de luz que outrora havia lhe irritado a vista e teve a resposta que tanto temia, vários buraquinhos do tamanho da ponta de uma agulha. O fato era que mais uma camisa poderia ser usada como peneira.
Amarrotou a roupa e jogou rente a porta.

— Mas que merda de gato! Porra! — Levantou da cama e continuou gritando, como se o gato e toda a sua família estivessem ali ouvindo. — Um dia eu ainda vou andar pelado! Mas não se preocupem comigo! Oh não, não percam seu tempo se preocupando comigo!

Parou, encarando o fato de estar descontando sua frustação na porta e, sejamos sinceros, ela não merecia tal crueldade.

Desistiu de gritar como um maluco e foi até o guarda-roupa pegar algo inteiro para vestir. Colocou uma bermuda Jeans e uma camiseta azul marinho com alguma frase profunda. Depois encarou o espelho grudado atrás da porta direita do móvel e mexeu no cabelo, o revirando.

Bruno não era o tipo "Galã de novela das oito", era um jovem de 20 anos, magrelo, alto, com olhos profundos e um rosto bonito. Não podia reclamar da sua aparência, nasceu com a sorte de ser "pegável" mesmo sem perder tempo em se arrumar. Se ele contasse com um físico atlético que precisasse de manutenção, não o manteria; se engordasse com a porcariada que gostava de comer, estaria gordo. Bem gordão mesmo. Então, ser como era, magrelo e branquelo, era tudo o que ele pedia a Deus.

Satisfeito com o resultado, seguiu até a cozinha.  Passou pela sala e cumprimentou o padrasto que assistia algo na TV. Abriu a geladeira e a ficou encarando, esperançoso de encontrar uma lata de leite condensado escondida em algum cantinho. Como mesmo a encarando, a geladeira não fez nenhuma mágica de materialização de doces, pegou um queijo prato, a margarina e o leite. Tomou um achocolatado rápido e colocou mais uma dose no copo, aqueceu seu pão com queijo e quando ia comer encarou o relógio, 11:35h.

— Mãe? Não vás fazer almoço? — Gritou e a mesma respondeu do quarto.

— Tu me ajudou?! — Respondeu Martha indignada, logo se formou um silêncio que foi quebrado com mais gritos. — Então não espere comida na mesa!

O ambiente ficou mudo, dando para ouvir a televisão em volume alto do quarto. De lá vinha sons de músicas melosas, provavelmente de um filme meloso, com atores empenhados em dar esperança ao romance irreal do mundo rosa e feliz que Martha adorava. Bruno sabia que aquilo ali era tudo mentira, o amor estava muito além de olhar nos olhos da pessoa e se sentir sem chão. Era acordar para os defeitos do outro e ser capaz de aguenta-los sem qualquer dor, ser feliz por poder aturar as reclamações e sorrir. Sorrir por nada, ou por tudo. Sorrir pela presença. Sorrir.

Bruno foi inteligente e não persistiu do falatório. Estava ciente da sua falta.
Depois de guardar as tralhas em seus devidos locais deixou o cômodo e se juntou ao outro homem no sofá.

— Nácio, é sério isso? Sem almoço? — levou o pão a boca, mastigando enquanto esperava resposta.

— Poisé, sem almoço garotão. — Trocou de canal, aleatoriamente.

Se tinha algo que o mais novo não gostava era dessa indecisão de Inácio sobre qual canal assistir. Pouco importava se o programa era uma merda, ou não. O saco é assistir 5 minutos de cada canal. Mas guardou seu mal humor e continuou a conversa.

— O que deu nela?

— O de sempre, ninguém a ajuda. — Falou, jogadão no sofá.

— Hum... — Tomou mais um gole do achocolatado. — Cadê a mana?

Trocando novamente de canal, Inácio respondeu.

— Na casa do namorado.

— Hum... - comeu mais um pedaço do pão. — Vae la falare com a manhe.

— O que garoto? — Desgrudou os olhos da televisão, pela primeiríssima vez em todo o diálogo.

Engoliu em seco o que estava comendo e repetiu, com alguns detalhes mais específicos.

— Larga um pouco essa Tv e vai lá falar com a mãe! Nem tás vendo nada!

— Como não? To vendo futebol! — Falou, voltando a encarar a tela.

— Tu nem torce para essa porcaria de time! Vai lá arranjar comida! — Disse, se jogando por cima do homem e arrancando o controle da sua mão.

— Caralho garoto! Vai tu falar com a fera! Tô bem aqui!

Nisso o estômago de Inácio roncou alto, desmentindo-o totalmente.

— Tá! Eu vou! — Levantou vencido, batendo a mão na bermuda abarrotada. — Mas na próxima é a sua vez! Nem pensa em passar a perna.

Bruno balançou a cabeça, concordando em silêncio. Os dois, vez ou outra, entravam na mesma discussão de quem iria implorar por comida. O bom de Nácio perder e ir lá suplicar, é que geralmente ele ia num restaurante buscar a refeição. No caso de Bruno, ele e Dona Martha paravam na cozinha enjambrando alguma gororoba.

Agora, com a Tv livre, Bruno dominou o controle e procurou algum programinha meia boca para deixar, logo encontrou alguma coisa e terminou de comer seu café da manhã. Mesmo não querendo ouvir a conversa dos dois, não conseguiu. Era sempre uma mini briguinha com a Martha reclamando que faz tudo naquela casa e que ninguém ajuda em nada, com Nácio sendo compreensível e delicado com as palavras, mil pedidos de desculpas e no final vários apelidos carinhosos, risadas e um "Eu te amo" e um "Eu também te amo". E pronto! Tudo resolvido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, como falei nos comentários, vou postar aos sábados ^~^
Vou responder os comentários nas quintas, pois no restante meus professores não me dão tempo kk ~ isso que é inicio do semestre o-o ~
Mas vou ler os comentários antes, pelo celular e sorrir a semana inteira como vcs bem sabem kk
Obrigada por acompanharem e até logo o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Linhas Vermelhas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.