Linhas Vermelhas escrita por Luna


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, mais um capítulo fresquinho hehe

E obrigada pelos comentários. Eles são de grande incentivo a quem está escrevendo ♥



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Elisa recebeu uma mensagem no grupo "Retardados" e foi verificar. Surpreendeu-se por Beatriz mandar um áudio. Aquele grupo tinha um algo bem contra “áudio” que ela não compreendia bem, toda vez que alguém falava alguma coisa por esse meio o restante mandava emoticons de reprovação e depois deixavam a pessoa falando sozinha como se tivesse cometido um grave pecado. Então deu play logo, estava curiosa.

“—  (... ) e disse que você fode mal por que é gay. Super gay.

— Haham.”

Ficou envergonhada, um vermelho subiu a sua face. “ O que? Aquilo só podia ser zoeira. Que tipo de brincadeira era aquela? ”

Ouviu novamente, não acreditando.

Esperou alguém se pronunciar no grupo e foi Vitor que o fez. Ele riu, enviou uns emoticons assustados e depois perguntou por que o amigo havia levado tanto tempo para sair do armário. Finalizou agradecendo Beatriz por dar um pouquinho de alegria a sua vida.

Mas Elisa não gostou nada. Havia limites nessa amizade, não havia? Ficar insinuando que o namorado dela era gay e ainda contar mentiras sobre ela era demais!
O que Bruno estava fazendo que deixou Beatriz gravar algo assim? Por acaso essa era mais brincadeira “normal”, “coisa de amigos” como sempre ele chamava?

Sentou-se na beira da cama, viu Cinza se aproximando e o chamou. O gato se alinhou ao seu colo e ela fez carinho nele, perdida em pensamentos.

Aff, eles eram muito imaturos. Quando iriam crescer? ” Perguntava-se isso desde quando os conheceu pela primeira vez, durante o ensino médio. Sempre foram despreocupados e aleatórios. “E não era só eles... Bruno também era. Afinal, como conseguia permanecer amigo de pessoas que brincavam dessa maneira? Que achavam o tempo todo motivos para zoar um do outro? ”

Elisa tentava o tempo todo por um pouco de juízo em seu namorado, mas parecia que ela é que perdia o seu quando estavam juntos. Ficava moleca e não se reconhecia.
Não sabia se gostava daquilo. Era estranho.
Mas sabia que gostava de Bruno. Gostava muito dele e percebia que com o tempo aprendiam a conviver melhor com o jeito um do outro.
O gato ronronou, pedindo para que ela voltasse a acariciar seu pelo. Foi ai que ela decidiu desviar o pensamento. Tomaria um banho antes de Bruno chegar em casa, depois conversaria com ele sobre o ocorrido e dessa vez cobraria uma atitude.

Quando a garota se retirou do quarto o felino saiu de seu colo e se jogou para baixo da cama. Elisa, presa em pensamentos, nem observou onde o gato tinha se enfiado. Mas Cinza não deixaria a chance passar. Pelas suas contas logo Bruno chegaria e ele tinha pouco tempo para deixar sua marca.
E como deixaria? Essa era a questão.

Alguns minutos se passaram e a porta da sala foi aberta. Bruno estava cansado e apenas subiu para o quarto, tacou a mochila na cama e seguiu rumo ao banheiro. Tentou abrir a porta mais a maçaneta estava trancada, então bateu de leve na mesma averiguando quem estava ali.

— Já to saindo! — Respondeu sua namorada.

— Ah, é você? Não tenha pressa. — Respondeu, voltando ao quarto. Mas antes que chegasse a porta lembrou-se que era seu dia de cuidar das coisas do felino. E mesmo que se odiassem o pequeno estava ali a pedido de Bruno, então era necessário que ele ajudasse a cuidar da bolinha de pelos.

Desceu a escada pensando no que havia acontecido antes. A imagem das almas gêmeas se afastando ainda o atordoava. Era um completo pateta por não conseguir tomar coragem de intrometer-se na vida dos outros? Ou tinha feito o certo?
Ele nunca saberia.  

Limpou a areia do gato e depois trocou a água. Só faltava colocar ração e logo tudo estaria pronto.

— Miau? — Aproximou-se o felino.

O que esse humano está fazendo? ”, perfumou-se. “ A senhora não está em casa, então por que ele está limpando as minhas coisas? Será que está doente? ”

Bruno viu o gato e então começou a conversar com ele. Coisa que pouco fazia. Geralmente só gritava e o tentava matar.

— Você não quer comer essa porcaria, não é mesmo? — Disse. — Ai ai, acho que tinha sobrado alguma coisa do almoço aqui em algum lugar. Isso. Você gosta de carne? Ou é só cachorro que gosta de carne? Bem, vamos ter que descobrir.

Bruno levou o restante do carreteiro até o micro-ondas e o esquentou, logo o cheiro chegou até o gato que ficou ansioso com a comida.

Mesmo assim o gato miava, como se perguntasse qual a intenção do garoto com aquilo. E ele, meio que entendendo (ou não) continuou a falar com Cinza.

— Cara, hoje meu dia foi bem louco. Você é novo aqui em casa por isso não sabe o que está acontecendo, mas sei lá. Acho que você é o único que não vai vir com sermão e sinceramente, tô precisando me abrir.

Esse humano quer se abrir para mim? O que é isso? Ele está traindo Elisa ou algo assim? Se ele pensa que vai me enganar...”

— Está pronto. — Colocou a comida no prato e o gato correu até lá.

“Delicioso! Delicioso! Essa comida de humanos é realmente muito boa!”

— Então, hoje eu encontrei duas pessoas ligadas pelas linhas vermelhas. Essas linhas que todas as pessoas têm, que ligam elas a um par. Vejamos... — olhou para Cinza que continuava com seu foco 90% na comida. — você não tem a linha. E é claro que não tem, já que você é um gato. Bem, eu também não tenho, mas dai eu já não sei o porquê. O importante é entender que no geral as pessoas têm essa linha.

“ Que conversa enrolada... Esse humano deve ter batido a cabeça em algum posto ao voltar para casa. ”

— Dai eu podia ter feito os dois ficarem juntos, mas não tive coragem de ir lá. Sabe o que aconteceu na última vez que juntei alguém?

Esperou resposta, mas então lembrou que gatos não falam e continuou dialogando sozinhos.

— Juntei a mãe com Inácio e né, fiz com que meus pais se separassem. Tipo, não que eu tivesse noção do que estava fazendo, afinal eu era apenas uma criança. Mas né, eu causei a separação deles. Que tipo de filho faz algo assim aos pais?

Bruno sentou-se no chão, estava cansado da culpa que carregava. Será que os pais continuariam juntos se ele não interferisse? Talvez Enzo não tivesse se tornado a pessoa que era hoje.

Lembrava-se com clareza, de estar andando na rua quando viu a linha da mãe ficar mais grossa. Foi quando ele fugiu e saiu correndo à frente, seguindo a linha. Martha saiu correndo atrás dele, morrendo de medo que o pequeno fosse atropelado. Eles entraram em uma loja com um aroma de erva doce, a mulher o alcançou e gritou com ele. Nisso o segurança do locou se aproximou e pediu para que os dois se controlassem, afirmando que ali não era lugar de escanda-los.
E apenas isso foi o suficiente. A mãe se desculpou e saiu do local, envergonhada.
Porém logo depois o segurança veio até deles, sem motivo aparente. Pediu desculpas por ser rude, que deveria ter se ponderado. Sabia que crianças eram difíceis e que não havia necessidade da grosseria que tinha feito. E ela, claro, o desculpou.
Depois disso Dona Martha começou a frequentar o local, comprando as roupas do filho sempre ali. Dizia que era de qualidade e por isso precisava comprar naquela loja, mas a criança já sabia que as linhas estavam grossas. Então em um momento, no meio de um jantar qualquer, Bruno disse para o pai que a mãe ia namorar outro, rindo do fato.
Naquela noite ele teve consciência do quanto sua singularidade poderia fazer alguém sofrer... e esse era sua mãe, que mesmo não tendo culpa de nada tinha sentido a ira do homem que sentia-se traído.
E ele não pode fazer nada.
Tentou voltar com suas palavras, mesmo sem entender como elas tinham resultado naquilo, mas Enzo não ouvia a ninguém. Estava tomado pela ira. E fez com que ela ficasse com ele pelo medo.

Cinza, após terminar sua refeição, foi olhar o rapaz que estava quieto. Surpreendeu-se ao vê-lo com algumas lágrimas.

— Miau? — “Por que chorava? Nem ao menos havia entrado no quarto ainda.”

— Vem cá. — Chamou o gatinho que foi até ele com certo receio.

Bruno o colocou em seu colo e o acariciou, lentamente, como se aquilo fosse tirar sua tristeza dali.

— Até que você é fofo de vez em quando.

O felino relaxou e apenas apreciou o aconchego. Não era de todo mal ser amigo daquele garoto. Principalmente se ele fosse dar comida de humano algumas vezes mais.

Depois de mais alguns minutos Elisa o chamou, avisando que tinha terminado o banho.
Bruno então tirou o gato de seu colo e foi até o andar de cima.


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Notas finais do capítulo

Lembrem que é cientificamente comprovado! Comentar previne a depressão, emagrece e deixa a pele mais bonita. hehe



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