Wrong Number escrita por Clarice Reis


Capítulo 6
Muitas coincidências para um dia só


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou com um capítulo novo ♥ Quero muito agradecer a Wilma pela linda recomendação e dizer que ela me incentivou demais a escrever esse capitulo. Queria muito postar antes de viajar, então passei hoje o dia praticamente inteiro escrevendo kkk Espero que gostem do capítulo.

Obs: postei uma fanfic nova, não é a que eu falei no último capítulo, mas ficaria muito feliz se vocês pudessem dar uma olhada. Só tenho uma coisa pra dizer sobre ela, Alec é um príncipe. Se quiserem ler, aqui está o link
https://fanfiction.com.br/historia/688248/O_Principe/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/681127/chapter/6

 

Sabe que pode me contar qualquer coisa, não é?”

 

 Aquela pergunta se repetia várias e várias vezes na minha mente. O que Jace pretendia com aquilo? Tinha consciência de que ele poderia estar se referindo a pessoa das mensagens, com quem ele acreditava que eu estava tendo alguma relação romântica. Por mais que quisesse acreditar nisso, havia uma parte de mim que temia o pior. Tinha medo que ele soubesse meu segredo, que aquilo tivesse sido uma indireta. Mas, aquelas palavras significavam que ele não se importava? Ele quis dizer que não me abandonaria? Não, estou especulando demais. Tentei pensar em outra coisa, me concentrar nas aulas, procurei qualquer tipo de distração, mas meus pensamentos sempre pareciam voltar para o mesmo lugar.

 “Alexander, está tudo bem com você?”

 Escondi meu celular entre os livros para que o professor não o visse. Estava conversando com Magnus antes da aula, mas esqueci totalmente de responder algo que ele tinha perguntado.

 “Sim, por que?”

 Tentei me concentrar nas palavras do professor, mas tudo parecia desconexo. Não podia ficar tão disperso, as aulas eram importantes e eu precisava manter as minhas notas. Comecei a anotar no caderno algumas informações que estavam escritas no quadro. Já estava terminando uma página, quando o alerta de mensagem soou.

 “Não sei, já tem uns dias que você parece meio distante”

 Ainda não tinha contado sobre a conversa com Jace. Estava tão absorto nos meus próprios pensamentos que acabei esquecendo que Magnus poderia me ajudar. Talvez fosse uma boa ideia lhe dizer, ele poderia me dar uma sugestão sobre o que fazer.

 “Na verdade, aconteceu uma coisa. Jace e eu tivemos uma conversa sábado à noite e ele falou algo estranho...”

 A resposta chegou em questão de segundos.

 “O que ele disse?”

 “Perguntou se eu sabia que podia confiar nele. Foi estranho, ele achou que eu estava saindo com você, quer dizer, ele não sabe que você é você, achou que eu estivesse trocando mensagens com alguém de quem eu gostava”

 O que eu digitei pelo menos fazia sentido? Não importava, só esperava que Magnus pudesse entender.

 “Por que isso seria estranho? Talvez ele só quisesse fazer você se sentir à vontade para conversar sobre sua vida amorosa”

 Queria que ele estivesse certo. Sabia que isso era a situação mais provável, que eu não deveria me preocupar, porém uma pequena parte do meu subconsciente insistia em me atormentar.

 “Acha que é só isso?”

 Não podia deixar de me sentir um tolo ao ficar relembrando cada detalhe do meu pequeno diálogo com Jace. Analisava cada palavra, buscava significados diferentes, tentava decifrar expressões faciais. Toda essa insegurança misturada com medo me fazia sentir patético. Era uma sensação terrível.

 “Acha que tem algo mais?”

 Uma das coisas que aprendi sobre o meu novo amigo, é que ele tinha essa mania, muitas vezes irritante, de responder uma pergunta fazendo outra. Sabia que isso era uma tática para fazer com que eu falasse, e tenho que admitir que acabava sempre funcionando.

 “Não sei, é estranho. Sei que o mais lógico é ser exatamente o que você disse, mas não consigo me livrar da ideia de que talvez ele saiba...”

 Quando levantei o olhar da tela do telefone, percebi o professor se aproximando e tentei ao máximo não parecer suspeito. Sempre me diziam que a culpa ficava estampada na minha cara quando fazia algo errado, mas resolvi ao menos tentar. Pareceu funcionar, ele passou direto e nem olhou na minha direção. Resolvi prestar atenção no que restava da aula, por isso só li a resposta de Magnus quando estava indo em direção a biblioteca.

 “Sobre você ser gay? Se Jace souber, as coisas que disse significam que ele quer que você se sinta à vontade para contar”

 Eu queria acreditar. Sabia que Magnus e Isabelle provavelmente estavam certos, ele ainda iria me amar da mesma forma, então por que não conseguia dizer? Tudo seria mais simples. Não, eu tinha que ser um idiota medroso e sentir esse segredo me corroer por dentro.

 “Não planejo contar”

 Quando adentrei a biblioteca, procurei alguma mesa vazia e joguei minha bolsa em uma cadeira. Tinha muitas leituras para fazer e deveria pelo menos tentar. Antes de começar, resolvi checar o celular mais uma vez.

 “Sei que é difícil, mas pense sobre isso. Acho que te faria bem”

 Assim que li a mensagem, não pude deixar de me sentir agradecido pela forma como Magnus lidava com as coisas. Ele sabia dar conselhos e sempre tentava me ajudar, mas nunca insistia. Se eu não queria fazer algo, ele não forçava.

 “Prometo que vou pensar”

 Terminei de digitar e no mesmo instante, um caderno foi jogado ao meu lado. Quase caí da cadeira por conta do susto e ouvi uma risada conhecida.

 – Não deveria estar na aula? – questionei.

 Jace puxou uma cadeira e sentou ao meu lado.

 – É uma aula meio chata, não vai fazer mal faltar só uma vez.

 O celular vibrou e Jace deu um sorriso malicioso.

 – O que foi? – inquiri.

 – Nada – ele falou tirando os fones de ouvido da mochila.

 – Eu já te disse... – comecei, mas nem ao menos pude concluir a frase.

 – Tudo bem, eu acredito – falou enquanto se inclinava para puxar um dos meus livros – Isso parece extremamente tedioso.

 – É o assunto das minhas próximas provas – murmurei.

 – Alec, ainda faltam dois meses para as próximas provas – odiava a expressão de “você é maluco” estampada no rosto de Jace enquanto falava comigo.

 – Sempre é bom estar preparado – comentei.

 – Você precisa relaxar um pouco. Sabe, pensei que a gente podia sair hoje à noite.

 Faz meses que eu e Jace não saímos juntos. Apesar de vivermos no mesmo apartamento e nos vermos todos os dias, é estranho perceber que a nossa relação anda meio distante. Agora que tinha uma namorada, ele não parecia mais fazer questão de passar algum tempo comigo. Por isso, não pude deixar de me sentir feliz com o seu convite. Seria como antigamente, só nós dois.

 – Pode ser, para onde quer ir?

 – Izzy falou sobre uma boate, ela disse que vocês foram lá no último fim de semana e que era um lugar legal.

 – Por mim tudo bem – não importava para onde iríamos, só estava feliz de fazer algo com ele.

 – Ótimo – falou enquanto tirava o celular do bolso – Só vou avisar para a Clary que decidimos o lugar.

 Por favor que não fosse o que eu estava pensando.

 – Clary? – inquiri.

 – É, eu convidei ela, a Izzy e o Simon.

 Devo ter deixado transparecer a minha decepção, pois Jace logo perguntou:

 – Algum problema?

 – Não. Nenhum – murmurei.

 Estava me sentindo péssimo. Tudo bem, eu fui meio idiota por criar expectativas, mas acho que se iludir é um mal a que todos os seres humanos estão sujeitos. Pelo menos não vou ficar sozinho com os dois, Isabelle e Simon estarão lá, o que já ajuda bastante. Cogitei inventar uma desculpa para não ir, mas tive medo que isso gerasse alguma suspeita. Sempre declinava todos os convites para sair com Clary e Jace, talvez eles já estivessem ficando desconfiados de que havia algo errado, por isso optei por aceitar.

 O resto do dia passou rápido. Quando estava próximo ao horário que tínhamos combinado, comecei a me arrumar, enquanto trocava mensagens com Magnus. Já tinha contado sobre o ocorrido de hoje e ele tentou de todas as formas possíveis me animar.

 “Se estiver sufocante lá, você pode me mandar uma mensagem. Vai ser um prazer conversar com você, Alexander”

 Era bom saber que podia contar com alguém. Estava feliz por ter conhecido Magnus e por essa nossa estranha amizade.

 “Obrigado, Magnus. Tem certeza que não vou atrapalhar? Você vai estar no trabalho...”

 Não se preocupe com isso. Sempre posso arranjar tempo para um amigo”

 Ia responder, quando ouvi a campainha tocar. Pelo barulho do chuveiro, sabia que Jace ainda estava no banho, então fui até a porta. Assim que abri, me deparei com Clary usando um vestido preto e com um largo sorriso estampado no rosto.

 – Oi, Alec – ela cumprimentou.

 – Oi – murmurei.

 – Estou feliz que vai com a gente, ouvi dizer que esse clube é incrível – ela era simpática, isso eu não podia negar – Jace já está pronto? Ele costuma demorar bastante.

 – Ainda está no banho.

 Entramos e ela se sentou no sofá.

 – Como foi a semana de provas? Você parecia nervoso com isso da última vez que estive aqui.

 – Deu tudo certo – aquela situação era bastante desconfortável. Clary estava mesmo tentando puxar assunto?

 – Fico feliz por isso.

 O telefone dela começou a tocar e me senti aliviado.

 – Se importa se eu atender?

 – Fique à vontade.

 Fui até a cozinha beber um copo de água, e quando voltei para a sala, Jace já estava lá.

 – Vamos? – perguntou assim que me viu adentrar o ambiente.

 Eu assenti e nos dirigimos até o carro. Clary seria a motorista, o que significava que poderia beber um pouco esta noite. Acho que eu iria precisar de algumas doses. Durante o caminho até a boate, fiquei em silêncio apenas ouvindo a conversa que vinha dos bancos da frente. Quando já estávamos quase chegando, peguei o celular e percebi que havia uma mensagem nova.

 “E então, para onde vocês vão?”

 Para uma boate. Pelo que me lembro, o nome é pandemonium”

 Clary estacionou o carro em uma rua próxima e nós fomos andando até a entrada, onde encontramos Simon e Izzy, que já estavam nos esperando. Por sorte, a fila não estava tão grande, então não tivemos que esperar muito para entrar. Pela expressão no rosto de Jace, pude dizer que ele realmente tinha gostado do lugar. Tenho que admitir que apesar de não gostar muito de clubes, esse possuía algo diferente. Por termos chegado cedo, encontramos uma mesa vazia perto do bar, o que seria impossível se tivéssemos vindo uma hora depois. O lugar estava cheio, mas nada comparado a semana passada, talvez fosse por causa do horário. Assim que sentei, Izzy se jogou na cadeira ao meu lado.

 – Como anda a vida, irmãozinho? – perguntou com um sorriso malicioso.

 – Normal – não estava entendo o motivo daquele sorriso.

 – E o seu novo amigo?

 – Ele está bem – não tinha ideia de onde ela queria chegar com aquilo.

 – Fala sério, Alec, vocês passam o dia inteiro conversando – ela me olhava como se eu não estivesse entendendo algo realmente óbvio – Quer mesmo que eu acredite que não tem nada rolando?

 – Isabelle, eu nunca nem o vi.

 – Ainda não se conheceram pessoalmente? – ela parecia surpresa.

 – Não. E além do mais, somos só amigos.

 – Você não tem graça – falou revirando os olhos.

 Clary e Jace foram para a pista de dança e Simon saiu para pegar umas bebidas. Estava observando o ambiente, quando lembrei que tinha mandado uma mensagem para Magnus.

 “Será uma honra ter você na minha boate, Alexander”

 Não. Não era possível. Se Magnus estava trabalhando, significava que estava aqui. Outra mensagem.

 “Quando chegar, me avise. Quero muito conhecê-lo”

 Quais eram as chances de eu estar justamente no clube que ele era dono? Acho que fiquei encarando o telefone que nem um idiota, pois Izzy se esticou para tirá-lo das minhas mãos.

 – Me devolve – pedi.

 – Diga a ele que está aqui – falou depois de ler a mensagem. Ela parecia animada

 Recuperei o celular e já estava pronto para digitar, quando avistei uma figura familiar. O homem bonito da semana passada. Ele estava conversando com Clary e Jace? Fiquei observando e não demorou muito para que Isabelle percebesse.

 – O que você está olhando? – questionou.

 – Lembra que eu te falei de um cara que vi aqui na boate? – disse sem tirar os olhos do trio que conversava na pista de dança.

 – O homem bonito que aparentemente estava flertando com você?

 – Ele está conversando com a Clary e com o Jace.

 Seu olhar se dirigiu rapidamente até eles.

 – Uau – um sorriso surgiu em seu rosto – ele é realmente um gato.

 – Quem é um gato? – Simon perguntou colocando três copos de cerveja na mesa.

 – O cara que está conversando com a Clary – Izzy falou apontando na direção deles.

 – Não acredito! Não o vemos já faz uns três anos – Simon parecia surpreso.

 – Também o conhece? – inquiri.

 – É um velho amigo.

 No mesmo instante, Clary saiu da pista de dança arrastando o homem na nossa direção. Ok, Alec, fica calmo. Talvez ele nem esteja interessado. E se estiver, Magnus vai adorar saber que finalmente alguém despertou o meu interesse. Tentei agir de forma natural. Bebi um gole da cerveja e resolvi digitar uma resposta para a mensagem que havia recebido.

 “Já cheguei. Me diga onde está, posso ir procurá-lo”

 Quando desviei a atenção da tela do telefone, percebi que eles já estavam parados em frente à mesa. Simon se levantou para cumprimentar o homem, que de perto era ainda mais bonito. Ele iria se lembrar de mim? Nossos olhares se cruzaram e um sorriso surgiu em seu rosto. É, acho que sim, pensei.

 – Isabelle e Alec, quero apresentar um amigo – Clary falou um pouco mais alto do que o normal, para que pudéssemos ouvi-la no meio da música alta – Esse é Magnus Bane.

 Encarei a pessoa parada à minha frente em choque. Não, isso estava mesmo acontecendo?

 Nenhum dos dois conseguia desviar o olhar.

 – Ainda insiste em dizer que não tem nenhum interesse no seu amigo? – Izzy sussurrou para que apenas eu escutasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!