If I Die Young escrita por Kaya Levesque


Capítulo 3
Wild Ones


Notas iniciais do capítulo

Olá! Agora sim um capítulo de tamanho respeitável, kfgldkd. Desculpem a demora pra postar, tive alguns problemas técnicos. Estou impressionada com quanta gente está acompanhando a história! Deixem reviews pessoas, nem que seja só um "oi", quero conhecer vocês! Quero agradecer a Mariana, Aninha, Laura, Khaleesi e Amélia pelos comentários divinos no capítulo passado. Sobre esse aqui, acho que ficou meio parado, mas compensei com um pouco de ação no final. Desculpa gente, mas não dá pra fazer uma fic toda trabalhada na treta sendo que se passa em Alexandria e a personagem principal é um amorzinho né? Kgkvlfl. Enfim, não vou ficar me demorando aqui. Boa leitura!



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Deanna: Thank you.

Glenn: For what?

Deanna: For knocking him down on his ass.

(Remember, s05ep12)



Naquele dia, ao acordar e espiar a janela, logo notei que algo estava diferente. A pessoas cochichavam na rua, alguns parecendo animados, outros apreensivos e não consegui entender o por quê daquilo. Para mim, Alexandria estava a mesma.

Dei de ombros, me afastando e indo me arrumar para descer. Fiz tudo sem muita pressa, ainda me sentindo pesada de sono, e finalmente decidi ir para o escritório falar com Deanna sobre a comoção estranha.

Ao sair, não pude deixar de olhar o pequeno mural em minha parede que eu fizera recentemente. Ali, haviam fotos de Mickey, Ron, Enid e todas as outras pessoas que eu gostava na comunidade. Acontece que algumas semanas atrás, Heath trouxera uma polaroid pra mim e muito papel pra impressão, o que me levou a um novo vício: fotografia.

Enquanto andava pelo corredor, observei a porta do quarto que fora de Enid por um mês após sua chegada. Frequentemente eu ia lá, mostrar meus CDs pra ela, desenhar ou lhe emprestar livros. Enid gostava de jogar, ler HQs, e me ver pintar, mas não compartilhava meu gosto por jardinagem e bicicletas. Ela nunca falava muito, apenas algumas poucas palavras, e nunca na frente de outras pessoas. Depois, quando a garota finalmente começou a interagir de verdade, passou a morar com Olivia.

Já na porta do escritório, fiquei confusa ao ouvir Deanna falando com um homem de voz desconhecida. Senti-me insegura sobre bater, mas não o fiz, porque naquele momento, Reg apareceu com uma xícara fumegante nas mãos.

— Ah, não, não bata — pediu ele. — Deanna está falando com o líder do grupo novo.

— Grupo novo? — perguntei.

— Sim — disse Reg. — Aaron os trouxe hoje de manhã. Eles estão em pouco mais de uma dúzia.

Não pude evitar sorrir. Gente nova!

— Posso ir falar com eles?

— Ainda não — disse Reg. — Deixe que ela termine as entrevistas. Por que não vai ficar com seus amigos por enquanto?

— Claro — respondi. — Vou tomar café no Ron.

— Até logo — disse ele enquanto eu descia as escadas para o primeiro andar.

Saí de casa me sentindo extremamente animada. Mais de uma dúzia de pessoas desconhecidas estavam em Alexandria agora e eu queria desesperadamente conhecer todos. No entanto, sabia que era sempre bom dar algum espaço aos recém-chegados, porque eles geralmente estavam cansados, famintos e irritadiços.

Bati na porta da casa e esperei. Logo, Sam, irmão mais novo de Ron apareceu para abrir e me deu um sorriso, mostrando os dentes.

— Emily! — falou. Eu sorri também. Sam era uma coisinha pequena e simpática que gostava de desenhar e dizia que um dia seria tão bom quanto eu e Reg.

— Oi Sam! O Ron está?

— Tá sim, entra.

Ele me deu passagem e entrei na casa. Pete não estava à vista, nem Jessie, mas logo ela apareceu, sorrindo.

— Bom dia, Emily — disse.

— Bom dia — respondi.

— Soube do novo grupo que chegou? — perguntou ela.

— Quase entrei na sala no meio de uma entrevista.

Ela assentiu.

— Ron está lá em cima com Mickey e Enid, pode subir.

Sorri ao passar por ela e subi as escadas de dois em dois degraus. Caminhei quase saltitando até o quarto de Ron e entrei sem bater, como sempre.

— Quem mais soube do grupo novo? — perguntei alto. Mickey e Ron estavam, novamente, jogando um video game, enquanto Enid estava sentada na cama de Ron sem sapatos lendo uma HQ, parecendo totalmente alheia à minha chegada. Eu já havia me acostumado com o jeito indiferente da garota, e sabia que ela não fazia por mal.

— O líder deles é um tão assustador que quase fez Nicholas mijar nas calças — declarou Mickey tirando os olhos da tela da TV por alguns instantes. Sentei na cama ao lado de Enid e Ron assentiu.

— Soube que eles trouxeram uns dois caras da nossa idade.

— Oh, interessante — falei. — Eu quero tanto conhecê-los.

— Aposto que isso está te matando, certo? — perguntou Enid, sem desviar os olhos da revista.

— Está! — concordei. — Queria ter entrado naquela entrevista de propósito para ver um deles.

— Você tem que parar com isso, Ems — disse Ron, as sobrancelhas franzidas. — Nem todos os recém-chegados são como a Enid, qualquer dia desses algum pode realmente ser hostil.

Torci o nariz.

— Tanto faz — falei. — Então, eu quero fazer donuts pra nós mais tarde, mas preciso pegar os ingredientes na Olivia. Alguém quer me ajudar?

— Certo — disse Mickey, voltando ao jogo.

— Tudo bem — concordou Enid, fechando a HQ e trocando por outra.

— Eu vou — disse Ron. Lancei-lhe um sorriso irônico que o fez ficar com as orelhas vermelhas.

Não era segredo nenhum que Ron gostava de Enid. Ele fazia tudo que ela pedia, a seguia com os olhos para todo lugar que ela andava e tentava por tudo fazer com que a garota o notasse. No entanto, por mais que fosse óbvio para mim e Mickey, Enid parecia totalmente alheia aos sentimentos do garoto. Eu tentava fazê-la perceber, mas ela simplesmente se recusava a ver. Ron pigarreou.

— Então nós vamos agora, ou...?

— Mais tarde — repeti. — Acabei de acordar, ainda não estou preparada psicologicamente pra começar a sujar as coisas em casa.

Ron bufou.

— Ei, o que você pediu pro Heath quando ele saiu? — quis saber Mickey.

Heath, Scott e Annie haviam partido numa ronda de algumas semanas, e, como de costume, eles nos perguntaram o que queriam que teouxessem.

— Pedi tintas, telas, papel pra impressão e livros. O de sempre.

Mickey assentiu, pesaroso.

— Eu devia ter pedido um jogo novo, estou começando a enjoar desse.

Eu ri e peguei uma Graphic Novel que Enid descartara. Ron e Mickey voltaram ao jogo e ficamos em silêncio, tirando os barulhos que saíam da TV.

Perto da hora do almoço, eu tinha acabado de terminar um desenho e estava pronta pra ir embora. Enid se levantou junto comigo, e descemos as escadas para o primeiro andar depois de nos despedirmos dos garotos.

— Já estão indo? — perguntou Jessie.

— Sim, vamos pegar algumas coisas na Olivia — respondi.

— Ah, certo — disse ela. — Até mais então.

— Até — disse Enid.

Andamos pelas ruas de Alexandria até o depósito, onde Olivia passava o dia inteiro. Ela era uma mulher rechonchuda e sorridente, sempre pronta pra ajudar. No entanto, naquele dia ao abrir a porta para nós, a mulher nem se deu ao trabalho de perguntar o que queríamos.

— Desculpem meninas, estou ocupada — disse ela. — A casa do grupo novo precisa de comida e itens de limpeza, então hoje não tenho como ajudar. Mas se quiserem pegar tudo lá atrás...

— Acho que vou voltar mais tarde — falei. Eu me virei para Enid: — Você devia ir almoçar comigo hoje.

Ela balançou a cabeça negativamente.

— Não, obrigada — disse. — Vou pra casa.

— Ah — falei. — Então até mais tarde.

Saí do depósito e logo eu estava como gostava de estar: sozinha. Caminhei calmamente pelas ruas de Alexandria, observando enquanto as folhas desprendiam-se das árvores alaranjadas e iam de encontro ao chão, anunciando que o outono estava próximo; vendo algumas pessoas passarem pelas calçadas conversando, enquanto a maioria estava em casa, almoçando com suas famílias; e admirando meu lugar favorito na comunidade inteira: o lago.

Andei sem desviar os olhos da paisagem por alguns instantes, consequentemente olhando para trás, e acabei por esbarrar em alguém que dobrava a esquina de uma casa. A pessoa logo recuou, assustada, e me apressei em consertar o erro.

— Desculpe! — pedi, erguendo as mãos para o rapaz desconhecido que certamente fazia parte do grupo novo. — Sinto muito, geralmente não sou tão distraída, mas eu adoro esse lago, e as folhas estão começando a cair por causa do outono...

— Tudo bem — interrompeu-me ele, provavelmente querendo que eu me calasse. — Sou Noah — acrescentou.

Noah parecia simpático. Ele era negro, com a pele alguns tons mais escura que a minha, e magro, como se não se alimentasse regularmente, o que deveria ser verdade. Seu cabelo era tão curto que mais se assemelhava a uma sombra na cabeça e o garoto parecia inquieto, mantendo os ombros tensos, quase como se esperasse ser empurrado.

— Emily — falei. — Moro com Deanna. Você é do grupo que chegou hoje?

Ele assentiu.

— Viemos com Aaron e Eric.

— Ah, eles são ótimos — comentei, sorrindo. Aaron e Eric, por mais que não ficassem por muito tempo, eram duas das minhas pessoas favoritas em Alexandria.

— Noah? — perguntou uma voz feminina desconhecida. Logo a dona havia surgido, uma mulher de cabelos castanhos curtos presos em um rabo de cavalo. Ela estava acompanhada por um homem de aparencia séria com cabelos cacheados quase tão grandes quanto os dela.

— Aqui — respondeu o garoto. — Essa é Emily. Emily, esses são Eugene e Tara.

Sorri para eles.

— Oi! — falei, apertando a mão de Eugene animadamente.

— Glenn disse para nos apressarmos — informou Tara após sorrir para mim brevemente. — Estão nos dividindo entre as casas.

— Ah, certo — disse Noah. — Nos esbarramos por aí, Emily.

— Espero que não — falei. E então percebi que devia ter soado rude. — Espero não esbarrar novamente, mas não significa que não quero encontrá-los de novo — expliquei. Tara riu.

— Até mais — despediu-se.

Eles se viraram e começaram a voltar para onde eu presumi que seu grupo estaria, ao passo que continuei a caminhar para casa. Eu ainda observava os detalhes e as cores, pensando no que desenharia naquela tarde.

Ao entrar em casa, fui recebida pelo cheiro maravilhoso de carne de hambúrguer, e só então percebi que não havia tomado café na casa dos Anderson como prometera a Reg.

— Cheguei! — anunciei para quem quer que estivesse ali.

— Estamos na cozinha — respondeu Deanna.

Adentrei no cômodo onde o cheiro era mais forte ainda e fez meu estômago roncar. Reg estava tirando alguns hambúrgueres da chapa enquanto Deanna cortava algumas fatias de pão.

— Sinto muito, não tivemos tempo para fazer algo mais elaborado — disse ela.

— Ah, tudo bem, não estou em condições de escolher. Posso atacar?

Deanna riu.

— Claro.

Sentei-me à mesa e comecei a devorar o conteúdo em meu prato vorazmente sem esperar Deanna ou Reg.

— Onde estão Aiden e Spencer?

— Spencer está montando guarda e Aiden está resolvendo algumas coisas com o grupo novo — respondeu Reg.

— Por falar neles, algumas pessoas elogiaram aquele seu quadro em meu escritório, Emily — comentou Deanna.

Aquilo me fez sorrir. Eu adorava ter minhas pinturas elogiadas, principalmente quando davam trabalho como a que estava no escritório de Deanna dera. Era uma pintura do céu em vários tons de várias cores, uma de minhas melhores telas, e me tomara três dias trabalho.

Quando terminei de comer, corri para o andar de cima para desenhar. Era assim que eu passava as tardes após as manhãs inteiras na casa de Ron. De vez em quando, Enid aparecia por lá para me fazer companhia, mas não naquela tarde, e aquilo era bom. Eu estava concentrada demais esboçando uma floresta no outono para lhe dar atenção caso ela aparecesse.

Ao terminar de colorir com giz de cera, tarde da noite, escrevi a ideia que tivera para uma tela num post it que colei na porta do banheiro. Eu havia feito apenas algumas pausas no trabalho, para comer de vez em quando, e para ver o pôr do sol sentada perto da janela.

A nova tela seria a primeira coisa que eu faria depois da aula com Reg, onde ele me ensinava toda a parte técnica da arquitetura. O homem estava trabalhando duro para me passar essas informações, porque queria que eu continuasse mantendo aqueles muros de pé quando ele morresse. Era meio que uma honra que ele me visse como sua sucessora e eu me sentia importante por causa daquilo.

Não sei exatamente em que ponto adormeci, porque meu plano era apenas descansar as costas deitando-me na cama, mas a próxima coisa da qual me lembro é me assustar com batidas na porta.

— Emily? — chamou a voz de Reg. — Já acordou?

— Já! — menti, percebendo que me atrasara monumentalmente. — Já sim, faz tempo. Desço num minuto.

— Certo — respondeu o homem.

Sentei na cama, frustrada ao perceber que nem mesmo havia tirado os sapatos para dormir. Além disso, os gizes ainda estavam espalhados no chão no quarto, dispostos da mesma maneira que eu os deixara ao acabar o desenho na noite passada. Franzi os lábios; eu levaria bem mais que um minuto pra descer.

Quando finalmente estava arrumada e havia terminado de organizar o quarto, desci para encontrar Reg sentado à mesa da cozinha. Ele estava cercado de papéis e escrevia em seu diário como de costume.

Eu gostava das aulas que tinha uma vez por semana porque arquitetura era extremamente interessante, especialmente se ensinada por um professor de faculdade. Mesmo se o apocaplise não houvesse acontecido, tenho certeza de que continuaria gostando daquilo, e provavelmente acabaria levando como profissão.

Quando acabamos, saí para ir para a casa de Ron, decidindo pintar a ideia que tivera mais tarde. No entanto, enquanto passava pelo portão, ouvi-o abrir para que Aiden, Nicholas, Noah, Tara e um homem asiático que eu ainda não vira entrassem.

— Precisam achar novos trabalhos — disse Aiden alto suficiente para que eu ouvisse. — Não estão prontos para fazer rondas ainda.

— Tenho certeza de que você entendeu isso ao contrário — retrucou o asiático.

Aiden apressou o passo para alcançar o homem.

— Glenn — chamou. Tara, Nicholas e Noah pararam de andar, ao passo que avancei, parando um pouco atrás deles. — Ei, olhe, temos uma maneira de fazer as coisas por aqui.

— Você amarra andarilhos — disse Glenn.

— Ele matou nossos amigos! — retrucou Aiden. Percebi que uma pequena multidão havia se formado ali perto e decidi que devia intervir.

— Aiden — chamei. Ele se virou para mim, assim como os outros. — Vamos para casa.

— Fique fora disso, Emily — retrucou ele antes de se virar para o asiático novamente. — Não vamos falar sobre isso. Vocês seguem minhas ordens lá fora.

— Ah, então estamos tão ferrados quanto seu último grupo.

Tanto Aiden quanto Nicholas pareceram chocados, mas logo o Monroe se recuperou e avançou para Glenn.

— Diga isso novamente.

— Para com isso, Aiden — pedi, com um leve tremor na voz, ao notar um homem estranho com cara de poucos amigos se aproximando. Ele segurava uma arma monstruosa com algumas flechas e usava um colete de couro preto.

— Ninguém está impressionado, cara — disse Glenn. — Vá embora.

— Aiden! — chamou Deanna, aproximando-se com pressa. Ela me olhou brevemente, como se não entendesse o que eu estava fazendo ali, entou virou-se para o filho mais velho. — O que está acontecendo?

— Esse cara tem um problema com o modo que fazemos as coisas — disse ele. Eu não entendia o que havia de errado com Aiden. Quer dizer, ele nunca era tão babaca daquela maneira com recém-chegados, e sua teimosia estava me deixando um pouco irritada. — Por que deixou essas pessoas ficarem?

— Porque nós realmente sabemos o que estamos fazendo lá fora.

Aquilo pareceu ser a gota d'água para Aiden. Ele avançou, tentando socar Glenn, que desviou, socando o filho de Deanna com tamanha força que o derrubou. Quando Nicholas foi tentar ajudá-lo, o homem estranho de colete pulou nele, jogando-o no chão. Logo, outro desconhecido chegou para apartar os dois e Aiden se levantou para reagir. Antes que ele pudesse, no entanto, uma mulher negra e alta com dreads entrou em seu caminho.

— Quer acabar no chão novamente? — perguntou.

— Aiden! — falei quando ele abriu a boca para responder a mulher. — Pare com isso, você sabe que não é assim que tratamos os recém-chegados.

— Qual é o seu problema? — perguntou ele, rudemente. — Vai mesmo lamber o chão por onde essas pessoas que você nunca viu na vida pisam?

Aquilo me ofendeu de verdade, como poucas coisas realmente faziam. Senti meu rosto esquentar pela resposta que ele dera e por estar rodeada de pessoas estranhas, que obviamente esperavam que eu retrucasse. Eu nunca tivera que lidar com o lado mandão e egocêntrico de Aiden, e isso foi o que me enfureceu mais. Que direito ele tinha de falar comigo daquele jeito?

— Quem tem algum problema aqui é você — falei. — Porque eu sei ouvir quando estou errada, e você, não. Pode tirar a cabeça de dentro da bunda e escutar pelo menos uma vez?

— Emily! — esbrevejou Deanna, e só então percebi o quão rude soara. Aquilo devia realmente ter me ofendido mais do que eu notara.

Àquele ponto, o homem de colete já havia saido de cima de Nicholas, que tinha o rosto vermelho e ofegava. O olhar de Deanna foi de mim para Aiden, então para o homem que ainda observava Nicholas ameaçadoramente, e ela disse:

— Eu quero que todos me ouçam, certo? Rick e seu pessoal são parte dessa comunidade agora, de todos os modos, como iguais. Entendido?

A mulher se virou para Aiden na última parte, como se a pergunta fosse diretamente para ele. Troquei o peso de uma perna para outra nervosamente.

— Entendido — respondeu ele, ainda olhando para Glenn. A mulher assentiu.

— Todos vocês entreguem as armas e vocês dois — ela acenou para Nicholas e Aiden —, quero que venham falar comigo.

Noah, Tara, Aiden e Nicholas se afastaram e os observei, enquanto ouvia Deanna falar com o homem que tirara o cara de colete de cima de Nicholas e a mulher de dreads sobre eles serem nossos novos policiais. Aquilo fez sentido para mim, embora fosse um pouco estranho dar tanta autoridade a recém-chegados.

— Obrigada — disse Deanna para Glenn. Ele a olhou nervosamente.

— Pelo quê? — perguntou.

— Por calar a boca dele — respondeu ela. Glenn assentiu e se afastou, sem jeito, enquanto a mulher que eu não havia notado a seu lado ria. Ela tinha cabelos castanhos como os de Tara e olhos verdes. — Ah, Maggie, essa é Emily — disse Deanna. — Ela pintou aquela tela em meu escritório.

Maggie sorriu para mim.

— Ótima tela — elogiou.

— Ótima resposta também — acrescentou Deanna. Sorri um pouco.

— Eu disse que sabia o que era uma bunda.

A mulher riu.

— Vou cuidar daquele bebê chorão — disse ela enquanto Maggie se afastava. — Aliás, Enid veio procurar por você esta manhã.

— Sabe onde ela está? — perguntei. Deanna olhou em volta.

— Lá — disse, apontando para um canto perto do portão.

Enid estava lá sim, com seu casaco vermelho e uma mochila suspeita nas costas. E ali, bem ao lado dela, estava alguém que eu não havia conhecido ainda.

Um garoto alto com cabelo necessitado de corte e um chapéu de cowboy. Ele usava uma blusa xadrez por cima de uma camisa cinza e suas mãos estavam sujas de algo vermelho - sangue? - até os cotovelos. No momento em que me virei, ele tirou os olhos de Enid e me encarou. E aquela foi a primeira vez que vi Carl Grimes.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu amo esses gifs da atriz da Emily, cada um é um tiro. Se acharem erros, avisem, por favor. Ah, e vocês já ouviram Colors da Halsey? Tô totalmente viciada, melhor música. Beijinhos e até o próximo capítulo!